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    RUSSELL P. SHEDD

    SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA

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    Copyright © 1984 —Russell P. Shedd

    Primeira Edição: 1984

    Impresso nas oficinas da 

    Associação Religiosa 

    Imprensa da Fé C. P. 18918 

    São Paulo - Brasil 

    C.G.C. 62.202.S28/0001-09

    Todos os direitos reservados pelaSOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVACaixa Postal 21486 —São Paulo SP04698 BRASIL

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    PREFÁCIO

    Duas notas são dominantes na espístola aos Filipenses: a alegria em todas as circunstâncias - quer agradáveis, que desagradáveis - e a união da igreja, baseada num comportamento semelhante ao do Senhor Jesus - que assumiu a forma de servo . . . Essas duas notas são extremamente necessárias em nossas igrejas na atualidade. Com a crise que enfrentamos, em todas as áreas 

    da vida do país, é muito fácil perdermos a alegria e ganharmos ansiedade, temor, frustração. Por outro lado, a fragmentação das igrejas evangélicas, por diversas razões - morais, doutrinárias, políticas - é um fato crescente e preocupante.

    Nestas pregações, agora em forma escrita, o Dr. Shedd apresenta com clareza e simplicidade a mensagem de Paulo aos filipenses, de forma que nós, brasileiros, também possamos enten

    dê-la e aplicá-la às nossas vidas e igrejas. Muitos são os desafios  que esta espístola coloca diante do povo de Deus, interessado em cumprir a Sua vontade, e esses desafios são tornados claros nesta  exposição da carta. Alegria, humildade, comunhão, firmeza doutrinária, esforço missionário - são temas apresentados pelo autor de maneira atraente e desafiadora, procurando recuperar o mesmo espírito que movia Paulo e as igrejas do primeiro século.

    Que o leitor destas mensagens possa, pelo poder do Espírito  Santo, colocar em ação os aspectos do Cristianismo nelas expostos.

     Júlio Paulo T. Zabatiero

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    CONTEÚDO

    PREFÁCIO................................................................................................. 5

    AS BASES DA NOSSA SEGURANÇA .................................................. 9

    UMA ORAÇÃO MODELO....................................................................... 21

    A FILOSOFIA DE VIDA DO CRISTÃO.

    ............................................... 31OS CIDADÃOS DO CÉU EM COMUNIDADE...........................   42

    O CENTRO DA H ISTÓ R IA .................................................................... 53

    DESENVOLVENDO A SALVAÇÃO ....................................................   63

    HOMENS DE D E U S ................................................................................. 73

    PERDENDO PARA G A N H A R ............................................................... 80

    A AMBIÇÃO DE PAULO . ............................................................. ..   89

    O CO RPO ........................................................................................... ..  96

    O CONTENTAMENTO............................

    .................

    .................

    ..........   104

    O DEUS DA PAZ SERÃ CONVOSC O ................. ..  ................  112

    A NECESSIDADE E O SUPRIMENTO.................................................. 121

    n o ta s ................................................................................................   128

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    AS BASES DA NOSSA SEGURANÇA

     Filipenses 1:1-8  Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus, inclusive bispos e diáconos, que vivem em 

     Filipos: 2 — Graça e paz a vós outros da parte de Deus nosso  Pai e do Senhor Jesus Cristo. 3 —Dou graças ao meu Deus por  tudo que recordo de vós, 4 - fazendo sempre, com alegria, sú

     plicas por todos vós, em todas as minhas orações, 5  -  pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora.6 - Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus.7 - Aliás, é justo que eu assim pense de todos vós, porque vos 

    trago no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e con firmação do evangelho, pois todos sois participantes da graça comigo. 8 — Pois minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus.

    Creio que o leitor logo vai perceber que os quatro capítulos que formam o livro de Filipenses me são muito caros, contando-se entre aquelas porções bíblicas pelas quais tenho maior predileção. Nunca estive na prisão, nuncafui acorrentado, e por isso não sei como reagiria se tivesse que enfrentar essa si

    tuação. Mas Paulo conseguiu escrever cinco de suas cartas quando estava preso,uma delas sendo à igreja de Filipos, na Macedônia, norte da Grécia.

    Vamos começar o nosso estudo examinando só os oito primeiros versículos desta porção tão conhecida da Palavra de Deus.

    Oração: Pai, pedimos-Te agora, pelo Espírito Santo, que sintonizes nossos corações à música verdadeiramente celestial; e que retires as barreiras que nos impedem de ouvir Tua voz, e nos atrapalham a obedecer. Em nome de 

     Jesus. Amém.

    Introdução

    Os estudiosos, eruditos, peritos da matéria, são uma classe desafiante porque entendem de tudo que se pode saber sobre sua área de estudo.Apesar da perícia, entretanto, existem assuntos nos quais reinam dúvidas emlugar de dogmatismo. Há ocasiões em que os entendidos caminham na corda bamba entre duas posições, simplesmente porque não há provas suficientes para se decidirem pela certa. Por este motivo, ainda ficam indecisos quantoao lugar onde Paulo estava quando escreveu sua carta aos Filipenses. O ponto de vista tradicional é que se encontrava em Roma, assim como quandocompôs as cartas aos Colossenses, aos Efésios e a Filemon. Mais recentemente, porém, eruditos britânicos e alemães, como George Duncan e Michaelis,descobriram certos sinais indicando que possivelmente Paulo não estava nacapital do Império.

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    Um dos motivos que tradicionalmente têm levado os intérpretes a pensarem que Paulo se achava em Roma é sua menção à guarda pretorianaem Fp 1:13. Ali ele fala “de toda a guarda pretoriana e de todos os demais” . No fim do capítulo 4, refere-se aos “da casa de César” . Mas descobertas arqueológicas recentes indicam que isso não é uma prova decisiva, já que havia

    guardas pretorianas além de Roma. Esta guarda era uma tropa de elite decerca de 9.000 guardas imperiais: os soldados mais dignos de confiança detodos os que o imperador possuía. Eram cuidadosamente treinados e selecionados para defender o imperador contra qualquer golpe do estado. Alémde serem uma força de segurança, também cuidavam dos prisioneiros queeram cidadãos romanos, e que tinham apelado para César com a finalidadede conseguirem justiça, tal como Paulo havia feito. Visto que a maioria daguarda pretoriana servia em Roma, era natural pensar que Paulo estivesse na

    capital quando escreveu Filipenses.Mas há algumas objeções à teoria dessa carta ter sido escrita em Roma.A dificuldade mais séria é que, num período relativamente curto, quatro oucinco viagens devem ter sido realizadas entre o escritor e os leitores. Alguéminformou aos filipenses que Paulo estava na prisão. A oferta que Epafroditotrouxe (leremos a respeito no capítulo 2) exigiu outra viagem. A notícia deque Epafrodito tinha ficado doente, e o conhecimento que Paulo tivera deque os filipenses lamentavam profundamente a doença de Epafrodito, exigi

    ram ainda que outras duas viagens (ver 2:19-30). São muitas idas e voltas entre as cidades de Roma e Filipos, consumindo talvez 7 ou 8 semanas cadauma.

    Se Paulo não estava em Roma, então a melhor alternativa para o lugarde composição seria a cidade de Éfeso, onde o apóstolo exerceu ministérioentre os anos 54 e 56 A.D.. Essa tese ganha força quando examinamos outras cartas de Paulo compostas na mesma época, ou seja, 1 e 2 Coríntios eRomanos: o modo de falar do autor em Filipenses é mais próximo ao lingua

     jar dessas três cartas, do que ao de Efésios, Colossenses e Filemon. Observemos também que algumas das referências, por exemplo, aquelas feitas aos“maus obreiros” , “falsa circuncisão” e cães (3:2), fazem lembrar as cartasaos Coríntios. Outro problema determinante da situação em Filipos é o dafalta de união (e recorde-se que esta foi a principal razão de Paulo ter escrito1 Coríntios). É bem provável que Filipos e Corinto fossem objetos de preocupação de Paulo durante os dois anos e meio em que ele trabalhou emÉfeso (para conhecer a situação, leia At 20:18-35).

    O problema que se levanta contra essa tese de que a carta aos Filipenses foi escrita em Éfeso é que não temos conhecimento, pela leitura de Atos,de que Paulo tenha sido preso ali em alguma ocasião. Em 2 Co 11:23 há uma breve referência ao fato de ele ter estado em prisão mais de uma vez, e issooferece uma base para a possibilidade de sua liberdade ter sido tolhida emÉfeso.

    Há outros motivos, entretanto, que me levam a pensar que Filipenses

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    fica melhor no quadro da vida e do ministério de Paulo em Éfeso, do que emRoma seis ou sete anos mais tarde. Em 1 Co 15, o capítulo da ressurreição,uma parte do argumento de Paulo em favor da ressurreição é que ela explica porque o apóstolo devia passar por todo o sofrimento que vinha provando.

    Vejamos 1 Co 15:30-31: ”E porque nós também nos expomos a perigos atoda hora? Dia após dia morro!”. Isto indica que ele estava sendo ameaçadocontinuamente. No v. 32, Paulo diz: “lutei em Éfeso com feras”. Sabemosque Paulo não poderia ter lutado literalmente com animais selvagens. Não se

     permitia que um cidadão romano fosse lançado na arena. Paulo se referia ainimigos tão ferozes que se assemelhavam a leões soltos na arena, e que aqualquer momento poderiam matá-lo.

    O primeiro capítulo de Filipenses apresenta Paulo enfrentando esse ti

     po de situação. Além do mais, Paulo escreveu 2 Coríntios menos de seismeses depois de haver escapado de Éfeso, de onde escrevera 1 Coríntios. NaMacedônia, a poucos dias de viagem de Éfeso, ele se encontrou com Tito,que lhe trazia boas notícias de Corinto. Escrevendo aos Coríntios, na segunda carta, Paulo diz: “Irmãos, queremos que saibam das dificuldades que tivemos na Ásia (Éfeso). O sofrimento que suportamos foi tão grande e tão duroque já não tínhamos esperança de escapar de lá com vida. Nós nos sentíamoscomo condenados à morte. Mas isto aconteceu para nos ensinar a confiar

    não em nós mesmos, e sim em Deus, que ressuscita os mortos. Ele nos salvou e nos salvará desses terríveis perigos de morte” (2 Co 1:8-10 —NovoTestamento na Linguagem de Hoje).

    Filipenses também revela que Paulo achava que tanto poderia ser morto como libertado da prisão. (Fp. 2:23). Contudo, ele está muito confiantede que, por causa das orações dos cristãos filipenses, será solto. É possívelque Paulo esteja se referindo à mesma ameaça em 2 Co 1 e Fp 1. Se forassim, então devemos concluir que está escrevendo de Éfeso aos filipenses.

    Filipos era uma colônia romana e então os membros da igreja eram cidadãos romanos. Por não haver muitas colônias romanas, os naturais de Fili

     pos eram cidadãos altamente privilegiados de Roma. A cidade foi conquistada primeiramente por Filipe da Macedônia, pai de Alexandre,o Grande, em360 A.C., recebendo o seu nome. Foi ali em Filipos que Otávio, o mesmoque seria mais tarde o grande imperador Augusto (que estabeleceu a PaxRomana), venceu a batalha de Actium. Numa planície perto da cidade,Augusto derrotou seus rivais, Antônio e Cleópatra, no ano de 42 A.C.. Porcausa daquela vitória muito importante para a conquista da coroa, Augustodeu aos seus valorosos soldados tanto terras como posição, elevando a cidade à condição de colônia romana. Isso explica por que havia tão poucos ju deus em Filipos. Se houvesse judeus no exército de Augusto, seriam tão poucos que não haveria número suficiente para fundar uma sinagoga.

    Quando Paulo iniciou uma igreja em Filipos, fez seus primeiros contatos num “lugar de oração”, perto de um ribeirão. Há uns anos atrás, tive o privilégio de visitar Filipos (que agora é uma ruína) e fiquei emocionado ao

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    conhecer o lugar onde Paulo e Lídia se encontraram, junto com outros ju

    deus, para adorar ao Senhor. Os filipenses eram cidadãos de Roma, e porisso Paulo empregou duas vezes no original o termo “cidadão” (1:27; 3:20),

     palavra que não aparece em nenhum lugar em suas epístolas. Na primeira passagem escreveu: “que sua maneira de vida (literalmente, sua cidadania)seja digna do evangelho de Cristo” (1:27), assim como a conduta dos cidadãos de Filipos devia ser digna de verdadeiros romanos. Em todos os sentidos, os cidadãos daquela colônia eram iguais aos cidadãos da própriaRoma. Gozavam dos mesmos privilégios, bem como da autoridade e proteção que a cidade de Roma estendia aos cidadãos da urbe. Naturalmente,sentiam bastante orgulho desse  status.  Analogicamente, Paulo apelava aosleitores como “cidadãos do céu ”,  no capítulo 3: “Nossa cidadania está nos céus”,  de onde aguardamos, não o imperador que vem visitar nossa cidade,mas “o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”, que nos transformará em Suasemelhança.

    Consideremos, por um momento, o quadro de origem desses cidadãos

    dos céus. A igreja se compunha de uma variedade incomum de pessoas. Organizadores de igrejas não recomendam que se inicie um trabalho com pessoas como as que formavam a congregação embriônica de Filipos. Primeiramente, aquela igreja começou com uma mulher. As igrejas que eu já ajudeia iniciar dependeram de homens, mas a igreja em Filipos foi fundada emaproximadamente 50 A.D., com Lídia, uma mulher de negócios. Mais tarde,haveria duas mulheres brigando naquela mesma igreja (4:2, 3). É claro quehá quem diga que a raiz de tal desentendimento está no modo como se ini

    ciou a igreja. Lídia de Tiatira, na Ásia, era comerciante, (At 16:14). Vendiaum corante vermelho, caro, que era produzido em Tiatira, onde uma das sete igrejas da Ásia foi organizada (Ap 2:18-29). Depois que ela se converteunaquela reunião de oração junto ao riacho que passava na periferia da cidade, convidou a Paulo e seus companheiros, Silas e Timóteo, para virem à suacasa a fim de terem onde se hospedar, e para continuar seu ministério.

    O outro membro fundador foi uma jovem escrava, que tinha sido possuída por demônios. Paulo expeliu dela os demônios, suscitando a ira dosdonos, que dela se utilizavam para tirar lucros financeiros através de feitiçaria e profecias sobre o futuro (leia At 16:16-23). Suponho que ela se tenhatom ado cristã, membro ativo da igreja.

    Paulo e Silas foram açoitados e jogados na cadeia por terem feito esteato de misericórdia. Naquela mesma noite, por causa de um terremoto divinamente marcado para aquela hora, o carcereiro se assustou o suficiente para pedir aos missionários que lhe mostrassem a maneira de ser salvo, em vez

    de suicidar-se (At 16:27-34). Assim ele se converteu, juntamente com sua família. Portanto, um carcereiro, uma escrava, e uma comerciante foram escolhidos por Deus para formarem o núcleo da igreja em Filipos.

     Não temos notícia de quem mais entrou para o rol. Sabemos que hou

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    (“companheiro de jugo” 4:2, 3), bem como as senhoras que não falavam,

    mas que tinham ajudado a Paulo. Seus nomes eram Evódia e Síntique. Essegrupo nada promissor de crentes formou a pequena igreja. Mas não podemosesquecer que esta foi uma das igrejas prediletas de Paulo. O apóstolo nãotinha a preocupação de ver se eram as pessoas importantes da cidade que seconvertiam, como foi em Tessalônica (At 17:14), ou se Deus chamava a Siaqueles que menos se esperava ver na igreja. “Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são ” (1 Co 1:28).  Deus se alegra em formar sua igreja de todas as cama

    das da sociedade, unindo os membros ao corpo.Ora, por que será que esta igreja era uma das preferidas de Paulo? Um

     ponto positivo foi o modo em que Deus a iniciou. Acho que qualquer pessoaque passasse por um lugar onde começasse apanhando e depois visse a mão

     poderosa de Deus quebrando o prédio com um terremoto, e as portas seabrindo de vez, seria levado a concluir que Deus tem uma preocupação muito especial por aquela cidade e seus habitantes. A seqüência dos eventos, e amaneira em que o mal cooperou para o bem, devem ter dado a Paulo a certeza de que esta igreja iria ser uma expressão significante da graça de Deus.

    Outra razão pela qual Paulo tinha uma consideração toda especial poresta igreja foi o amor dos crentes de Filipos para com ele. Até então, era aúnica igreja que se preocupou com o apóstolo a ponto de mandar auxiliofinanceiro. Paulo dependia dos donativos, além daquilo que podia ganharcom o trabalho. Ao ler o cap. 4, vemos que havia ocasiões em que Paulo estava pobre de recursos materiais, quando não tinha mais que uma moeda no

     bolso (se é que tinha...). O apóstolo ficava comovido ao ver que esta igrejalhe queria bem o suficiente para associar-se materialmente na sua tribulação.Sentia-se muito agradecido. Teriam mandado mais, se houvesse outras oportunidades. Isto sugere que a igreja realmente amava a Paulo. Naqueles dias,não era fácil enviar dinheiro, visto que era preciso mandar alguém junto ehavia sempre a possibilidade de essa pessoa sofrer a mesma sorte do homemque caiu nas mãos de salteadores, como na parábola do Bom Samaritano.Epafrodito era um homem especial. Ele não se importou em arrriscar a sua

    vida para sair de casa a fim de ser portador dos filipenses, e assim suprir anecessidade de Paulo (Fp 2:25). Esta carta aos filipenses foi escrita, em parte, a fim de expressar a gratidão profunda que Paulo sentia para com a igrejaque tanto se preocupava com seu ministério.

    A Saudação (1:1)

    Agora, vejamos de perto o que Paulo tinha a dizer para esta igreja. É bem diferente do que imaginamos. Em vez de dizer: “São Paulo e São Timóteo, aos servos do Senhor em Filipos, com os bispos e diáconos”, ele escreve o oposto. Nosso texto diz: “escravo Paulo e escravo Timóteo, escravos

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    de Jesus Cristo, aos santos de Cristo Jesus que moram em Filipos”. Pareceestar invertido, não é mesmo?

    Dr. Harry Ironside, o famoso pastor da igreja de Moody em Chicago,contou de uma viagem de trem de três dias que havia feito em certa ocasião,

    do litoral do Pacífico até Chicago. Havia duas freiras católicas no seu vagão,e ele, então, quis divertir-se um pouco às suas custas. Depois de ter travadoconhecimento com elas, perguntou-lhes: “Já viram um santo?” . Elas responderam que nunca tinham visto, pensavam que seria maravilhoso ver um santo de verdade. “Eu gostaria que vocês conhecessem um santo”, ele disse.Ficaram entusiasmadas! Onde, como poderiam conhecer esse santo? Estariaviajando num caixão de ouro, ou seria visto descendo do céu? (Segundo o

     pensamento popular católico-romano, os santos têm que morrer primeiro.)

    Dr. Ironside disse: “Eu sou Santo Harry” . Conheceram Santo Harry, masisso pouco as impressionou.

     Não sei se foi exatamente bíblico, chamar-se de santo. É verdade que aigreja de Filipos era composta de santos, mas não sei se havia ali alguém quefosse mesmo um santo. Existe uma diferença. No Novo Testamento, Paulonunca é chamado de São Paulo. E a Bíblia sempre usa “santos” no pluralquando se refere a pessoas. A razão disso, acredito, é que o plural “santos”,“pessoas santas”, comunica o conceito do Corpo de Cristo, que é a Igrejasanta (universal ou local) de Jesus Cristo: todos que estão na igreja, ou“em Cristo”, compartilham de Sua santidade e tomam-se, portanto, pessoassantas. É isso que significa a palavra “santo” .

    Por outro lado, nenhuma pessoa desse mundo é individualmente umsanto, no sentido de ser santo e perfeito, tal como Deus o é. Nós temos omandamento para sermos santos (1 Pe 1:16), mas nenhum ser humano érealmente santo. Nós somos todos pecadores regenerados. E a ordem que recebemos é de mantermos a santidade como meta do nosso viver e mover-nosnesta direção (Hb 12:14). Jesus mandou “sede vós perfeitos como perfeitoé o vosso Pai celeste” (Mt 5:48). Por este motivo, creio que Paulo não sesentisse bem com o títu lo “ São Paulo” . Não há dúvida de que ele fazia parteda igreja de Jesus Cristo, que é a igreja “dos santos do Altíssimo” (Dn 7:18 eseg.). O termo do Velho Testamento. Em Ex. 19:6, o povo de Israel, ao qualDeus tinha escolhido, também foi chamado de nação santa, apesar dos seusmuitos fracassos em praticar a santidade. O título se refere antes ao relacio

    namento da aliança pela qual Deus ligou Israel a si.Aqui em Filipenses, os santos são assim chamados por causa de seu relacionamento com Deus, e porque estão “em” Jesus Cristo. Em contrastecom isto, Paulo e Timóteo são apenas escravos, um termo bastante apro

     priado para descrever um cristão. Um cristão é um escravo. Ora, o que fazum cristão ser um escravo?

    Antigamente, havia quatro maneiras pelas quais uma pessoa podia tornar-se escrava: (1) Podia-se ser escravo por nascer na família de escravos. Se

    os pais eram escravos, a pessoa automaticamente era escrava, e nada se podia

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    fazer para evitar que isso acontecesse. (2) Podia-se ser escravo por conquistas. Quando o exército romano conquistava novas terras, o povo derrotadoautomaticamente se tornava escravo. Aqueles que não eram mortos ficavamsendo propriedades do estado romano e dos seus cidadãos. Foi assim que oImpério Romano obteve mais de 50% de sua população composta de escravos durante o primeiro século quando Paulo estava escrevendo. (3) Podia-seser escravo por compra em leilões de escravos como os que se tornaramconhecidos nos seriados da TV. Um escravo que era comprado e depois libertoera um escravo “redimido”. (4) Podia-se ser escravo por livre escolha. Seum senhor concordasse, um homem que tinha esperança de receber alimento, proteção e bons tratos, entregàva-se voluntariamente a ele para ser seu

    escravo.Como Paulo e Timóteo tornaram-se escravos de Jesus Cristo? Por com pra. 1 Co 6:20 esclarece que todos os cristãos foram comprados por preço.Se você realmente conhece a Deus, então você é escravo dele —não porquevocê quis sê-lo, nem porque nasceu na escravidão, ou foi tomado na batalha,mas sim porque você foi redimido por Seu sangue precioso (Ef. 1:7). Sim,você foi comprado do seu antigo dono, que era “o pecado”. Outrora, dizRm 6:17, você foi escravo do pecado. Mas agora que foi comprado por

    Jesus Cristo mediante um preço elevadíssimo, glorifique a Deus em seu cor po. Seja um escravo genuíno de Cristo Jesus, porque ele o comprou, com prou-nos todos. Não comprou apenas a sua mente, ou sua alma, só para levá-lo ao céu numa data futura incerta. Comprou-o e fez de você Seu escravoaqui na terra, para que cada um de nós possa servi-Lo na plena extensão davida terrena e do potencial que tem.

    Como os filipenses se tomaram santos? Se um escravo cristão entranesta condição por ser comprado pelo preço da morte de Cristo na cruz, os

    santos se tornam santos sendo colocados “em Cristo Jesus”. O conceitoé um pouco difícil de se compreender. Não entendemos como uma pessoa pode estar “em” uma Pessoa como Cristo Jesus. Será que você fica “emCristo” assim como nós estamos imersos ou dentro da atmosfera da Terra?Visto que todos respiramos o ar, nós estamos dentro da atmosfera e o ar está em nós. Um estudante da Bíblia procurou comunicar a idéia espiritual deestar em Cristo, e Ele em nós, dessa maneira. Estar em Cristo, para ele, eraalgo impessoal? Não creio que tenha sido esta a idéia de Paulo, de modo

    nenhum. Qual seria então o significado dessa expressão que aparece mais de100 vezes nas Epístolas Paulinas?

    Talvez devamos captar esta realidade de estar “em Cristo”, dentro dosmoldes do pensamento hebreu. Estar em uma pessoa, segundo a mente he braica, é estar tão intimamente ligado a ela que tudo que se refere a ela, etudo que se refere a você, submete-se ao pleno controle dela. Visto que todos estão em Adão (1 Co 15:22), a natureza adâmica caracteriza o homemque é totalmente dominado por ela. Essa existência “em Adão” explica acorrupção do homem tanto no sentido moral, como no sentido físico

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    (1 Co 15:22, 45). É inútil você tentar sair disso, a não ser que se converta econheça a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador. Mas quando você setransfere de Adão, deixando a personalidade, a natureza e o controle dele

     para trás, e se coloca em Jesus Cristo, então é Ele que vai afetar sua nova

    vida. O sinal e símbolo dessa transferência é o batismo. Quando você confiaem Jesus Cristo como seu Salvador, e o recebe como seu Senhor, você então

     já está comprado, torna-se membro de Sua família, do Seu Corpo, e se entrega livremente ao Seu controle. Portanto, se você está completamente rendido a Jesus Cristo, então está “em Cristo” ..

    Observemos que estes cristãos estão “em” Cristo Jesus e vivem “em”Filipos. O primeiro “em” indica um posicionamento; o segundo, um lugar

    geográfico. São diferentes. É estar “em” Jesus Cristo que os torna santos.Você não é santo, como já vimos, quando é melhor do que os outros. Vocêdeve mesmo ser melhor do que os outros, e ter personalidade santa, admirável, se o Senhor perfeito está exercendo um controle efetivo sobre sua vida.Mas você não passa a ser santo por se tornar uma pessoa melhor. Só será santo entrando para o Corpo do Santo Filho de Deus, pela fé pessoal, mediantea qual Ele o regenera. Toma-se santo porque é santificado, consagrado, separado pelo Espírito Santo em união com Cristo (1 Co 12:12, 13). Sendoassim, os santos de Filipos, e os escravos de Deus em Roma ou Éfeso, estãose comunicando através de sua participação no mesmo Senhor ressurreto.

    Os bispos e diáconos são mencionados especificamente por Paulo,como receptores desta carta. “Bispos” significa simplesmente supervisores.

     No primeiro século eles eram supervisores da igreja assim como hoje há su pervisores numa fábrica, para verificar se tudo está em bom andamento. Sóque esses “bispos” (episkopoi) eram supervisores de pessoas. A palavra “diá

    conos”, por sua vez, significa servos, trabalhadores. Os bispos eram líderesque desempenhavam o ministério pastoral do ensino, organização e disciplina eclesiástica. Os diáconos serviam à igreja como assistentes dos pastores-

     bispos, e como evangelistas (cf. At 20:17, 28).A igreja no período neo-testamentário não era uma igreja a não ser

    que já tivesse os líderes nomeados. Igreja é mais do que um estudo bíblico,onde todos discutem uma determinada passagem das Escrituras. Esse grupode estudo não é igreja, assim como amigos que se reúnem num dia marcado

     para divertir-se e conversar não constituem uma família. Um grupo de estudo informal não possui a liderança divinamente instituída nem a responsabilidade, como também lhe faltam as ordenanças do batismo e da Ceia doSenhor. Contudo, os títulos que os líderes da igreja devem ter, bem como onúmero deles em cada comunidade, não ficam claramente estipulados no

     Novo Testamento. Na verdade, os termos “bispo”, “pastor” e “presbítero”são usados alternadamente nos textos. Dão ênfase aos diversos aspectos do

    ministério, qualquer que seja o título recebido por esses líderes eclesiásticos.

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    A Segurança de Paulo (1 :2-8)

    Vejamos o que esta passagem diz sobre a segurança. Que certezavocê tem hoje de que irá para o céu quando Jesus Cristo voltar, ou quando

    você morrer (se isso acontecer antes da segunda vinda)?Paulo nos apresenta as bases de uma perfeita confiança a respeito denosso destino eterno. Existem cinco razões a garantir que, se você se converteu e conhece a Jesus Cristo, você irá para o céu:

    1. Graça. Em primeiro lugar, está &graça. O v.2 diz “Graça e paz a vocês da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo”. Se você não rece beu a graça de Deus, e se você não tem a paz dele em seu coração, é simplesmente impossível ter a segurança de que Paulo fala. Graça e paz vêm pri

    meiro, não só como saudação, mas como alicerce.2. Obra de Deus.  Vejamos o v.6: “Estou plenamente certo de que

    aquele que começou boa obra em você há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus”. Esta é a segunda garantia de que você é salvo: a obra de Deus. Se oSenhor começou boa obra em você, então agora Ele está trabalhando e com

     pletando-a eficientemente (ver 2:13).C.S. Lewis, no seu livro Surprised by Joy (Surpreendido pela Alegria),

    descreve vivamente sua conversão. Em certa noite de 1929, ele era o conver

    tido mais relutante, mais infeliz e abatido de toda Inglaterra. Sua situaçãoera pior que a do filho pródigo, pois este caminhou espontaneamente de volta para o lar, ao contrário de Lewis que entrou na casa depois de muita resistência, dando socos e pontapés no pai. E então mais tarde, Lewis escreve para um amigo da América que ainda não era cristão: “Suponho que o EspíritoSanto o tenha apanhado e que você já esteja preso na sua rede. Não adiantarelutar mais. Deus começou um trabalho em você”. Sim, e em você, leitor,Deus já começou uma obra? Você reconhece o poder com o qual Ele o estáchamando, não só para a comunhão, não só tornando agradável a participação nos cultos da igreja, mas principalmente atraindo-o para Si? Ele desejarealizar aquela obra da graça no seu coração. Se Deus já começou a operarem você, cuidado, pois é muito difícil escapar de Seus braços insistentes eamorosos (cf. Hb 12:4-11).

    3.  Amor Fraternal. Há uma terceira base para a grande esperança quePaulo tem referente à igreja: o fato de ele se encontrar num relacionamento

    especial com a igreja filipense. O apóstolo expressou em oração a gratidãoque sentia por esse amor mútuo: “Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vocês” (v. 3).

    Paulo possuía uma mente aberta ao Espírito Santo. Em vez de estar àtelevisão e aos jornais de cada dia, ou à revista Veja, ou ainda a todo o tra

     balho que ele estava fazendo, sua mente estava continuamente recebendoalertas do Espírito Santo. Ele era capaz de reconhecer imediatamente qualquer coisa que viesse à sua mente por iniciativa do Espírito. E uma das

    coisas que Deus trazia à sua mente na prisão era a igreja de Filipos. Então

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    Paulo concluía que aqueles crentes deviam ser filhos de Deus, porque senãonunca teria se lembrado deles com tanto ímpeto ou freqüência. Continuamente, Paulo confessa “eu penso em vocês e oro por vocês” (v.4). Seus pedidos eram oferecidos a Deus com alegria, porque a igreja naquela cidadelhe fazia feliz, era sua “coroa de regozijo” (4:1 em uma tradução).

    4. Cooperação.  Paulo não só ora por seus filhos no evangelho, comotambém agradece a Deus a cooperação deles neste evangelho (v.5). A palavra“cooperação” representa a koinonia  do grego, que significa comunhão ou

     participação. O apóstolo se refere aqui ao auxílio financeiro que a igreja lheenviou pelas mão de Epafrodito (2:25). Este compartilhar de coisas materiais com Paulo, mostrava que os filipenses estavam cooperando na propa

    gação do evangelho, que faziam isso “desde o primeiro dia até agora”.Sabemos que é preciso ser salvo  pelo  evangelho. Entretanto, se vocêassumiu algum compromisso com o evangelho sem ainda ter sido salvo, istoé, você acreditou, mas não se entregou inteiramente a Jesus Cristo, sua atitude vai denunciar isso. Algumas pessoas crêem no evangelho somente emconseqüência de terem nascido em lares cristãos, mas não têm um compromisso do coração com o evangelho, porque nunca nasceram realmente doEspírito Santo de Deus. O principal problema de tal pessoa, provavelmente,

    será a dificuldade de viver o evangelho em sua vida! Como ela está na igreja,espera-se que faça o que os  filipenses estavam fazendo, que era contribuir(ver também 2 Co 8:1-5). Mas ela detesta dar dinheiro. O pior detalhe daigreja com o qual ela precisa conviver, é a pressão que sente sobre si para quedê sacrificialmente, com um coração cheio de amor.

    Mas esse não era o caso dos filipenses. Sua cooperação no evangelhonão era apenas uma koinonia de fé, e oração pela missão de Paulo; era umacooperação prática, na qual tinham prazer em dar. É difícil uma prova maior

    da operação do Espírito de Deus no coração, do que o desejo de contribuir para suprir as necessidades daqueles a quem Deus ama. É somente o podersobrenatural de Deus que pode ajudá-lo a compreender que é mais abençoado dar do que receber (At 20:35). Este, portanto , é o quarto sinal daobra redentora do Espírito nas vidas dos filipenses.

    5.  Intercessão do Pastor a favor dos crentes.  No versículo 7, Pauloaponta mais uma razão da segurança que ele tem nos crentes a quem está escrevendo: “Aliás, é justo que eu assim pense de todos vós, porque vos tragono coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos sois participantes da graça comigo”. Não só o Espírito ostraz sempre à memória (v.3), não só eles começaram a dar ofertas provandoque são realmente convertidos, mas também eles têm no coração de Pauloum lugar especial que só os verdadeiros irmãos e irmãs em Jesus Cristo podem ter. O apóstolo acrescenta: “Não só vocês se uniram a mim na minha

     prisão e na defesa e confirmação do evangelho, como também Deus é minha

    testemunha da saudade que tenho de vocês todos” . Esta última frase nos fazlembrar o carinho que as mães têm pelos seus bebês. Se separarmos uma mãe

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    de sua criancinha, ela sentirá muitas “saudades” . A palavra descreve os sentimentos de Paulo para com esta igreja.

    É difícil para um pastor nutrir por sua igreja um sentimento tio profundo a ponto de poder assegurar que todos os membros são salvos, são santos de verdade e não apenas de aparência. Mas é possível ver alguns indícios:a alegria com que participam nos cultos da igreja, a cooperação no evangelhoatravés de suas ofertas. Vê-se a prova do esforço unido em oração, e o resultado é o pastor lembrar-se de todos continuamente.

    Olhe para seu próprio coração. Deus já começou Sua boa obra em você? Você nota que Ele já o está lapidando, polindo e trabalhando todos osdias? Se está, então pode tomar para si o que Paulo disse: “Estou plenamente certo de que Deus, que começou boa obra em mim, há de completá-la atéao dia de Cristo Jesus”. O maior desejo de Deus é ter santos no céu que se

     jam semelhantes ao Seu próprio Filho.Rm 8:29 nos garante que haverá milhões de cópias de Jesus Cristo,

    moldadas segundo Sua imagem e semelhança. O Senhor está trabalhandona vida dos crentes, cada um deles com personalidades, pontos de vista, experiências, raízes sócio-culturais e racionais diferentes, afim de transformar maravilhosamente todos os seus filhos, de modo que sejam semelhantes a Jesus

    Cristo. Assim será a população do céu: formada por cidadãos que Deus começou a moldar nas experiências que resultaram em conversão, e continua amodelar constantemente ao longo da vida cristã, para que tomem o formatoda perfeição de Jesus.

    Conclusão

    Pense em um homem como John Newton, que viveu há anos atrás,no século 18. Começou a vida num lar cristão onde viveu por uns seis anos.Ficou órfão e então foi criado por uma família não-crente, em que o evangelho e o Cristianismo eram ridicularizados. Como nessa casa ele era perseguido, fugiu para o taar, porque o pai tinha sido marinheiro na Marinha Britânica por algum tempo. Alguma coisa não deu certo, e ele fugiu novamente,escolhendo a África como um bom lugar para esconder-se. Tornou-se sóciode um português, traficante de escravos.

    A esta altura ele estava longe, bem longe de Deus. A péssima vida quelevava colocou-o em algumas situações horríveis. Chegou até ao ponto de serobrigado pela esposa do traficante a comer no chão. Foi até mesmo forçadoa ser um escravo, mas fugiu para o litoral, onde deu sinais a um navio que

     passava, e que o acolheu por compaixão. Quando estava a bordo, o capitãodescobriu que ele entendia de navegação e puseram-no como imediato donavio.

    Para mostrar como Newton era irresponsável, devo acrescentar que eleroubou o estoque de rum, distribuiu-o a todos os companheiros e, na bebe

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    deira, caiu no mar. Um marinheiro o apanhou com o arpão e o puxou parao convés. Daquela arpoada ele ficou com uma cicatriz do tamanho de um

     punho, mas ainda não sentiu Deus operando em sua vida. Porém, naquelamesma viagem, quando se aproximavam da costa da Escócia, uma tempesta

    de violenta apanhou o navio. Ele teve que manejar as bombas junto com osmarinheiros, para evitar o naufrágio. Trabalhando nas bombas, foi dominado pelo medo da morte. Foi nessa crise que começou a recordar os versículos que havia memorizado antes dos seis anos de idade. Ao repetir essasEscrituras, Deus lhe falou ao coração, e ele se converteu de forma maravilhosa. Não só se converteu, como também tornou-se um pregador poderoso e compositor de hinos. Foi ele quem escreveu o hino tão apreciado,“Amazing Grace” (“Maravilhosa Graça”). Quando o fez, ele já sabia que, du

    rante toda sua vida, e através de todas as circunstâncias pelas quais tinha passado, Deus o tivera em Sua mão. É maravilhoso o Senhor converter umhomem como Newton. E com a mesma alegria Deus vai salvá-lo se vocêassim lhe pedir.

    Oração: Pai celestial, tu conheces as necessidades de nossos corações. São profundas. Contudo, sabemos que és Deus maravilhoso, e que não nos deixará para sempre em nosso caminho de pecado. Agradecemos-Te pela vida de John Newton. Muito obrigado pela maneira com o o salvaste e o inspi- raste a escrever hinos maravilhosos. Louvamos o Teu nome pela segurança que podemos ter, quando tantos neste mundo estão cheios de dúvidas, e não conseguem encontrar algo certo para esta vida e muito menos para o futuro. 

     Por causa dos sinais de Tua graça operante, podemos saber que nossos nomes estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro. Pai, que todos os Teus  

     possam ter essa segurança de conhecer-Te realmente. E se têm dúvidas, se 

    lhes falta segurança, que possam chegar-se a Cristo humildemente, receben- do-0 como Senhor e Salvador. Muito obrigado, Senhor. Em nome de  Jesus. Amém.

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     Filipenses 1:9-11

    9 - E também faço esta oração: que o vosso amor aumente  mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, 10 —para aprovardes as cousas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis 

     para o dia de Cristo, 11 — cheios do fruto de justiça, o qual è mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.

    Oração: Senhor, chegamos novamente à Tua presença, recordando a  promessa que deste aos discípulos, de que o Espírito Santo os conduziria a toda a verdade. Pai eterno, as palavras que queremos ler na Tua presença  agora são “em tudo verdade”. Rogamos-Te que nos ensines as verdades sobre a oração que ainda não descobrimos, ou que talvez não estejamos colocando em prática, pois é em nome de Jesus que nos aproximamos de Ti. 

     Amém.

    Introdução

    Poucas pessoas tiveram o privilégio que eu tive, de crescer num lar cuja

     primeira lembrança é a de mamãe ajoelhada junto à sua cama. Nunca vou esquecer o seu vulto ajoelhado, embora eu não tivesse mais de quatro anos deidade quando a cena me impressionou pela primeira vez. Durante váriasocasiões, em silêncio, intercedendo por nós, os filhos, e pela igreja da Bolívia, minha mãe criava em volta de si uma atmosfera sagrada. Não havia a luzde uma auréola, nenhuma halo, mas nós crianças sempre passávamos quie-tinhos quando mamãe orava. Foi uma experiência que se repetiu todos osdias, um privilégio que teve realmente um papel importante na formação demeus primeiros ideais com respeito à oração. Embora ela intercedesse muitosilenciosamente, sabíamos o que ela estava pedindo. Nós crianças estávamosno topo da lista. Sabíamos quais os principais assuntos das suas orações porque a nossa família sempre se reunia para orar antes do café da manhã. Asorações de meus pais eram muito longas para um garotinho: eu já acordavacom fome, e o culto doméstico atrasava o café. Dr. Donald Barnhouse (pastor da Filadélfia, mundialmente conhecido, já falecido) costumava dizer:

    “Sem Bíblia não há café!” Nossos pais se mantiveram firmes naquele moto,que incluía também a oração.Paulo também aprovava essa espécie de piedade cristã. Orava incessan

    temente. Exortou os leitores de sua carta em Tessalônica a que orassem semcessar (1 Ts 5:17). Mas Paulo não estava tão sintonizado com o céu a pontode supor que os cristãos que liam suas epístolas soubessem automaticamenteo que pedir a Deus. Embora já tivesse escrito que estava “sempre fazendosúplicas por eles”... “em todas as minhas orações” (v. 4), o apóstolo ocupa

    algumas preciosas linhas desta “carta de agradecimento” para contar aos fili penses como é que orava, a fim de ensinar-lhes (e a nós) como se deve orar.

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    E não se esquece de encorajá-los, dando-lhes uma lista dos resultados daoração fervorosa que pede a Deus um abundante e crescente amor.

    O Professor Stewart, da Universidade de Edinburgo, na Escócia, agoraaposentado, dizia sempre que as orações das cartas de Paulo, particularmen

    te as de Filipenses, Efésios e Colossenses, foram o ponto alto de sua corres pondência. Portanto, veja hoje, que petição os filipenses deviam fazer. Dedique alguns instantes para oferecer esta oração com toda a sinceridade.Você vai descobrir um novo nível de benção impregnando sua vida, vistoque o próprio Senhor Jesus garante que se você pedir alguma coisa em Seunome, segundo a Sua vontade, Ele o ouvirá (Jo 14:13,14; 1 Jo 5:14).

    Observe que neste parágrafo a oração de Paulo é a continuação de sua

    ação de graças. Assim, ele aponta um fato importante sobre a oração, semensiná-lo declaradamente.A primeira verdade encontra-se no v.6: “Estou plenamente certo de

    que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia deCristo Jesus”. Desta certeza apostólica seria possível concluir que você não precisa fazer nada além de render-se passivamente, porque Deus faz toda a parte ativa. Você poderia relaxar, dormir, descansar, em vez de orar. E nem precisaria voltar à igreja à noite. Você poderia ir para o Guarujá ou Copaca

     bana, apreciar a praia e as ondas, porque Deus que começou a boa obra emvocê, prometeu completá-la. Não haveria necessidade de você se preocuparcom a comunhão e o culto da igreja, nem com a leitura da Bíblia e a oração pelas crianças, vizinhos ou mundo, nem tampouco com o seu testemunho.Muito facilmente e com grande prazer poderíamos concluir: “já que Deus promete que vai estar operando, e Ele é mais poderoso do que quaisquer denossas orações fracas e cheias de dúvidas; é só deixar que ele faça tudo!”

    Isso, porém, é bem diferente daquilo que Paulo pensou ou ensinou. À medida que você lê a oração dele, percebe claramente que o próprio Paulo está envolvido e profundamente empenhado numa cooperação espiritual comDeus. De fato, Paulo afirma que Deus nos manda participar ativamente emsua obra: “Desenvolvam a sua salvação com temor e tremor” (2:12).

    A oração pode ser considerada um trabalho, até mesmo uma luta(Cl 1:29: 2:1). Deus está fazendo a Sua obra, mas a oração envolve aqueleque intercede na operação de Deus (cf. 1 Co 3:9). Mas, e se eu não pedir aDeus que intervenha? Ele vai parar de operar? Paulo não responde tão claramente a esta questão complexa como Tiago o faz (Tg 4:2). Visto que Deusnão ordena, clara e insistentemente, que oremos, não é necessário fazer es peculações sobre a razão pela qual ele exige que Seus filhos orem. Isto explica porque Paulo podia exigir de si o máximo esforço em prosseguir para o alvoe prêmio de sua soberana vocação, ou alto chamado, por um lado, ao mesmotempo em que mostra tolerância para com aqueles que têm atitude diferen

    te, preferindo esperar que Deus lhe revele quais são as suas exigências(3:13-15).

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    Vejamos agora o incentivo que levava Paulo a interceder pelos fili penses, no v.8. Ele ansiava de tal maneira (epipothõ ) ver a igreja e confraternizar com eles, que descreve seu afeto como localizado nos “intestinos”(splagchnoi)  de Cristo Jesus. Foi a maneira grega primitiva de expressar

    como estava emocionado no seu desejo de visitar os filipenses, seus amadosfilhos na fé. De fato, um pastor que ama profundamente cada membro dasua igreja, achará que orar por eles não é tarefa difícil, pelo contrário, é um

     prazer.

    Um Pedido pelo Amor Crescente

    Agora examinemos esta oração. Pelo que Paulo ora? Primeiro, ele rogaque Deus conceda aos filipenses um amor que aumente mais e mais (v.9).Amor para com Deus e o próximo nunca chega a um ponto em que o cristão

     pode descansar e dizer: “Bem, agora eu amo tão fervorosamente como soumandado amar! Esse amor agape que Deus exige de mim já é completamentemeu” . Paulo pode ter sentido que os filipenses eram as pessoas mais queridasque ele conhecia. Ele os amava tanto que o seu amor por eles parecia o amor

    de uma mãe por seus filhos (v.8): “Tenho por vocês um afeto e saudades tãofortes que me emociono por dentro, nas próprias vísceras!” Mas isso nãosignifica que Paulo tinha alcançado o amor perfeito, ou que seu amor não

     podia crescer mais ainda. Ele não estava tão influenciado pelo seu amor paracom a igreja de Filipos a ponto de concluir que eles não pudessem amar maisintensamente do que quando mandaram o dinheiro tão oportuno para oapóstolo aprisionado.

    Você também é pessoa amorosa, mesmo que não seja possível medirseu amor por nenhum sistema. O amor não pode ser medido de maneira matemática concreta. Por ser dinâmico e relacionai, o amor cresce à medida emque é testado. Os pais que mais amam seus filhos são aqueles que mais sofreram por causa dos filhos. Talvez um filho de uma certa família possua algum problema mais grave, de ordem física ou mental: pois é por aquela criançaque o pai e a mãe estão mais dispostos a se sacrificar, a fim de lhe proporcionar alguma coisa. Os pais que têm um filho mongolóide aman-no além do

    normal, indizivelmente. Seu amor foi muito provado e, em conseqüência,transborda por aquela criança. Paulo está orando por um amor assim, trans- bordante, que excede os limites normais da experiência, um amor que é maiscaracterístico de Deus do que do homem egocêntrico. Tal amor é um domdo Espírito de Deus que habita no crente (Rm 5:5, cf. G1 5:22) e, conseqüentemente, deve surgir em nossos corações como resposta à oração(cf. Lc 11:13).

    Essa súplica por um amor que cresça e transborde sem limites é o único pedido específico desta oração (w . 9-11). Tudo o mais que é mencionadona passagem são conseqüências. Será que você está orando por alguém, ou — 

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    o que pode ser mais significativo —alguém estaria orando por você, rogandoa Deus que seu amor continue a crescer e transbordar sempre? Talvez Paulo peça a Deus esse amor agape,  crescente e dinâmico, porque sabe que umamor que não transborda, inevitavelmente se volta para dentro e se torna

    egoísta. Limitar nosso amor àqueles que vão nos retribuir a dívida é o oposto do amor generoso e sacrificial pelo qual Paulo orou. Este é como leitederramado, irrecuperável, dado sacrifícialmente, sem preocupação de recom

     pensa. Até o fim da sua vida, ou até que Cristo volte, esse amor como o deCristo deve transbordar mais e mais. Na forma mais simples, essa oração pede a Deus um crescimento diário na habilidade e no anseio de amar de cadacristão, até o dia da formatura, quando todos passamos desta vida à outraatravés da morte ou da transformação miraculosa efetuada pela volta deCristo (cf. 3:21).

    O v. 10 (parte final) focaliza nossa atenção nesse fim, porque o amorcrescente terá o propósito de tomar os filipenses puros e imaculados, prontos para o Dia de Cristo. Quando Jesus Cristo voltar/ele irá examinar os crentesquanto à perfeição atingida em matéria de amor crescente e transbordante

     para com os irmãos e para com Deus. É crucial reconhecer se seu amor cresce dia a dia. Ou será que ele tem diminuído, como o primeiro amor da igreja

    de Éfeso (Ap 2:4)?Esse amor não é sentimental, não é verbal, mas é prático, encontraexpressões concretas através de ações. Certamente, desejamos que essa espécie de amor transborde em nós, mas quem sabe não temos confiança de queé possível receber um amor tão extraordinário assim, simplesmente pedindoa Deus. Paulo nos dá algumas dicas importantes sobre como ganhar esseamor abundante em resposta à oração. Se alguém está orando por você  desta maneira (talvez seja esposa, marido, pai, um filho ou um membro interessado da igreja), de tal forma que a oração dele se une à sua, espere vermudanças na intensidade de seu amor. Como se uma poça parada e mal cheirosa se transformasse em  uma corrente de águas cristalinas, o amor narcisista

     pode ser transformado em amor semelhante ao de Deus, que o motivou adar Seu Filho para nos salvar (Jo 3:16).

    Os Dois Elementos do Amor

    Paulo prossegue no v.9, dizendo que duas características são importantes nesse amor transbordante. Se omitimos esses elementos básicos, o amornão cresce muito e não transborda. Esses dois elementos são descritos pelas palavras “conhecimento” e “percepção” .

    O primeiro termo representa a palavra grega epignõsis, que se encontrano Novo Testamento umas vinte vezes. Normalmente usado para designar o

    conhecimento de Deus e da verdade, ou conhecimento da Bíblia e de JesusCristo, refere-se à esfera espiritual.

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    Ora, não me sinto bem quando divido o conhecimento humano emduas categorias, mas a esta altura pode ser proveitoso fazer isso. Possuímosdois tipos de conhecimento.

    O primeiro é o conhecimento humano, secular, orientado ao nosso vi

    ver desta terra. Quando uma pessoa realmente sabe bastante, pode ser formada em faculdade, ou até mesmo se tomar professor, com nível de mestrado ou doutorado. No contexto da vida, mostra quanto sabe pelo seu sucesso. Sabe equilibrar as coisas, como planejar, como tratar as pessoas demodo que estas o tratem bem. Conhece a lei, e sabe como evitar as penalidades impostas àqueles que deixam de cumpri-la (ver Lc 16:1-11). Elaé re

     putada como uma pessoa bem ajustada e entendida. Para fins dessa expla

    nação, classificaremos essa categoria de escolhas capazes como  gnõsis, “conhecimento”.Mas é diferente o sentido do termo “Conhecimento” (epignõsis) que é

    usado no Novo Testamento. Esta palavra se refere à realidade espiritual. Talconhecer ultrapassa o saber do dia-a-dia, atingindo a esfera espiritual, o queé comparável à ultrapassagem da barreira do som. As atitudes e os valores davida que chamamos de “secular” são transformados pelo relacionamentocom Deus e Seu povo através do Espírito. Não que o Espírito seja realmente

    dissociado do psiquê ou da alma humana em qualquer sentido claro, definido. Quando o crente ultrapassa a barreira, indo ao conhecimento dos valoresespirituais, isso o faz perceber a realidade de uma forma que o homem secular não vê. Paulo aqui dá ênfase à idéia de que, sem esta espécie de conhecimento, o amor sacrificial não cresce —nem o amor por Deus, nem o amor pelo homem. O amor agape deve ter raízes no conhecimnto adquirido diretamente através da revelação e percepção do Espírito Santo.

    Em Ef 1:17, Paulo ora pelos cristãos de Éfeso na Ásia: que “Deus... oPai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no plenoconhecimento (epignõsei)  dele. “Este uso que Paulo faz da mesma palavraesclarece que é o Espírito Santo que nos capacita a ultrapassar a barreira doconhecimento do mundo secular, e nos faz penetrar tal ciência. Nela alcançamos e experimentamos a presença de Deus. O Espírito Santo não trabalhaà parte das Escrituras. Deus emprega a Bíblia para guiá-lo, quem sabe enquanto você ouve a explicação do seu sentido, ou enquanto a lê na hora de-

    vocional de manhã. E assim, o solo que proporciona as condições para oamor crescer e transbordar tem sua origem na oração, uma Palavra de Deus,e produz a comunhão com Deus, que por sua vez encaminha o amor trans bordante para com Deus e Sua igreja.

    Uma segunda palavra que Paulo liga ao “entendimento” do v.9 é a palavra “percepção”. Transmite o sentido do original aisthesis. Uma pessoaque tem percepção tem o dom que muitas vezes é atribuído às mulherescom o nome de “intuição”. O homem pode trabalhar intensamente durante

    horas inteiras, lidando com os prós e contras de uma decisão importante.Talvez escreva todos os números, a lista de vantagens e desvantagens, ten

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    tando arrazoar e chegar à melhor solução de um problema. Muitas vezes,consulta os colegas executivos para que o ajudem a ponderar as conseqüências favoráveis e desfavoráveis de sua opção. Depois vai para casa, pergunta àesposa qual a opinião dela, e fica admirado ao descobrir que seu conselho

    está de acordo com a conclusão estudada dele.A intuição adianta o processo, sendo resultado da'percepção. Pormaior que seja a lógica ou a sua racionalidade, não dá ao homem a verdadeespiritual. Esta precisa resultar de uma revelação por parte de Deus e de uma

     percepção por parte do homem. A teoria ou a teologia se transforma em realidade e estilo de vida cristão. A palavra de Paulo, “percepção” ou “discernimento”, trata especificamente de um juízo que é tanto moral como espiritual. As Escrituras não fazem distinção entre as esferas moral, ética e espiritual, no que diz respeito à prática. Sendo assim, portanto, viver com “percepção” e conhecimento significa agradar a Deus.

    Podemos ilustrar esse termo na vida pública-terrena de Jesus. Muitas emuitas vezes, Ele foi pressionado em situações onde tinha que fazer escolhas.Suas decisões eram importantes porque milhares de pessoas ouviam Suas instruções. Não podia, pois, ensinar uma coisa na teoria e fazer outra diferentena prática. Seu modo de escolher, repetidas vezes, ofendia as pessoas religio

    sas mais respeitadas, o que não o tomava popular. O que ele percebia e declarava com franqueza contrariava a opinião da maioria da época. Ele favorecia os humildes, os fracos, os pobres e necessitados, em vez dos fariseus orgulhosos que eram admirados (cf. Jo 5:44). No caso dos judeus, que conheciam minuciosamente a Bíblia, mas não tinham o Espírito, exaltavam os valores do mundo. Jesus, cheio do Espírito Santo, quando ouviu o cego Barti-meu clamando por misericórdia, ordenou que lhe trouxessem o homem imediatamente, apesar dos discípulos quererem silenciá-lo com a justificativa deque Jesus estava ocupado demais (Mc 10:46-52). Foi esse o tipo de intuiçãoou sistema dè valores que determinou as decisões de nosso Senhor. Bartimeuera mais importante do que a multidão, os discípulos, os dignatários religiosos, ou uma programação prévia.

     Necessitamos desesperadamente de possuir esta percepção. É um discernimento tantas vezes ausente, que explica porque nossa vida espiritual éfria, e nosso amor parado. Onde existem águas estagnadas e temperaturas

    momas, é quase certo haver mosquitos. Essas pestes não podem reproduzir-se em águas correntes. Quando o amor é parado, os relacionamentos ficam estragados. Em lugar do amor transbordante pelo qual Paulo ora, criam-se ressentimentos irritantes, concebidos no ciúme, para atrapalhar o povode Deus como se fossem pernilongos zunindo perto dos nossos ouvidos.Com o conhecimento experimental de Deus e o discernimento estimulado pelo Espírito Santo, cresce o amor, e diminui o egoísmo.

    O autor de Hebreus também emprega um substantivo relacionado como termo “percepção” (aisthêsis)  quando repreende os cristãos estagnados,que não quiseram crescer na fé além da primeira infância. Veja o apareci

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    mento divinamente inspirado dessas palavras: “Vocês já deviam ser mestres,capazes de ensinar a Palavra de Deus, contudo têm de novo necessidade dealguém que lhes ensine o ABC da fé cristã. Porque todo indivíduo que aindase alimenta de leite, não está cheio da Palavra da justiça, pois é criança. Mas

    o alimento sólido é para os adultos, para os que têm as suas faculdades exercitadas pela prática (Hb 5:12-14). A palavra “faculdades” (aisthenia) vem damesma raiz grega que o termo “percepção” em Fp 1:9. Visto que aos cristãos hebreus faltava “percepção”, não tinham a capacidade de discernir entre o bem e o mal, ou distinguir o melhor do bom. As pessoas maduras precisam tomar decisões, à luz da vontade de Deus revelada e das conseqüênciaseternas. Somente a percepção espiritual produz decisões corretas. Como étriste constatar com tanta freqüência que cristãos estão se tornando estagnados, sem maturidade necessária para o discernimento dos valores espirituais.

    A Conseqüência do Amor Crescente

    Quando o amor de Deus cresce em nós com vitalidade, no solo doconhecimento e da percepção, o que vai produzir? Paulo dá a resposta no

    v.10. Produz “aprovação”. Essa palavra interessante também foi empregada por Paulo na segunda carta a Timóteo. Permita-me fazer uma paráfrase:“Quero que você seja um trabalhador “aprovado” (gr. dokimon),  quandochegar no dia de sua formatura, abrir seu diploma conferido por Deus, e leros elogios. Espero que você se forme com prêmios, em lugar de descobrirque foi reprovado no dia de Jesus Cristo” (cf. 2 Tm 2:15).

    Como serão emocionantes para uns e chocantes para outros, as surpresas do ju ízo final! Muitas pessoas esperam a aprovação da formatura, porém

    vão descobrir tarde demais, para sua tristeza, que o prêmio esperado nãolhes foi conferido (cf. Fp 3:14, 2 Tm 4:8). Mas podemos ter a certeza daaprovação de Deus se somos sinceros e inculpáveis até o Dia de Cristo” , porque então será evidente em nós a boa obra de Deus (v. 6).

    A expressão “para que vocês aprovem as coisas excelentes” (v. 10)mostra que essa capacidade espiritual tem sua origem nas realidades do v.9.“Aprovar” (dokimazo) significa testar e aprovar ser autêntica alguma coisa.

    Mesmo em nossos dias, uma nota de papel-moeda precisa ser aprovada paraser aceita. A alta qualidade da imitação engana os “leigos”, mas é rejeitada pelos profissionais (veja 2:22 e a observação que Paulo faz a respeito deTimóteo).

    O Senhor Jesus empregou a palavra aqui traduzida por “excelente”{diapherò),  que se refere às coisas que precisam ser “aprovadas”, quando procurou ensinar os discípulos a confiar em Deus, em Mt 6:26. Os líriosdo campo são de muito mais valor (“excelência”) do que o capim, todos nós

    concordamos. Mas a comparação não é esta. “Vocês valem muito mais doque os lírios!” Deus cuida dos lírios do campo; mas você vale muitas vezes

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    mais do que os lírios do campo, então os homens são de maior valor quetodas as flores silvestres, os cristãos amorosos irão distinguir o que realmentetem significação duradoura daquilo que tem boa aparência na realidade, masimprescindivelmente destinados à fornalha (cf. 2 Co 4:18).

    A capacidade e o desejo de fazer esta espécie de escolhas entre valorese prioridades advêm de um conhecimento e perspicácia dados por Deus, mas prenuncia também o Dia de Cristo. É claro que nada nos fará ficar envergonhados, se cuidamos em escolher o caminho excelente (1 Co 13:31b).Este versículo (10) afirma a importância de aprender a distinguir o melhordo medíocre, “para sermos sinceros e inculpáveis” quando Cristo voltar eestivermos todos diante do Seu tribunal (2 Co 5:10).

    A palavra “sincero” tem seu significado numa prática comum do mundo antigo. Os potes de barro eram as vasilhas domésticas habituais, usadas nacozinha como na sala de jantar. Uma das indústrias mais movimentadas era ade fazer potes e pratos, porque eles se quebravam com muita freqüência.Eram fabricados de barro queimado que, depois de muito assado e moldadona roda do oleiro, ia para o forno. Ficavam duros e quebradiços. Quandomenino, eu olhava os oleiros fazendo potes de barro. De vez em quando,esses potes se rachavam ou ficavam com um buraco. Em vez de jogar fora o

    vaso inútil, alguns oleiros sem escrúpulos passavam um pouco de cera sobreo buraco. Quando alguém o comprava, não percebia a rachadura a não serque duvidasse da qualidade do artigo. Nesse caso, bastava virá-lo para o ladodo sol. A cera, sendo apenas opaca, dava passagem à luz. Portanto, a palavragrega significa “testado pelo sol”, enquanto que a palavra “sincera” donosso idioma vem do latim e quer dizer “sem cera”.

    Devemos sempre fazer a pergunta para nós mesmos, e para nossosfilhos, vizinhos e amigos: somos testados pelo sol? Observe que esse amortransbordante confirma nossa segurança de sermos um cristão aprovado, testado pelo sol, no Dia do Juízo Final.

    O v.6 expressa a certeza de Paulo de que Deus há de completar a obrada salvação que ele principiou. Agora a oração do apóstolo proclama que aconfiança de ser aprovado vem da prova do amor crescente, radicado noconhecimento e percepção. À “sinceridade”, Paulo (que gostava de usardois termos paralelos) acrescenta “inculpáveis”. É a palavra que ele usou

    quando se defendia perante os acusadores judeus, incluindo o GovernadorFélix de Cesaréia: “Tenho vivido sem ofensa durante toda a vida. Minhaconsciência está limpa” (cf. At 24:16). Ora, pode ser perigoso afirmar isso sea consciência é meramente sua. Muitas de nossas consciências não nos estãoacusando, o que só serve para provar que não estão muito sensíveis ou beminstruídas. Podemos ser muito bons em auto-defesa, justificando qualquerfalha ou pecado de qualquer acusação interna do coração. É mais importante estar sem acusação na vida e na conduta, para que nenhum acusador

    tenha quaisquer provas contra você, mesmo depois de examinar a fundo asua vida.

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    Como exemplo, vejamos um contador. Ele tem um serviço interessante, porque o cômputo de impostos revela muito sobre a consciência secretade seus clientes. Eles sabem quanto deviam pagar de impostos, mas resolvemque não, porque não há forma de um acusador provar a violação da lei. Sua

    consciência não os preocupa, visto que eles racionalizam que o governo des perdiça vastas quantias de dinheiro. Mas o problema é como eles vão se sentir quando uma auditoria for feita por alguém que possui todas as provas

     para condená-lo.Paulo aguarda o dia do exame para o qual ninguém pode lhe trazer

    nenhuma preocupação, mesmo sendo examinados os registros oficiais e todos os documentos secretos. Para receber um veredito de isenção de culpanaquele dia, precisamos agora de consciência pura e sinceridade completa.As duas qualidades —“testado pelo sol” e “inacusável” (inculpável) no Diade Jesus Cristo —resultam de se ter percepção e conhecimento, aliados aoamor transbordante.

    O Fruto da Justiça

    Finalmente, vejamos o versículo 11. Está aqui o tema desta mensagem, e a sua conclusão. “Cheios do fruto de justiça, que vem através deJesus Cristo, para a glória e louvor de Deus”. Estamos acostumados com ofruto (singular, não plural) do Espírito, que é o amor. O amor possui todosos atributos de “alegria, paz, paciência, bondade, misericórdia, fidelidade,mansidão, domínio próprio” (G1 5:22, 23), como se fossem expressões variadas desse amor. O fruto de justiça certamente será o mesmo. Assim comoo fruto de Gálatas 5 é produzido pelo Espírito que habita no interior, o fruto da justiça é produzido pela vida de Jesus atuante em nós. A oração que

     pede muito àmor, firmado em conhecimento e percepção, irá produzir acapacidade de se distinguir o que há de melhor, a fim de sermos puros e inculpáveis no Dia do Juízo Final. Mas esta vida, que se torna cheia do frutoda justiça, vem por Cristo Jesus.

    Lourenço da Arábia certa vez levou alguns de seus amigos árabes a Paris. Queria mostrar-lhes a cidade e impressioná-los. Foi há tempos, antes que

    os xeques árabes possuíssem rios de dinheiro pelas vendas de petróleo. Nãoconheciam bem as atrações e comodidades modernas, por isso ele queriadar-lhes este prazer. A Torre Eifell, os lindos edifícios e pontes, o Arco doTriunfo, nada disso os deixou atônitos. Muitas vezes, desejamos ver os turistas interessados, mas nossos visitantes só querem voltar para o hotel, e eraisso o que acontecia com aqueles amigos. Isso porque o que os deixou realmente admirados foi a água corrente. Para ter água éra só abrir a torneira.Ali no seu hotel é que estava a maior maravilha do mundo. Os árabes

    abriam e fechavam a torneira extasiados diante do milagre da água a jorrarda parede. Um dia antes de voltarem para a Arábia, Lourenço ouviu uns sons

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    estranhos no banheiro. Investigando, encontrou os amigos ali com uma chave inglesa, tentando desenroscar aquela torneira. Quando indagou o que faziam, responderam: “Já vimos muita coisa maravilhosa em Paris, mas nadaque se compare com essa torneira. É só abrir, sai água. Queríamos levar essa

    invenção tão importante para a Arábia”. Lourenço teve de convencê-los deuma verdade muito importante. Levar uma torneira para a Arábia e enterrá-la em uma parede não produziria água nenhuma. Não percebiam quehavia um cano e todo um sistema hidráulico para suprir a água desejada. Seos seus amigos têm o amor que transborda em fruto de justiça, baseado emsua ligação vital com Jesus Cristo, e as outras realidades alistadas por Pauloem sua oração, isso deve animá-lo a procurar que Deus faça o mesmo por

    você. Mas se você tenta produzir o fruto da justiça por seus próprios esforços, terá tão pouco êxito quanto os amigos de Lourenço ao tentar produzira água, sem cano e sem fonte.

    Conclusão

    Paulo quer fazer-nos entender que, no final, Deus será louvado e glori-

    ficado pela resposta a essa oração. Seja qual for o resultado produzido porCristo em nós em termos de vida justa, inevitavelmente, Deus será honrado eexaltado. Bondade produzida humanamente glorifica o homem (cf. Jo 5:44).,mas logo que descobrimos que dentro de nós “nenhum bem habita”, somosforçados a dirigir-nos ao nosso Senhor em busca dessa justiça miraculosaque reflete o louvor e glória de Deus (v. 1 lb). Duvido que muitas oraçõestenham esta meta. É freqüente orarmos implorando alívio de aflições e dores, ou o suprimento daquilo que supomos necessitar e desejar. Quando somos conscientizados para orar como Paulo orou, podemos aguardar a conseqüência, maravilhosamente apresentada nesta curta passagem de Filipenses,além de experimentar a verdade de que Deus tem prazer em dar-nos as coisasque desejamos, mas não pedimos (Mt 6:33),

    Oração: Pai, Tu conheces a profundidade de nossas necessidades  pessoais. Sabes como estamos ressequidos, estagnados, incapazes de produzir  

    qualquer porção de teu amor   agapê; e sabes ainda, como é impossível para nós ultrapassarmos a barreira do som de nossos conhecimentos terreais. Pode ser que tenhamos dominado um pouco da sabedoria deste mundo, mas ela é tão desligada da ciência e percepção espirituais que possibilitam o amor  abundante! Ô Pai, Tu nos amas tanto, e nós Te rogamos que, por Jesus Cristo, Tu nos faças todos aprovados por Ti, dando-nos aquela capacidade de selecionar as prioridades verdadeiras. E através de tudo isso, pedimos, por  

     Jesus Cristo, que nosso Senhor seja exaltado e engrandecido. Amém.

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    A FILOSOFIA DE VIDA DO CRISTÃO

     Filipenses 1:12-26 

    12 - Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as cousas que me aconteceram têm antes contribuído para o progresso do evangelho; 13 —de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tomaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais; 14 - e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassom- bro a palavra de Deus. 15 —Alguns efetivamente proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; 16 - estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; 17 - aqueles, contudo, pregam a Cristo, 

     por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias. 18 - Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei. 19 - Porque estou certo de que isto mesmo, 

     pela vossa súplica e pela provisão do Espirito de Jesus Cristo, me redundará em libertação, 20 - segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; 

    antes, com tôda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. 21 - Porquanto, para mim o viver é Cristo, e o morrer  é lucro. 22  -  Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. 23   - Ora, de um e outro lado estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.

    24 - Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne. 25 —E, convencido disto, estou certo de que ficarei, e  permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e gozo da  fé. 26 - A fim de que aumente, quanto a mim, o motivo de vos  gloriardes em Cristo Jesus, pela minha presença de novo  convosco.

    Introdução

    Uma biografia, para valer a pena, tem de contar mais do que os sim ples fatos da vida de uma pessoa. Lendo Filipenses, capítulo 1, versos 12a26, é preciso compreender que há mais do que meros fatos naquilo que oapóstolo conta. Nestes versículos vemos, primeiramente, atitudes, um modode ver, uma maneira de avaliar as circunstâncias e as pessoas.

    Confiamos no Pai, autor dessas palavras preciosas, para que ele faça brilhar em nossos corações a glória de uma vida que lhe foi totalmente dedicada, a fim de podermos imitar este seu servo, Paulo, compreendendo comotornar nossas as suas atitudes e o seu modo de pensar. Que Deus desafie a

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    nossa vontade enquanto estudamos a Palavra e abrimos os corações ao ministério do Espírito.

    Os versículos 1 a 11 que já examinamos, revelam como Paulo agradecia e orava a Deus pelos cristãos de Filipos. Os versículos 12-26, no entanto,

    são seu testemunho pessoal. Aqui, vemos Paulo erguendo os olhos para omundo ao redor, para seu passado, seu presente e seu futuro. Ele os examinade um certo ponto de vista.

    A avaliação correta da vida e até mesmo a pessoa que somos, não de pende do que nos aconteceu durante a vida, nem de onde temos morado.Depende basicamente da atitude com que encaramos a nossa vida - nosso

     passado, presente e futuro. Creio que foi Elton Trueblood quem disse: “Es

    tou plenamente convencido de que a humanidade não mudou nem um til. Oque tem mudado, naturalmente, são as circunstâncias que lhe cercam a vida.Mas o homem é o mesmo. Reage de modo igual; pensa de modo igual; dadasas mesmas oportunidades, deseja de modo igual; há de cobiçar as mesmascoisas, como sempre fez”.

    Acredito que seja uma observação perspicaz e verdadeira. Paulo não sónos conta aqui quais eram as circunstâncias em que se achava, mas tambémnos mostra como uma pessoa age e reage, uma vez que colocou Cristo no

    centro absoluto de sua vida. E. Stanley Jones denominou-o de “hipótesecentral de sua vida”. Se você faz com que Cristo seja o eixo giratório, o vértice de tudo —a pessoa para quem todos os aspectos de sua vida são voltados, o alvo a quem todos os minutos de sua vida consciente apontam, entãoas conseqüências, inevitavelmente, aparecerão em sua vida e atitudes, comoaconteceu com Paulo. Comecemos por um exame das perspectivas múlti

     plas com que Paulo enxergava suas circunstâncias e adversários.

    Paulo Avaliava os seus Sofrimentos Positivamente

    Primeiramente, vejamos com Paulo o seu passado. Nos versículos 12 e13 encontramos o apóstolo dizendo: “Quero que percebam que o sofrimento pelo que passei, o meu sofrimento pessoal, não é nada que deva nos entristecer Ou desanimar”. A prisão e as aflições que sofreu não o fizeram sen

    tir que devia reclamar bem alto e esperar que os outros tivessem pena dele pelos maus-tratos que recebera. Sabemos como podemos nos sentir quandoalguém nos trata com injustiça. Acho que Paulo poderia muito bem ter-seconsiderado a pessoa mais injustiçada de todo o mundo. Era um homem quenão tinha feito nenhum mal, que dedicara sua vida somente para servir osoutros. Entretanto, estava confinado sob acusação falsa. Por inveja e ódiodiabólicos, planos foram arquitetados para se livrarem dele; de fato, mais dequarenta homens chegaram a jurar que se não o pudessem matar, cometeriam o suicídio com greve de fome (At 23:12-21). Tal foi a intensidade doódio dirigido contra a sua pessoa. Estivera preso por dois anos em Cesaréia

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    (aceitando que Filipenses foi escrito de Roma), pelo simples motivo de queninguém aparecera com dinheiro suficiente para subornar o governador afim de que o soltasse.

    O tratamento injusto do passado continuava no presente. Paulo aindaestava preso em Roma porque tinha apelado para César. Mais dois anos se passariam antes que fosse solto, durante os quais Paulo pagaria o aluguel dacasa que lhe servia de prisão, acorrentado dia e noite a um guarda pretoria-no. Contudo, com o tempo ficou provado que todas essas coisas que lheaconteceram no passado, mesmo os naufrágios, visavam o bem. Vamos para2 Co 11, por um momento, onde se pode ver uma série de experiências àsquais Paulo tinha sobrevivido nos versículos 23 a 28. Diz ele: “Falo como

    louco (como fora de mim) —muito mais trabalhamos, muito mais apri-sionamentos, com incontáveis açoites (Paulo diz: “Já esqueci quantas vezesfui açoitado, todas as cicatrizes praticamente se uniram”), muitas vezes em perigos de morte. Cinco vezes recebi das mãos dos judeus os “quarenta açoites menos um” (sempre menos um, para que a pessoa não morresse, poisnenhum judeu queria ser julgado diante de Deus pela morte da pessoa fustigada). Três vezes apanhei de vara (referindo-se ao modo como os romanosaçoitavam); uma vez fui apedrejado. Três vezes sofri naufrágio; uma noite e

    um dia fiquei à deriva no mar; em viagens muitas vezes, em perigos de rios,em perigos de ladrões e salteadores (tudo, diz Paulo, contribuiu para o bem)” .

    Para esclarecer: se você tem o ponto de vista de Paulo sobre o que lheacontece na vida, você já avançou bastante na estrada da maturidade cristãou santificação. A santidade não é aquele ideal religioso elevado, pelo qual a

     pessoa se torna um religioso solitário fanático ou um eremita que passa otempo todo num cubículo, com as mãos cruzadas e as costas cada vez maiscurvadas num arco santificado. Isso pode ter muito pouco a ver com a santidade que pode ser descrita como um ponto de vista, uma maneira cristã(de Cristo) de avaliar o que está acontecendo com você.

     Nas palavras de Rm 8:28, Paulo escreveu o conhecido “Biotônico Fontoura” do crente, como podemos denominá-lo. O crente tem a Palavra inviolável e eterna de Deus para assegurar-lhe que, se realmente ama a Deus efoi chamado para compartilhar de seu divino propósito, só o bem poderá re

    sultar de todas as circunstâncias exteriores que afetam a sua vida. É semelhante ao que Isaías diz: “Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai, nós somoso barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós obra das tuas mãos” (Is 64:8). Àmedida que Paulo observava seu mundo e experimentava tudo que lhe acontecia, reconheceu o maravilhoso trabalho do oleiro que formava e moldava amassa flexível e receptiva do seu coração. Ele se regozijava então nos seussofrimentos (Cl 1:24), reagindo sempre com atitude de aceitação positiva enunca com amargura ou auto-piedade com relação àquilo que Deus estava fazendo em sua vida.

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    Olhemos agora, mais uma vez, para o versículo 12: “As coisas que meacontecem têm antes contribuído para o progresso do evangelho”. Paulonão disse que gostou de suas circunstâncias. Não estava dizendo: “Eu estoucompletamente louco e por isso gosto desses acontecimentos dolorosos,

    ruins, pois minha mente não está funcionando bem.” Porém, o que Pauloafirmou foi o seguinte: “Eu avalio as coisas más que têm acontecido emminha vida em termos de como elas contribuem para o bem superior, o querealmente faz valer a pena e torna o investimento compensador. Esse bem éo progresso do evangelho”.

     No original, a palavra traduzida por “progresso” é um termo militarque retrata trabalhadores com machetes e machados abrindo caminho através da mata, a fim de preparar a passagem para o exército. Era de máximaimportância abrir caminho para o exército avançar. Paulo estaria dizendoassim: “Já estive ali na frente, sofrendo os ferimentos bem como a oposiçãodo inimigo, mas louvo a Deus porque o nosso exército está avançando —oEvangelho tem progredido porque o caminho foi aberto. Esta palavra queele usa novamente um pouco adiante, fornece uma chave para compreendermos o entusiasmo de Paulo. No versículo 25, o “progresso” que Paulo espera ver na igreja filipense se refere ao crescimento deles na fé e na maturidade

    espiritual. Aqui ele fala no “progresso do evangelho” no sentido de o evangelho “se tornar conhecido em toda a guarda pretoriana” (v. 13).Antes que a arqueologia nos informasse melhor sobre esta palavra,

     pensávamos que o pretório se referisse somente ao palácio do imperadorem Roma ou do governador na capital de uma província (At 23:35; Mt27:27). Através de algumas inscrições descobrimos agora que o pretório tam

     bém pode referir-se à guarda, que era especialmente os “olhos e ouvidos” doimperador nas principais cidades em todo o mundo romano. É possível

    mesmo que Filipenses tivesse sido escrito em Éfeso porque devem ter havidocomponentes da guarda pretoriana para zelar pelos interesses do imperadorali. Fm Roma, a guarda pretoriana se compunha de cerca de nove mil homens, escolhidos dentre a elite das tropas de todo o império. Não  sò tinham de ter o porte físico correto — altos, de ombros largos, fortes —tambémtinham que ter a lealdade de coração e ser homens dignos de confiança,mesmo sob pressão. Recebiam salário duplo, para assegurar que trabalhassem

    satisfeitos. Eram responsáveis pela guarda dos prisioneiros do imperador, incluindo Paulo nesta ocasião.Imagine um guarda pretoriano sendo algemado com Paulo. Tinha que

    dormir ao lado desse homem para garantir que ele não escapasse. É possívelque Paulo nem sempre dormisse bem. Imagine o guarda ter que escutar aPaulo na escuridão silenciosa da noite. E Paulo falava sobre Jesus, outroSenhor, outro kúrios,  em lugar do imperador. Mas esse soldado pretorianoestava lá justamente para proteger a posição ímpar e autoridade suprema da

    quele único imperador através de todo o mundo civilizado. Contudo ali estava Paulo falando em outro Senhor (kúrios,  no grego) cujo nome era Jesus

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    Cristo. Aqueles guardas militares devem ter saído de perto dele meneando acabeça. Devem ter considerado Paulo um obcecado, visto que ele falava so bre este Senhor dia e noite. Certamente, pensavam em quem seria esse Jesus,o que lhe aconteceu, por que Paulo tinha tanta certeza da sua ressurreição.

     Naturalmente teriam aguçado os ouvidos quando Paulo contava do julgamento e crucificação dele sob Pilatos, um governador romano. Talvez, a princípio, nada disso lhes fizesse sentido, mas no outro dia teriam um poucomais clara desta vez, e assim, um por um, ouviam as boas novas do evangelho.É possível que não haja lugar mais propício para proclamar o evangelho doque uma prisão, o público cativo não podia escapar nem forçar o evangelistaa silenciar-se. Pobres guardas pretorianos! Se não quisessem receber a Cristocomo seu Senhor, deviam então pedir demissão da força. Sem dúvida, algunsdeles se renderam ao kúrios de Paulo.

    Além disso, veja o final de Filipenses, onde o texto diz: “Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César”  (4:22). Paulo estava sereferindo ao lugar onde estava preso, onde tinha tido o privilégio de proclamar o evangelho e ver o seu progresso entre aqueles que estavam algemadoscom ele, aqui descritos como sendo da casa do imperador.

     Notemos que as algemas a que Paulo se refere são suas “cadeias, em 

    Cristo, que se tomaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais” —as cadeias são em Cristo e sua prisão é por Cristo, e esta é umasegunda conseqüência dos sofrimentos de Paulo que ele considera positivamente. Não só os guardas pretorianos aprendiam sobre Jesus e sobre o evangelho, como também, ele acrescenta, “ todos os demais” : as outras pessoastambém ficavam sabendo disso. O povo em geral não estava separado dosguardas. Os escravos e a população da cidade estavam logo discutindo sobrePaulo e suas “boas novas”.

    A terceira conseqüência afetava os cristãos de Roma ou Éfeso, que cjo-meçavam a falar sobre o Senhor mais ousada e livremente (v. 14). Além dosguardas que tinham de ouvir a Paulo, além da difusão das novas pelos guardas e todas as pessoas da casa de César, os cristãos também começavam a dartestemunho do amor e da graça salvadora de Deus. Você deve saber, por certo, que a maioria dos cristãos não testemunha, pelo menos a maior parte dotempo. Um membro “normal” de uma igreja não percebe que na sua vidadiária deve ser um missionário, considerando a causa missionária como sua

     própria missão. Algumas poucas pessoas são assim, mas não existem muitas.Era o que acontecia na cidade onde Paulo estava preso. Nesse aspecto, nãohavia nada de realmente fora do comum que diferenciasse a igreja de Romaou Éfeso das nossas igrejas hoje. Muitos cristãos escolhem um método de dartestemunho que podemos chamar “método silencioso”. Não dizem nada. Vivem sua vida cristã tão calma e prazeirosamente quanto possível. E as pessoas que vivem acima deles, as que moram em baixo ou ao lado deles no

    seu prédio de apartamentos nem suspeitam que aqueles cristãos possam serestrangeiros, cidadãos de outro país chamado céu (cf. 1:27; 3:20). Como

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     poderiam saber? Entretanto, quando Paulo estava na prisão por amor aoevangelho, correu a notícia de que esse homem era diferente; ele não conseguia deixar de anunciar a boa nova sobre o Salvador.

    Em 1 Co 9, Paulo revela uma parte do segredo sobre a obrigação que

     pesava sobre ele e o impulsionava. Ele estava sob uma maldição, um tipo estranho de maldição, é ló