a importancia da analise cefalom facial subjetiva e autopercep - marcos teixeira da cunha

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    MARCOS TEIXEIRA DA CUNHA

    A IMPORTNCIA DA ANLISE CEFALOMTRICA, ANLISE FACIAL SUBJETIVA

    E AUTOPERCEPO DO PACIENTE NA MONTAGEM DO DIAGNSTICO

    ORTODNTICO

    NITERI

    2011

  • 2

    MARCOS TEIXEIRA DA CUNHA

    A IMPORTNCIA DA ANLISE CEFALOMTRICA, ANLISE FACIAL SUBJETIVA

    E AUTOPERCEPO DO PACIENTE NA MONTAGEM DO DIAGNSTICO

    ORTODNTICO

    Monografia apresentada ao curso de

    Especializao em Ortodontia da

    Faculdade Redentor, para obteno do

    ttulo de Especialista em Ortodontia.

    Orientador: Prof. Alexandre Luiz Queiroz

    Ponce

    NITERI

    2011

  • 3

    A IMPORTNCIA DA ANLISE CEFALOMTRICA, ANLISE FACIAL SUBJETIVA

    E AUTOPERCEPO DO PACIENTE NA MONTAGEM DO DIAGNSTICO

    ORTODNTICO

    Apresentao da Monografia em 05/12/2011 ao curso de Especializao em

    Ortodontia da Faculdade Redentor

    ___________________________________________________ Coordenador e Orientador: Prof. Alexandre Luiz Queiroz Ponce

    Membros:

    ___________________________________________________ Alexandre Luiz Queiroz Ponce

    ___________________________________________________ Jose Luis Muoz

    ___________________________________________________ Ana Luiza Freitas Junqueira Ponce

    Aprovada com nota ________ e meno _____________.

  • 4

    DEDICATRIA

    Dedico minha amada esposa Cristiane,

    razo pela qual tento ser a cada dia

    algum melhor, pessoal e

    profissionalmente.

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus, que me deu a vida e permitiu que eu

    galgasse todos os degraus para chegar at aqui.

    Agradeo a meus pais, Edson e Marlia e a meus irmos, Marcelo e

    Mrcia, que contriburam para a formao do meu carter e no mediram esforos

    para me dar uma educao de qualidade.

    Agradeo a todos os meus colegas de curso: Alessandra Pasch, Amanda

    Pacheco, Carla Cristina, Daniela Leandro, Elisa Thom, Isabel Cristina, Priscilla

    Afonso, Rebeca Morett, Renata Pirrone, Viviane Arajo e em especial aos amigos

    David Hudson e Pablo Ozrio, companheiros nessa jornada de quase trs anos.

    Agradeo a todos os professores e funcionrios da IPES / Orthodontic.

    Obrigado pela pacincia, dedicao e carinho de cada um de vocs.

  • 6

    RESUMO

    A montagem do diagnstico e plano de tratamento de um paciente algo complexo, que envolve uma srie de fatores. As caractersticas do seu perfil, os dados da cefalometria e a expectativa do paciente quanto quilo que se quer alcanar so pontos chave na elaborao do caminho mais correto para se conseguir um resultado eficiente, onde esteja presente a satisfao do paciente. O objetivo deste trabalho foi, atravs da reviso da literatura, mostrar a importncia da anlise cefalomtrica, da anlise facial e da auto-percepo do paciente na elaborao do diagnstico de um tratamento ortodntico, evidenciando as virtudes e os pontos fracos de cada mtodo, alm da influncia de cada um na busca de um diagnstico completo, que procure ser o mais abrangente possvel. Concluiu-se que a anlise cefalomtrica est sujeita a uma srie de pequenas variaes que podem causar alteraes no seu resultado, assim como a anlise facial est sujeita ao seu carter subjetivo sendo, portanto influenciada por conceitos individuais. Palavras-chave: Anlise cefalomtrica. Anlise facial. Diagnstico ortodntico.

  • 7

    ABSTRACT The assembly of diagnosis and treatment plan for a patient is something complex, involving a number of factors. The characteristics of the profile, the cephalometric data and expectations as to what the patient wants to achieve are key in developing the most correct way to get an efficient result, where you also get the patient satisfaction. The aim of this study was through the literature review, show the importance of the cephalometric analysis, facial analysis and self-perception of the patient in making a diagnosis of an orthodontic treatment, highlighting the strengths and weaknesses of each method in search for a full diagnosis, which try to be as comprehensive as possible. It was concluded that cephalometric analysis is subject to a range of minor variations that can cause changes in its result, as well as facial analysis is linked to its subjective nature, and therefore influenced by individual concepts. Keywords: Cephalometric analysis. Facial analysis. Orthodontic diagnosis.

  • 8

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Planos e linhas de referncia 24

    Figura 2 Visualizao no Radiocef Studio dos pontos que compem as anlises

    urea Trat1 e urea Trat2 29

    Figura 3 Pontos anatmicos 35

    Figura 4 Linhas e planos 35

    Figura 5 Pontos fotomtricos 45

    Figura 6 Medidas fotomtricas lineares e proporcionais 46

    Figura 7 Medidas fotomtricas angulares 46

    Figura 8 Pontos demarcados na face do paciente na posio de 0 48

    Figura 9 reas delimitadas na posio de 0 48

    Figura 10 Fotografias representando as variaes decrescentes na altura do tero

    inferior da face, no gnero feminino 62

    Figura 11 Fotografias representando as variaes decrescentes na altura do tero

    inferior da face, no gnero masculino 63

    Figura 12 Visualizao dos marcadores metlicos na telerradiografia lateral 65

    Figura 13 Pontos de referncia no traado cefalomtrico 65

    Figuras 14 a, b e c Medidas utilizadas na avaliao de perfil 67

    Figura 15 Medidas utilizadas na avaliao frontal 68

  • 9

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Questionrio aplicado aos pacientes 80

    Quadro 2 Questionrio de percepo preexistente 89

    Quadro 3 Questionrio de percepo esttica ps-existente 90

  • 10

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    1-Linha I Distncia do incisivo inferior linha I de Interlandi

    1-NA Distncia da borda do incisivo central superior mais proeminente linha NA

    1-NPog Distncia do incisivo inferior ao plano Nsio-Pognio

    1-rbita Distncia do longo eixo do incisivo superior borda pstero-inferior da

    rbita

    A Ponto A

    Abd Ponto ngulo da boca no lado direito

    Abe Ponto ngulo da boca no lado esquerdo

    AFAI Altura facial ntero-inferior

    Ald Ponto alar direito

    Ale Ponto alar esquerdo

    ANB ngulo formado pelos pontos A, Nsio e B

    A-Po Linha que une os pontos A at o ponto pognio

    Ar.Go.Me ngulo gonaco

    Ar.S.N ngulo da base craniana

    Ar-Go.Po-Orperp ngulo do ramo mandibular

    Ar-S.Po-Or ngulo da base craniana posterior

    B Ponto B

    B Ponto mais profundo do perfil

    Ba Ponto bsio

    Cbd Ponto comissura labial direita

    Cbe Ponto comissura labial esquerda

    Co Ponto condlio

    dpi Do ingls: dots per inch = pontos por polegada, medida relacionada a

    composio de imagens

    ENA Ponto espinha nasal anterior

    End Ponto endocanto direito

    Ene Ponto endocanto esquerdo

    ENP Ponto espinha nasal posterior

    Es Ponto estmio

  • 11

    Exd Ponto exocanto direito

    Exe Ponto exocanto esquerdo

    F Ponto filtro inferior

    F.NPog ngulo formado pelo Plano de Frankfurt e linha ligando ponto Nsio ao

    Pognio

    FMA ngulo formado pelo Plano de Frankfurt e Plano Go-Gn

    FMIA ngulo formado entre o longo eixo do incisivo inferior e o Plano de Frankfurt

    Gl Ponto glabela tegumentar

    Gn Ponto gntio

    Go Ponto gnio (ou gonaco)

    Go Ponto gnio ou gonaco

    God Ponto gnio direito (tegumentar)

    Goe Ponto gnio esquerdo (tegumentar)

    GoGn.Plano Oclusal ngulo formado pelos planos Gnio-Gntio e plano oclusal

    Go-Me.Po-Or ngulo do plano mandibular

    IMPA ngulo formado entre o longo eixo do incisivo inferior e o plano Go-Me

    kV Kilovoltagem

    kVp Do ingls: Peak kilovoltage, unidade de radiao usada em radiografias

    Li Ponto lbio inferior

    Linha H.NB - ngulo formado pelas linhas H de Holdaway e a linha que une os

    pontos Nsio e B

    Ls Ponto lbio superior

    mA Miliamperagem

    Me Ponto mento (ou mentoniano)

    Me Ponto mentoniano tegumentar

    N Ponto nsio

    N Ponto nsio tegumentar

    NA.APog ngulo formado pelos pontos Nsio, A e Pognio

    N-Perp Linha perpendicular ao Plano de Frankfurt, passando pelo ponto Nsio

    NS.Gn ngulo formado pelos pontos Nsio, Sela e Gntio

    NS.GoGn ngulo formado pelos planos Nsio-Sela e Gnio-Gntio

    NS.Pocl ngulo formado pelos pontos Nsio, Sela e plano oclusal

    Or Ponto orbitrio

    Pg Ponto pognio

  • 12

    Pg Ponto pognio mole

    Pn Ponto ponta do nariz

    PNC Posio natural da cabea

    Po Ponto prio

    Pog ou Pg Ponto mais anterior da snfise no tecido mole

    Pognio-NB ngulo formado pelos pontos Pognio, Nsio e ponto B

    Po-Orperp Linha perpendicular ao Plano de Frankfurt que passa pelo ponto Sn

    Prn Pontp pronasal mdio

    PTM Ponto mais inferior da fossa pterigomaxilar

    PTMs Ponto mais superior da fossa pterigomaxilar

    PTV Plano pterigideo vertical

    S Ponto Sela

    S.Ar.Go ngulo articular

    S-Ls Distncia do ponto mais proeminente do lbio superior linha S de Steiner

    Sn Ponto subnasal

    SNA ngulo formado pelos pontos sela, nsio e ponto A

    SNB ngulo formado pelos pontos sela, nsio e ponto B

    SND ngulo formado pelos pontos Sela, Nsio e Ponto D

    SN-Pog Medida angular formada pelos pontos sela, nsio e pognio

    So Ponto sobrancelha

    V Linha vertical verdadeira

    Xi Ponto encontrado por construo, representando o centro do ramo mandibular

    Zid Ponto zgio direito

    Zie Ponto zgio esquerdo

    Zm Ponto zigomaxilar

  • 13

    SUMRIO

    1 INTRODUO 14

    2 PROPOSIO 16

    3 REVISO DE LITERATURA 17

    3.1 Anlise Cefalomtrica 17

    3.2 Anlise Facial 41

    3.3 Paralelo entre a Anlise Cefalomtrica e a Anlise Facial 69

    3.4 Autopercepo do paciente 77

    4 DISCUSSO 91

    5 CONCLUSO 94

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 96

  • 14

    1. INTRODUO

    Em nossa rotina clnica, nos deparamos com as mais diversas

    necessidades de pacientes em busca de tratamento ortodntico. Seja por graves

    problemas oclusais, m-posio dentria, problemas articulares ou insatisfaes

    puramente estticas, sem maiores implicaes, porm no menos importantes, pois

    envolvem o emocional dos pacientes e a melhora de sua auto-estima, so vrios os

    motivos que podem levar uma pessoa a procurar o ortodontista. A busca da esttica

    facial pela sociedade contempornea tem tido papel de destaque no

    desenvolvimento de pesquisas nos mais variados campos da medicina e

    odontologia, que tem na ortodontia uma importantssima aliada para mudanas que

    causam grande impacto sobre o sorriso, relaes dos arcos dentrios entre si e

    alteraes do tero inferior da face. Essas mudanas geram, como conseqncia,

    uma mudana da viso que o indivduo tem de si, mudando seu relacionamento com

    a sociedade, gerando mais autoconfiana, trabalhando positivamente no seu

    psicolgico. Porm, para causar tamanho impacto, preciso que saibamos extrair

    de cada caso a melhor soluo, entendendo as limitaes e vislumbrando as

    possveis mudanas que possam ser realizadas. Para isso, importante que se

    trace o melhor diagnstico.

    Na busca pelo correto diagnstico de cada caso e pela elaborao de um

    plano de tratamento que leve no somente uma ocluso perfeita, mas tambm

    satisfao do paciente com o resultado final do tratamento, temos nossa

    disposio uma srie de ferramentas com a finalidade de chegarmos a um ponto de

    equilbrio. Dentre esses vrios recursos, o mais utilizado pelos ortodontistas a

  • 15

    cefalometria. Desenvolvida no incio do sculo XX, foi objeto de diversos estudos, e

    por muito tempo foi utilizada como nico recurso de diagnstico e planejamento dos

    tratamentos ortodnticos. Por conta disso, diferentes pesquisadores criaram suas

    prprias anlises cefalomtricas, que levaram seus respectivos nomes, tendo

    Ricketts e Tweed como exemplos. Porm, os padres considerados ideais por estas

    anlises nem sempre condizem com padres individuais ideais. A beleza sim algo

    ligado proporcionalidade e harmonia, porm algo subjetivo, e portanto, de carter

    bastante pessoal. A percepo de beleza de um indivduo depende de muitas

    variveis, baseadas em sua vivncia, suas crenas, educao, etc.

    Com a crescente exigncia esttica da sociedade moderna, tornou-se

    necessrio o uso de mltiplos instrumentos de diagnstico para chegarmos a um

    plano de tratamento ideal. Alm da cefalometria, devemos avaliar a expectativa do

    paciente e a possibilidade de realiz-la, e avaliarmos o seu perfil e as limitaes que

    esse trs para o desenvolvimento do caso. Deste quadro, visualiza-se a importncia

    da anlise facial. Utilizada em menor escala que a cefalometria, tem sido objeto de

    algumas pesquisas, que buscam maior utilizao deste recurso para nos auxiliar em

    nosso objetivo: extrair de cada caso que estudarmos o melhor caminho para a sua

    soluo.

    Levando em conta esses aspectos, vimos a necessidade de elaborar um

    trabalho com o objetivo de mostrar a importncia da anlise cefalomtrica e da

    anlise facial, traando um paralelo entre as duas e mostrando o peso de cada uma

    para a elaborao de um plano de tratamento que seja o mais abrangente possvel e

    atenda ao mximo s expectativas do paciente em relao ao seu resultado.

  • 16

    2. PROPOSIO

    O objetivo do presente trabalho, com a reviso de literatura, foi avaliar:

    a) O peso da anlise cefalomtrica na definio do diagnstico e formulao

    do tratamento ortodntico: podemos confiar apenas na cefalometria como

    ferramenta de diagnstico?

    b) O que devemos levar em conta ao utilizarmos a anlise facial subjetiva no

    estudo diagnstico de um paciente?

    c) possvel estabelecer uma relao entre a anlise cefalomtrica e a

    anlise facial subjetiva?

    d) Na viso dos pacientes, qual o fator que mais importa na deciso de se

    procurar o tratamento ortodntico?

  • 17

    3. REVISO DA LITERATURA 3.1. Anlise cefalomtrica

    Silveira et al. (2000) observaram a influncia da marcao de pontos

    cefalomtricos sobre os resultados obtidos em uma anlise cefalomtrica. Para a

    realizao do estudo, selecionaram dez telerradiografias de perfil, obtidas de

    pacientes leucodermas, na faixa de 15 a 25 anos, de ambos os gneros e

    solicitaram a cinco examinadores gabaritados a identificao de quatro pontos

    anatmicos em cada uma das dez radiografias, sendo os pontos: Ponto A (A), Ponto

    B (B), Sela (S) e Nsio (N), dos quais foram obtidas grandezas angulares que

    definem o posicionamento da maxila e mandbula em relao base anterior do

    crnio. Sobre cada radiografia foi colocada uma folha de acetato, sobre o qual foram

    marcados os referidos pontos com o auxlio de uma lapiseira, sobre a luz de um

    negatoscpio. Cada examinador identificou e marcou os pontos cefalomtricos em

    cada uma das dez radiografias, obtendo-se ao final cinqenta traados

    cefalomtricos, cujos valores foram tabulados e comparados, de maneira descritiva.

    Atravs dos resultados obtidos, concluiu-se que pequenas diferenas na marcao

    dos pontos anatmicos podem influir decisivamente na anlise cefalomtrica, j que

    em relao aos traados realizados sobre as telerradiografias dos dez pacientes,

    houve concordncia de diagnsticos entre todos os examinadores em apenas trs

    casos, representando 30% da amostra. Como conseqncia dessa diferena de

    diagnsticos, pode haver a gerao de planos de tratamento equivocados.

  • 18

    Ferreira et al. (2004) avaliaram a preciso das medidas cefalomtricas de

    perfil realizadas por diferentes operadores no mtodo computadorizado. Para tal,

    utilizaram uma amostra de cinqenta telerradiografias de perfil, cuja nica condio

    indispensvel para a seleo foi a boa qualidade das imagens. As radiografias foram

    digitalizadas atravs do scanner de mesa HP Scanjet 4C e suas imagens foram

    transferidas para o programa Radiocef 2.0. Quatro operadores com a mesma

    formao em cefalometria avaliaram cada uma das cinqenta radiografias, tendo

    cada um deles, traado dez radiografias a cada dia. As radiografias foram traadas

    de duas maneiras: Na primeira, utilizando-se o recurso do zoom. Na segunda, no

    utilizando o recurso. Procedeu-se ento a marcao de pontos para a realizao da

    cefalometria de Steiner, dos quais foram obtidas medidas lineares e angulares.

    Atravs do teste estatstico do coeficiente de correlao interclasse, foi estabelecida

    a confiabilidade e variabilidade das medidas realizadas pelos diferentes operadores.

    Concluiu-se que ao ser utilizado o mtodo computadorizado de cefalometria com e

    sem o recurso do zoom, grande parte das medidas apresentaram alto grau de

    concordncia inter-examinadores. Apenas para as medidas 1-NA (distncia da borda

    do incisivo central superior mais proeminente linha NA) e S-Ls (distncia do ponto

    mais proeminente do lbio superior linha S de Steiner), os coeficientes de

    correlao interclasse obtidos foram um pouco menores, porm indicando um grau

    de similaridade satisfatria para os diferentes examinadores. Os autores sugerem

    maiores investigaes antes de se recomendar a anlise cefalomtrica

    computadorizada como absolutamente confivel para a sua utilizao na clnica

    ortodntica.

  • 19

    Queiroz et al. (2005) compararam as caractersticas craniofaciais entre

    crianas leucodermas com perfil mole do tero inferior da face com tendncias

    convexa e reta. Para tal, utilizaram 48 telerradiografias obtidas de crianas na faixa

    etria dos sete aos dez anos, com mdia de idade de oito anos e cinco meses,

    sendo 24 do gnero masculino e 24 do gnero feminino, com perfil facial equilibrado,

    dentio mista com presena dos primeiros molares e incisivos permanentes j

    irrompidos e em ocluso, sendo aceitas relaes entre os primeiros molares superior

    e inferior em classe I ou topo. Foi permitida tambm ligeira sobressalincia e

    sobremordida. As telerradiografias foram digitalizadas utilizando-se scanner marca

    HP, modelo Scanjet 6100 C/T, com resoluo de 300dpi, sendo as digitalizaes

    transferidas para o programa Radiocef (Radio Memory LTDA). As 48

    telerradiografias foram divididas em dois grupos, de acordo com o grau de inclinao

    do tero inferior da face, que definido pelo ngulo formado pela interseco das

    linhas Pog-Sn e a linha perpendicular ao Plano de Frankfurt que passa pelo ponto

    Sn (Po-Orperp). O primeiro grupo foi constitudo de 24 telerradiografias (sendo 12 do

    gnero masculino e 12 do gnero feminino) de indivduos com inclinao do tero

    facial inferior normal com tendncia reta, com o ngulo Pog-Sn.Po-Orperp menor

    que 7,75 graus. O segundo grupo foi tambm constitudo de 24 telerradiografias,

    sendo 12 do gnero masculino e 12 do gnero feminino, sendo que os indivduos

    apresentavam inclinao do tero facial inferior normal com tendncia convexa, com

    ngulo Pog-Sn.Po-Orperp maior que 8,25 graus. Foram ento marcados, no

    programa Radiocef, pontos cefalomtricos, utilizando-se das ferramentas de auxlio

    disponveis no programa com o intuito de aumentar a preciso na marcao dos

    pontos. A partir dos pontos demarcados, foram obtidas oito grandezas

    cefalomtricas angulares, quatro grandezas proporcionais horizontais e duas

  • 20

    grandezas proporcionais verticais: ngulo da base craniana (Ar.S.N); ngulo

    articular (S.Ar.Go); ngulo da base craniana posterior (Ar-S.Po-Or); ngulo do ramo

    mandibular (Ar-Go.Po-Orperp); ngulo do plano mandibular (Go-Me.Po-Or); ngulo

    gonaco (Ar.Go.Me); ngulo Iis-Ais.Ena-Enp; ngulo Iii-Aii.Go-Me; relao entre a

    largura do ramo mandibular e o comprimento efetivo da base craniana posterior;

    relao entre o comprimento do corpo mandibular e o comprimento efetivo da

    maxila; relao entre a posio ntero-posterior do primeiro molar permanente

    superior e a profundidade da face mdia; relao entre a espessura do tegumento

    na rea do mento e regio subnasal; relao entre a altura efetiva da face mdia e a

    altura efetiva da face posterior; relao entre a altura facial anterior total e a altura

    efetiva da face mdia. Aps a realizao de testes estatsticos, as mdias

    aritmticas dos valores das grandezas dos grupos I e II foram comparadas.

    Concluiu-se que a comparao das medidas angulares dos indivduos dos grupos I e

    II revelou semelhanas morfolgicas na inclinao da base craniana, inclinao da

    base craniana posterior e ngulo gonaco. No entanto, foram encontradas diferenas

    morfolgicas estatisticamente significativas nas inclinaes do ramo mandibular,

    corpo mandibular, incisivos superiores e inferiores. No caso das comparaes entre

    as medidas proporcionais dos indivduos dos dois grupos, foram detectadas

    semelhanas morfolgicas na altura facial anterior total, porm foram encontradas

    diferenas morfolgicas estatisticamente significativas na altura total da face mdia,

    largura do ramo mandibular, comprimento do corpo mandibular, posio ntero-

    posterior do primeiro molar superior na face mdia e espessura de tecidos moles na

    regio do mento.

  • 21

    Silveira et al. (2006) avaliaram as alteraes das medidas do ngulo

    nasolabial e inclinao dos incisivos superiores ps-tratamento ortodntico. Para o

    estudo, utilizaram duas amostras de indivduos, obtida nos arquivos de

    documentao de casos clnicos. Todos os indivduos possuam m-ocluso inicial

    Classe I de Angle, de ambos os gneros, com idade variando entre 11 anos e trs

    meses e 13 anos e oito meses. A primeira amostra foi composta por 21 casos de

    indivduos tratados com extrao de primeiros pr-molares e a segunda composta

    por vinte casos com extrao dos segundos pr-molares. As duas amostras foram

    tratadas com mecnica do arco de canto simplificada, com aparelho Edgewise

    convencional, slot 0.022 x 0.028. Nos indivduos tratados com extrao dos

    primeiros pr-molares, utilizou-se como ancoragem o aparelho extra bucal com

    trao cervical no arco superior, com fora de duzentos gramas de cada lado, e

    placa lbio-ativa no arco inferior, ambos usados praticamente 24 horas por dia. No

    caso dos indivduos tratados com exodontias dos segundos pr-molares, no houve

    uso de qualquer sistema de ancoragem. Os cefalogramas iniciais e finais de cada

    caso foram medidos e comparados. Concluiu-se que: 1) Os indivduos tratados com

    extrao dos quatro primeiros pr-molares apresentaram um aumento

    estatisticamente significante no ngulo nasolabial (em mdia 10,8), o que no

    aconteceu com os indivduos tratados com extrao dos quatro segundos pr-

    molares (aumento mdio de 6,2). 2) Os incisivos superiores sofreram um maior

    reposicionamento para lingual nos indivduos tratados com exodontias dos quatro

    primeiros pr-molares em relao linha NA (em mdia, 11,9), ao passo que nos

    indivduos tratados com exodontias dos quatro segundos pr-molares, essa

    inclinao para a lingual dos incisivos ocorreu em menor grau (em mdia, 5,6). 3)

    Em virtude da menor inclinao para lingual nos incisivos dos pacientes tratados

  • 22

    com exodontias dos quatro segundos pr-molares, esses apresentaram uma menor

    concavidade do perfil facial em relao aos indivduos tratados com exodontias dos

    primeiros pr-molares.

    Morais et al. (2006) compararam as distores entre as imagens

    radiogrficas digitalizadas por scanner e as radiografias cefalomtricas. Para o

    estudo, utilizaram dez radiografias cefalomtricas selecionadas de pacientes com

    indicao de tratamento ortodntico, realizadas no Centro de Radiologia e Imagens

    Orofaciais, da cidade de Cuiab-MT. Cada radiografia teve sua imagem digitalizada

    por um scanner AGFA Arcus 1200, em resolues de 75 e 150dpi em escala de

    100%, totalizando vinte imagens digitalizadas. Para que a reprodutibilidade das

    radiografias fosse mais precisa em todas as radiografias, foram marcados com

    corretivo quatro pontos cefalomtricos: Sela (S), Nsio (N), Mento (Me) e Gnio

    (Go), formando 5 distncias: S-N (medida superior), N-Me (medida anterior), Me-Go

    (medida inferior), Go-S (medida posterior) e S-Me (medida diagonal). A escolha das

    medidas foi feita desta forma, pois so medidas localizadas praticamente nas

    extremidades da rea de interesse para diagnstico e por serem medidas maiores,

    j que a preciso obtida em pontos distantes maior. A distncia entre os pontos

    marcados nas radiografias cefalomtricas foi medida por dois paqumetros, sendo

    um deles digital (Mitutouyo, modelo Digimatic Caliper) e o outro analgico (Starret,

    modelo 125B). A mdia da medida dos dois paqumetros foi usada como parmetro

    para a comparao com as imagens digitais. As imagens digitalizadas com o

    scanner foram inseridas no software CEF-X para cefalometria computadorizada

    (CDT Informtica), onde os pontos cefalomtricos foram marcados sobre as

    marcaes realizadas nas radiografias cefalomtricas. As medies realizadas pelo

  • 23

    software foram comparadas s medidas realizadas pelos paqumetros atravs de

    tabelas. Concluiu-se que as imagens digitalizadas realizadas em diferentes formas

    de captura de imagem apresentam distores em relao imagem apresentada na

    radiografia, sendo que as menores distores foram apresentadas na imagem

    digitalizada com resoluo de 150dpi. Concluiu-se tambm que essas distores

    podem ser minimizadas, adotando-se uma rotina de digitalizao das imagens.

    Lino & Vigorito (2006) avaliaram a equivalncia do longo eixo da fossa

    pterigomaxilar com a linha vertical verdadeira em telerradiografias laterais obtidas de

    pacientes em posio natural da cabea (PNC). Para tal, utilizaram uma amostra de

    32 pares de telerradiografias laterais, tomadas em PNC. Cada par de radiografias

    era correspondente ao mesmo paciente, sendo uma em tempo inicial (T1) e outra

    em tempo final (T2), com mdia entre as tomadas de 19 meses. As radiografias

    foram escaneadas e suas imagens exportadas para o programa Radiocef Studio

    verso 4.0 (Radio Memory, Belo Horizonte), sendo demarcados em cada radiografia

    quatro pontos: S, N, ponto mais superior da fossa pterigomaxilar (PTMs) e ponto

    mais inferior da fossa pterigomaxilar, correspondente fissura pterigomaxilar (PTM).

    Foram ento determinadas as seguintes linhas de orientao: Linha SN,

    correspondente base do crnio; Longo eixo da fossa pterigomaxilar, unido os

    pontos PTMs ao PTM; Linha vertical verdadeira, que obtida a partir de uma

    corrente metlica unida a um prumo, posicionados prximo margem anterior do

    chassi porta-filme, de maneira que aparea frente do contorno do perfil mole. A

    partir destas linhas de orientao, foram obtidas as seguintes grandezas

    cefalomtricas (figura 1): ngulo SN.PTM-PTMs, formado pela interseco da linha

    SN com o longo eixo da fossa pterigomaxilar; ngulo PTM-PTMs.VER, formado pela

  • 24

    interseco do longo eixo da fossa pterigomaxilar com a linha vertical verdadeira.

    Atravs de testes estatsticos foram obtidas a mdia, varincia e desvio-padro dos

    dois grupos T1 e T2 das grandezas estudadas. Concluiu-se que no foi observada

    diferena estatisticamente significante entre T1 e T2 em relao ao ngulo formado

    pelo longo eixo da fossa pterigomaxilar e a linha vertical verdadeira, sendo a

    variabilidade dessa medida entre T1 e T2 de 1,44, medida abaixo dos 4 de

    variao aceitos na literatura. Verificou-se que essas medidas aproximaram-se

    bastante de 180, mostrando a compatibilidade e equivalncia entre referncias intra

    e extracanianas. Concluiu-se tambm que no foi encontrada diferena

    estatisticamente significante entre T1 e T2 em relao ao longo eixo da fossa

    pterigomaxilar e a linha SN, sendo a variabilidade de medida entre T1 e T2 de 2,30,

    tambm abaixo dos 4 de variao aceitos na literatura.

    Figura 1 Planos e linhas de referncia

    Fonte: Lino & Vigorito (2006)

    Nobuyasu et al. (2007) avaliaram os 33 fatores cefalomtricos em norma

    lateral dos seis campos da anlise de Ricketts aplicados a indivduos brasileiros com

    ocluso excelente, comparando-os com os padres cefalomtricos de americanos.

  • 25

    Para tal, foram avaliadas radiografias cefalomtricas em norma lateral de 75

    indivduos brasileiros, leucodermas, sendo quarenta do gnero feminino e 35 do

    gnero masculino, com idade variando entre 12 e 15 anos, obtidas a partir de um

    universo de quatorze mil estudantes examinados, residentes na regio de Marlia,

    Assis e Ourinhos (SP). A amostra estudada foi selecionada usando-se como base as

    caractersticas da ocluso clinicamente normal, descrita por Angle e Ricketts. O

    traado das estruturas cefalomtricas foi realizado seguindo-se os critrios de

    Ricketts, Langlade e Vion. Foram avaliados os 33 fatores cefalomtricos, nos seis

    campos da anlise, sendo esses os seguintes: Campo I Avalia os problemas

    dentrios, ou seja, a relao oclusal, sendo composto pelas seguintes medidas:

    Relao molar, Relao de caninos, Trespasse horizontal ou sobressalincia,

    Trespasse vertical ou sobremordida, Extruso dos incisivos inferiores e ngulo

    interincisivo. Campo II Avalia os problemas esquelticos, ou seja, a relao maxilo-

    mandibular, sendo composto pelos seguintes fatores: Convexidade do ponto A e

    Altura facial inferior. Campo III Analisa os problemas dento-esquelticos, tendo os

    seguintes fatores: Posio do primeiro molar superior ao plano pterigideo vertical

    (PTV), Protruso do incisivo inferior, Protruso do incisivo superior at a linha que

    une os pontos A e pognio (Linha A-Po), Inclinao do incisivo central inferior,

    Inclinao do incisivo central superior, Plano oclusal ao ramo (ponto Xi) e Inclinao

    do plano oclusal. Campo IV Avalia os problemas estticos, sendo composto pelos

    seguintes fatores: Posio labial inferior, Comprimento do lbio superior e Ponto de

    unio interlabial-plano oclusal. Campo V Avalia a relao craniofacial, tendo os

    seguintes fatores: Profundidade facial, Eixo facial, Cone facial, ngulo do plano

    mandibular, Profundidade maxilar, Altura maxilar, Inclinao do plano palatino e

    Altura facial total. Campo VI Analisa as estruturas internas, sendo composto pelas

  • 26

    seguintes medidas: Deflexo craniana, Comprimento craniano anterior, Altura facial

    posterior, Posio do ramo, Posio do prio, Arco mandibular e Comprimento do

    corpo mandibular. Concluiu-se que na amostra estudada, os valores mdios obtidos

    em todos os campos tm diferenas quando comparados aos valores preconizados

    por Rickets et al. No Campo I (Problemas dentrios), os molares e caninos

    superiores da amostra estudada posicionaram-se mais anteriormente em relao

    aos seus respectivos antagnicos, tendo como possvel conseqncia um aumento

    da sobressalincia, sobremordida, maior extruso dos incisivos inferiores, alm de

    uma pequena diminuio do ngulo interincisivo. No Campo II (Problemas

    esquelticos), verificou-se um posicionamento mais anterior da maxila em relao

    mandbula nos indivduos da amostra estudada, alm de uma diminuio da altura

    vertical anterior. No Campo III (Problemas dento-esquelticos), os primeiros molares

    inferiores posicionaram-se mais anteriormente em relao ao plano PTV. Os

    incisivos superiores e inferiores apresentaram-se mais protrudos, com maior

    inclinao anterior dos incisivos inferiores e maior verticalizao dos incisivos

    superiores. O plano oclusal apresentou-se passando acima da posio estabelecida

    por Ricketts em relao ao ponto Xi, alm de apresentar uma inclinao menor em

    relao ao eixo do corpo mandibular. No Campo IV (Problemas estticos), o lbio

    inferior apresentou-se mais anteriormente em relao linha esttica de Ricketts, e

    o ponto de unio dos lbios superior e inferior apareceu suavemente inferiorizado

    em relao ao plano oclusal preconizado. No Campo V (Relao craniofacial), a

    mandbula apareceu com uma posio mais anterior e com rotao anti-horria,

    mostrando uma tendncia de maior crescimento horizontal. A maxila tambm teve

    uma posio mais anterior, embora sem significncia estatstica em relao base

    craniana. Houve tambm um aumento da dimenso vertical anterior da maxila, com

  • 27

    inclinao diminuda do plano palatal. No Campo VI (Estruturas internas), os

    indivduos da amostra tiveram um padro de posicionamento mais posterior do ramo

    da mandbula, alm de uma forte tendncia ao crescimento horizontal na estrutura

    interna da mandbula, atravs do fator arco mandibular. Devido ao fato que a grande

    maioria das 33 medidas cefalomtricas proposta por Rickets et al. difere das

    medidas encontradas na amostra, recomendou-se no adapt-las ao padro dos

    brasileiros, que embora leucodermas, tm uma maior miscigenao de raas.

    Takeshita et al. (2007) avaliaram a proporo urea em radiografias

    cefalomtricas laterais de pacientes portadores de m-ocluso Classe II de Angle,

    antes e depois do tratamento ortodntico. Para tal, utilizaram uma amostra de 74

    radiografias cefalomtricas laterais do arquivo da disciplina de Radiologia da

    Faculdade de Odontologia do Campus So Jos dos Campos (UNESP), obtidas de

    37 indivduos com idades entre nove e 21 anos. Para serem selecionadas, as

    radiografias deveriam apresentar o ngulo formado pelos pontos A, Nsio e B (ANB)

    maior que 4 (o que indica um indivduo portador de m-ocluso Classe II); valores

    de Wits maior que +1mm para o sexo feminino e masculino, segundo Jacobson,

    Interlandi e Salgado; pacientes que iniciaram e terminaram o tratamento ortodntico

    e no possuam deformidades crnio-faciais, sndromes ou fissuras palatais. De

    cada indivduo foi obtida uma telerradiografia lateral do incio e outra do final do

    tratamento. As radiografias foram digitalizadas com um scanner HP 4C e

    transferidas para o programa Radiocef Studio (Radio Memory, Belo Horizonte). A

    proporo urea gerada a partir da proporcionalidade que se expressa pelo

    nmero 1,618. De modo simplificado, explicada da seguinte forma: ao se dividir

    uma reta de forma assimtrica, mantm-se uma proporo tal, que o segmento

  • 28

    maior est para o menor assim como a soma de ambos est para o maior. Para

    melhor avaliar a presena da proporo urea em diferentes segmentos do crnio,

    foi necessria a criao de duas anlises cefalomtricas para o estudo radiogrfico,

    atravs da criao de novos pontos anatmicos nas imagens obtidas (Figura 2), dos

    quais se obtiveram medidas lineares. Para estabelecer a proporo entre medidas,

    foram criadas no programa Radiocef as anlises urea Trat1 e urea Trat2,

    compostas por 19 fatores cada uma, sendo cada fator da anlise urea Trat1

    dividido pelo seu correspondente da anlise urea Trat2, sendo desta forma,

    estabelecidas 19 razes. Este procedimento foi realizado em duas etapas para cada

    indivduo, ou seja, uma utilizando a radiografia antes do tratamento e outra utilizando

    a radiografia depois do tratamento. Todas as marcaes de pontos cefalomtricos

    foram repetidas aps sessenta dias para avaliao do erro de mtodo, no tendo

    sido encontrada diferena estatisticamente significante entre as medidas. As 19

    razes obtidas em cada radiografia foram transferidas para o programa Excel

    (Microsoft, Washington, EUA). Para facilitar o clculo estatstico, os valores das

    razes sempre foram obtidos dividindo-se o valor da maior medida pelo valor da

    menor, sendo o resultado obtido subtrado pelo nmero ureo 1,618033, de forma

    que o nmero que mais se aproximasse do zero estaria mais prximo da proporo

    urea. Por meio de testes estatsticos, foram comparadas as razes obtidas de cada

    paciente antes e aps o tratamento ortodntico. Concluiu-se que das 19 razes

    estudadas, oito diferiram de forma estatisticamente significante na comparao entre

    antes e depois do tratamento ortodntico, sendo que sete dessas se aproximaram

    do nmero ureo aps o tratamento ortodntico. As razes que possuam pontos em

    regio de dentes foram as que sofreram maior influncia devido ao tratamento

    ortodntico.

  • 29

    Figura 2 Visualizao no Radiocef Studio dos pontos que compem

    as anlises urea Trat1 e urea Trat2

    Fonte: Takeshita et al. (2007)

    Lopes et al. (2007) avaliaram a preciso e a validade de medidas

    cefalomtricas lineares realizadas em imagens reconstrudas em 3D, pela tcnica de

    volume, a partir da tomografia computadorizada multislice. Para a realizao do

    estudo, foram selecionados dez crnios secos, sem distino de gnero ou etnia, os

    quais foram submetidos tomografia computadorizada multislice, atravs de um

    tomgrafo Aquilion Toshiba, com 16 cortes de 0,5mm de espessura e 0,3mm de

    intervalo de reconstruo por 0,5 segundo. Os dados foram ento enviados para um

    computador Dell Precision 620, Windows XP, contendo o programa Vitrea, verso

    3.5, armazenados em CD-ROM e enviados ao Laboratrio de Imagem em 3D da

    Faculdade de Odontologia da USP, onde foram realizadas as mensuraes nas

    imagens previamente obtidas. Para cada imagem, foram localizados, por dois

  • 30

    examinadores experientes, 13 pontos cefalomtricos: Prio (Po), Bsio (Ba),

    Condlio (Co), Espinha Nasal Anterior (ENA), Espinha Nasal Posterior (ENP), Nsio

    (N), Orbitrio (Or), Ponto A (A), Ponto B (B), Pognio (Pg), Mentoniano (Me), Gnio

    (Go) e Zigomaxilar (Zm), atravs dos quais foram encontradas 15 medias lineares:

    A-Pg; Co-A; Co-Pg; ENA-ENP; ENA-Me; ENA-N; ENA-B; N-A; N-B; N-Me; N-Pg; N-

    Ba; Po-Or; B-Me; Zm-Zm. Nos crnios secos, foram realizadas as medidas fsicas

    lineares, atravs de um paqumetro digital Mitutoyo, srie 167, especialmente

    desenvolvido para esta pesquisa, com 0,3mm de espessura de ponta, com o

    objetivo de coincidir com a espessura do intervalo de reconstruo da tomografia

    computadorizada. Essas medidas foram realizadas nas dependncias da

    EPM/UNIFESP por um terceiro examinador, uma nica vez, que no teve

    conhecimento das medidas realizadas nas imagens. Foi realizada uma anlise de

    dados, comparando as medidas realizadas diretamente nos crnios secos e aquelas

    realizadas nas imagens em 3D-TC e entre as medidas interexaminadores,

    realizadas nas imagens. Os dados foram submetidos a teste estatstico. Concluiu-se

    que as medidas sseas cefalomtricas em 3D-TC obtidas pela tcnica de volume

    foram consideradas precisas e acuradas, utilizando a tomografia computadorizada

    multislice 16 cortes. A associao desta tcnica com a computao grfica

    proporcionou recursos de grande relevncia, tornando eficaz a anlise de medidas

    cefalomtricas, podendo ser aplicado ortodontia.

    Haiter-Neto et al. (2007) compararam a anlise facial realizada sobre

    telerradiografias laterais, uma obtida de forma convencional e outra obtida com o

    paciente em PNC, avaliando se as diferenas de posies nas tomadas causavam

    variao nas medidas cefalomtricas obtidas a partir destas tcnicas radiogrficas.

  • 31

    Para tal, utilizaram uma amostra de cinqenta indivduos leucodermas, sendo 25 do

    gnero masculino e 25 do gnero feminino, com idade mdia de 21 anos. Os

    indivduos no apresentavam nenhuma deformidade dento-esqueltica, congnita

    ou traumtica, nenhuma histria anterior de cirurgia de cabea ou pescoo e

    apresentavam equilbrio facial dos tecidos moles, independentemente de terem sido

    submetidos ou no a tratamento ortodntico anterior. Para cada paciente, foram

    realizadas duas tomadas radiogrficas laterais, a primeira em PNC e a segunda em

    posio convencional. Em ambas, foi utilizada uma corrente de metal acoplada ao

    cefalostato, servindo de indicao da linha vertical verdadeira (V). Para o registro da

    telerradiografia em PNC, foi solicitado aos pacientes que se posicionassem com os

    ps levemente afastados, relaxados, com os braos soltos ao lado do corpo.

    Orientou-se ento ao paciente que fizesse movimentos de balano com a cabea,

    para frente e para trs, alternadamente, a fim de se conseguir uma posio de auto-

    equilbrio. Para que se obtivesse um ponto de referncia externo para auxiliar na

    obteno do equilbrio natural da cabea, foi montado em frente ao cefalostato um

    painel vertical, com gravuras em diferentes alturas, a uma distncia de

    aproximadamente 190 cm do paciente, sendo solicitado a este que fixasse o olhar

    na figura que estivesse altura dos olhos. Foi ento verificado se as pupilas se

    encontravam posicionadas no centro dos olhos, colocando-se levemente o

    posicionador nasal sob a glabela e as hastes de ouvido aproximadamente 1cm a

    frente do tragus, em leve contato com a pele. Solicitou-se aos pacientes que

    ficassem com os dentes levemente ocludos em mxima intercuspidao habitual e

    com os lbios em contato sem nenhuma tenso. Aps a verificao destes itens, foi

    realizada a tomada radiogrfica. Para o registro da projeo cefalomtrica lateral

    padro, a cabea dos pacientes foi posicionada com o lado esquerdo da face

  • 32

    prxima ao chassi e o plano sagital mediano paralelo ao plano do filme. As olivas

    foram colocadas no conduto auditivo externo e o apoio nasal foi posicionado na

    glabela, com o plano de Frankfurt paralelo ao solo. Aps a obteno das

    radiografias, estas foram submetidas s anlises cefalomtricas de Steiner e de

    Jacobson & Vlachos. Foram mensurados 16 fatores, em trs campos: 1) Medidas da

    Postura da cabea, com as relaes angulares dos planos SN, de Frankfurt e Plano

    mandibular em relao V. 2) Medidas do Perfil Facial, com as medidas lineares da

    distncia do lbio superior, lbio inferior e Pg em relao V. 3) Medidas ntero-

    posteriores da anlise de Steiner: SNA, SNB, SN-Pog, Co-A, Co-Gn, convexidade

    do ponto A, Profundidade facial, Eixo facial e Profundidade maxilar. Atravs de

    testes estatsticos, comparou-se as medidas obtidas em PNC com as medidas

    obtidas de forma convencional. Concluiu-se que apesar da amostra ser constituda

    por pacientes jovens com harmonia facial, para o gnero masculino foram

    encontradas diferenas relacionadas s medidas de postura da cabea e s

    medidas do perfil facial, considerando-se que a PNC deveria ser utilizada para

    anlise cefalomtrica lateral, que em conjunto com a avaliao clnica, permite um

    planejamento mais seguro e mais prximo da realidade do paciente, visto que este

    tipo da avaliao respeita a postura assumida pelo indivduo em seu cotidiano.

    Varoli et al. (2008) compararam radiografias cefalomtricas executadas

    com diferentes distncias filme-objeto, analisando possveis diferenas de distoro

    das imagens entre os dois mtodos de execuo. Para tal, foi impresso um traado

    cefalomtrico em papel sulfite a partir do traado de demonstrao do programa

    Radiocef Studio 2 (Radio Memory, Belo Horizonte, Brasil). Foram selecionados os

    pontos mais utilizados do traado cefalomtrico e, sobre os mesmos, foram

  • 33

    posicionadas com fita crepe esferas metlicas vazadas, cujos orifcios centrais

    medem 0,4 mm de dimetro. O traado foi ento fixado em uma placa de acrlico

    plana de 40 x 40 centmetros, simulando a cabea de um paciente. O conjunto foi

    posicionado paralelamente ao porta-chassi, junto oliva do lado mais prximo ao

    porta-chassi, do aparelho de raios X Planmeca Proline XC (Helsinki, Finlndia).

    Foram executadas duas radiografias variando-se a distncia filme objeto: na

    primeira, a distncia utilizada foi de sete centmetros; na segunda, 14 centmetros.

    Tanto o objeto radiografado como a distncia focal foram fixos. Os filmes foram

    expostos aos raios X com o mnimo de quilovoltagem (60 KV), miliamperagem (4

    mA) e tempo de exposio (0,2 segundos), tendo sido processados

    automaticamente. As duas radiografias foram digitalizadas em um scanner HP (HP

    Scanjet 3400C) com resoluo de 150dpi, com auxlio de um tampo luminoso, e

    suas imagens foram capturadas pelo programa Radiocef Studio 2. No programa

    foram marcados os centros das esferas, correspondentes aos pontos marcados

    anteriormente, sendo realizadas duas anlises cefalomtricas padro USP para

    cada imagem, ambas realizadas por um radiologista com experincia no programa.

    Os traados cefalomtricos foram impressos e seus valores foram comparados.

    Concluiu-se que o aumento da distncia filme-objeto de sete para 14 centmetros

    no alterou significativamente os valores e a interpretao das grandezas

    cefalomtricas utilizadas no estudo, podendo-se, de acordo com a necessidade,

    variar a distncia filme-objeto no intervalo de sete a 14 centmetros.

    Abraho et al. (2009) avaliaram, por meio do traado e medidas

    cefalomtricas, a dificuldade de localizao das estruturas e dos pontos, utilizando-

    se da radiografia convencional e da digital. Para a execuo do estudo, foi

  • 34

    selecionada uma amostra de 15 indivduos brasileiros, adultos, do programa de Ps-

    Graduao em Ortodontia da UMESP, sendo que de cada indivduo foram obtidas

    duas telerradiografias em norma lateral, sendo uma convencional e uma digital. As

    radiografias digitais foram impressas por uma impressora a laser DryPix 1000

    (Fujifilm Medical Systems, EUA). Os traados cefalomtricos das estruturas

    cranianas obtidos pelas radiografias cefalomtricas em norma lateral foram

    realizados manualmente com auxlio de um negatoscpio de mesa de cristal lquido

    SV 310 (Soligor, Alemanha), em uma sala escurecida, utilizando-se folhas de papel

    acetato transparente tipo Ultraphan com tamanho 17,5 x 17,5 cm da marca 3M

    Unitek (Sumar/SP). Foram traadas as seguintes estruturas anatmicas: Perfil dos

    tecidos moles; sela trcica; osso esfenide; perfil do osso frontal e ossos nasais;

    margens infraorbitais; fossa pterigopalatina; osso maxilar; corpo e cabea da

    mandbula. No traado, foram marcados os seguintes pontos (Figura 3): N; S; Po;

    Or; A (Subespinhal); B (Supramentoniano); Pg; Pronasal mdio (Prn); Sn; Lbio

    superior (Ls); Lbio inferior (Li); Ponto mais profundo do perfil (B); Pog. A partir da

    demarcao dos pontos, foram obtidos as seguintes linhas e planos cefalomtricos

    (Figura 4): Linha SN; Linha perpendicular ao Plano de Frankfurt, passando pelo

    ponto Nsio (N-Perp); Linha Sn-Prn; Linha Sn-Ls; Linha B-Li; Linha B-Pog; Linha

    H-Nariz (linha Holdaway, que determinada pela unio do ponto pognio mole e

    ponto mais proeminente do lbio superior); Linha E (Plano esttico de Ricketts, que

    liga pognio mole ponta do nariz); Plano horizontal de Frankfurt. A partir desses

    planos e linhas, foram obtidas medidas lineares e angulares, que foram expostas em

    uma planilha do Excel (Microsoft, EUA) e enviadas para anlise estatstica. Aps

    sessenta dias, as telerradiografias foram retraadas e remedidas. Para o mtodo

    manual das telerradiografias convencionais e computadorizado das radiografias

  • 35

    digitais, foram realizados testes estatsticos para avaliao de erros de medio

    intra-examinador, havendo apenas pequena diferena estatstica na medida do

    ngulo nasolabial e ngulo formado pelas linhas Nperp-A, no caso da anlise

    convencional e pequena diferena estatstica no ngulo mento labial no caso da

    anlise digital. Comparando o grau de correlao entre os dois mtodos, foi

    observada uma forte correlao para todas as medidas estudadas, sendo que a

    medida que apresentou menor correlao foi o ngulo mento labial. Concluiu-se que,

    independentemente do mtodo aplicado, o indivduo que realiza o traado, seja ele

    manual ou computadorizado, tanto na radiografia tradicional quanto na digital, deve

    estar treinado e calibrado para a execuo do mesmo.

    Figura 3 Pontos anatmicos Figura 4 Linhas e planos

    Fonte: Abraho et al. (2009) Fonte: Abraho et al. (2009)

    Heiden et al. (2010) avaliaram a confiabilidade de traados cefalomtricos

    computadorizados realizados por cinco diferentes centros radiolgicos da cidade de

    Curitiba - PR. Para tal, utilizaram uma amostra de cinqenta telerradiografias em

    norma lateral, selecionadas a partir do arquivo do consultrio particular do

  • 36

    pesquisador. Para serem parte da amostra, as radiografias apresentavam boa

    qualidade, sem distores, com contraste e nitidez adequados, boa visualizao dos

    pices dos incisivos centrais superiores e inferiores e ausncia de imagens duplas,

    imagens muito claras e/ou muito escuras. As mesmas foram obtidas de 33 pacientes

    do gnero feminino e 17 do gnero masculino, com mdia de idade de 26 anos e

    sete meses, brasileiros, residentes em Curitiba - PR, que nunca haviam sido

    submetidos a tratamento ortodntico, com ausncia de sndromes, perdas dentrias,

    doena periodontal ou presena de prteses. No foi considerado o tipo de m-

    ocluso e o padro de crescimento facial. O mtodo de obteno das radiografias foi

    rigorosamente nico, utilizando-se o mesmo aparelho de raios-X (Fortec, Alemanha),

    90 KV, com 30 mA e tempo de exposio pr-definido pelo fabricante. Todas as

    tomadas foram realizadas com o paciente em ocluso cntrica e os lbios em

    repouso. As cinqenta radiografias foram ento encaminhadas para anlise

    cefalomtrica computadorizada em cinco diferentes centros radiolgicos de Curitiba.

    O traado cefalomtrico solicitado foi o padro USP. Para a realizao das

    cefalometrias, foram utilizados os programas Orto Manager (Soft Manager) e

    Radiocef (Radio Memory). O total de duzentos e cinqenta anlises foi ento obtido

    e seus dados coletados, sendo submetidos anlise estatstica, para comparao

    das medidas obtidas dos diferentes centros radiolgicos. As 24 medidas

    cefalomtricas estudadas foram as seguintes: ngulo formado pelo Plano de

    Frankfurt e linha que une os pontos N e Pog (F.NPog); ngulo formado pelos pontos

    N, A e Pog (NA.APog); SNA; SNB; ANB; ngulo formado pelos pontos S, N e ponto

    D (SND); ngulo formado pelos pontos N, S e Gn (NS.Gn); ngulo formado pelos

    pontos N, S e plano oclusal (NS.Pocl); ngulo formado pelos planos Nsio-Sela e

    Gnio-Gntio (NS.GoGn); ngulo formado pelos planos Gnio-Gntio e plano

  • 37

    oclusal (GoGn.Plano Oclusal); ngulo interincisivo; Protruso do incisivo superior;

    Inclinao do incisivo superior; Protruso do incisivo inferior; Inclinao do incisivo

    inferior; Distncia do incisivo inferior ao plano Nsio-Pognio (1-Npog); Distncia do

    longo eixo do incisivo superior borda pstero-inferior da rbita (1-rbita); Distncia

    do incisivo inferior linha I de Interlandi (1-Linha I); ngulo formado pelas linhas H

    de Holdaway e a linha que une os pontos Nsio e B (Linha H.NB); Linha H-Ponta

    Nariz; ngulo formado pelos pontos Pognio, Nsio e ponto B (Pognio-NB); ngulo

    formado pelo Plano de Frankfurt e o plano Go-Gn (FMA); ngulo formado pelo longo

    eixo do incisivo inferior e o Plano de Frankfurt (FMIA); ngulo formado pelo longo

    eixo do incisivo inferior e o plano Go-Gn (IMPA). Concluiu-se que das 24 medidas

    estudadas, houve diferena significativa entre as 5 clnicas em relao aos valores

    de 18 medidas, sendo essas: NA.Apog; SNA; SNB; ANB; SND; NS.Gn; NS.Pocl;

    NS.GoGn; 1-NA; 1-NB; 1-Npog; 1-rbita; 1-Linha I; Linha H.NB; Linha H-Ponta

    Nariz; Pognio-NB; FMA e IMPA. Esses resultados ratificam essas medidas como

    aquelas de apresentam menor reprodutibilidade.

    Quinto & Vitral (2010) realizaram um estudo comparativo entre a

    cefalometria manual e computadorizada, realizada em telerradiografias laterais, a

    partir da avaliao de 23 telerradiografias pr-executadas em pacientes adultos,

    sendo 11 do gnero feminino e 12 do gnero masculino, sem tratamento ortodntico

    prvio, com ocluso normal, com exceo dos terceiros molares, e perfil facial

    harmnico. As telerradiografias foram realizadas em clnica particular, utilizando o

    aparelho Orthophos 3C/Sirona-Siemens, seguindo as normas de utilizao

    recomendadas pelo fabricante. Os filmes radiogrficos utilizados foram da marca

    Kodak, com cran lanex regular, tendo sido processados pelo mtodo tempo-

  • 38

    temperatura, seguindo as normas do fabricante. Os traados manuais foram

    realizados por um nico pesquisador, treinado e calibrado por especialistas em

    radiologia e ortodontia, utilizando negatoscpio, transferidor, esquadro, rgua,

    lapiseira grafite 0,3mm, borracha e cinqenta folhas de papel de acetato

    transparentes. Os traados computadorizados foram realizados por um nico

    operador tambm devidamente calibrado, utilizando um computador com o software

    Radiocef Studio, um scanner HP Scanjet G4050 e uma impressora HP Deskjet

    656C. Nos traados manuais, sobre cada telerradiografia foi adaptada uma folha de

    papel de acetato transparente, traando-se o cefalograma em um negatoscpio. O

    lpis e o transferidor foram sempre os mesmos e utilizados pelo mesmo operador.

    Fez-se a delimitao da estrutura dento-esqueltica e foram marcados os pontos,

    traados de linha e planos de referncia da estrutura dento-esqueletal. A anlise

    cefalomtrica utilizada foi composta por medidas estabelecidas por Downs, Steiner e

    Tweed, sendo utilizadas vinte medidas angulares em graus. A anlise

    computadorizada fez uso do software Radiocef Studio, que utiliza scanner para obter

    a imagem digitalizada da radiografia, que aparece no monitor, onde a marcao dos

    pontos cefalomtricos feita com o cursor do mouse. Os pontos demarcados foram

    os mesmos do traado cefalomtrico manual. Concluiu-se que dentre as variveis

    angulares analisadas, o plano mandibular das anlises de Downs, Tweed (FMA) e

    Steiner (NS.GoGn), apresentaram diferenas estatisticamente significativas quando

    obtidos os traados cefalomtricos manuais e computadorizados, assim como nos

    ngulos do plano oclusal de Downs e PO.SN de Steiner. As demais medidas no

    apresentaram diferenas estatisticamente significativas entre os mtodos.

  • 39

    Paranhos et al. (2010) determinaram a prevalncia do padro esqueltico

    facial em brasileiros com ocluso normal natural. Para isso, utilizaram-se de uma

    amostra de 95 telerradiografias laterais realizadas em indivduos com etnia brasileira

    e leucodermas. Esses registros originaram-se de uma criteriosa seleo dentre

    13.618 alunos de escolas particulares, estaduais e municipais da regio do ABC

    Paulista. Para serem parte da amostra, os indivduos deveriam ter a presena de

    todos os dentes permanentes em ocluso, com exceo dos terceiros molares, sem

    tratamento ortodntico prvio e no mnimo quatro das seis chaves de ocluso de

    Andrews presentes, sendo a relao molar imprescindvel. O indivduo no poderia

    possuir ms formaes craniofaciais, assimetrias faciais nem anomalias

    odontognicas. Dos 95 indivduos selecionados, 54 eram do gnero feminino e 41

    do gnero masculino. A idade mdia da amostra foi de 16 anos e oito meses,

    variando de 15 anos e dois meses a 21 anos e quatro meses. Para cada paciente foi

    obtida uma telerradiografia cefalomtrica em norma lateral direita, em mxima

    intercuspidao habitual e lbios em repouso. Todas foram obtidas pelo mesmo

    operador, utilizando-se do mesmo equipamento de raios-X, devidamente instalado e

    calibrado, respeitando-se os cuidados necessrios para a realizao de uma tcnica

    radiogrfica padronizada. As radiografias foram ento digitalizadas com meio de um

    scanner HP 4C com leitor de transparncia, sendo digitalizadas em resoluo de

    150dpi e transferidas para o programa CefX (CDT, Cuiab-MT), nos quais foram

    marcados os seguintes pontos: N, S, Go e Gn. A partir destes pontos, foram obtidos

    os planos SN e GoGn, dos quais foi obtida a medida angular SN.GoGn, que

    determinante para o padro facial. A norma preestabelecida desta medida de 32,

    com variao de mais ou menos 5. Em seguida, a amostra foi dividida em trs

    grupos, quanto ao padro esqueltico facial: Mesofacial (SN.GoGn entre 27 e 37),

  • 40

    braquifacial (medida menor ou igual a 26,9) e dolicofacial (medida maior ou igual a

    37,1). Aps a determinao precisa das medidas angulares e o tabelamento das

    mesmas, a prevalncia foi obtida por estatstica descritiva. Concluiu-se que a

    prevalncia do padro esqueltico facial obtido radiograficamente foi mesofacial

    (68,42%), seguido de braquifaciais (24,21%) e dolicofaciais (7,37%).

    Damstra et al. (2010) avaliaram a confiabilidade e as menores diferenas

    detectveis de medidas cefalomtricas laterais. O estudo foi realizado atravs de 25

    telerradiografias laterais digitais, selecionadas aleatoriamente, sem distino de

    sexo, idade ou dentio, a partir dos arquivos do Departamento de Ortodontia da

    Universidade de Groningen, na Holanda. A mdia de idade dos indivduos da

    amostra foi de 14,8 anos, tendo 95% deles entre 12,8 e 16,7 anos. Dezessete

    indivduos possuam dentio permanente e os outros oito ainda estavam na fase de

    dentio mista, mas com o primeiro pr-molar inferior erupcionado e em ocluso. A

    partir das telerradiografias foram feitos cefalogramas digitais (Promax, unidade

    digital cefalomtrica DiMax 2, Planmeca, Helsinki, Finlndia), com uma qualidade de

    resoluo de 2272 por 2045 pixels, a uma profundidade de 24 bits. Cada

    cefalograma digital foi individualmente importado para o software Viewbox (verso

    3.1.1.13, Software Dhal, Kifissia, Grcia), para a identificao de pontos e anlise

    cefalomtrica. Para cada cefalograma, foram identificados 21 pontos pelo cursor do

    mouse. Os operadores foram autorizados a fazer ajustes nas radiografias com o

    software, para ajudar na identificao dos pontos cefalomtricos (como por exemplo,

    ajustar o contraste ou ajustar os nveis de cinza). Cada cefalograma foi analisado

    trs vezes, em sesses separadas, com pelo menos uma semana de intervalo entre

    elas, por dois examinadores. A partir dos pontos identificados, foram utilizadas 14

  • 41

    medies cefalomtricas, sendo dez angulares e quatro lineares, comumente

    utilizados na anlise cefalomtrica. O resultado de cada anlise foi salvo e,

    separadamente, importado para o Excel (Microsoft, Redmond, Wash). Todas as

    anlises estatsticas foram realizadas com um pacote padro de software estatstico

    (verso 16, SPSS, Chicago, Illinois). Concluiu-se que determinar o erro de medio

    apropriado de medidas cefalomtricas por meio da menor diferena detectvel

    necessrio para encontrar a verdadeira diferena entre o incio e o fim do tratamento

    ativo. No estudo realizado, a mensurao dos erros das medidas cefalomtricas

    SNA, SNB, ANB e ANS-Me foram as menores para ambos os observadores. No

    entanto, dependendo da magnitude da significncia clnica, o erro de medio teve

    possvel significncia para todas as variveis testadas, questionando, por

    conseqncia, o uso dessas variveis para detectar os verdadeiros efeitos do

    tratamento.

    3.2. Anlise facial

    Colombo et al. (2004) realizaram uma anlise facial frontal em fotografias

    padronizadas, em repouso, para auxiliar no diagnstico e planejamento do

    tratamento ortodntico e cirrgico como tambm na avaliao dos resultados

    obtidos. Para tal, selecionaram a partir de uma amostra prvia de 83 indivduos,

    quarenta indivduos do gnero feminino, leucodermas, filhas de pais brasileiros de

    origem europia (italianos, alemes, portugueses, holandeses e espanhis), com

    idades entre 18 e 28 anos e mdia de 22 anos. A amostra foi obtida nos estados do

    sul do Brasil e foi feita uma seleo das quarenta faces a partir da amostra prvia.

    Para serem selecionados, os indivduos preencheram os seguintes requisitos:

  • 42

    ocluso de Classe I (sendo aceito um apinhamento mnimo ou pequenos diastemas

    que no justificassem um tratamento ortodntico); face agradvel; no tendo sido

    tratados ortodonticamente; no tendo sido submetidos a nenhum tipo de cirurgia

    plstica facial. Cada indivduo foi fotografado sentado, olhando diretamente para

    seus olhos refletidos em um espelho colocado sua frente. O indivduo foi instrudo

    a manter uma postura ereta, natural e normal, com ambos os braos livres ao lado

    do tronco. Os lbios estavam em posio relaxada e levemente selados. Para ter

    uma referncia vertical verdadeira, foi usado um fio preso ao teto, caindo ao lado da

    cabea e com um peso em sua extremidade, visvel na fotografia. A distncia focal

    utilizada foi de um metro. Para permitir uma correlao entre as medidas reais e as

    medidas obtidas nas fotografias, foram marcados dois pontos na testa de dez dos

    quarenta indivduos. Os pontos tinham uma distncia de 1cm entre eles. Tambm foi

    fotografada uma rgua, nos mesmos padres da fotografia da face. Atravs da

    comparao, observou-se que a medida de 0,55cm da fotografia correspondia a

    aproximadamente 1cm do tamanho real da face. Sobre as fotografias foi realizado o

    desenho anatmico da face, de forma que se permitisse o traado dos pontos e

    linhas a serem medidos (Figura 5). Os pontos demarcados foram os seguintes: 1)

    Glabela tegumentar (Gl), ponto mais proeminente da linha mdia sobre a testa. 2)

    Nsio tegumentar (N), ponto mais cncavo da linha mdia sobre a poro frontal da

    ponte do nariz (para a demarcao destes pontos foi utilizada uma fotografia de

    perfil obtida com a mesma padronizao das fotografias frontais). 3) Pontos

    Exocanto direito e esquerdo (Exd e Exe), no canto lateral dos olhos direito e

    esquerdo. 4) Ponto V, sobre a linha que passa pelo exocanto direito e esquerdo,

    eqidistante dos pontos endocanto direto e esquerdo (End e Ene). 5) Ponta do nariz

    (Pn), ponto central da ponta do nariz, determinado por inspeo visual. 6) Subnasal

  • 43

    (Sn), localizado na confluncia da margem inferior da base do nariz com lbio

    superior, onde a borda inferior do septo nasal se une raiz do lbio superior. 7)

    Filtro inferior (F), ponto mais inferior do filtro onde este se intersecta com o

    vermelho do lbio superior. 8) Ls, ponto mdio da juno cutnea com o vermelho

    do lbio superior. 9) ngulo da boca do lado direito e esquerdo (Abd e Abe), pontos

    nos cantos mais externos da boca, na juno do vermelho do lbio com a pele do

    lbio direito e esquerdo. 10) Estmio (Es), ponto sobre a linha mdia facial na unio

    entre o vermelho do lbio superior com o inferior. 11) Li, ponto mdio da juno

    cutnea com o vermelho do lbio inferior. 12) Zgio direito e esquerdo (Zid e Zie),

    pontos mais laterais do arco zigomtico do lado direito e esquerdo. 13) Gnio direito

    e esquerdo (God e Goe), pontos mais externos e proeminentes do ngulo da

    mandbula do lado direito e esquerdo. 14) Mentoniano (Me), ponto mais inferior

    sobre o contorno do tecido mole que cobre a snfise mandibular. A partir da

    marcao destes pontos, foram traadas as seguintes linhas fotomtricas: 1) Linha

    interexocanto, do exocanto direito ao exocanto esquerdo. 2) Linha mdia facial,

    passando pelo ponto Nsio tegumentar e ponto filtro inferior. 3) Linha subnasal-

    mentoniano. 4) Linha V-God. 5) Linha V-Goe. 6) Linha Me-Exd. 7) Linha Me-Exe.

    8) Linha da comissura, dos pontos Abd a Abe. 9) Linha Zid-God. 10) Linha Zie-

    Goe. 11) Linha Exd-God. 12) Exd-Goe. Foram tambm obtidas as seguintes

    medidas fotomtricas lineares (Figura 6): 1) Comprimento do lbio superior (Sn-Es).

    2) Comprimento do lbio inferior-mentoniano (Es-Me). 3) Extenso do vermelho do

    lbio superior (Ls-Es). 4) Extenso do vermelho do lbio inferior (ES-Li). 5) Altura

    da boca (Ls-Li). 6) Inclinao da linha da comissura Diferena, em milmetros,

    entre a distncia da linha da comissura linha interexocanto na altura do ngulo da

    boca direito e a distncia da linha da comissura linha interexocanto na altura do

  • 44

    ngulo da boca esquerdo. 7) Largura da boca (Abd-Abe). 8) Alinhamento da linha

    mdia facial Observando as posies relativas dos pontos do tecido mole, ponta

    do nariz e ponto Mentoniano, em relao linha mdia facial. Tambm foram

    obtidas as seguintes medidas fotomtricas proporcionais (Figura 6): 1) ndice facial,

    que a proporo entre a altura da face (N-Me) e a largura da face superior (Zid-

    Zie). A partir deste ndice, verifica-se se a face dolicofacial, mesofacial ou

    braquifacial. 2) Proporo da altura facial, que a proporo entre a altura da face

    mdia (Gl-Sn) e altura da face inferior (Sn-Me). Por ltimo, foram obtidas as

    seguintes medidas fotomtricas angulares (Figura 7): 1) ngulo da simetria facial,

    formado entre a linha mdia da face e a linha subnasal-mentoniano. 2) ngulo da

    abertura facial modificado, formado pelas linhas que estendem dos pontos Exd e

    Exe at o ponto Mentoniano. 3) ngulo V, formado pela interseco das linhas que

    se estendem dos pontos God e Goe at o ponto V. 4) Simetria entre o lado direito e

    esquerdo da face, diferena entre as medidas dos ngulos direito e esquerdo

    formados pela interseco da linha Zi-Go e a linha Ex-Go. Por meio de anlise

    estatstica, foram apresentadas informaes correspondentes mdia amostral,

    mediana, valor mnimo observado, valor mximo observado, desvio padro, erro

    padro e coeficiente de variao. Para avaliar a confiabilidade das medidas

    utilizadas, selecionou-se, aleatoriamente, fotografias de dez dos quarenta indivduos,

    onde novos traados e medies foram realizados. Os padres mdios de

    normalidade para as variveis da anlise da fotografia frontal em repouso da

    amostra estudada foram mensurados. Concluiu-se que algumas das medidas

    encontradas no estudo assemelhavam-se s encontradas na literatura e outras

    diferiam muito, sendo que a origem da amostra e a metodologia utilizada

    colaboraram para a divergncia de resultados. Concluiu-se tambm que todas as

  • 45

    variveis mostraram-se confiveis aps a repetio das medidas. Foi proposta uma

    padronizao da metodologia, para que as medidas pudessem ser comparadas com

    outras amostras da mesma origem tnica e de origens tnicas diferentes, alm da

    proposio de uma anlise facial frontal em fotografias.

    Figura 5 Pontos fotomtricos

    Fonte: Colombo et al. (2004)

  • 46

    Figura 6 Medidas fotomtricas lineares Figura 7 Medidas fotomtricas

    e proporcionais angulares

    Fonte: Colombo et al. (2004) Fonte: Colombo et al. (2004)

    Rino Neto et al. (2006) avaliaram os efeitos de distoro de imagens

    causados pela rotao da cabea na tomada de fotografias em norma frontal. Para o

    estudo, utilizaram uma amostra de 22 indivduos adultos do gnero masculino e

    feminino, em cujas faces foram demarcados os seguintes pontos de referncia com

    auxlio de uma caneta de retroprojetor da marca Pilot (Figura 8): 1) Ponto

    sobrancelha (So), localizado no plano sagital mediano do indivduo, entre as

    sobrancelhas. 2) Sn, localizado na interseco dos contornos da columela nasal e

    do lbio superior. 3) Pontos D1 e D2, formados pelas interseces das linhas

    verticais emergindo dos cantos laterais dos olhos em direo inferior com as

    projees perpendiculares da comissura labial, em direo lateral direita (D1) e

    esquerda (D2). 4) Ponto Pog, o ponto mais proeminente do mento localizado no

    plano sagital mediano do indivduo. 5) Pontos B1 e B2, formados pelas interseces

  • 47

    das linhas verticais, emergindo dos centros das pupilas em direo inferior, com as

    projees perpendiculares da base do nariz, em direo lateral direita (B1) e

    esquerda (B2). Para a obteno das fotografias dos indivduos, foi utilizada uma

    cmera Yashica, modelo Dental Eye III, apoiada sobre um trip, com o longo eixo da

    objetiva paralelo ao solo e taxa de magnificao fixa em 1/10. O longo eixo da

    objetiva foi posicionado na mesma linha do plano sagital mediano dos indivduos da

    amostra, para a obteno de uma fotografia neutra. Para que outras fotografias

    fossem realizadas com rotaes axiais da cabea de forma controlada, um marcador

    de registro de quatro grandezas angulares (0, 1,5, 3 e 5) foi adaptado sobre o

    cefalostato. Alm da fotografia em posio neutra, foram obtidas outras trs

    fotografias de cada indivduo, girando-se o cefalostato de acordo com os valores

    fornecidos pelo marcador nas posies angulares de 1,5, 3 e 5. Em todas as

    fotografias as olivas auriculares e o posicionador nsio do cefalostato foram

    estabilizados para prevenir rotaes da cabea nos eixos vertical e ntero-posterior.

    Aps a obteno de todas as fotografias, as mesmas foram reveladas em tamanho

    10x15cm, e sobre as mesmas foram delimitadas 4 regies (Figura 9): A1 (formada

    pelos pontos So, B1 e Sn), A2 (formada pelos pontos So, B2 e Sn), A3 (formada

    pelos pontos B1, D1 e Pog) e A4 (formada pelos pontos B2, D2 e Pog). A rea de

    cada regio foi medida com paqumetro digital Starret 727 e, tomando-se a fotografia

    obtida na posio neutra como referncia, foram verificadas as alteraes

    percentuais nas reas correspondentes das fotografias obtidas nas angulaes de

    1,5, 3 e 5. Por meio da anlise estatstica foram obtidas as medidas de tendncia

    central e disperso e as mdias das medidas de todos os indivduos foram

    comparadas. Concluiu-se que pequenas variaes na relao entre cmera e objeto

    produziram alteraes relevantes na forma do objeto fotografado. Rotaes de 1,5,

  • 48

    3 e 5 produziram respectivamente nas reas A1 e A2, alteraes dimensionais de

    4,2%, 5,9% e 9,8%. J nas reas A3 e A4, as mesmas rotaes produziram

    respectivamente, alteraes dimensionais de 4,8%, 9,4% e 14,7%. Concluiu-se

    tambm que so necessrios estudos complementares que avaliem as distores

    fotogrficas existentes nas documentaes ortodnticas, cujas fotografias so

    geralmente obtidas com operador e paciente livres, sem a utilizao de posicionador

    de cabea e trip fixo para a cmera fotogrfica.

    Figura 8 Pontos demarcados na face Figura 9 reas delimitadas na posio

    do paciente na posio de 0 de 0

    Fonte: Rino Neto et al. (2006) Fonte: Rino Neto et al. (2006)

    Trevisan & Gil (2006) avaliaram a anlise fotogramtrica e subjetiva do

    perfil facial de indivduos com ocluso normal, a partir de fotografias de perfil de 58

    indivduos selecionados de um universo de 6.118 alunos de escolas particulares e

    estaduais do ABC Paulista, sendo 23 jovens do gnero masculino e 35 do gnero

    feminino, com idade mdia de 16,03 anos, com 2,04 anos para mais ou para menos,

    que apresentavam quatro das seis chaves de ocluso descritas por Andrews. Para a

  • 49

    incluso dos indivduos no grupo, no foi utilizado nenhum critrio de anlise

    esttica da face, to somente a ocluso e funcionalidade. A primeira chave de

    ocluso foi fator essencial para a seleo dos indivduos. Os indivduos selecionados

    no possuam tratamento ortodntico prvio e possuam dentio intacta ou com

    restauraes conservadoras, alm de segundos molares permanentes em ocluso e

    ausncia de contatos prematuros nos movimentos de protruso e lateralidade. As

    fotografias foram obtidas com o dispositivo para obteno de fotografias

    padronizadas, com cmara do tipo reflex (Pentax K 1000) e objetiva macro 100mm

    (Vivitar), e iluminao da face feita por flases tipo tocha. Optou-se pelo fundo branco

    e a digitalizao das fotografias foi feita em tons de cinza, para permitir maior

    definio do perfil facial e menor influncia no momento da classificao dos perfis

    faciais. O foco da cmera foi ajustado para definio mxima no plano sagital

    mediano do paciente, e o centro do enquadramento da fotografia foi ajustado para a

    metade da distncia entre o bordo inferior da rbita e a oliva direita. A abertura do

    diafragma utilizada foi de f/16. Foram realizados testes para verificao de possvel

    distoro das imagens, as quais no foram verificadas e tambm foi feita a

    verificao da reduo da imagem real na fotografia revelada. Desta forma, foi

    possvel obter medidas lineares em tamanho real nas fotografias. A partir da

    digitalizao das fotografias, foi utilizado um programa para a marcao de pontos

    cefalomtricos (CorelDraw, Corel Corp., EUA), que mostrava as coordenadas

    cartesianas, permitindo que distncias e ngulos, formados a partir desses pontos,

    fossem calculados em uma planilha eletrnica. A partir dos clculos dessas

    distncias e ngulos, foram geradas mdias para os fatores pesquisados. A

    classificao subjetiva do perfil facial foi realizada atravs de uma apresentao

    aleatria em uma projeo multimdia, para 21 alunos e duas professoras do

  • 50

    Programa de Ps-Graduao em Odontologia, rea de concentrao Ortodontia, da

    Universidade Metodista de So Paulo. Os examinadores foram instrudos a

    classificarem os perfis faciais em trs grupos possveis, sendo estes: agradvel,

    aceitvel ou desagradvel, sendo que, quando classificado neste ltimo, pediu-se ao

    avaliador que descrevesse brevemente qual a estrutura que mais contribura para a

    incluso do perfil neste grupo. Foi utilizado um ndice para a classificao,

    permitindo o agrupamento dos indivduos de acordo com a quantidade de votos nos

    trs diferentes tipos de perfis, atribuindo valor -2 s classificaes desagradveis,

    valor 1 s classificaes aceitveis e valor 2 s agradveis. Com isso, foram

    considerados agradveis os perfis com ndice entre 2 e 0,5, aceitveis entre 0,49 e -

    0,49 e desagradveis aqueles com ndice de -0,5 a -2. Os resultados da anlise

    facial mostraram que 46% dos indivduos foram considerados com tendo um perfil

    agradvel, 26% aceitvel e 28% desagradvel. No gnero masculino, os resultados

    mostraram 39% dos indivduos com perfil agradvel, 35% aceitvel e 26%

    desagradvel. J no gnero feminino, 51% foram considerados perfis agradveis,

    20% aceitveis e 29% desagradveis. Naqueles perfis considerados desagradveis,

    as estruturas responsveis pela desagradabilidade mais citadas pelos examinadores

    foram os lbios, com 22% das citaes, o nariz, com 21% e o mento, com 19%. A

    partir desses resultados, foi feita uma comparao entre cada um dos perfis e as

    mdias das medidas lineares e angulares utilizadas na anlise fotogramtrica,

    agrupando-os por gnero, idade e classificao. Concluiu-se que uma parcela

    considervel dos indivduos recebeu classificao desagradvel do perfil, apesar da

    ocluso normal, ratificando que essa, isoladamente, no poderia ser um indicativo

    de agradabilidade do perfil facial. Concluiu-se tambm que para o perfil masculino

    ser considerado agradvel, o tero inferior da face deveria apresentar algumas

  • 51

    caractersticas, como um bom comprimento da linha queixo-pescoo, proporcional

    altura do tero inferior da face e um comprimento horizontal do nariz aumentado em

    relao altura do nariz. Para o perfil feminino, foram considerados agradveis

    aqueles que apresentaram, proporcionalmente, um nariz menos proeminente.

    Dentre as medidas fotogramtricas pesquisadas para os diferentes grupos de perfis,

    verificou-se que poucas foram as que se apresentaram estatisticamente diferentes,

    concluindo-se que, isoladamente, as medidas fotogramtricas do perfil facial no

    poderiam indicar a beleza do perfil.

    Reis et al. (2006) realizaram um estudo do perfil facial de indivduos

    Padres I, II e III, portadores de selamento labial passivo, com a finalidade de definir

    as medidas das variveis da anlise facial numrica do perfil para os Padres II e III,

    comparando-os com os valores obtidos para o Padro I. A partir de uma amostra

    pr-existente de cem brasileiros adultos, leucodermas, com selamento labial

    passivo, sendo cinqenta do gnero masculino e cinqenta do feminino, com idades

    entre 18 e 36 anos e idade mdia de 23 anos e sete meses, cujos indivduos no

    haviam sido submetidos a tratamento ortodntico e/ou cirurgia plstica facial prvios,

    excluiu-se aqueles indivduos que possuam Padro I, obtendo-se uma amostra de

    cinqenta indivduos, dos quais 82% eram classificados como Padro II e 18% como

    Padro III. O grupo de cinqenta indivduos foi constitudo por 18 do gnero feminino

    e 32 do masculino, sendo o grupo Padro II composto por 15 indivduos do gnero

    feminino e 26 do masculino e o grupo Padro III composto por trs indivduos do

    gnero feminino e seis do masculino. A mdia de idade do grupo Padro II foi de 23

    anos e sete meses, +/- trs anos e sete meses e a do Padro III de 26 anos +/-

    quatro anos. As fotografias de perfil foram traadas e medidas por dois avaliadores,

  • 52

    utilizando as seguintes grandezas: ngulo nasolabial, ngulo do sulco mentolabial,

    ngulo interlabial, ngulo de convexidade facial, ngulo de convexidade facial total,

    ngulo do tero inferior da face, proporo entre a altura facial anterior mdia e

    altura facial anterior inferior, alm da proporo do tero inferior da face. Na anlise

    estatstica, observou-se que as medidas do ngulo do sulco mentolabial e do ngulo

    interlabial para o Padro III apresentaram erros interobservador acima dos valores

    mximos aceitveis, sendo porm justificados pelo alto desvio-padro observado

    para essas variveis nesse grupo. A partir da obteno das medidas de tendncia

    central para cada varivel, foram realizados testes estatsticos para a comparao

    dos resultados dos dois grupos entre si e com as medidas de referncia estudadas

    em indivduos Padro I. Concluiu-se que as mdias das medidas e os desvios

    padres das variveis da Anlise Facial Numrica do Perfil nos Padres II e III,

    foram respectivamente: 106,96 +/- 11,47 e 104,44 +/- 12,83 para o ngulo

    nasolabial; 129,43 +/- 11,71 e 137,28 +/- 11,55 para o ngulo do sulco

    mentolabial; 131,15 +/- 12,28 e 146,83 +/- 21,55 para o ngulo interlabial; 15,91

    +/- 4,31 e 5,94 +/- 3,98 para o ngulo de convexidade facial; 135,29 +/- 4,42 e

    142,5 +/- 4,72 para o ngulo de convexidade facial total; 103,41 +/- 8,12 e

    112,69 +/- 8,94 para o ngulo do tero inferior da face. Esses mesmos valores

    foram de 0,94 +/- 0,09 e 0,88 +/- 0,08 para a proporo entre altura facial anterior

    mdia e altura facial anterior inferior e de 0,47 +/- 0,06 e 0,41 +/- 0,02 para a

    proporo do tero inferior da face. A partir da comparao destas medidas com as

    obtidas para o Padro I, concluiu-se que no foram observadas diferenas

    estatsticas entre os grupos Padro I, II e III nas medidas obtidas para os ngulos

    nasolabial e do sulco mentolabial e a proporo entre as alturas facial mdia e

    inferior. O ngulo interlabial foi mais obtuso no Padro III, sendo que este Padro

  • 53

    tambm apresentou menor convexidade facial e menor proporo do tero inferior

    da face. O ngulo do tero inferior da face, medida que avalia a protruso

    mandibular, foi mais obtuso no padro II.

    Martins et al. (2006) realizaram um estudo das caractersticas faciais

    frontais analisadas em fotografia de uma parcela da populao do Estado de So

    Paulo. Para o estudo, utilizaram uma amostra de cem indivduos, sendo 50 de cada

    gnero, com idades entre 18 e 35 anos, leucodermas, no submetidos a tratamento

    ortodntico prvio, residentes na Grande So Paulo e Baixada Santista. Todos os

    indivduos foram fotografados em norma frontal, posicionados em um cefalostato,

    com a objetiva da mquina posicionada a 90cm de distncia. A mquina fotogrfica

    foi instalada na parede de frente para o cefalostato, a uma altura de 120cm, de

    modo que, tanto a oliva do cefalostato quanto a objetiva da mquina fotogrfica no

    pudessem sofrer alteraes. Os indivduos foram posicionados em um mocho

    odontolgico com regulagem de altura, sendo fotografados em posio natural da

    cabea e em selamento labial passivo. As fotografias foram reveladas em papel 10 x

    15 cm. Para a execuo da fotometria, foram feitos traados em folhas de acetato

    especial, sendo utilizadas para a demarcao dos pontos anatmicos e traados das

    linhas canetas para acetato, com tinta permanente e ponta extrafina. Os pontos

    marcados foram os seguintes: 1) N. 2) End. 3) Ene. 4) Ponto V, na metade de um

    segmento de reta que vai de End a Ene. 5) Exd. 6) Exe. 7) Alar direito (Ald), ponto

    mais externo da asa do nariz no lado direito. 8) Alar esquerdo (Ale), ponto mais

    externo da asa do nariz no lado esquerdo. 9) Sn. 10) Comissura labial direita (Cbd),

    ponto mais externo do canto da boca no lado direito. 11) Comissura labial esquerda

    (Cbe), ponto mais externo do canto da boca no lado esquerdo. 12) Es. 13) Zid. 14)

  • 54

    Zie. 15) God. 16) Goe. 17) Me. A partir destes pontos fotomtricos, foram obtidas

    as seguintes medidas angulares: 1) N-Es.Sn-Me (ngulo da simetria facial). 2)

    God.V.Goe' (ngulo V). 3) Zid.God.Exd 1 Zie.Goe.Exe (ngulo de simetria entre os

    lados direito e esquerdo da face. 4) Zid.God.V 1 Zie.Goe.V (ngulo de simetria

    frontal). 5) Exd.Me.Exe (ngulo da abertura facial). Tambm foram obtidas as

    seguintes grandezas lineares: 1) N-Me (Altura facial). 2) N-Sn (Altura facial mdia).

    3) Sn-Me (Altura facial inferior). 4) Sn-Es (Altura do lbio superior). 5) Es-Me (Altura

    do lbio inferior). 6) Cbd e Cbe HV (Altura da boca dos lados direito e esquerdo em

    relao linha horizontal que passa por V). 7) Zid-Zie (Largura facial superior). 8)

    God-Goe (Largura facial inferior). 9) Ald-Ale (Largura do nariz). 10) Cbd-Cbe

    (Largura da boca). 11) Zid e Zie-N-Es (Largura facial superior dos lados direito e

    esquerdo. 12) God e Goe-N-Es (Largura facial inferior dos lados direito e

    esquerdo). 13) Ald e Ale-N-Es (Largura do nariz nos lados direito e esquerdo). 14)

    Cbd e Cbe-N-Es (Largura da boca dos lados direito e esquerdo). Tambm foram

    obtidas as seguintes medidas proporcionais: 1) Ind-Ine e Ald-Ale (Largura intercantal

    em relao largura do nariz). 2) Ald-Ale e Cbd-Cbe (Largura do nariz em relao

    largura da boca). 3) Ald-Ale e Zid-Zie (Largura do nariz em relao largura facial

    superior). 4) N-Sn e Sn-Me (Altura facial mdia em relao altura facial inferior).

    5) ndice facial, que a proporo entre a altura facial e a largura facial superior, a

    partir da qual se determina o tipo facial do paciente. As medidas foram ento

    transferidas para uma tabela, onde constavam os valores mdios, mnimo, mximo e

    desvio-padro. Foram realizados testes estatsticos para verificar a variao das

    medidas entre grupos diferentes. Uma banca examinadora, composta por 16

    ortodontistas (oito de cada gnero, todos mestres ou especialistas), oito artistas

    plsticos do gnero feminino e 16 leigos (oito de cada gnero), avaliou a esttica

  • 55

    facial dos indivduos com notas de um a nove, sendo classificados em esteticamente

    agradveis os indivduos com notas de sete a nove, esteticamente aceitveis

    aqueles com notas de quatro a seis e esteticamente desagradveis aqueles com

    notas de um a trs. Concluiu-se que a fotografia de face mostra-se como importante

    ferramenta para o diagnstico e planejamento ortodntico. Ao serem relacionadas

    aos grupos esteticamente agradvel, aceitvel e desagradvel, as medidas no

    apresentaram diferenas estatisticamente significantes. Concluiu-se tambm que o

    tipo facial considerado normal/aceitvel para o gnero feminino o braquifacial e

    para o sexo masculino o dolicofacial.

    Reis et al. (2006) avaliaram a aplicao prtica da anlise facial subjetiva,

    atravs de um grupo heterogneo de 32 avaliadores, composto por 14 ortodontistas

    (sete de cada gnero), 12 leigos rea odontolgica e no vinculados a qualquer

    atividade artstica (seis de cada gnero), alm de sete artistas do gnero feminino. A

    idade mdia dos avaliadores foi de 37 anos e seis meses, com desvio-padro de

    nove anos e variou entre 21 e 56 anos. Por meio dessa anlise, foi solicitado aos

    avaliadores que classificassem uma amostra de fotografias do perfil facial de cem

    indivduos, sendo cinqenta de cada gnero, leucodermas, com idade mdia de 23

    anos e sete meses, com desvio-padro de trs anos e seis meses, variando de 18 a

    36 anos, sendo a maioria dos seus componentes constituda por alunos, professores

    e funcionrios da Universidade Metodista de So Paulo. Para serem parte da

    amostra, os indivduos deveriam ter a presena de um adequado equilbrio muscular

    facial, representado pelo selamento labial passivo, ausncia de tratamento

    ortodntico anterior e ausncia de cirurgia facial prvia. Os indivduos deveriam ser

    classificados em notas que variavam de um a nove, de acordo com a agradabilidade

  • 56

    esttica, em esteticamente agradvel (notas sete, oito ou nove), esteticamente

    aceitvel (notas quatro, cinco ou seis) e esteticamente desagradvel (notas um, dois

    ou trs). Quando classificassem os indivduos como esteticamente desagradveis,

    foi solicitada aos avaliadores uma justificativa. Foram classificados no Grupo

    Esteticamente Agradvel os indivduos que obtiveram, com maior freqncia, notas

    de sete a nove, no Grupo Esteticamente Aceitvel os que obtiveram, com maior

    freqncia, notas de quatro a seis e no Grupo Esteticamente Desagradvel os

    indivduos que apresentaram, com maior freqncia, notas de um a trs. Para

    avaliar a concordncia intra-examinador na avaliao subjetiva do perfil, foram

    selecionadas, aleatoriamente, fotografias de dez indivduos anteriormente avaliados,

    sendo solicitado aos examinadores que repetissem a classificao esttica