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UNISALESIANO Centro universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Enfermagem Maria José Elias dos Santos Silva Patrícia Aparecida Inácio Zamian A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS LINS – SP 2009

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UNISALESIANO

Centro universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Enfermagem

Maria José Elias dos Santos Silva

Patrícia Aparecida Inácio Zamian

A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE

SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES

DOS IDOSOS

LINS – SP

2009

Page 2: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

MARIA JOSÉ ELIAS DOS SANTOS SILVA

PATRICIA APARECIDA INÁCIO ZAMIAN

A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO

ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Enfermagem sob a orientação da Profª. M.Sc. Marilisa Baralhas e orientação técnica da Profª. Esp. Jovira Maria Sarraceni

LINS - SP

2009

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Silva, Maria José Elias dos Santos, Zamian, Patrícia Aparecida Inácio

A atuação dos agentes comunitários de saúde no atendimento das necessidades dos idosos l / Maria José Elias dos Santos Silva; Patrícia Aparecida Inácio Zamian. – – Lins, 2009.

92p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Enfermagem, 2009

Orientadores: Marilisa Baralhas; Jovira Maria Sarraceni

1. Agente Comunitário de Saúde. 2. Programa Saúde da Família. 3. Idosos. I Título.

CDU 616-083

S581a

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MARIA JOSÉ ELIAS DOS SANTOS SILVA

PATRICIA APARECIDA INÁCIO ZAMIAN

A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO

ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Aprovada em: ____/____/____

Banca Examinadora:

Profª. Orientadora: Marilisa Baralhas

Titulação: Mestre em Enfermagem pela Faculdade de Medicina de Botucatu-

UNESP

Assinatura _________________________________

1º Prof.(a):_______________________________________________________

Titulação:_______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura:_________________________________

2º Prof.(a):_______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura:___________________________________

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3

EpígrafeEpígrafeEpígrafeEpígrafe

“Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras.”

(Reinhold Niebuhr)

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4

Aos meus pais, João e MariaAos meus pais, João e MariaAos meus pais, João e MariaAos meus pais, João e Maria

Dedico a vocês mais esta conquista queDedico a vocês mais esta conquista queDedico a vocês mais esta conquista queDedico a vocês mais esta conquista que consegui na vida, porque foram vocês, consegui na vida, porque foram vocês, consegui na vida, porque foram vocês, consegui na vida, porque foram vocês,

que mesmo sendo pque mesmo sendo pque mesmo sendo pque mesmo sendo pessoas simples e humildes colocaramessoas simples e humildes colocaramessoas simples e humildes colocaramessoas simples e humildes colocaram em mim o gosto pelos estudos em mim o gosto pelos estudos em mim o gosto pelos estudos em mim o gosto pelos estudos

desde pequenina e sempre me incentivaram a subir os degraus da vida.desde pequenina e sempre me incentivaram a subir os degraus da vida.desde pequenina e sempre me incentivaram a subir os degraus da vida.desde pequenina e sempre me incentivaram a subir os degraus da vida.

Amo VocêsAmo VocêsAmo VocêsAmo Vocês

Aos meus filhos, Thiago e AlineAos meus filhos, Thiago e AlineAos meus filhos, Thiago e AlineAos meus filhos, Thiago e Aline

Valeu!!! Ter esperado alValeu!!! Ter esperado alValeu!!! Ter esperado alValeu!!! Ter esperado alguns anos, até que vocês crescessem para que eu guns anos, até que vocês crescessem para que eu guns anos, até que vocês crescessem para que eu guns anos, até que vocês crescessem para que eu

pudesse concluir uma graduação. Cuidar de vocês foi a melhor coisa que fiz na vida e pudesse concluir uma graduação. Cuidar de vocês foi a melhor coisa que fiz na vida e pudesse concluir uma graduação. Cuidar de vocês foi a melhor coisa que fiz na vida e pudesse concluir uma graduação. Cuidar de vocês foi a melhor coisa que fiz na vida e

vocês se tornaram filhos maravilhosos, carinhosos, comprometidos e me apoiaram vocês se tornaram filhos maravilhosos, carinhosos, comprometidos e me apoiaram vocês se tornaram filhos maravilhosos, carinhosos, comprometidos e me apoiaram vocês se tornaram filhos maravilhosos, carinhosos, comprometidos e me apoiaram

desde o primeiro dia em que eu voltei a estudesde o primeiro dia em que eu voltei a estudesde o primeiro dia em que eu voltei a estudesde o primeiro dia em que eu voltei a estudar. dar. dar. dar.

Amo VocêsAmo VocêsAmo VocêsAmo Vocês

Ao meu esposo, José AntonioAo meu esposo, José AntonioAo meu esposo, José AntonioAo meu esposo, José Antonio

""""Amar nada mais é do que despertar aquele a quem amamos para toda a grandeza Amar nada mais é do que despertar aquele a quem amamos para toda a grandeza Amar nada mais é do que despertar aquele a quem amamos para toda a grandeza Amar nada mais é do que despertar aquele a quem amamos para toda a grandeza

de que são capazes.”de que são capazes.”de que são capazes.”de que são capazes.” (Autor Desconhecido) (Autor Desconhecido) (Autor Desconhecido) (Autor Desconhecido)

Dedico a você, mais esta vitória em Dedico a você, mais esta vitória em Dedico a você, mais esta vitória em Dedico a você, mais esta vitória em minha minha minha minha vida, pois você sempre me incentivou e vida, pois você sempre me incentivou e vida, pois você sempre me incentivou e vida, pois você sempre me incentivou e

esteve ao mesteve ao mesteve ao mesteve ao meu lado. Obrigada pela paciência que teve comigo nas semanas eu lado. Obrigada pela paciência que teve comigo nas semanas eu lado. Obrigada pela paciência que teve comigo nas semanas eu lado. Obrigada pela paciência que teve comigo nas semanas de de de de prova, prova, prova, prova,

na correria do dia a dia, na falta de tempo. Você me mostrou o que é o verdadeiro na correria do dia a dia, na falta de tempo. Você me mostrou o que é o verdadeiro na correria do dia a dia, na falta de tempo. Você me mostrou o que é o verdadeiro na correria do dia a dia, na falta de tempo. Você me mostrou o que é o verdadeiro

amoramoramoramor. . . .

Te AmoTe AmoTe AmoTe Amo

Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José

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5

Aos meus grandes amoresAos meus grandes amoresAos meus grandes amoresAos meus grandes amores

Meus pais Antonia e Neusa Meus pais Antonia e Neusa Meus pais Antonia e Neusa Meus pais Antonia e Neusa minha minha minha minha

referencia para toda vida. Oreferencia para toda vida. Oreferencia para toda vida. Oreferencia para toda vida. Obrigada, vocês fizeram a brigada, vocês fizeram a brigada, vocês fizeram a brigada, vocês fizeram a pessoa que pessoa que pessoa que pessoa que sou. sou. sou. sou. Amo vocês.Amo vocês.Amo vocês.Amo vocês.

A minha filha Nátalle, que será sempre meu A minha filha Nátalle, que será sempre meu A minha filha Nátalle, que será sempre meu A minha filha Nátalle, que será sempre meu

motivo de superação e conquistas, amo você filha.motivo de superação e conquistas, amo você filha.motivo de superação e conquistas, amo você filha.motivo de superação e conquistas, amo você filha.

AAAAo meu marido Paulo Roberto pela paciência, o meu marido Paulo Roberto pela paciência, o meu marido Paulo Roberto pela paciência, o meu marido Paulo Roberto pela paciência, compreensão e apoio em todos os momentos.compreensão e apoio em todos os momentos.compreensão e apoio em todos os momentos.compreensão e apoio em todos os momentos.

Aos meus sogros, Paulo e Catarina, por todo Aos meus sogros, Paulo e Catarina, por todo Aos meus sogros, Paulo e Catarina, por todo Aos meus sogros, Paulo e Catarina, por todo apoio e carinho que me dedicaram durante todo apoio e carinho que me dedicaram durante todo apoio e carinho que me dedicaram durante todo apoio e carinho que me dedicaram durante todo

tempo, saiba que sem vocês tudo seria mais tempo, saiba que sem vocês tudo seria mais tempo, saiba que sem vocês tudo seria mais tempo, saiba que sem vocês tudo seria mais difícil.difícil.difícil.difícil.

Obrigada sem vocês tudo o Obrigada sem vocês tudo o Obrigada sem vocês tudo o Obrigada sem vocês tudo o que fiz não teria sentidoque fiz não teria sentidoque fiz não teria sentidoque fiz não teria sentidoAAAA

Patrícia AparecidaPatrícia AparecidaPatrícia AparecidaPatrícia Aparecida

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AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos A Deus, que confiamos, que nos concedeu a vida, a inteligência para lutar,

e a força para suportar as dificuldades... Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José e e e e Patrícia Patrícia Patrícia Patrícia

A nossa professora e orientadora Jovira, por ter contribuído com tantas

sugestões relevantes durante o processo de construção deste trabalho, e pelo incentivo incondicional...

Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José e e e e PatríciaPatríciaPatríciaPatrícia Às professoras Márcia Adass e Márcia Aleixo e Lídia Helena pelas

correções de português e Inglês dos capítulos e resumo deste trabalho.

Maria José e Patrícia Maria José e Patrícia Maria José e Patrícia Maria José e Patrícia

A Unidade do PSF do Jardim Dom Bosco de Guaiçara-SP, representado pela Coordenadora Cristiane Vigarane e a Enfermeira

Marina, que nos recebeu com tanto carinho e atenção... Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José e e e e PatríciaPatríciaPatríciaPatrícia

Aos ACS do PSF do Jardim Dom Bosco de Guaiçara-SP, pela forma que nos acolheu e por contribuírem para a realização deste projeto...

Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José e e e e PatríciaPatríciaPatríciaPatrícia

Às minhas chefes Rosangela e Meire, , , , pelo imenso empenho e boa vontade

em adaptar meus horários de trabalho para que eu pudesse estudar. Muito

obrigada....

Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José

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7

À minha companheira de pesquisa, Patrícia, por dividirmos expectativas,

anseios, esperanças, sonhos, inseguranças e medos, mas, sobretudo pela

imensa amizade que nos uniu.

Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José

A minha família Aos meus pais que amo tanto Antonio e Neusa, os meus irmãos, em especial minha querida irmã Daniela, aos meus sobrinhos e sobrinhas,

minhas cunhadas, pela compreensão por muitas vezes estar distante de vocês para poder finalizar este trabalho...

PatríPatríPatríPatríciaciaciacia À minha cunhada Ana Maria pelo incentivo que me deu antes de tudo...

PatrPatrPatrPatrííííciaciaciacia À minha Sobrinha Téssiane por me ajudar no início, e depois com as

pesquisas no computador, quando tudo ainda era desconhecido... PatrPatrPatrPatríciaíciaíciaícia

À minha amiga e companheira de pesquisa Maria José, pela confiança e amizade...

PatríciaPatríciaPatríciaPatrícia

A minha grande Amiga Ligia Abraão que sempre esteve comigo nestes quatro anos, por compartilhar vários momentos da minha vida, sejam eles

tristes, felizes ou importantes como este... PatríPatríPatríPatrícia cia cia cia

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8

Agradecimento EspecialAgradecimento EspecialAgradecimento EspecialAgradecimento Especial

A nossa orientadora Marilisa Baralhas, pela forma A nossa orientadora Marilisa Baralhas, pela forma A nossa orientadora Marilisa Baralhas, pela forma A nossa orientadora Marilisa Baralhas, pela forma que nos acolheu desde o início deste projeto, por estar que nos acolheu desde o início deste projeto, por estar que nos acolheu desde o início deste projeto, por estar que nos acolheu desde o início deste projeto, por estar

sempre junto a nós durante esta caminhada, nos sempre junto a nós durante esta caminhada, nos sempre junto a nós durante esta caminhada, nos sempre junto a nós durante esta caminhada, nos ajudando e apoiando, você é nosso exemplo, nossa ajudando e apoiando, você é nosso exemplo, nossa ajudando e apoiando, você é nosso exemplo, nossa ajudando e apoiando, você é nosso exemplo, nossa

inspiração de alcançar vôos minspiração de alcançar vôos minspiração de alcançar vôos minspiração de alcançar vôos maiores.aiores.aiores.aiores. Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José e e e e PatríciaPatríciaPatríciaPatrícia

“Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você.” (Richard Bach)

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9

RESUMO

O envelhecimento é um fenômeno que vem ocorrendo atualmente de

forma vertiginosa, entretanto, os problemas resultantes desta realidade são preocupantes, pois se faz necessários profissionais capacitados para atender as diferentes necessidades dos idosos. Frente a estas questões, o Agente Comunitário de Saúde (ACS) inserido no Programa Saúde da Família (PSF), vem de encontro às necessidades de prevenção, promoção e manutenção da saúde dos idosos. Para tanto, é necessário que este tenha uma capacitação específica para atuar no contexto familiar e comunitário em que o idoso está inserido. Este estudo objetivou descrever a atuação do ACS no PSF frente à saúde do idoso, avaliar como os idosos correspondem ao atendimento, identificar as dificuldades encontradas pelos ACS na atuação com idosos e conhecer a percepção dos ACS sobre seu papel frente à saúde do idoso. Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem qualitativa, sendo realizado no PSF do Jardim Dom Bosco Guaiçara. A coleta de dados foi realizada com 05 ACS e 10 idosos inscritos no programa, através da técnica de entrevista semi-estruturada e em profundidade, onde os depoimentos foram audiograváveis, sendo utilizado um questionário com questões que compreendiam dados de identificação e perguntas abertas. Foi observado que todos os ACS são do sexo feminino e a maioria possui ensino médio completo. Os ACS tem uma visão do idoso de um ser carente e solitário, sendo estes fatores também descritos pelos profissionais como o de maior necessidade por parte dos idosos. Outro aspecto importante que foi evidenciado refere-se à concepção do idoso como um ser limitado. Os ACS também relatam a necessidade de estar recebendo qualificação específica para atuar com idosos e a maioria refere encontrar dificuldade para atuar com esta população, em especial para estar falando, orientando e informando-os no dia-dia. Essa falta de conhecimento dificulta a atuação dos ACS, e compromete a resolutividade de seu trabalho. Em relação aos idosos, foi possível observar que o vinculo o acolhimento e a humanização são fatores marcantes nesta relação de cuidado. Essa formação de vínculo entre os idosos e os ACS é muito favorável e necessária para a qualidade da assistência; o acolhimento e a humanização favorecem esta vinculação, pois cria uma relação de carinho e respeito. Os idosos descrevem os ACS como educadores, e facilitadores do acesso, sendo muito importante, pois demonstra atenção, acolhimento, dedicação, para com os idosos. Porém, deve-se ter cuidado, pois a família pode acabar transferindo a responsabilidade do cuidado para os ACS, acarretando sobrecarga para este profissional. Frente ao que foi exposto, conclui-se que há necessidade dos ACS estarem recebendo capacitação específica para atuarem com idosos. Neste aspecto é de extrema importância programas que visem qualificar os ACS para atuarem com idosos. PALAVRAS CHAVE: Agente Comunitário de Saúde. Programa saúde da Família. Idosos.

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10

ABSTRACT

The aging is a phenomenon that comes occurring currently of vertiginous form, however, the resultant problems of this reality is preoccupying, therefore it is made necessary enabled professionals to attend the different necessities of the aged ones. Front to these issues, the Health ´s Communitarian Agent (HCA) inserted in the Family`s Health Program (FHP), comes of meeting to the necessities of prevention, promotion and maintenance of the health of the aged ones. For in such a way, it is necessary that this has a specific qualification to act in the familiar and communitarian context where the aged one is inserted. This study objectified to describe the performance of the HCA in the FHP front to the health of the aged one, to evaluate as the aged ones correspond to the attendance, to identify the difficulties found by the HCA in the performance with and aged, to know the perception of the HCA on its paper front to the health of the aged one. It is about an exploratory-descriptive research, with qualitative boarding, being achieved in the FHP of the Dom Bosco Garden in Guaiçara. The collection of data was achieved with 05 HCA, and 10 aged enrolled ones in the program, through the technique of interviews semi-structuralized and in depth, where the depositions had been audiogradable, being used a questionnaire with questions that understood data of identification and open questions. It was observed that all the HCA is of the feminine sex and majority possesses complete average education. The HCA has a vision of the aged one of a devoid and solitary being, being these described factors also by the professionals as of great necessity on the part of the aged ones. Another important aspect that it was evidenced, it is refered the conception of the aged one as a limited being. The HCA relate the necessity to be receiving specific qualification to act with aged and majority refer to find difficulty to act with this population, in special to be speaking, guiding e informing them in the day-day. This lack of knowledge difficult the performance of the HCA, and compromises the resolutividade of its work. In relation to the aged ones it was possible to observe that I tie the shelter to it and the humanization are marked factors in this relation of care. This the formation of bond between aged and the HCA is very favorable and necessary for the quality of the assistance; the reception and the humanization favor this entailing, therefore it creates a relation of affection and respect. The aged ones describe the HCA as educators, and facilitators of the access, being very important, therefore it demonstrates attention, reception, devotion, stops to the aged ones. However, must have care had, therefore the family can finish transferring to the responsibility of the case to the HCA, causing overload to this professional. Front to was displayed, it is concluded that there is necessity of the HCA to be receiving qualification specific to act with aged. In this aspect is of extreme importance programs that they aim at to characterize the HCA to act with aged.

KEY WORDS: Health`s Communitarian Agent.Family`s Health Program. Aged.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Dados de Identificação dos participantes da pesquisa

Quadro 2: Dados de Identificação dos participante da pesquisa

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACD: Auxiliar de Consultório Dentário

ACS: Agente Comunitário de Saúde

ESF: Estratégia Saúde da Família

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MS: Ministério da Saúde

OMS: Organização Mundial da Saúde

ONU: organização Mundial das Nações Unidas

PACS: Programa Agente Comunitário de Saúde

PNAD: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

PNH: Política Nacional de Humanização

PSF: Programa Saúde da Família

SUS: Sistema Único de Saúde

THD: Técnico em Higiene Dental

UBS: Unidade Básica de Saúde

USF: Unidade Saúde da Família

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12

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................14

CAPÍTULO I – CONHECENDO A TRAJETÓRIA DO SISTEMA ÚNICO

DE SAÚDE E DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA E DESVELANDO SUA

INTERFACE

COM O TRABALHO DO AGENTE COMINITÁRIO DE SAÚDE.................... 16

1 UM BREVE RELATO SOBRE O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) E

PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) ..................................................... 16

1.1 Fundamentos do Programa Saúde da Família..................................... 19

1.1.1 Atribuições do Enfermeiro .................................................................... 22

1.1.2 Atribuições do Médico .......................................................................... 23

1.1.3 Atribuições do Auxiliar e do Técnico de Enfermagem .......................... 24

1.2 O ACS e suas atribuições .................................................................... 24

CAPÍTULO II – SAÚDE DO IDOSO: CONHECENDO OS PRINCIPAIS

AVANÇOS E DESAFIOS ............................................................................... 30

2 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL .............................................. 30

2.1 Caracterização e perfil dos idosos nos dias atuais............................... 33

2.1.1 Distribuição urbano-rural da população idosa ...................................... 35

2.1.2 Feminilização da velhice ...................................................................... 35

2.1.3 O idoso no domicílio ............................................................................. 36

2.1.4 Distribuição dos idosos segundo a etnia .............................................. 37

2.1.5 Nível de escolaridade entre os idosos.................................................. 38

2.1.6 Rendimentos dos idosos ...................................................................... 39

2.1.7 Aspecto religioso .................................................................................. 40

2.1.8 Violência e preconceito ........................................................................ 41

2.2 Necessidades específicas dos idosos.................................................. 42

2.2.1 Idade cronológica e idade funcional ..................................................... 45

2.2.2 Necessidades Hierárquicas de Maslow................................................ 45

2.2.2.1 Necessidades Fisiológicas.................................................................. 46

2.2.2.2 Necessidades de Segurança .............................................................. 46

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13

2.2.2.3 Necessidade de Amor e Integração.................................................... 47

2.2.2.4 Necessidade de Estima ...................................................................... 47

2.2.2.5 Necessidade de Auto Realização ....................................................... 48

2.3 Desafio do cuidado ao idoso para o setor da saúde ............................ 49

2.4 O idoso e a família ............................................................................... 51

CAPÍTULO III – UM OLHAR PARA O ACS NO CUIDADO AOS ISODOS ... 54

3 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 54

3.1 Procedimentos e Métodos.................................................................... 54

3.2 Caracterização do campo de pesquisa ................................................ 56

3.3 Análise dos resultados e Discussão..................................................... 57

3.3.1 A palavra dos Agentes Comunitários de Saúde ................................... 58

3.3.2 Identificação dos ACS .......................................................................... 58

3.3.3 Visão dos ACS sobre as necessidades dos idosos.............................. 60

3.3.4 As dificuldades dos ACS para atuar com idosos.................................. 62

3.3.5 O estabelecimento de vínculo com o idoso.......................................... 65

3.3.6 A palavra dos idosos ............................................................................ 66

3.3.7 Identificação dos idosos ....................................................................... 67

3.3.8 Análise dos depoimentos dos idosos ................................................... 69

3.3.8.1 Vínculo Humanização e Acolhimento como fatores primordiais na

relação idosa ACS .......................................................................................... 69

3.3.8.2 O ACS como educador ....................................................................... 71

3.3.8.3 O ACS como facilitador do acesso x falta de limite no relacionamento

idoso-ACS....................................................................................................... 72

3.4 Parecer sobre a pesquisa..................................................................... 74

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................... 77

CONCLUSÃO................................................................................................. 78

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 81

APENDICES................................................................................................... 86

ANEXO ........................................................................................................... 90

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14

INTRODUÇÃO

O interesse por esse objeto de pesquisa se desenvolveu ao longo de

nosso aprendizado durante a graduação, vindo de encontro à visão que se

revelou, da realidade em aulas práticas.

Surgiu então, o anseio de aprofundar-nos no tema em questão, o que

vem agora se expressar neste trabalho de pesquisa, que aborda a atuação dos

Agentes Comunitários de Saúde (ACS) no atendimento as necessidades dos

idosos.

Nos dias atuais os ACS encontram dificuldades para estar atuando com

idosos, visto a saúde destes ser um tema de grande complexidade. O

envelhecimento populacional é um fenômeno que está acorrendo de forma

vertiginosa, o que leva a necessidade de profissionais aptos a atender a

demanda deste novo perfil de cliente.

Neste sentido, inserido no Programa Saúde da Família (PSF), o

enfermeiro é peça fundamental na capacitação do ACS. O presente estudo,

objetiva descrever a atuação dos ACS no PSF frente à saúde do idoso, avaliar

como os idosos correspondem ao atendimento dos ACS, identificar as

dificuldades encontradas pelos ACS na atuação com os idosos e conhecer a

percepção dos ACS sobre seu papel frente à saúde do idoso.

Para comprovar o que foi levantado, realizou-se pesquisa exploratório-

descritiva, com abordagem qualitativa, sendo realizada a coleta de dados em

campo, com ACS e idosos. Para tal, foi elaborado um roteiro de questões o

qual foi utilizado com os ACS e os idosos, sendo os discursos audiograváveis.

O trabalho justifica-se em função do envelhecimento populacional, fato

este que se comprova por levantamentos governamentais, como dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caracterizando que este

aumento ocorre devido aos avanços tecnológicos, as descobertas científicas na

área da saúde e em especial dos métodos diagnósticos e preventivos, à

redução das taxas de natalidade, fecundidade e mortalidade. Para tanto, se

faz necessário profissionais de saúde capacitados para que haja efetividade no

atendimento com idosos.

Page 17: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

15

O presente trabalho dividiu-se em três capítulos. O primeiro capítulo

destina-se a uma abordagem histórica e teórica do Sistema Único de Saúde

(SUS) e o Programa Saúde da Família.

O segundo capítulo objetiva-se descrever a população idosa, seu perfil e

suas necessidades.

No terceiro capítulo, será abordada a pesquisa em campo, sendo

realizada no PSF do Jardim Dom Bosco de Guaiçara-SP. Neste capítulo

também será exposto os dados coletados, sua analise e discussões, bem como

a conclusão a cerca dos objetivos traçados.

Finalizando o trabalho desenvolvido, na seqüência aborda-se as

sugestões de intervenção baseada nos resultados obtidos. Encerra-se o

trabalho, esperando que o mesmo venha contribuir de alguma forma para a

evolução dos profissionais e para o início de novas pesquisas.

Page 18: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

16

CAPÍTULO I

CONHECENDO A TRAJETÓRIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E DO

PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA E DESVELANDO SUA INFERFACE COM

O TRABALHO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE

1 UM BREVE RELATO SOBRE O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) E

PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)

Conhecer a trajetória das políticas públicas de saúde se faz necessário

neste trabalho, para que se possa compreender o cenário remoto e atual do

sistema de saúde do nosso país, bem como sua influência sobre as

necessidades de saúde da população.

Segundo Baralhas (2008), o sistema de saúde em nosso país vem

passando por muitas mudanças no decorrer dos anos, e a construção do SUS

é resultado de grandes lutas política e ideológica ao longo de sua trajetória,

tendo a participação de diferentes grupos sociais.

O direito à saúde é parte de um conjunto de direitos chamados de

direitos sociais, que têm como inspiração o valor da igualdade entre as

pessoas. No Brasil, este direito apenas foi reconhecido na Constituição Federal

de 1988 e antes disso, o Estado apenas oferecia atendimento à saúde para

trabalhadores com carteira assinada e sua família, porém as outras pessoas

tinham acesso a estes serviços como um favor e não como um direito. Durante

a Constituinte de 1988 as responsabilidades do Estado são repensadas e

promover a saúde para todos passa a ser seu dever (DIREITO À SAÚDE,

2009)

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação. (DIREITO À SAÚDE, 2009)

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17

A criação do SUS está diretamente relacionada à tomada de

responsabilidade por parte do Estado (DIREITO À SAUDE, 2009).

Para Figueiredo e Tonini (2007), o processo de criação do SUS teve

início a partir das definições legais estabelecidas pela Constituição Federal de

1988 e da Lei Orgânica de Saúde, sempre em conformidade com as

representações dos secretários estaduais e municipais de saúde.

O SUS é um sistema formado por várias instituições dos três níveis de

governo (União, Estados e Municípios) e pelo setor privado, que é contratado e

conveniado, de caráter complementar, para suprir as necessidades de

assistência, quando não existem serviços públicos para tal. Apresenta a

mesma doutrina e as mesmas filosofias de atuação em todo o território

nacional e é organizado de acordo com uma mesma sistemática. Como

sistema, é um conjunto de ações, serviços e unidades que se integram visando

às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. (BRASIL, 1990)

A lei 8.080-90 dispõe ainda os princípios doutrinários do SUS:

Universalidade, Eqüidade e Integralidade, enquanto que os princípios

organizacionais são: Regionalização, Hierarquização, Resolutividade,

Descentralização e Participação dos Cidadãos. Tais princípios foram

fundamentados e conceituados do seguinte modo:

a) Universalidade: é a garantia de que todo e qualquer cidadão, sem

distinção alguma, receberá atenção à saúde por parte do sistema;

b) Integralidade: as necessidades de saúde das pessoas devem ser

levadas em consideração mesmo que não sejam iguais às da

maioria. A pessoa deve ser vista de forma integral, um ser integral

biopsicossocial, e deverá ser atendida com essa visão por um

sistema de saúde também integral, de forma a promover, proteger e

recuperar a saúde;

c) Eqüidade: este princípio assegura que as ações e serviços de todos

os níveis independente de sua complexidade, sejam prestados a

todas as pessoas, sem privilégios ou barreiras, ou seja, todas as

pessoas devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de

saúde;

d) Hierarquização e regionalização: os serviços devem ser organizados

em níveis de complexidade tecnológica crescente; o nível primário

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18

deve ser oferecido diretamente à população, enquanto os outros

devem ser utilizados apenas quando necessário. Quanto mais bem

estruturado for o fluxo de referência e contra-referência entre os

serviços de saúde, melhor a eficiência e eficácia dos mesmos. Cada

serviço de saúde tem uma área de abrangência, ou seja, é

responsável pela saúde de uma parte da população. Os serviços de

maior complexidade são menos numerosos e por isso mesmo sua

área de abrangência é mais ampla, em relação aos vários serviços

de menor complexidade. O acesso da população à rede deve

acontecer através dos serviços de nível primário de atenção, que

devem estar qualificados para atender e resolver os principais

problemas que demandam os serviços de saúde. Os demais deverão

ser referenciados para os serviços de maior complexidade

tecnológica.

e) Descentralização: o SUS existe em três níveis, ou esferas: nacional,

estadual e municipal, cada uma com comando único e atribuições

próprias. A descentralização é compreendida como uma

redistribuição da responsabilidade pelas ações e serviços de saúde

por cada nível de governo. Os municípios passaram a assumir seu

papel na prestação e no gerenciamento dos serviços de saúde; as

transferências passaram a ser baseadas em sua população e no tipo

de serviço oferecido, e não no número de atendimentos.

f) Resolutividade: este princípio basea-se na exigência de que, quando

uma pessoa procura pelo atendimento ou quando surge um problema

de saúde que cause impacto sobre os demais, o serviço prestado

esteja capacitado para enfrentá-lo e resolver o problema até o niível

de sua competência.

g) Participação dos cidadãos: é a garantia constitucional de que a

população terá participação no processo de formação das políticas

de saúde e do controle de sua execução, em todas as esferas de

governo, tendo para isto entidades representativas formada por

pessoas diversas, inclusive cidadão comum.

Wai (2007) destaca que através do processo de municipalização, estados

e municípios buscaram modelos próprios para se adaptar da melhor maneira

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19

as regras do SUS. Com isto houve a criação e implementação de uma série de

novos desenhos e arranjos assistenciais que permitiu a cada município,

conhecedor de seus problemas, agir de acordo com suas necessidades. Uma

proposta que vem se destacando e ganhando notoriedade no plano nacional, é

a Estratégia Saúde da Família (ESF).

1.1 Fundamentos do Programa Saúde da Família

Na perspectiva de Freitas (2006), o PSF foi concebido pelo Ministério da

Saúde em 1994, com o objetivo de proceder à reorganização da prática

assistencial em novas bases e critérios, em substituição ao modelo tradicional

de assistência, orientado para a cura de doenças e no hospital. Ele incorpora e

reafirma os princípios básicos do SUS, estruturado a partir da Unidade de

Saúde da Família (USF). De acordo com autora, o programa trabalha com base

nos seguintes princípios:

a) Caráter Substitutivo: no qual se verifica que o PSF não significa

criação de novas unidades de saúde (exceto em áreas totalmente

desprovidas da mesma), pois veio substituir o modelo antigo e

tradicionalista, ou seja, a substituição das práticas convencionais

de assistência por um processo de trabalho baseado no conceito

de promoção da saúde;

b) Integralidade e Hierarquização: a USF está inserida no primeiro

nível de ações e serviços do sistema local de assistência,

denominado atenção básica. Deve vincular-se à rede de serviços,

de forma a garantir atenção integral aos indivíduos e famílias,

assegurando a referência e contra-referência para os diversos

níveis, inclusive os de maior complexidade tecnológica para a

resolução de situações ou problemas identificados;

c) Territorialização e vinculação: a USF trabalha com um território de

abrangência definido que se processa por meio do cadastramento

e do acompanhamento de um número determinado de família para

cada equipe; equipe multiprofissional, em que cada equipe do PSF

é composta, no mínimo, por um médico, um enfermeiro, um auxiliar

ou técnico de enfermagem, e até 12 ACS. Cada equipe acompanha

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20

de 600 a 1000 famílias, com limite máximo de 4.000 pessoas.

Outros profissionais, a exemplo de dentistas, assistentes sociais e

psicólogos, poderão ser incorporados às equipes ou formar

equipes de apoio, de acordo com as necessidades e possibilidades

locais.

Desta forma, o PSF vem como uma estratégia para a organização da

atenção básica, que tem, por objetivo, a implementação da vigilância à saúde,

por meio de um conjunto de ações individuais e coletivas, voltadas para a

promoção, prevenção e tratamento dos agravos a saúde (FREITAS, 2006).

Segundo Freitas (2006), o programa visa mudar o enfoque de

atendimento à doença, para um enfoque de promoção e atenção integral aos

indivíduos e suas famílias. Contudo, a preocupação central do PSF é a

mudança do modelo assistencial hegemônico centrado na atuação da

demanda espontânea, no pronto atendimento, na lógica de produção de atos e

procedimentos curativos e fragmentados com baixo impacto na resolução de

problemas.

Para Rodrigues (2008), o PSF foge à concepção usual dos demais

programas concebidos no Ministério da Saúde, já que não é uma intervenção

vertical e paralela às atividades dos serviços de saúde. Pelo contrário,

caracteriza-se como uma estratégia que possibilita a integração e promove a

organização das atividades em um território definido com o propósito de

proporcionar o enfrentamento e resolução dos problemas identificados. Assim,

destaca-se o trabalho do ACS, com o propósito de atuar como elo entre a

população e a equipe de saúde.

Freitas (2006) ressalta que através desta concepção, procura-se

estabelecer alguns princípios como: construir vínculo e co-responsabilidade

entre os profissionais de saúde e população; definir, como objeto alvo de

atenção, a família, entendida a partir do ambiente e espaço geográfico em que

vive; responsabilidade por uma população adstrita e de uma intervenção com

ações integrais, no enfrentamento dos principais problemas de saúde dos

indivíduos, família, meio ambiente e ambiente de trabalho, o que vem

possibilitando às equipes uma compreensão ampliada do processo saú-

de/doença e da necessidade de intervenções que vão além de práticas

curativas.

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21

Segundo Figueiredo e Tonini (2007) definir como esse programa vai

acontecer não depende só do que está estabelecido na legislação, mas de

entender como as práticas anteriores serão substituídas, o que exige um novo

processo de trabalho, centrado na vigilância à saúde, que é feita a partir de um

cronograma a ser cumprido pelo médico (no consultório ou na própria

comunidade), enfermeira (no consultório ou na comunidade), auxiliar ou agente

comunitário de saúde (fazem as visitas com tarefas predeterminadas).

Segundo os mesmos autores, o PSF deve estar em consonância com o

SUS, por intermédio do:

a) Município: como aquele que decide optar pelo PSF orientando o

modelo de atenção básica;

b) Estado: via Secretaria de Saúde, que recebe a proposta de

programação do PSF, aprecia e aprova na Comissão de

Intergestores. Ao viabilizar a proposta, o Estado se responsabiliza

pelo apoio técnico e financiamento, o que se chama de adesão;

c) Vigilância epidemiológica: opera na raiz da história natural das

doenças que articulam com integrantes da cadeia da enfermidade:

ser humano (hospedeiro); agente etiológico; meio ambiente.

Figueiredo e Tonini (2007) relatam que é importante o constante

monitoramento de saúde dos grupos sociais e de tudo que envolve o processo

de adoecer, e os profissionais de saúde do PSF não devem ficar esperando

sinais ou alarmes de adoecimento, devendo estar sempre atentos para detectar

precocemente desvios de saúde ou fenômenos que levam ao adoecimento.

Rodrigues (2008) ressalta que, nesta perspectiva, espera-se que a

equipe atenda as necessidades de saúde da população, por meio de ações

como as indicadas e descritas a seguir:

a) Planejamento de ações compreendidas como a capacidade para

diagnóstico local, atentando-se para os aspectos positivos da

comunidade e ao potencial das pessoas;

b) Saúde, Promoção e Vigilância à saúde com enfoque na co-

responsabilidade e na participação social. Cabe à equipe reconhecer

os fatores que determinem à qualidade de vida das pessoas,

promover a articulação intersetorial local;

c) Trabalho interdisciplinar em equipe que favorece a prática de um

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profissional se reconstruir na prática do outro, destacando os

diversos saberes e práticas que possibilita o cuidado mais integral e

resolutivo.

Dessa forma, Rodrigues (2008) coloca que o trabalho na ESF em seu

cotidiano é complexo e dinâmico, requerendo dos profissionais várias

capacidades e várias práticas que promovam impacto na saúde da população.

Assim, a equipe deve compreender este trabalho e reconhecer o limite

específico das atribuições dos diferentes profissionais, socializar conhecimento

e informações, participarem do processo de formação de profissionais com

vistas a identificar os problemas biológicos, mentais e sociais da comunidade.

Os membros da equipe devem articular suas práticas e saberes no

enfrentamento de cada situação identificada para propor solução conjunta e

intervir de maneira adequada.

A Portaria GM/MS 648 de 28 de março de 2006, descreve as atribuições

mínimas específicas de cada categoria profissional, como as indicadas e

descritas a seguir, cabendo ao gestor municipal ou do Distrito Federal ampliá-

las, de acordo com as especificidades locais.

1.1.1 Atribuições do Enfermeiro

a) realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde,

prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e

manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias na USF e, quando

indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços

comunitários (escolas, associações, e outros), em todas as fases do

desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e

terceira idade;

b) conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo

gestor municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições

legais da profissão, realizar consulta de enfermagem, solicitar

exames complementares e prescrever medicações;

c) planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvidas pelos

ACS;

d) supervisionar, coordenar e realizar atividades de educação

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permanente dos ACS e da equipe de enfermagem;

e) contribuir e participar das atividades de Educação Permanente do

Auxiliar de Enfermagem, Auxiliar de Consultório Dentário (ACD) e

Técnico em Higiene Dental (THD); e

f) participar do gerenciamento dos insumos necessários para o

adequado funcionamento da USF.

1.1.2 Atribuições do Médico

a) realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde,

prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e

manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias em todas as fases

do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e

terceira idade;

b) realizar consultas clínicas e procedimentos na USF e, quando

indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços

comunitários (escolas, associações, e outros);

c) realizar atividades de demanda espontânea e programada em clínica

médica, pediatria, ginecoobstetrícia, cirurgias ambulatoriais,

pequenas urgências clínico-cirúrgicas e procedimentos para fins de

diagnósticos;

d) encaminhar, quando necessário, usuários a serviços de média e alta

complexidade, respeitando fluxos de referência e contra-referência

locais, mantendo sua responsabilidade pelo acompanhamento do

plano terapêutico do usuário, proposto pela referência;

e) indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar,

mantendo a responsabilização pelo acompanhamento do usuário;

f) contribuir e participar das atividades de Educação Permanente dos

ACS, Auxiliares de Enfermagem, ACD e THD; e

g) participar do gerenciamento dos insumos necessários para o

adequado funcionamento da USF;

h) compete ao médico acompanhar a execução dos protocolos,

devendo modificar a rotina médica desde que existam indicações

clínicas e evidências científicas para tanto.

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1.1.3 Do Auxiliar e do Técnico de Enfermagem

a) participar das atividades de assistência básica realizando

procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na USF

e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais

espaços comunitários (escolas, associações etc.);

b) realizar ações de educação em saúde a grupos específicos e a

famílias em situação de risco, conforme planejamento da equipe; e

c) participar do gerenciamento dos insumos necessários para o

adequado funcionamento da USF.

1.2 O ACS e suas atribuições

Na perspectiva de Wai (2007), o ACS pode ser encontrado em duas

situações distintas em relação à rede do SUS: ligado a uma unidade básica de

saúde ainda não organizada na lógica do PSF; ligado a uma Unidade Saúde da

família.

Os ACS exercem o trabalho sob a supervisão do profissional enfermeiro, desenvolvendo atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde através de ações educativas individuais e coletivas. (COLOMÉ, JAHN; BECK, 2003, p.23)

Segundo Wai (2007), atualmente em nosso país encontra-se em

atividade mais de 204 mil ACS, estando presentes tanto em comunidades

rurais e periferias urbanas, quanto em municípios altamente urbanizados e

industrializados. Para a mesma autora, o ACS tem se apresentado como uma

nova identidade social, porém ainda pouco estudada. No entanto, este

profissional vem ocupando um vazio existente nas práticas de saúde,

configurando-se num elo vivo entre a unidade e a comunidade.

Bezerra, Espírito Santo e Batista (2005) destacam, que os agentes

comunitários de saúde vêm se constituindo, no PSF, como segmento efetivo do

trabalho em saúde, representando novos atores nos cenários da assistência. É

um segmento efetivo da produção dos serviços, que se apresenta, não apenas,

como suporte para gerar determinadas ações em saúde, mas, também, como

peça essencial na organização da assistência.

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Segundo Bezerra, Espírito Santo, Batista (2005) o ACS por vivenciar os

problemas e morar na comunidade em que desempenha sua função, é uma

figura muito importante, pois é o elo de interlocução entre a equipe e o usuário,

na produção do cuidado. Ele traz para dentro da equipe de saúde o olhar da

comunidade.

Ser agente de Saúde é ser povo, é ser comunidade, é viver dia a dia a vida daquela comunidade (...). É ser o elo de ligação entre as necessidades de saúde da população e o que pode ser feito para melhorar suas condições de vida. O agente comunitário é o mensageiro de saúde da comunidade. (BRASIL, 1991 apud SILVA; DALMASO, 2002 p.75).

A profissão do ACS foi regulamentada em 10 de julho 2002, com a lei

10.507, sendo responsável pelo acompanhamento de 750 pessoas

determinadas de acordo com a área de abrangência da Unidade de Saúde. O

ACS constitui-se em um profissional ativo para melhorar e motivar a

capacidade da população quanto aos cuidados com sua saúde e transforma-se

em ator imprescindível para o desenvolvimento psíquico, físico, econômico,

político e social da população. A mesma lei determina os requisitos necessários

para ser ACS: ser morador da área de atuação há pelo menos dois anos, ter

completado o ensino fundamental, ser maior de 18 anos e concluir de forma

satisfatória o Curso Introdutório para as equipes de PACS/PSF (BARALHAS,

2008).

As atribuições do agente comunitário de saúde foram reeditadas a partir

desta lei, e, em 28 de março de 2006, pela Portaria do Ministério da Saúde, GM

nº. 648, ficou estabelecido como atividades a serem executadas pelos ACS:

a) desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de

saúde e a população adscrita à UBS, considerando as características

e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e

grupos sociais ou coletividade;

b) trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica definida, a

microárea;

c) estar em contato permanente com as famílias desenvolvendo ações

educativas, visando a promoção da saúde e a prevenção das

doenças, de acordo com o planejamento da equipe;

d) cadastrar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros

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26

atualizados;

e) orientar famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis;

desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das

doenças e de agravos, e de vigilância à saúde, por meio de visitas

domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios

e na comunidade, mantendo a equipe informada, principalmente a

respeito daquelas em situação de risco;

f) acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e indivíduos

sob sua responsabilidade, de acordo com as necessidades definidas

pela equipe;

g) cumprir com as atribuições atualmente definidas para os ACS em relação

à prevenção e ao controle da malária e da dengue, conforme Portaria nº.

44/GM, de 3 de janeiro de 2002. (BRASIL, 2002)

Segundo Duarte, Silva e Cardoso (2007), todas estas atribuições exigem

do ACS uma liderança natural na comunidade, fundamentada na capacidade

de se comunicar com as pessoas para estimular a co-responsabilidade na

melhoria da qualidade de vida e saúde da população.

Os ACS possuem um papel muito específico que os difere dos demais

membros da equipe do PSF. Antes de tudo, são pessoas que convivem com a

realidade e as práticas de saúde do bairro onde moram e trabalham, portanto

identificam-se com a cultura, linguagem e os costumes de sua própria

comunidade (NUNES, 2002 apud DUARTE; SILVA; CARDOSO, 2007).

Segundo Baralhas (2008), o ACS recebe uma formação básica, através

de um curso introdutório, oferecido, em sua maioria, pelas Secretarias

Municipais de Saúde, até 3 meses após a contratação do profissional, com o

principal objetivo de fornecer conhecimento para suas ações e para melhor

compreensão de seu trabalho e dos demais profissionais da equipe. Esta

capacitação deve iniciar-se concomitante ao início do trabalho da equipe do

PSF.

Baralhas (2008), ressalta, que esta fase é de extrema importância, visto

ser a partir daí que os profissionais se sensibilizam para a construção de um

novo modelo e adquirem conhecimentos que possa prepará-lo para estar

atuando junto a comunidade.

O Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de

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Saúde, preocupados com a peculiaridade do trabalho do ACS, instituíram a

Formação Profissional dos Agentes Comunitários de Saúde, iniciada no ano de

2005, com a participação das três esferas de governo, cuja proposta é

conceder aos agentes já atuantes na rede a formação em nível técnico,

melhorando, assim, a qualidade da assistência prestada. (BARALHAS, 2008)

Baralhas (2008) descreve, que no estado de São Paulo esse processo

de formação esta ligado aos Centros Formadores de Pessoal de Saúde

(Cefors). O curso tem um total de 1.350 horas/aula, dividido em 3 módulos,

com duração de 450 hora/aula. Esta proposta visa dar suporte para o exercício

da função dos ACS, bem como equiparar o nível de formação dos mesmos,

visto que para realizar a matrícula é exigido certo grau de escolaridade; ao final

dos 3 módulos, o profissional deverá ter concluído o ensino médio.

Segundo Tomaz (2002), evidenciam-se três aspectos que devem ser

levados em conta ao discutir o processo de formação ou qualificação do ACS:

o perfil do profissional a ser capacitado, suas necessidades de formação e

qualificação, e que competências devem ser desenvolvidas ou adquiridas no

processo educacional.

(...) o processo de qualificação do ACS ainda é desestruturado, fragmentado, e, na maioria das vezes, insuficiente para o adequado desempenho de seu papel. (TOMAZ, 2002, p. 266)

Os mesmos autores defendem a necessidade de utilizar métodos de

ensino-aprendizagem inovadores, reflexivos e críticos, centrados no estudante,

e, se possível, incluir novas tecnologias, como a educação à distância.

De acordo com Tomaz (2002), os conhecimentos exigidos no processo

de trabalho do ACS são bastante complexos e diversificados, apontando

também ao fato destes conhecimentos ultrapassarem o campo da saúde, pois

requer dos ACS conhecimentos dos aspectos que estão presentes na vida da

população local, o que exige uma atuação intersetorial.

Segundo Lunardelo (2004 apud BARALHAS, 2008), a qualificação e

profissionalização do ACS, é um fator de realização pessoal e profissional para

os mesmos, que têm buscado a construção da sua identidade, como também

um crescimento humano e profissional.

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Em seu trabalho Tomaz (2002), ressalta que por falta de uma clara

delimitação de suas atribuições, o papel do ACS tem sido distorcido

sobrecarregando, muitas vezes, seu trabalho, passando a ser uma carga

excessiva. Qualquer ação que deva ser desenvolvida nas famílias e na

comunidade é atribuída ao ACS.

Segundo Baralhas (2008), o ACS encontra limitações inerentes ao seu

trabalho, que estão relacionadas ao modo como eles mesmos percebem suas

ações e atribuições e o que os profissionais da equipe compreendem sobre seu

papel. A mesma autora relata ser visível o desejo dos ACS de deter

conhecimento técnico-biológico, para estar direcionando-o para ações

assistenciais curativa.

Os ACS estão direcionados e orientados para execução de suas ações, conforme portarias editadas pelo MS. Muitas vezes, como é permitido adaptação de acordo com a realidade local, esses profissionais carregam uma gama de atribuições muito extensas do que a permitida na proposta dos programas. (BARALHAS, 2008 p. 37)

Segundo Baralhas (2008), as questões apresentadas que envolvem os

ACS levam a refletir sobre estes profissionais atuantes nos serviços e sua

importância na reorganização da prática sanitária vigente.

Com relação à atuação dos ACS frente às necessidades dos idosos,

encontramos vários estudos realizados por autores diversos, podendo citar

como exemplos: Bezerra; Espírito Santo e Batista (2005), Colomé, Jahn e

Beck, (2003), Silvestre e Costa Neto, (2003), Pacheco e Santos (2004), entre

outros.

Estes autores buscam identificar o conhecimento dos ACS frente à

saúde dos idosos, bem como sua inserção, percepção e prática profissional.

Neste sentido, Silvestre e Neto (2003) ressaltam em seu trabalho que o

grande desafio para o ACS é construir uma imagem positiva sobre o ser idoso.

Segundo os mesmos autores, o cuidado do idoso deve basear-se

principalmente na família e na atenção básica de saúde, através das Unidades

Básicas de Saúde, em especial nas unidades de PSF, pela possibilidade de

maior reconhecimento dos problemas da população, e o desenvolvimento de

vínculo com o idoso atendido.

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29

Os profissionais devem estar atentos à importância da inserção do idoso

na família e na vida da comunidade, para manter seu equilíbrio físico,

emocional e mental (FLORIANI; SCHRAMM, 2004).

A equipe de saúde precisa estar sempre atenta à pessoa idosa, na constante atenção ao seu bem-estar, à sua rotina funcional e a sua inserção familiar e social, jamais a deixando à margem de seu contexto, mantendo-a mais independente possível no desempenho de suas atividades rotineiras. (BRASIL, 2000 p.11)

Para Colomé, Jahn e Beck (2003), o ACS vem contribuir de forma

positiva na melhoria das condições de saúde do idoso, exercendo o trabalho

sob a supervisão do enfermeiro da unidade, desenvolvendo atividades de

prevenção e promoção da saúde, através de ações educativas de forma

coletiva e individual.

Em geral, o trabalho realizado pelo ACS busca uma resolutividade, uma

vez que as ações desenvolvidas por este profissional é pautada na sua

identificação com a comunidade, mas Silvestre e Costa Neto (2003) ressaltam

a necessidade dos profissionais receberem capacitação e formação para

atuarem com idosos.

Para atuar nesta perspectiva, é necessário que o poder público invista na formação de indivíduos capazes de lidar com os múltiplos aspectos que revestem o envelhecimento humano. (BEZERRA; ESPÍRITO SANTO; BATISTA, 2005, p.814)

Os ACS têm se mostrado despreparados para atuar na saúde dos

idosos, conforme destacam Bezerra, Espírito Santo e Batista (2005). Os

autores relatam que é necessário prover condições e preparo para que o ACS

disponha de instrumento adequado ao lidar com as necessidades e problemas

dos idosos, desta forma estarão contribuindo com os demais profissionais, e

juntos promoverem um envelhecimento saudável.

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30

CAPÍTULO II

SAÚDE DO IDOSO: CONHECENDO OS PRINCIPAIS AVANÇOS E

DESAFIOS

2 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

O século XX foi marcado por grandes avanços nas ciências do

envelhecimento graças aos estudos dos pioneiros Metchnikoff e Nascher que

estabeleceram os fundamentos da Gerontologia e da Geriatria. (FREITAS et

al., 2002)

Assim, a Gerontologia caracteriza-se como um ramo da ciência que

estuda o processo de envelhecimento e os múltiplos problemas que envolvem

a pessoa idosa. Já a Geriatria é a ciência que estuda os aspectos curativos e

preventivos da atenção à saúde. Essa possui uma relação próxima com as

ciências da área médica. (OHARA; SAITO 2008)

Segundo Castro e Vargas (2005), os gerontologistas ressaltam que o

processo de envelhecimento começa desde a concepção. Tais autores afirmam

ainda que a velhice é um processo contínuo onde ocorrem transformações

morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, levando a progressiva

perda da capacidade de adaptação, maior vulnerabilidade, processos

patológicos, que culminam por levá-lo à morte.

O homem desde o principio da civilização sempre se preocupou com o

processo de envelhecimento e com a velhice que é uma conseqüência natural.

Porém, nos últimos anos o envelhecer, assim como a incapacitação funcional

associada a esse processo passou a ser interesse político, social, econômico e

de muitos profissionais, surgindo vários estudos a respeito. (FREITAS et al.,

2002 )

De acordo com Castro e Vargas (2005), em épocas anteriores o estudo

científico sobre envelhecimento ficava em segundo plano, em virtude de uma

visão puramente capitalista, onde não havia interesse em despender recursos

para estudar uma fase da vida em que o homem já não mais produzia e muitas

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31

vezes, estava dependente.

Segundo Freitas et al. (2002), o envelhecimento da população brasileira

só começou a ser pesquisado em 1988 durante o VI Encontro Nacional de

Estudos Populacionais e daí em diante outros estudos se seguiram. Ainda

segundo os mesmos autores, esse interesse deve-se de um lado à natural

tendência em se pesquisar e estudar o envelhecimento e, por outro, o grande e

rápido aumento da população idosa pressionou passivamente o

desenvolvimento nesse campo.

Atualmente são evidentes os vários avanços da tecnologia em diversas

áreas do conhecimento humano em especial, aqueles que proporcionaram o

prolongamento da expectativa de vida da população. Entre esses avanços

podemos citar: o aumento dos recursos médicos tecnológicos, como a

descoberta de métodos diagnósticos e terapêuticos, melhoria das condições de

vida e de medidas preventivas. Esses fatores associados à redução das taxas

de fecundidade e mortalidade permitiram com que as pessoas vivessem mais,

ou seja, levaram à longevidade e determinando o envelhecimento populacional.

(COLOMÉ; JAHN; BECK, 2003)

Para Freitas et al. (2002), a queda da mortalidade é um processo que se

inicia no momento do nascimento e altera a vida do indivíduo, da sociedade e

das estruturas familiares e hoje o envelhecimento populacional se sobressai

como um fenômeno mundial.

No Brasil estima-se que a população de idosos crescerá 16 vezes, contra cinco vezes o crescimento da população geral. Em termos absolutos, em 2025 isso significará a sexta maior população de idosos do mundo, ou seja, 32 milhões de indivíduos idosos. Tal processo não é discutido apenas por suas implicações sociais, mas também pela necessidade de estruturação de um modelo assistencial que contemple o segmento idoso de forma integral. (BEZERRA; ESPÍRITO SANTO; BATISTA, 2005, p.810)

Segundo Freitas et al. (2002), a participação na sociedade de idosos na

faixa de 60 anos e mais aumentou no Brasil de 4% em 1940 para 9% em 2000.

Segundo os mesmos autores, com o decorrer dos anos tem ocorrido também,

o aumento da proporção da população mais idosa, de 80 anos e mais,

alterando o próprio grupo.

O fenômeno relacionado ao envelhecimento populacional tem sido

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32

motivo de preocupações por causarem mudanças sócio-econômica e político-

cultural na sociedade. Essa preocupação não é apenas dos países

desenvolvidos, onde o fenômeno do envelhecimento se iniciou primeiramente,

mas também dos países em desenvolvimento, onde a proporção de idosos

vem ocorrendo em um ritmo bastante acelerado. (CASTRO; VARGAS, 2005 )

Em 1980 existiam cerca de 16 idosos para cada 100 crianças , 20 anos

depois, essa relação praticamente dobrou passando para quase 30 idosos por

cada 100 crianças. (IBGE, 2000)

Contudo, para Castro e Vargas (2005) o setor da saúde sofrerá grande

impacto em seu financiamento com essas transformações e mudanças, pois

sem dúvida há um aumento desproporcional de gastos com essa população.

Dessa forma, surge a necessidade de uma adaptação da sociedade

como um todo para se adequar a essa realidade de forma positiva. Essa

população, cujo número tem crescido, tem necessidades médicas,

psicológicas, sociais, emocionais, financeiras, ambientais entre outras.

(FREITAS et al., 2002)

As necessidades dos idosos ultrapassam os aspectos físicos, devendo ser considerados os aspectos ambientais, culturais, sociais, familiares, psicológicos e espirituais, dentre outros, para que os profissionais possam assisti-los de forma contextualizada e integral, promovendo a qualidade de vida na terceira idade, minimizando o grau de dependência e estimulando sua participação na sociedade. (COLOMÉ; JANH; BECK, 2003, p.23)

Portanto, para tal assistência faz-se necessários profissionais

qualificados para enfrentar essa demanda.

Outro aspecto que tem recebido bastante atenção é a feminilização da

velhice. (FREITAS et al., 2002). Segundo Roach (2003), em 1990, a

expectativa de vida ao nascer era de 79 anos para as mulheres e 72,1 para

homens, em 2040 está projetado que a expectativa de vida será de 82,8 anos

para mulheres e 75,9 para homens.

Na perspectiva de Freitas et al. (2002), no Brasil, o impacto social

relacionado ao envelhecimento é mais importante que o estudo das causas

biológicas do envelhecimento. A importância do impacto social é devido ao fato

de que o Brasil, ainda passa por ajustes na política econômica e desigualdades

sociais em muitas regiões e paralelamente as modificações demográficas que

estão ocorrendo, cresce também a necessidade de profundas transformações

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socioeconômicas nos países de terceiro mundo. Em relação ao aspecto

econômico, o idoso é muitas vezes visto com preconceito, pois é

0000considerada uma população não produtiva, quando na verdade o lado

produtivo e criativo do idoso pode ser incentivado através de políticas sociais.

(CASTRO; VARGAS, 2005)

Á precária condição socioeconômica, associam-se múltiplas afecções concomitantes, perdas não raras da autonomia e independência e dificuldade de adaptação do idoso à as exigências do mundo moderno que, em conjunto, levam o velho ao isolamento social. (FREITAS et al., 2002 p.4)

Segundo Freitas et al. (2002), os idosos por terem sua força de trabalho

reduzida, em virtude de doenças crônico-degenerativas não têm como

enfrentar uma competição desigual, a marginalização e a perda da sua

condição social.

Felizmente, segundo Castro e Vargas (2005), essa situação tem sido

revertida aos poucos, através da criação de políticas e ações, tendo como

participantes o poder público, idosos e comunidade. Os autores afirmam ainda

que a velhice e suas dimensões têm sido difundidas na sociedade pelos meios

de comunicação das universidades, sociedades científicas, palestras e no

discurso do Estado.

2.1 Caracterização e perfil dos idosos nos dias atuais

A organização Mundial da Saúde (OMS) define população idosa como

aquela a partir dos 60 anos de idade, nos países em desenvolvimento e 65

anos de idade nos países desenvolvidos. (IBGE, 2002)

Em abril de 2002 a Assembléia Geral das Nações Unidas realizou na

cidade de Madri a 2ª Assembléia Mundial sobre envelhecimento para discutir o

impacto do rápido envelhecimento no planeta e propor políticas específicas

para este seguimento etário. Para que se possam traçar diretrizes políticas

adequadas à população idosa, é preciso conhecer o perfil e as características

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dessa população que no Brasil já atinge quase 15 milhões de pessoas. (IBGE,

2002)

Portanto, conhecer as reais necessidades do idoso torna possível

adequar várias ações que englobam aspectos biosocioeconômicos, para que

os mesmos tenham assistência eficiente, humana e resolutiva como é

preconizado pelo PSF. (ARAUJO, 2003)

Segundo Ohara e Saito (2008), as alterações no perfil demográfico dos

países em desenvolvimento assustam, pois esse aumento traz evidentes

efeitos sobre o sistema social, econômico e de saúde.

A promulgação em 4 de janeiro de 1994, da Lei 8.842, que dispõe sobre

a política do idoso é uma prova da preocupação com a questão do idoso. De

acordo com a referida lei, a Política Nacional do Idoso tem por objetivo

assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua

autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Em seu artigo 3º,

reconhece que o envelhecimento populacional é questão de interesse da

sociedade em geral. No parágrafo V, reconhece a necessidade de considerar

as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as

contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil. (IBGE, 2002)

O IBGE (2002), ao realizar o Censo demográfico de 2000 procurou

retratar a população idosa, especialmente aquela responsável pelo domicílio e

buscou dados referentes à condição no domicílio, à situação educacional e ao

rendimento mensal do idoso brasileiro. Quando o mesmo fala em responsável

pelo domicílio no Censo Demográfico 2000 se refere à indicação pelos

moradores daquela pessoa considerada como referência do domicílio ou da

família.

Do ponto de vista demográfico, envelhecer significa aumentar o número

de anos vividos. Juntamente com a evolução cronológica estão fenômenos

biopsíquicos e sociais importantes para a percepção da idade e do

envelhecimento. Nas sociedades ocidentais o envelhecimento está associado à

saída da vida produtiva por meio da aposentadoria aos 60 anos. Porém, é difícil

caracterizar uma pessoa como idosa apenas pela idade. Além do mais, na

terceira idade estão indivíduos diferenciados entre si, tanto do ponto de vista

socioeconômico como demográfico e epidemiológico. (CARVALHO e

ANDRADE, 2000 apud IBGE, 2002)

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2.1.1 Distribuição urbana-rural da população idosa

A distribuição da população urbana-rural idosa acompanha o processo

de urbanização no Brasil. Os idosos residentes nas áreas rurais passaram de

23,3% , em 1991, para 18,6%, em 2000. Na América Latina a maioria dos

idosos que vivem nas áreas urbanas são mulheres. (IBGE, 2002)

De acordo com o Coldevin (apud IBGE, 2002, p.15), “projeções

demográficas mostram que a tendência a uma maior urbanização e o aumento

do número de idosos continuará, com mais homens nas zonas rurais e

mulheres idosas nas cidades”.

Outro ponto importante a ser destacado, é o fato da residência na cidade

facilitar a vida da mulher idosa, especialmente das viúvas, pela proximidade

com seus filhos, serviços de saúde, comércio e outras facilidades que a vida

urbana oferece. (IBGE, 2002)

2.1.2 Feminilização da velhice

Segundo Roach (2003 p. 2), “está comprovado que as mulheres vivem

mais que os homens, pois as mulheres idosas superam o número de homens

idosos em 3 a 2”. Este fenômeno pode ser explicado pelo fato de as mulheres

serem mais pacifistas, menor exposição a riscos no trabalho, se preocupam e

prestam mais atenção aos problemas de saúde, melhor conhecimento destes e

utilizam mais os serviços de saúde. (BERQUÓ apud ARAUJO, 2003)

A longevidade feminina traz consigo problemas como viuvez, solidão,

enfrentamento com a perda do companheiro, dificuldades financeiras, falta de

um cuidador ou dependendo de cuidados de parentes e maior dificuldade de

encontrar um companheiro. O fato de as mulheres idosas predominarem sobre

os homens idosos tem repercussões consideráveis nas demandas por políticas

públicas. Embora elas vivam mais que os homens, estão mais sujeitas a

deficiências físicas e mentais. (FREITAS et al., 2002)

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Segundo Araujo (2003), para as mulheres são maiores as chances de

enfrentar o declínio da capacidade física e mental sem apoio de um marido.

Freitas et al. (2002), ressaltam que a maior parte das mulheres são

viúvas ou separadas e vivem só, não fazem parte do mercado formal de

trabalho, possuem baixa escolaridade, apresentam debilidade biológica,

enquanto os homens morrem antes.

Roach (2003) ilustra que os benefícios da Previdência Social geralmente

são menores do que os recebidos pelos homens, pois muitas mulheres

apresentam descontinuidade no tempo de trabalho. O autor ainda refere que as

mulheres são mais aptas a sair do emprego para cuidar de problemas

familiares, recebem menores salários, e dão prioridade a outras áreas da vida

em detrimento da vida profissional.

Com base nos dados da Pesquisa Nacional por amostra de Domicílios (PNAD) de 1995, as mulheres viúvas constituíam 45% das mulheres idosas, as separadas 7% e as solteiras outros 7%%. Por outro lado quase 80 % dos homens estavam em algum tipo de união conjugal. (FREITAS et al. 2002, p. 61)

Na perspectiva de Roach (2003), o homem idoso que torna-se viúvo tem

mais probabilidade de casar-se novamente do que as mulheres idosas viúvas e

também as viúvas superam os viúvos em cinco para um.

Desta forma, a diferença conjugal por sexo se explica de um lado pelo

fato das mulheres viverem mais que os homens e por outro em razão da

sociedade e cultura que admite com mais facilidade que os homens se casem

com mulheres mais novas do que eles. (FREITAS et al., 2002)

2.1.3 O idoso no domicílio

Segundo o IBGE (2002), foi verificado no censo demográfico do ano

2000 que 62,4% dos idosos eram responsáveis pelos domicílios brasileiros,

observando-se um aumento em relação a 1991, quando os idosos

responsáveis representavam 60,4%. Os cônjuges representam cerca de 22% ,

que significa que grande parte dessa população, 84,4%, ocupa papel de

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destaque na organização familiar brasileira. Em 2000, os idosos do sexo

feminino compunham 37,6% dos responsáveis pelo domicílio, enquanto no

início da década passada essa proporção atingia 31,9%. Tem destaque o fato

de que a idade média do responsável idoso, em 2000 estava em torno de 69,4

anos, sendo 70,2 anos para o sexo feminino e 68,9 anos para o sexo

masculino.

Um fator que tem chamado bastante atenção é o elevado número de

domicílios unipessoais ocupados por mulheres idosas, pois em 2000 no

conjunto do país representavam 67%. (IBGE, 2002). Uma explicação para esse

fenômeno pode ser encontrada no fato de que o grande número de mulheres

viúvas possa estar vivendo sozinhas. Além disso, como os viúvos ou

separados se recasam com mais facilidade que as mulheres nas mesmas

condições causando diferenciação dos arranjos familiares em função do gênero

e da idade do responsável (BERQUÓ et al.,1990 apud IBGE,2002). Os idosos

em domicílios unipessoais são mais freqüentes nas regiões Sul e Sudeste

(IBGE, 2002).

Para o IBGE (2002), nas últimas décadas, o contexto demográfico em

geral vem demonstrando uma redução no número de pessoas da família no

Brasil. Mostra ainda que mais da metade onde o responsável seja idoso

também residiam pessoas na condição de filhos ou enteados, sendo 56,8%

onde o responsável era do sexo masculino, contra 50,6% quando o domicílio

estava sob a responsabilidade de uma idosa.

As condições de saneamento básico são de suma importância, devido à

contribuição para o bem estar e a saúde dos moradores. Neste sentido, o

Censo 2000 observou que nos domicílios onde o responsável era idoso, 56,8%

apresentavam saneamento adequado com rede de esgoto ou fossa séptica e

coleta de lixo. Porém, há diferenças regionais, sendo encontrado na região

Sudeste cerca de 80% dos domicílios com idosos responsáveis e saneamento

básico adequado, enquanto na região Norte essa proporção cai para 24%.

Ainda havia um número considerável de idosos vivendo em domicílios com

saneamento semi adequado ou inadequado. (IBGE, 2002)

2.1.4 Distribuição dos idosos segundo a etnia

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Segundo Araujo e Alves (2000), em 1996 mais da metade dos idosos

brasileiros se declararam brancos (63,3%), 35,6% pretos ou pardos, e menos

de 1% se declarou amarelo. Ainda segundo o mesmo autor, entre a população

branca, os idosos representavam 9,7%. Entre os pretos e pardos, a proporção

de idosos alcançava 10,2% e 6,7% respectivamente. Considerando as 650 mil

pessoas de cor amarela apontadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílio (PNAD), 15,3% delas tinham 60 anos ou mais.

2.1.5 Nível de escolaridade entre os idosos

Em se tratando da população idosa, o índice de alfabetização é

considerado um termômetro das políticas educacionais brasileiras do passado.

Nas décadas de 1930 até pelo menos 1950, a educação era restrita a alguns

grupos da sociedade específicos. O baixo saldo da escolaridade média dos

idosos é reflexo desse acesso desigual. (IBGE, 2002)

O Censo demográfico 2000 mediu a alfabetização pelo número de

pessoas que se declararam saber ler e escrever, pelo menos um bilhete

simples. Na última década houve um aumento significativo desse indicador. A

proporção de idosos alfabetizados passou de 55,8% em 1991 para 64,8%, em

2000, representando um crescimento de 16,1% no período (IBGE, 2002).

Apesar desse avanço, em 2002, a população de idosos analfabetos era

grande, representando cerca de 5,1 milhão de pessoas. (IBGE, 2002)

De acordo com Araujo et al. (2003), o analfabetismo nos idosos é ainda

marcante, chegando a 45% desta população. O mesmo autor diz que entre

aqueles que conseguiram chegar às escolas, apenas 5,4% puderam completar

o curso primário e 49,6% têm primário incompleto.

O nível de alfabetização considerando o sexo é diferenciado, os homens

continuam sendo mais alfabetizados que as mulheres com 67,7% contra 62,6%

respectivamente. Essa diferença pode ser explicada pelo fato de que no

passado os homens tinham mais acesso à escola do que as mulheres. (IBGE,

2002)

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Em relação ao número de anos de estudo, o valor encontrado em 2000

continuava sendo muito baixo, com média de apenas 3,4 anos. Para os

homens 3,5 anos e para as mulheres 3,1 anos. Porém, em comparação com

1991, houve aumento nesta média para ambos os sexos, sendo que o

crescimento relativo na média foi maior para as mulheres. Ao comparar a

média de anos de estudos entre as Unidades da Federação, observou-se que

são bem variadas, ficando o Distrito Federal com 6,0 e o Maranhão com 1,5

anos de estudo. (IBGE, 2002)

Contudo, observa-se que no período intercensitário houve uma melhora

significativa, o que indica maior acesso a educação, provavelmente resultado

dos programas de alfabetização de adultos implementados nas últimas

décadas. O quadro educacional melhorou nas últimas décadas, mas, a

situação dessa população ainda é desfavorável, o que afeta sua condição de

vida e de seus familiares. Além disso, nos dias atuais são muitas as exigências

da vida moderna em relação ao cotidiano do idoso. (IBGE, 2002)

2.1.6 Rendimentos dos idosos

A renda de um indivíduo é responsável pela aquisição de bem e serviço,

sendo indicador de bem estar individual e de pobreza. As zonas rurais

apresentam menores índices de desenvolvimento econômico, sendo

necessário maior incremento de renda nessas áreas para reduzir as

desigualdades sociais. O rendimento rural nas regiões Norte e Nordeste são

ainda mais baixo, trazendo altos índices de pobreza rural. (IBGE, 2002)

O idoso ainda possui renda media inferior a do conjunto da população de

menor idade, mas nos últimos anos analisados, seu crescimento foi mais

intenso. Dados publicados pelo IBGE no ano 2000 evidenciaram que o Distrito

Federal e o Rio de Janeiro apresentaram os maiores rendimentos médios para

idosos (R$ 1.796,00 e 1.018,00, respectivamente), seguidos pelos demais

estados da região Sul e Sudeste. Os menores rendimentos por sua vez, foram

verificados nos estados do Nordeste, em especial no Maranhão, onde a média

de rendimento girou em torno de R$287,00. (IBGE 2002)

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40

Segundo Araujo et al. (2003), o IBGE (2001), faz referência às altas

taxas de migração dos estados do norte-nordeste para outros estados em

busca de melhor qualidade de vida.

Em relação ao trabalho (Brasil MS apud ARAUJO et al., 2003), diz que a

satisfação no trabalho é de extrema importância, pois esta se constitui num dos

mais importantes estímulos para a longevidade entre os homens. Esse trabalho

pode ser entendido como atividade profissional, doméstico ou voluntário. Este

fato é preocupante, pois segundo o autor citado, 51,2 % dos homens

entrevistados encontravam-se sem nenhuma atividade profissional, ao passo

que 70,9% das mulheres apontavam o cuidado do lar como atividade

profissional.

No caso dos idosos homens, em 1999 os rendimentos de aposentadoria

representavam o principal componente da renda (54,1), enquanto o rendimento

do trabalho era de apenas 36%. Para as idosas, quase 80% da renda

correspondia aos rendimentos de pensão e aposentadoria. (IBGE, 2002)

A universalização dos benefícios da seguridade social foi muito

importante para a melhoria dos rendimentos dos idosos, porém o grande

aumento do número de idosos causa fortes pressões no sistema

previdenciário. Em paralelo, o aumento da proporção de idosos que vivem

sozinhos traz a tona questões sobre as condições que devem ser oferecidas

aos mesmos para que tenham uma vida mais autônoma e integrada. (IBGE,

2002)

Segundo Roach (2003), para que se possa acompanhar o aumento da

demanda por pagamento de benefícios da seguridade social, mais mudanças

poderão ocorrer no futuro.

2.1.7 Aspecto religioso

As pessoas idosas parecem se aproximar mais da religião. A

maturidade, a experiência, os problemas da vida, a maior disponibilidade de

tempo levam a essa proximidade. Os profissionais de saúde devem levar em

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consideração os aspectos religiosos ao atender a população idosa. (VALENTE

apud ARAUJO et al., 2003)

De acordo com Araujo et al. (2003), dentre os idosos 46,8% professam o

catolicismo, 42,3% são evangélicos, 7,21% espíritas e 3, 60% relatam não

pertencer a nenhuma religião.

2.1.8 Violência e preconceito

A cada dia, o problema da violência contra idosos torna-se cada vez

mais extenso. É comum ouvirmos falar em denuncias de maus tratos contra

idosos. Essa violência é expressa principalmente sob a forma de abandono

pelos familiares, institucionalização forçada, ameaças, chantagem,

desvalorização, roubos, abuso de autoridade, agressões físicas e verbais. Os

profissionais de saúde deverão estar capacitados a identificar os casos de

maus tratos e acionar os serviços de proteção das vítimas e acompanhar os

casos identificados. (ARAUJO, 2003)

Muitas pessoas em nossa sociedade evitam falar sobre envelhecimento. A

velhice está associada à deterioração, doenças crônicas e mentais e morte. Na

verdade, envelhecer é apenas uma fase da vida. Tem problemas e

dificuldades, mas também tem prazeres e compensações. “Há muitas idéias

falsas e erros de concepção sobre o idoso”. (ROACH, 2003, p.7).

Em anos anteriores havia maior respeito pelas pessoas mais velhas. Eram

considerados sábios, com experiências de vida a serem aproveitadas.

Entretanto, durante tempos, antes e depois da guerra a velhice passou a ser

vista negativamente. (ROACH, 2003)

Podemos citar como exemplo de preconceito contra o idoso o fato de ver

todas as pessoas idosas como inúteis, vulneráveis, dementes ou carentes de

assistência. Atitudes negativas incluem não dar valor às opiniões, contribuições

e idéias, dizendo que os velhos não sabem de nada; tratá-los com desrespeito,

e ignorá-los. (ROACH, 2003)

Com o grande aumento da população idosa, atitudes com essa população

parecem estar mudando novamente. “O pendulo que se moveu em direção ao

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preconceito do idoso parece mover-se para uma visão mais humanista sobre a

velhice”. (ROACH, 2003, p. 7)

É necessário conhecer e analisar as relações entre envelhecimento e

dependência. A velhice pode ser produtiva desde que haja investimento nos

programas de inclusão social e valorização do idoso (FREITAS et. al., 2002)

2.2 Necessidades específicas dos idosos

Segundo Roach (2003 p.2), “não há um idoso típico. Cada pessoa é tão

diferente quanto as experiências que viveu ao longo da vida”. Ressalta que

embora eles sejam diferenciados e similares em muitas maneiras, existem

certas características e problemas comuns associados ao envelhecimento.

Contudo, quando se planeja e implementa cuidados deve-se considerar a

individualidade de cada um, com seus diferentes contextos de vida.

Quando uma pessoa envelhece é fato estabelecido que suas

características físicas mudem com o tempo, tornando-se notáveis. O cabelo

torna-se grisalho, a pele enruga, os ossos desmineralizam e os vasos

sanguíneos tornam-se enrijecidos e inelásticos. (SMITH; TIMBY, 2005)

Ocorrem também alterações anatômicas e fisiológicas nos vários

sistemas do organismo. No sistema nervoso ocorre perda neural, aumento da

espessura das meninges, atrofia cerebral, diminuição dos processos

dendríticos, redução da substância branca, diminuição da velocidade de

condução da célula nervosa, e diminuição das respostas. No sistema sensorial

são consideradas alterações fisiológicas a diminuição da acuidade visual e

fotossensibilidade. (OHARA; SAITO, 2008)

O sistema cardiovascular tem maior prevalência de hipertensão arterial e

doença coronariana. Existe uma diminuição de reserva funcional cardíaca,

porém essa reserva funcional é muito maior do que o necessário para a vida

cotidiana. Entre as alterações respiratórias que acontecem com o

envelhecimento tem destaque a diminuição da capacidade vital, devido ao

menor volume de oxigênio no sangue arterial. (OHARA; SAITO, 2008)

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43

No sistema musculoesquelético ocorrem transformações que afetam a

mobilidade, a locomoção e a postura do idoso, havendo diminuição no

equilíbrio e lentidão na execução dos movimentos, sem que isso prejudique

sua capacidade funcional. (OHARA, 2008)

As principais alterações gastrointestinais que ocorrem com a idade são

diminuição das glândulas salivares, causando boca seca, e algumas vezes

dificuldade de deglutição, alteração no paladar devido à diminuição do número

de papilas gustativas, atrofia da mucosa gástrica e intestinal, diminuição da

prestasse. (ROACH, 2003)

No sistema geniturinário começando em torno dos 40 anos ocorre uma

gradual diminuição em tamanho e número dos néfrons e até a idade de 80

anos, uma perda de 50%, porém cada rim requer somente 25% dos néfrons

para manter o seu funcionamento normal. Ocorre uma redução a taxa de

filtração, excreção e reabsorção renal, tem propensão a um maior limiar renal

de glicose de, maior risco de desidratação devido à diminuição da sensação de

sede. Os desequilíbrios eletrolíticos podem ocorrer mais rapidamente. As

mudanças na função renal alteram também a excreção das drogas pelos rins,

devendo-se tomar cuidados na prescrição e administração de medicamentos.

(ROACH, 2003)

Para Santos Filho (2006), quando as funções biológicas começam a

apresentar problemas que comprometem as reservas funcionais do idoso e

quando esses problemas atingem seu limiar, as queixas quanto á saúde, em

diferentes níveis começam a surgir.

Aderbal e Leite (2006) citam como características bastante marcantes

nesta faixa etária a alta prevalência de doenças, como as doenças

cardiovasculares, as neoplasias, os quadros demenciais e o manejo

terapêutico no idoso.

De acordo com Roach (2003), os idosos têm menos doenças agudas

que os mais jovens, porém quando são acometidos por doenças agudas

demoram a se recuperar e têm mais complicações. Ainda segundo o autor, a

doença crônica é a principal preocupação para o idoso, pois aproximadamente

80% dos idosos têm ao menos uma doença crônica e muitos até duas ou mais.

As doenças crônicas têm mais probabilidade de levar a incapacidades.

Sendo assim, a incidência dessas doenças complica os cuidados e torna a

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44

assistência de enfermagem uma parte integral da atenção ao idoso. Combater

as doenças crônicas nos idosos é um desafio para que atinjam sua mais alta

capacidade funcional. Dessa forma, é de suma importância dar ênfase aos

programas de manutenção da saúde e a busca de um estilo de vida saudável e

preventivo para ajudar o idoso a lidar com a doença crônica. (ROACH, 2003)

Roach (2003) afirma que as doenças mentais mais comuns nos idosos

são o alcoolismo, a demência e a depressão, ficando o suicídio como a décima

causa de morte entre os homens idosos.

Ao cuidar de pacientes idosos os profissionais da saúde devem estar

aptos a reconhecer as alterações fisiológicas normais para melhor atendê-los

em suas necessidades. Os idosos enfrentam problemas psicológicos e sociais

em virtude das respostas emocionais que ocorrem com o envelhecimento

normal, doenças agudas e crônicas, mudanças de papel na família e na

sociedade, status, problemas com moradia ou relacionados à assistência

médica. (SMITH; TIMBY, 2005)

Santos Filho (2006, p.76) ressalta a importância da “avaliação geriátrica

eficiente e completa a custos razoáveis”. Tem a mesma importância o

diagnóstico precoce de problemas de saúde e o trabalho em conjunto de

equipe multidisciplinar para orientação e apoio ao idoso quando necessários.

Uma avaliação geriátrica ampla na visão de Aderbal e Leite (2006) seria

avaliar o idoso de uma forma global, com o objetivo de impedir a progressão de

da doença e evitar a incapacidade funcional. Essa avaliação tem caráter

multidisciplinar e aborda a saúde física, as habilidades funcionais gerais, a

saúde psicológica e os fatores socioambientais. Dessa forma, torna possível

desenvolver um plano adequado de intervenção que visa o tratamento das

doenças diagnosticadas, evitar o seu agravamento e retardar as limitações

funcionais.

Os enfermeiros ao avaliar os padrões de saúde e doença nos idosos

devem levar em consideração as características individuais, o estilo de vida do

paciente, como situação social e ambiental, pois estes fatores influenciam

muito no funcionamento geral. (SMITH; TIMBY, 2005). Devem ainda avaliar o

grau de incapacidade, integralidade física, cognitiva e afetiva, adesão ao

tratamento e sentimentos. Nesta avaliação o enfermeiro deve utilizar os

conhecimentos específicos de enfermagem para a saúde do idoso, podendo

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45

assim ter condições de minimizar e compensar as perdas de saúde e as

limitações relacionadas ao envelhecimento. (OHARA; SAITO, 2008)

2.2.1 Idade Cronológica e Idade Funcional

De acordo com Roach (2003), a idade cronológica, ou seja, o número de

anos desde o nascimento é um método simples de avaliação da idade, embora

não seja o mais eficaz. Justifica essa afirmação, o fato de duas pessoas com a

mesma idade terem resposta funcional bastante diferente. Assim sendo, essa

diferença de funcionamento entre as pessoas de mesma idade, leva ao método

de avaliação funcional, que irá avaliar a idade em termos de desempenho

funcional.

Roach (2003, p. 57) “define avaliação funcional como um método

sistemático de avaliar a capacidade do idoso de funcionar no seu ambiente”.

Essa avaliação torna possível avaliar a saúde e o bem-estar do adulto idoso de

forma individual. Baseia-se na avaliação da saúde física, avaliação do auto

cuidado, avaliação psicológica e avaliação social. Assim sendo, a avaliação

funcional auxilia os profissionais da saúde a planejar e implementar o cuidado

do paciente idoso.

Sem uma boa avaliação funcional o adulto idoso pode não obter o cuidado de saúde necessário ou pode receber mais ajuda do que o necessário. O cuidado de saúde desnecessário pode propiciar dependência ou ser financeiramente devastador para as pessoas com rendimentos fixos. (ROACH, 2003 p. 56)

Segundo Roach (2003), a capacidade funcional da pessoa idosa é

comparada com o padrão de desempenho do adulto, portanto adultos que não

atendem o critério de desenvolvimento padrão esperado para adulto são

considerados idosos.

2.2.2 Necessidades Hierárquicas de Maslow

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46

Quando se pensa no cuidado direcionado à pessoa idosa, é necessário

utilizar um método ordenado e sistemático para identificar as necessidades

dessa clientela. Para isso Roach (2003) indica a teoria de Maslow, que se

baseia na hierarquia das necessidades e pode ser usada para priorizar e

planejar os cuidados de enfermagem. As necessidades de Maslow são

classificadas em ordem ascendente, começando pelas necessidades mais

básicas, como as necessidades fisiológicas. A seguir temos as necessidades

de segurança, necessidade de amor e integração social, necessidade de

estima e necessidade de auto-realização.

Raramente qualquer pessoa consegue atender a todas as necessidades

e Maslow estimou que menos de 1% da população atinge a realização

completa. (ROACH, 2003)

2.2.2.1 Necessidades Fisiológicas

As necessidades fisiológicas são as mais básicas ou inferiores e Maslow

acreditava que deveriam ser satisfeitas primeiro, antes de prosseguir para as

necessidades mais elevadas. São classificadas como necessidades

fisiológicas, a necessidade de oxigênio, alimento, água repouso e alimentação.

(ROACH, 2003)

“A enfermagem tem como base a ajuda ao idoso no atendimento das

necessidades que não podem realizar por si mesmos devido à idade, doença

ou lesão”. (ROACH, 2003 p. 17)

2.2.2.2 Necessidades de Segurança

Segundo Roach (2003), as necessidades de segurança são o segundo

nível nesta hierarquia e são particularmente importantes para o idoso, por se

tratarem de necessidades que estão estritamente ligadas às necessidades

fisiológicas. O autor ainda afirma que o paciente deve sentir-se seguro e

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47

confiante para curar-se e idosos que não se sentem seguros podem ficar

confusos, agitados e com raiva. Segundo ele, uma forma de aumentar os

sentimentos de confiança e segurança no idoso é o contato freqüente com as

pessoas que ele ama e a relação de confiança enfermeiro-paciente.

2.2.2.3 Necessidade de Amor e Integração Social

Segundo Roach (2003), considerando a teoria de Maslow, todas as

pessoas têm necessidade de se sentirem especiais, amadas e pertencerem a

um grupo e um relacionamento importante e significativo com os outros

aumenta o sentimento de participação e colaboração. Em relação aos idosos

quando estes perdem uma pessoa que ama ou amigos, podem perder também

o senso de serem amados e pertencerem a grupo especial. Para o autor,

perdas de amigos do grupo podem causar solidão e depressão e, portanto

novos relacionamentos devem ser incentivados.

Para Roach (2003), a necessidade a necessidade de amor e de

pertencer a um grupo social pode muitas vezes ser transferida de pessoas para

um animal, um projeto especial ou para o trabalho em uma instituição de

caridade.

2.2.2.4 Necessidade de Estima

Na visão de Roach (2003), a estima reflete o sentimento que uma

pessoa tem de si mesma e quando esses sentimentos são positivos,

acompanha boa auto-estima. Portanto, pensamento e sentimentos negativos

levam a uma baixa auto-estima e embora a auto estima venha de dentro, a

aceitação dos outros contribui. Dessa forma, os familiares, amigos e pessoas

amadas devem ser estimulados a expressar sua aprovação e admiração pelos

idosos para ajudá-las no atendimento de sua necessidade de auto-estima.

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48

Segundo Santos Filho et al. (2006), a auto-estima é importante para que

ocorra mudança de hábitos e que o processo de promoção de saúde possa ser

estabelecido e implementado. Da mesma forma, segundo ele, a valorização da

pessoa por si mesma contribuirá também para a prevenção de doenças e

promoção da saúde, permitindo uma efetiva qualidade de vida para o idoso.

Segundo Roach (2003) a morte ocorre geralmente por causa de uma

incapacidade para atender uma necessidade fisiológica e raramente, a morte

ocorre por uma necessidade de amor e de auto- estima não atendida. Porém,

quando a necessidade de auto-estima mantém-se sem atendimento a pessoa é

incapaz de compensá-la, podendo desenvolver-se a depressão, e levar até

mesmo ao suicídio.

Quanto aos profissionais de saúde, de acordo com Roach (2003), estes

podem contribuir para aumentar a auto-estima do idoso ouvindo atentamente o

que o mesmo está dizendo e estimular suas lembranças de experiências e

sucessos passados.

2.2.2.5 Necessidade de Auto-realização

Roach (2003, p. 17) define a auto-realização como um “processo de

crescimento no qual a pessoa aspira a ser “tudo que pode ser” para atingir o

maior potencial possível, e senti-se preenchido”. O mesmo afirma ainda que,

embora a auto-realização seja uma meta valiosa, somente poucas pessoas são

capazes de atingir sua plenitude. Segundo o autor “a vida está completa

quando a pessoa idosa é capaz de fazer com a sua vida tudo o que deseja

fazer e o que é mais ajustado a fazer. Afirma também que explorar a religião e

a filosofia pode ajudar a pessoa na busca da auto-realização.

Na perspectiva de Roach (2003), a necessidade de adquirir

conhecimento e compreensão é uma parte da auto-realização e os idosos que

se mantêm intelectualmente ativos têm maiores possibilidades de auto-

realização. Da mesma forma o aperfeiçoamento de talentos, como tocar um

instrumento musical ou através da pintura poderá ajudar na auto-realização.

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49

2.3 Desafio do cuidado ao idoso para o setor da saúde

O grande aumento da população idosa constitui-se num verdadeiro

desafio para o setor da saúde, em especial, nos países em desenvolvimento,

pois como já citado anteriormente, traz implicações à política sócio-econômica.

(COLOMÉ; JAHN; BECK, 2003)

Segundo Lima-Costa e Veras (2003), em paralelo às mudanças na

pirâmide populacional as doenças próprias do envelhecimento ganham

destaque no conjunto da sociedade. Desta forma, um dos resultados dessa

dinâmica é uma demanda crescente por serviços de saúde e escassez de

recursos para atendê-la.

No Brasil o aumento da população de idosos se dá em meio a graves

crises econômicas sem que tenha havido um pleno desenvolvimento. Já se

sabem que essa população tem necessidades diferentes e específicas que

devem ser consideradas, ocorrendo freqüentemente comprometimento da

autonomia decorrente das várias doenças crônico-degenerativas, principal

causas de morte nos dias atuais. (COLOMÉ; JAHN; BECK, 2003)

O aumento da população idosa envolve custos, exigindo dos gestores de

saúde mudanças no modelo assistencial. Em termos de utilização dos serviços

de saúde, os idosos apresentam mais problemas de longa duração, que

geralmente necessitam de uso contínuo de medicamentos, um número maior

de exames laboratoriais e diagnósticos, assim como intervenções custosas,

envolvendo tecnologia complexa para um cuidado adequado. Além do mais, a

abordagem médica tradicional focada apenas na queixa principal e a reunião

desses sintomas num único diagnóstico pode ser adequado a um adulto jovem,

mas não para um idoso. (VERAS, 2003)

De acordo com Lima-Costa e Veras (2003), entre os idosos as

internações hospitalares são mais freqüentes e o tempo de ocupação do leito é

maior quando comparado às demais faixas etárias. Com um atendimento

adequado e preventivo pode-se reduzir o número de internações hospitalares e

o tempo de internação.

Neste contexto fica claro que o sistema de saúde no Brasil passa por

uma redefinição de prioridades. Os serviços de atenção à saúde do idoso

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50

devem ser capazes de aplicar medidas adequadas para tratar e prevenir esse

tipo de doença e suas complicações, buscando minimizar as seqüelas, a perda

de autonomia e da qualidade de vida. (COLOMÉ; JAHN; BECK, 2003)

A enfermagem, cuja essência é o cuidado ao ser humano também deve

implementar ações de saúde que buscam a promoção, proteção e recuperação

da saúde de acordo com a Lei 8.842/94 que dispõe sobre a política Nacional do

idoso. Neste sentido, o trabalho dos Agentes Comunitário de Saúde, que atuam

sob a supervisão do profissional enfermeiro tem relevante importância na

melhoria das condições de vida dos idosos, por auxiliar na compreensão das

reais necessidades dos mesmos. (COLOMÉ; JAHN; BECK, 2003)

Os profissionais de saúde que atuam com idosos devem procurar ter

uma visão e atitudes positivas para com o idoso. Isto significa não ter

preconceito, pois se o profissional tiver uma visão negativa do envelhecimento,

com inevitável declínio cognitivo e físico, os cuidados desse profissional

refletirão essa visão. Desse maneira esses profissionais poderão não tratar o

idoso com respeito e dignidade, mas sim como um ser incapaz de cuidar de si

mesmo. Especialmente os profissionais de enfermagem que atuam mais

diretamente no cuidado, precisam empreender formas de atendimento

respeitoso e digno, ajudando a desfazer atitudes preconceituosas e erros de

concepção sobre o envelhecimento. (ROACH, 2003)

Segundo Ohara (2008), morrer aos 60, 70 anos é morrer cedo,

interrompendo um percurso da vida do indivíduo que poderia ter vivenciado

alegrias, convivências, para as quais não tinha tempo com os afazeres

cotidiano. O autor ressalta que envelhecer bem é passar por esse processo

sem valorizar os aspectos negativos, mas sim indo ao encontro da plenitude

dos benefícios do envelhecer com qualidade de vida.

Na perspectiva de Roach (2003), a doença não é inevitável e pode ser

evitada em algumas circunstâncias, mudando apenas os hábitos de saúde.

Nesse sentido, observa-se que muitos idosos nos dias atuais têm procurado

melhorar a qualidade de vida e os hábitos de saúde, através da atividade física,

alimentação mais equilibrada, redução do estresse e parando de fumar.

Não restam dúvidas que o aumento da expeditiva de vida foi um dos

maiores feitos da humanidade, acompanhado de uma melhora substancial dos

parâmetros de saúde, ainda que não esteja distribuída com plena equidade nos

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51

diferentes países. A longevidade, que antes era privilégio de poucos, já é

possível até mesmo nos países mais pobres, mas não podemos esquecer que

é importante envelhecer com qualidade de vida e esse é o grande desafio da

Saúde Pública. Afinal de contas, o envelhecimento populacional é a aspiração

natural de todas as sociedades. Temos que encontrar os meios de incluir esses

idosos em nossa sociedade, mudar conceitos já estereotipados, procurar

formas justas de distribuição dos serviços para atender essa população que

mais cresce no país. (LIMA-COSTA; VERAS, 2003)

2.4 O Idoso e a família

De acordo com Roach (2003 p. 3), “a família é a pedra angular do suporte

social”.

Segundo Freitas et al. (2002), a importância da família, tanto em relação

aos êxitos como às dificuldades da vida é reconhecida em muitas épocas e

lugares, pois as relações familiares são as mais vivenciadas pelo idoso. O

autor afirma que para o idoso, ao longo da história, a estrutura familiar lhe foi

fundamental em muitos sentidos, como o exercício do mando, da influencia, do

cuidado e da proteção, aceitação e valorização e pela experiência acumulada.

Em vários países, vem ganhando força a preocupação e a valorização

da intervenção no nível da família como forma de integração e dinamização

das diversas políticas sociais. O ano de 1994 foi definido pela Organização das

Nações Unidas (ONU) como “Ano Internacional da Família”. Também a igreja

católica se preocupou com a família, escolhendo o ano de 2000 como o “Ano

da Família”. Esses movimentos refletem a família como prioridade política e

social. (CASTRO; VARGAS, 2005)

Segundo Castro e Vargas (2005), vem crescendo internacionalmente a

visão de que as unidades de atuação família e comunidade são pontos

importantes da estratégia de diversas políticas sociais. Exemplo dessa

estratégia de valorização da família é a criação do PSF, na década de 90 pelo

Ministério da Saúde, centrando assistência integral na família e não apenas

nos membros isolados.

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Castro e Vargas (2005) ressaltam que a família por ser a célula principal

da sociedade não pode ser vista de forma isolada da vida social e comunitária,

uma vez que ambas se inserem na política econômica e social da sociedade

como um todo. Afirma ainda que é na família que o individuo inicia suas

relações e começa a compreender o sentido de coletividade, de viver em

grupo, construindo valores e atitudes.

De acordo com Castro e Vargas (2005), o conceito de família vem

sofrendo mudanças ao longo dos séculos em decorrência de fatores

econômicos, políticos, sociais e culturais.

Dentre esses fatores Freitas et al. (2002) exemplifica com as

dificuldades econômicas, a liberação da mulher, e a urbanização, fazendo

alterar a estrutura familiar surgindo assim novos arranjos de família. Neste

sentido ocorreu um afastamento emocional, intelectual e mesmo físico entre

seus membros. Segundo o autor, apesar de hoje com os diferentes estilos de

vida ser difícil definir família, ela continua a ser o núcleo primário, promotor do

suporte emocional, social e psicológico, indispensável ás crianças, aos adultos

e aos idosos.

Segundo Ferreira (2001 p. 312), família significa “pessoas aparentadas

que vivem em geral, na mesma casa”. Mas considerando a diversidade de

composição familiar dos dias atuais Castro e Vargas (2005) concordam com

Gaiva e Arantes (1999 p. 55), que relatam que “as sociedades contemporâneas

não tem um modelo único de família”. Sendo assim, a família hoje se

caracteriza pela inexistência de um modelo dominante.

Embora a família tenha perdido sua característica tradicional, por ser um

grupo de fundamental importância, o velho deve permanecer desempenhando

seu papel de sábio. Muitos idosos têm contatos freqüentes com suas famílias,

outros preferem ter uma vida mais independente com um mínimo de apoio de

outros familiares. Cerca de 80% a 90% das necessidades de cuidados dos

idosos são prestados por cuidadores familiares. (ROACH, 2003)

Segundo Freitas et al. (2003), ocorre também uma tendência da família

em manter uma relação de ajuda e contato, mas não convivendo no mesmo lar

com os senescentes.

Os idosos também prestam grande contribuição à geração mais jovem,

servindo como modelo de referência no enfrentamento de perdas, pelo

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53

envelhecimento bem sucedido, relato da experiência de vida e na transmissão

de valores familiares. (ROACH, 2003)

Embora o apoio da família seja fundamental ao idoso, quando a família

passa por situações de estresse pode ocorrer uma disfunção familiar, onde o

idoso que compõe a família sofre impactos diretos. Essa disfunção é pode ser

refletida no idoso pela manifesta de negligência ou abusos, exaustão dos

cuidadores e depressão. Os profissionais da saúde devem estar atentos a

situações de disfunção familiar, avaliando continuamente e interagindo com o

paciente, o cuidador e outros membros da família para identificar tais situações

de risco. (ROACH 2003)

O idoso pode sofrer com a violência intra-familiar. Esta poder ser

entendida como além da negligencia, a violência física e psicológica. A

violência física é quando alguém causa ou tenta causar algum dano por meio

da agressão física, podendo levar a conseqüências físicas e psicológicas. A

violência psicológica é a mais difícil de ser identificada, embora seja a mais

comum entre os idosos. Neste tipo de violência o idoso pode se sentir

desvalorizado sofre ansiedade e adoecer com facilidade. Negligência é a

omissão da responsabilidade de um ou mais membros em relação ao idoso,

principalmente aquele com condição específica ou dependente. (OHARA;

SAITO, 2008)

Segundo Ohara e Saito (2008), o enfermeiro deve avaliar situações de

risco para violência contra idosos, observando sinais de alerta e deve também

esclarecer a família e o idoso sobre seus direitos.

Freitas et al. (2002) enfatizam a importância de se promover a interação

dos idosos nas relações intergeracionais na comunidade, na família, no

trabalho e no lazer, integrando as pessoas da terceira idade com crianças,

adolescentes, jovens e adultos. Dessa forma, estaremos contribuindo para a

inserção e adequação desse contingente populacional na sociedade e ao

mesmo tempo tornando possível um intercâmbio de experiências com a

terceira idade.

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54

CAPÍTULO III

UM OLHAR DO ACS NO CUIDADO AOS IDOSOS

3 INTRODUÇÃO

O presente estudo visa demonstrar que nos dias atuais os ACS

encontram dificuldades para estar atuando com idosos, sendo então

necessário que estes profissionais recebam formação específica para lidar com

esse grupo específico. Quando os ACS recebem este tipo de formação,

tornam-se capazes de reconhecer as necessidades e os direitos do idoso e

conseqüentemente, passam a prestar uma assistência de qualidade e neste

sentido, o enfermeiro é a peça chave na capacitação deste profissional.

Sabendo-se que uma intervenção adequada contribui para um

atendimento qualificado, sendo de fundamental importância que os

profissionais estejam aptos, visto que a saúde do idoso é tema de grande

complexidade, cabe aos profissionais estarem preparados para tal.

Frente ao que foi descrito, para atingir os objetivos deste estudo, após

apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa do Unisalesiano, protocolo nº 245

em 17/08/2009, optou-se em realizar uma pesquisa em campo no Município de

Guaiçara no Estado de São Paulo. Neste estudo, sob a ótica da pesquisa

qualitativa, foram abordadas as questões relacionadas à saúde dos idosos e a

atuação dos ACS junto a esta população, após esclarecimento e assinatura do

Termo de Consentimento Livre Esclarecido.

3.1 Procedimentos e Métodos

Para a realização desta pesquisa observou-se a Resolução 196/96 do MS

(Brasil, 1996) que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos.

Inicialmente foi mantido contato com a Coordenadora do PSF, momento em

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55

que foi explicado a natureza, os objetivos, métodos empregados e relevância

do estudo. Sendo então após isto solicitado autorização para a realização da

pesquisa no PSF do Jardim Dom Bosco-SP.

Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem

qualitativa, sendo realizada a coleta de dados com 5 ACS e 10 idosos inscritos

na USF do Jardim Dom Bosco Guaiçara-SP. Para esta pesquisa foi utilizado

método de estudo de caso e observação sistemática (apêndice A).

Para Lima e Costa (2005) a pesquisa qualitativa, independentemente do

seu tipo, procura a raiz do problema que se propõe estudar, se aprofundando

em suas causas e efeitos sobre os sujeitos que vivenciam a situação

pesquisada. Segundo os mesmos autores este tipo de pesquisa busca

aprofundar conhecimentos que permitirão encontrar as razões que levaram à

determinada situação em estudo, sempre considerando o contexto histórico,

social e cultural da população estudada.

O instrumento de coleta de dados empregado neste estudo foi a técnica

de entrevista semi-estruturada e em profundidade, audiograváveis, sendo

realizada durante a pesquisa em campo, baseando-se em um roteiro com

questões, que compreendiam dados de identificação e perguntas abertas.

A entrevista semi-estruturada é descrita por Minayo (2003) como

entrevista com questões abertas e formuladas previamente, em que o

entrevistado discorre livremente sobre o tema.

Estudo de Caso: considerando os objetivos desta pesquisa, o estudo de

caso foi desenvolvido com observação detalhada do pesquisador no sujeito. Os

ACS foram acompanhados durante sua atuação com os idosos, sendo

realizado à medida que os fatos ocorreram, sem qualquer interferência do

pesquisador.

Observação Sistemática: foram observados tanto os ACS quanto os

idosos no decorrer das visitas, tendo a preocupação de observar atentamente

os aspectos que eram de interesse para a pesquisa. O ato de observar não

significou apenas olhar os fatos aleatoriamente, mas investigando, buscando

captar toda a essência.

Entrevista semi-estruturada em profundidade: foram realizadas

entrevistas com os ACS e com os idosos, sendo explicado pessoalmente ao

ACS e aos idosos qual a natureza, objetivo e importância deste trabalho, sendo

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56

utilizado um questionário que compreendiam dados de identificação e

perguntas abertas. As entrevistas foram realizadas individualmente com cada

participante, sendo audiograváveis. Todo material coletado foi transcrito na

integra, sendo lido, discutido e analisado os depoimentos, na seqüência foram

levantados os questionamentos. Os instrumentos estão disponíveis nos

apêndices B e C.

A pesquisa ocorreu no mês de agosto de 2009 após o projeto ter sido

submetida à aprovação do Comitê de Ética, e os ACS e os idosos terem

assinado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (anexo A).

3.2 Caracterização do campo de pesquisa.

O município de Guaiçara foi emancipado política e administrativamente

em 30 de Dezembro de 1953, por meio da Lei Estadual nº. 2.456, está

localizado na região Centro-Oeste, mesorregião de Bauru e microrregião de

Lins. A área total deste município corresponde a 269,30 Km² e conforme dados

de 2008 apresenta uma população de 11.302 habitantes, sendo o índice de

envelhecimento de 45,37% e a população com 60 anos e mais corresponde a

10,53%. A taxa de mortalidade da população de 60 anos e mais é de 3.231,44

por cem mil habitantes nessa faixa etária. A expectativa de vida da população é

de 72,03 anos. (PERFIL DO MUNICÍPIO, 2009).

A cidade conta com três escolas Municipais, de 1ª a 4ª série do Ensino

Fundamental, e uma escola Estadual de 5ª série do Ensino Fundamental a 3ª

série ao Ensino Médio e três Creches Municipais. Possui uma agência de

correios, uma agência bancária, duas farmácias um Centro Comunitário, uma

quadra coberta, sendo conhecido por seu cultivo e comércio de plantas. O

município realiza anualmente uma festa religiosa, denominada Quermesse de

São João Batista, sendo esta muito conhecida na região.

O município de Guaiçara desenvolve muitos trabalhos sociais, entre

estes se observa projetos e práticas direcionadas aos cuidados com os idosos.

Os projetos desenvolvidos voltados para a população idosa são mantidos pela

Prefeitura Municipal da cidade.

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57

A rede de saúde é composta por 02 Unidades de Saúde, sendo 1

Unidade Básica no Centro da cidade que mantém um posto de atendimento no

Bairro Geraldo Silva II e a 1 Unidade de PSF no Jardim Dom Bosco. Os

serviços de média e alta complexidade são prestados pelos municípios de

referência.

O Jardim Dom Bosco localiza-se na vicinal que liga a cidade de

Guaiçara a Lins. Trata-se de um bairro ainda em crescimento, a população

conta com 1 Creche municipal, 1 Escola Municipal de1ª a 4ª série do Ensino

Fundamental, uma sede do CRAS (Centro de Referência de Assistência

Social), o qual desenvolve vários projetos, dentre eles alguns voltados para a

população idosa.

A USF do Jardim Dom Bosco conta em média com uma população de

200 idosos. A equipe conta com 05 ACS, 1 Médico, 1 Enfermeira, 3 Auxiliares

de Enfermagem, 1 Motorista, 1 Auxiliar Administrativo que cuida da limpeza, 1

Auxiliar Administrativo que fica na farmácia e 1 Estagiário de Enfermagem. A

equipe de saúde bucal, conta com 1 Assistente de Consultório Dentário (ACD),

e 1 Dentista.

3.3 Análise dos resultados e Discussão

Esta pesquisa se caracterizou em um estudo qualitativo, tendo a

preocupação de observar, descrever e documentar os aspectos que eram de

interesse para a pesquisa, após foram analisados os dados obtidos, sendo este

nosso referencial para as conclusões e discussão. Os resultados e discussões

do presente estudo foram organizados em duas partes de acordo com os

objetivos propostos.

Na primeira parte serão apresentadas as características e o perfil dos

ACS e na seqüência serão abordadas as discussões acerca dos resultados. Na

segunda parte serão abordadas as características o perfil e as necessidades

dos idosos, sendo em seguida apresentado as discussões referentes aos

resultados obtidos.

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58

Os dados apresentados neste trabalho tiveram como base as entrevistas

dos 5 ACS do PSF do Jardim Dom Bosco Guaiçara-SP e dos 10 idosos

inscritos no programa que participaram da pesquisa.

3.3.1 A palavra dos Agentes Comunitários de Saúde

Durante a pesquisa, foi analisado qual o foco de atenção que os ACS

dispensavam aos idosos, observando se os profissionais visavam à melhoria

na qualidade de vida dos mesmos, a percepção e orientação quanto aos

fatores de risco aos quais os idosos estão expostos e a interação dos

profissionais com os idosos.

Para melhor compreensão dos resultados, foi elaborado um quadro

explicativo com os dados de identificação e para análise dos discursos optou-

se em evidenciá-los através dos temas: a visão do ACS sobre as necessidades

dos idosos, as dificuldades dos ACS para atuarem com idosos e o

estabelecimento de vínculo com o idoso.

3.3.2 Identificação dos ACS

O quadro abaixo demonstra os dados de identificação dos ACS que

participaram da pesquisa:

(continua)

ACS Sexo Idade Escolaridade Tempo de residência no bairro

Tempo atuação

na instituição

Experiência anterior

1 Feminino 33 Ensino Fundamental

7 anos 5 meses Operária

2 Feminino 46 Ensino Médio 8 anos 3 anos e 7 meses

Técnico em Contabilidade

3 Feminino 43 Ensino Médio e cursando Técnico de

Enfermagem

12 anos 3 anos e 7 meses

Cuidadora de idoso.

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59

4 Feminino 30 Ensino Médio 16 anos 3 anos Vendedora 5 Feminino 42 Ensino médio 9 anos 1 ano e

seis meses

Doméstica

Fonte: Silva; Zamian, 2009.

Quadro 1 – Dados de Identificação dos ACS participantes da pesquisa.

De acordo com os dados apresentados, observa-se que 100% dos ACS

que atuam no PSF do Jardim Dom Bosco são do sexo feminino, característica

que também foi encontrada na pesquisa dos autores Bezerra, Espírito Santo e

Batista (2005) que ressaltam sobre a resistência por parte da comunidade em

aceitar o ACS do sexo masculino. Segundo os autores, essa resistência

justifica-se pelo fato de que as famílias por uma questão cultural podem sentir

certo constrangimento em aceitar que um ACS do sexo masculino adentre em

suas residências e compartilhe de sua intimidade. Já um ACS do sexo feminino

torna mais fácil o diálogo com a comunidade e o acesso ao domicílio, tendo em

vista a proposta do PSF que busca uma relação mais pessoal dos profissionais

com os usuários, proporcionando maior resolutividade.

A faixa etária dos ACS encontra-se entre 30 e 42 anos, o que demonstra

maturidade para desenvolver a função proposta.

A Lei que cria a profissão de ACS - 10.507 de 10 de julho de 2002

descrevem em seu Artigo 3º, os requisitos que o ACS deve preencher para

exercer a profissão sendo os seguintes:

I - residir na área da comunidade em que atuar;

II - haver concluído com aproveitamento curso de qualificação básica

para a formação de Agente Comunitário de Saúde;

III - Haver concluído o ensino fundamental.

Em relação a escolaridade apenas 1 ACS possui Ensino Fundamental

completo, sendo que 4 possuem Ensino Médio completo. Estes dados também

foram evidenciados na pesquisa de Bezerra, Espírito Santo e Batista (2005),

ressaltando-se o alto percentual de ACS com Ensino Médio completo. Este fato

é bastante positivo porque demonstra que o nível de escolaridade está acima

do que é exigido para exercer a profissão de ACS.

Residir no bairro também é um dos quesitos necessários para ser ACS.

Todas as ACS que participaram desta pesquisa residem no bairro entre sete e

(conclusão)

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60

dezesseis anos. Este fato é de grande importância, pois sugere maior

conhecimento da realidade e dos problemas do bairro. De acordo com Bezerra,

Espírito Santo e Batista (2005), o ACS por morar na comunidade é conhecedor

dos problemas daquela população, sendo este um importante fator que

contribui para a produção do cuidado.

Foi possível constatar que as participantes, na sua maioria, atuam a

mais de dois anos como ACS, o que sugere uma continuidade do cuidado,

permitindo que este seja efetivo e comprometido, favorecendo assim um

vínculo com o idoso.

Chamou a atenção o fato de nenhuma ACS possuir experiência anterior

em trabalhar com a comunidade, sendo que em relação ao idoso, apenas uma

relatou ter trabalhado como cuidadora. Entretanto observa-se que o trabalho

desenvolvido como ACS tem sido realizado com dedicação e qualidade,

principalmente pelo fato de conhecerem a sua clientela.

3.3.3 Visão dos ACS sobre as necessidades dos idosos

Ao analisar os resultados, tomando por base o discurso dos profissionais

entrevistados e sua interação durante as visitas, foi possível constatar que os

ACS possuem uma visão dos idosos como sendo pessoas carentes, solitárias

e abandonadas, sendo também relatados pelos profissionais os mesmos

fatores como de maior necessidade por parte dos idosos. Pode-se comprovar

este resultado a partir dos depoimentos descritos abaixo.

“... eles já estão mais carentes, não trabalham mais, estão aposentados

e às vezes levam uma vida sedentária. Necessitam de atenção em todos os

sentidos (saúde, família). Ele tem muita sabedoria. Precisa muito da gente. Ele

é muito dependente de carinho, é frágil, encontra muitos obstáculos para tudo.

É importante que nesta fase da vida o familiar esteja o mais presente possível.

Visão de abandono”. (ACS 01).

“O idoso em geral tem saído de uma comunidade pobre ou mesmo

quando rico, geralmente ele é carente de amor familiar porque se ele se depara

uma alteração da sua realidade [...]”. (ACS 02).

Page 63: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

61

De acordo com os relatos, fica evidenciado que os ACS possuem uma

concepção de que os idosos possuem grande carência afetiva, sendo pouco

mencionados por eles, outros tipos de alterações que causam necessidades

específicas. Entretanto, conforme evidenciado em outros estudos, o idoso tem

necessidades complexas e especificas da velhice, que ultrapassam o aspecto

emocional.

Também foi ressaltada a carência em relação aos recursos econômicos

que o idoso encontra neste determinado momento da vida, deixando-o

suscetível a diversos problemas, como podemos observar no discurso:

“Eu vejo o idoso como uma carga de experiência para passar para nós

mais jovens, eu o vejo meio que desprotegido, existe pouco respeito para com

o idoso nos dias de hoje até mesmo pela família, eu vejo o idoso acuado

financeiramente e em todos os ângulos”. (ACS 03).

“O primeiro impacto quando a gente fala com eles é de pessoas

carentes, os jovens não querem mais falar com eles, pessoas doentes, mas é

complicado explicar, eles têm mais necessidades em relação á tudo”. (ACS

05).

Outro aspecto importante que foi evidenciado nos discursos, refere-se à

concepção do idoso como um ser limitado. A velhice, em geral é vista pelas

pessoas como uma fase de incapacidade ou limitação para aprender. Esses

preconceitos rotulam e dificultam qualquer atividade desenvolvida que

beneficiem essa clientela. O discurso abaixo demonstra uma visão limitada

sobre a velhice:

“Eu vejo que os idosos têm realmente limitações, cada um tem suas

limitações [...]”. (ACS 4).

Alguns autores como Oliveira, Gomes e Oliveira (2006), Pinho, Custódio

e Makdisse (2009) discutem os sentimentos de solidão na velhice buscando

identificar as causas que levam à solidão, como sendo um processo

acelerador para a depressão nos idosos. A pessoa idosa em decorrência das

perdas sofridas ao longo dos anos acaba sentindo solidão e isolamento. A

solidão é citada como um fator que leva o idoso a adoecer com maior

facilidade, como é relatado no depoimento abaixo:

“[...] E a gente aprende a conhecer o humor deles, como estão naquele

dia. Uns mais tristinhos, outros mais contentinhos e aí eu chego brincando ‘ ta

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62

tristinho, credo que carinha mais feia’ quando eu percebo que eles não estão

muito bem falo primeiro qualquer coisa que não seja relacionado à saúde [...]”.

(ACS 02).

“[...] os filhos os netos trabalham, não ficam muito em casa. , quando

eles são dois ainda não é tanto, mas quando ele já está sozinho é mais. Eu

acho que se a gente trabalhar estar parte já melhora, porque a própria solidão

da pessoa adoece mais [...]”. (ACS 04).

Segundo Pedrozo e Portella (2003), a velhice pode vir acompanhada de

perdas , em função de todas as transformações que acontecem ao longo da

vida, o que causa impacto sobre a pessoa, fazendo com que a solidão se

instala como sofrimento intenso na vida do idoso.

Neste sentido Colomé, Janh e Beck (2003) ressaltam que as

necessidades dos idosos vão além do aspecto físico, devendo ser considerado

os aspectos ambientais, culturais, sociais, familiares, psicológicos e espirituais,

dentre outros, para que os profissionais prestem um cuidado integral,

promovendo uma melhora na qualidade de vida desta população.

Deste modo, foi evidenciado que os ACS apresentam uma grande

preocupação com o indivíduo idoso e sua inserção no âmbito familiar e social,

e sentem-se responsáveis e comprometidos em minimizar suas necessidades

frente aos aspectos emocionais e afetivos. Assim, pode-ser atribuir este

comportamento humanitário e acolhedor dos ACS em relação à clientela idosa,

o fato de os mesmos serem um ente da comunidade e certamente,

conhecedores das mazelas existentes neste contexto.

3.3.4 As dificuldades dos ACS para atuar com idosos

A maioria dos entrevistados relata encontrar dificuldade para lidar com

os idosos, em especial para estar falando, orientando e informando-os no dia-

dia. Eles também referem que o idoso é muitas vezes teimoso ou resistente a

medicação, o que leva os ACS a serem criativos ou abrir mão de suas

experiências pessoais para estar resolvendo problemas que surgem em seu

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63

dia a dia. Essa falta de conhecimento dificulta a atuação dos ACS, e

compromete a resolutividade de seu trabalho com o idoso.

“[...] eles são mais teimosos, alguns são mais até, tem mais medo, tem

alguns que você tem que falar diferente, mais sério [...]” (ACS 04).

“[...] quando fica de idade tem mudança de humor, ficam “ranzinza”, eles

não querem muito ouvir a gente falar, acham que a gente ta brigando. Tem que

ter jogo de cintura para falar com eles, explicar o medicamento que está

tomando, sempre marcando como tem que tomar. Assim, se toma à noite

coloco a lua, se é para tomar de dia, coloco solzinho”(ACS 01).

“[...] desenhava no medicamento uma luinha para noite, um solzinho

para o dia, assim ela tomava sem errar. Às vezes por em pacotinhos

diferentes, tem que ser muito criativa, tem alguns que você tem que passar e

lembrar se já tomou ai você chega e fala e o remédio já tomou ai ele fala

esquece vou tomar. Têm alguns que não quer tomar e você tem que ser mais

severo vai de cada um” (ACS 04).

Em consonância com o que foi observado, Bezerra, Espírito Santo e

Batista (2005) ressaltam ser necessário que o poder público invista na

formação de indivíduos capazes de lidar com os múltiplos aspectos que

revestem o envelhecimento humano.

[...] deve prover condições para apropriação do instrumental adequado e necessário para o ACS lidar com os problemas de saúde dos idosos e, assim contribuir com os demais membros da equipe para o envelhecer saudável. (BEZERRA, ESPÍRITO SANTO; BATISTA, 2005 p.814)

Os ACS também relatam como fator dificultador para o trabalho, a

ausência de capacitação específica para atuar frente à saúde do idoso. Os

depoimentos a seguir ilustram as dificuldades que os ACS encontram para

estar atuando com a população idosa, pela falta de conhecimentos específicos,

e reforça a necessidade dos profissionais estarem qualificados para atender os

idosos.

“Eu gostaria que tivesse palestras, capacitação mesmo, uma vez por

mês ou a cada dois meses. Reuniões, palestras explicando tudo. Psicólogos

que nos explicassem como falar com o paciente porque tem casos que a gente

fica muito abalado. Então esses profissionais ensinariam a gente a lidar com

eles. Quanto mais capacitado à gente for, melhor” (ACS 01).

Page 66: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

64

“A gente teve uma capacitação que foi geral e não específica para o

idoso. Eu acho que para nós que temos trabalhado muito com idosos,

principalmente do grupo de risco (hipertensos, diabéticos) é importante uma

capacitação específica sim. Esta seria voltada mais para o psicológico dele. O

idoso por mais que ele fala, converse, ele sempre está assim mais tristinho,

pois tem coisas que ele não consegue aceitar” (ACS 02).

“Sim, além do que já recebi, eu tenho o direito de cobrar isso dos meus

superiores [...] A gente convive com eles, então tem ter assim muito cuidado,

até porque a gente se familiariza muito com eles e a gente não pode confundir

muito as coisas se não acaba estragando o trabalho. Gostaria de receber

capacitação na parte de alimentação [...]” (ACS 03).

O agente comunitário de saúde é uma figura bem conhecida da

população e acessível à comunidade, sendo reconhecido como fonte

importante de informações relacionadas a doenças, aos medicamentos e ao

funcionamento da unidade de saúde. Os ACS em suas visitas enfatizam

orientações sobre a prevenção de doenças, o funcionamento da unidade de

saúde, o uso de medicação, o encaminhamento a unidade de saúde em caso

de doenças, entre outras orientações.

Neste sentido, se faz necessário que os ACS estejam qualificados para

tanto. Com relação à atuação dos ACS frente às necessidades dos idosos,

encontraram-se diversos autores que buscam identificar o conhecimento dos

ACS frente à saúde dos idosos, dentre eles pode-se citar Silvestre e Costa

Neto (2003). Tais autores relatam à importância da capacitação do ACS, pois

trata-se de um trabalhador integrante da equipe de saúde, e não apenas um

membro da comunidade informante dos problemas.

Os profissionais devem ter de modo claro a importância da manutenção

do idoso na família e na comunidade e ser capazes de lidar com os múltiplos

aspectos que revestem o envelhecimento.

Caminhar na direção da construção de um modelo de assistência tendo

em vista o envelhecimento da população, se faz necessário que os serviços de

saúde tenham profissionais preparados, pois a atenção à saúde do idoso

reveste-se de grande complexidade.

Page 67: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

65

Nesta trajetória, no entanto, é preciso considerar a necessidade de contínuos investimentos na capacitação dos profissionais, visando à abordagem multidimensional e interdisciplinar da pessoa idosa e tendo como eixos norteadores para a integralidade de ações: o enfrentamento de fragilidades da pessoa idosa, [...], em todos os níveis de atenção, conforme proposto no pacto pela saúde do idoso. (MARIN, MARQUES e FERES et al., 2008, p.11).

Os ACS têm se mostrado despreparados para atuar na saúde dos

idosos, conforme destaca Bezerra, Espírito Santo e Batista (2005). Os autores

relatam que é necessário prover condições e preparo para que o ACS disponha

de instrumento adequado ao lidar com as necessidades e problemas dos

idosos, desta forma estarão contribuindo com os demais profissionais, e juntos

promoverem um envelhecimento saudável.

3.3.5 O estabelecimento de vínculo com o idoso

Percebeu-se também que os entrevistados gostam de atuar com idoso,

têm muita afinidade com esta população e referem que os mesmos são

carinhosos e fáceis de lidar. Todos os entrevistados demonstram preocupação

com os idosos, eles têm a consciência de que a população idosa necessita de

maior atenção. Além de demonstrar grande afinidade em trabalhar com idoso,

o que fica claro é o vínculo que se cria por parte destes profissionais com esta

população em especial. Esta constatação caminha lado a lado com o que se é

preconizado hoje no modelo de atenção a saúde.

Para Freitas (2006) o vínculo pressupõe equilíbrio obrigatório entre duas

partes. Sendo assim, quando a vida necessita de equilíbrio, temos que pensar

na qualidade dessa vinculação. O vínculo amplia a eficácia das ações de

saúde e favorece a participação do usuário durante a prestação do serviço. As

falas a seguir demonstram a importância do vínculo na relação ACS e idoso.

“Eu gosto muito. Adoro trabalhar com ele. Eu não sei se é qualidade ou

defeito, mas eu acabo me apegando muito. Procuro fazer o melhor para eles,

ficar bem pertinho e fazer o melhor para eles” [...]. (ACS 01)

“Eu me sinto muito bem trabalhando com idoso. Eu prefiro até trabalhar

com idoso do que com gestante ou adolescente, por causa dessa carência

Page 68: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

66

deles a gente sente amor e se apega. Eu pelo menos gosta bastante de

trabalhar com o idoso. O idoso é educado para falar com você [...]”. (ACS 02)

Desta forma, podemos destacar que por atuarem a mais de dois anos,

terem predileção pela população idosa só vem fortalecer a formação de um

vinculo, o que favorece o cuidado, pois o ACS vai estar em contato direto com

o idoso e suas necessidades, podendo assim ter uma intervenção imediata e

com maior resolutividade.

Neste sentido Silvestre e Costa Neto (2003), ressaltam em seu trabalho

que deve ser valorizado as relações com a pessoa idosa para a criação de

vínculo e confiança, de afeto e respeito, prestando atenção de forma integral á

pessoa idosa.

Para o estabelecimento do vínculo, os ACS devem conquistar a

confiança do idoso, que surge com o reconhecimento do profissional como

participante de seu tratamento, passando o paciente a tê-lo como referência,

fazendo até confidências depois de compreender o seu trabalho.

Segundo Ferreira (2001), a palavra vínculo é originária do latim, estando

ligada a “[...] tudo o que ata, liga ou aperta; nó, liame, ligação moral [...]”.

0000000 Neste sentido Baralhas, (2008) ressalta a importância de implantar

nos serviços de saúde práticas relacionadas ao acolhimento, vínculo e

humanização, praticas estas que está em consonância com a Política Nacional

de Humanização (PNH) de 2003, cuja principal proposta coincide com os

próprios princípios do SUS.

O vínculo é conseqüência de uma relação mais próxima do paciente

com os ACS, por conseqüência das visitas domiciliares, que facilita a

aproximação do idoso à unidade de saúde. O idoso se compromete com as

atividades propostas e permite que o vínculo seja estabelecido quando se

sente satisfeito com o serviço prestado pelos ACS. Esses fatores contribuem

para a promoção da saúde do idoso e melhor qualidade de vida.

3.3.6 A palavra dos Idosos

Page 69: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

67

Durante a pesquisa buscou-se analisar qual a percepção dos idosos

frente ao trabalho dos ACS, para que assim fosse possível levantar

questionamentos referentes ao vínculo, acolhimento e humanização bem como

ilustrar o papel de educador dos ACS e a importância destes como facilitadores

das ações desenvolvidas e do acesso. Para tanto foi realizado leitura e analise

dos depoimentos.

3.3.7 Identificação dos idosos

O quadro abaixo identifica os idosos que atuaram como parte dos

sujeitos da pesquisa:

(continua)

Idoso Sexo Idade Escolaridade Estado

Civil

Tempo de

Residência

no Bairro

Profissão

01 Feminino 68 anos Primário

incompleto

Viúva 10 anos Aposentada

02 Feminino 67 anos Analfabeta Casada 1 ano e 4

meses

Aposentada

03 Feminino 76 anos Primário

Incompleto

Casada 17 anos Do lar

04 Masculino 74 anos Primário

incompleto

Casado 17 anos Aposentado

05 Feminino 66 anos Primário

completo

Casada 3 anos Aposentada

06 Feminino 86 anos Analfabeta Viúva 3 anos Aposentada

07 Masculino 76 anos Primário

completo

Casado 15 anos Aposentado

08 Feminino 70 anos Primário

completo

Casada 15 anos Aposentada

09 Feminino 67 anos Analfabeta Casada 04 anos Aposentada

10 Masculino 69 anos Primário Casado 04 anos Aposentado

Fonte: Silva; Zamian, 2009. Quadro 2 – Dados de Identificação dos idosos participantes da pesquisa.

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68

Após análise dos dados de identificação dos idosos, observa-se que, em

relação ao gênero, pode-se notar que as mulheres estão em maior número

entre os entrevistados. Levando em consideração o fato de que a escolha dos

idosos a serem entrevistados foi feita de forma aleatória, temos uma

confirmação de que o número de mulheres idosas supera o número de homens

idosos como já foi abordado anteriormente no segundo capítulo deste trabalho.

O Censo 2000 confirma que “a razão de sexo da população idosa é

bastante diferenciada, sendo bem maior o número de mulheres”. (IBGE 2002 p.

140)

Outro dado apresentado pelo Censo 2000, está relacionado à grande

quantidade de mulheres idosas viúvas. Nesta pesquisa, encontramos duas

mulheres viúvas, enquanto todos os homens participantes encontravam-se

casados. Esses fatos trazem implicações sociais uma vez que grande parte

das mulheres idosas tem menos tempo de experiência no mercado de trabalho

formal, portanto menos tempo de contribuição previdenciária e são menos

educadas. (IBGE, 2002).

Também chama a atenção, o fato da baixa escolaridade dos idosos

pesquisados, pois o nível máximo de escolaridade atingido foi o Primário

Completo e ainda encontramos duas idosas analfabetas. Araujo e Alves

(2000) afirmam que o nível de alfabetização dos idosos é baixo, sendo que o

maior número de analfabetismo encontra-se entre as mulheres.

Em relação à profissão, dos dez idosos pesquisados nove são

aposentados e apenas uma entrevistada não é aposentada e não tem profissão

formal. “O aumento da expectativa de vida da população faz com que a

aposentaria seja uma etapa cada vez mais extensa da vida” (GODOY;

RIBEIRO, 2005 p.36).

Sem dúvida que a seguridade social foi um dos maiores benefícios para

a população idosa, porém com o grande aumento do segmento idoso e a

longevidade, tornam-se imprescindíveis novas estratégias na política

econômica e previdenciária para suprir a demanda dessa população que

cresce em ritmo bastante acelerado. (FREITAS et al., 2002).

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69

3.3.8 Análise dos depoimentos dos idosos

Após a coleta do material com os idosos e a transcrição das falas,

emergiu um resultado rico em informações e significados possibilitando uma

abordagem ampla dos vários aspectos encontrados nas relações dos idosos

com os ACS integrantes do PSF do Jardim Dom Bosco. Porém, interessou-nos

discutir sobre os temas que foram evidenciados com maior ênfase pelos

idosos, sendo os seguintes: o vínculo, a humanização e o acolhimento, os ACS

como educadores, os ACS como facilitadores do acesso e a falta de limite no

relacionamento idoso e ACS.

3.3.8.1 Vínculo humanização e acolhimento como fatores primordiais na

relação idosos e ACS

O vínculo criado entre os profissionais e os usuários do serviço de saúde

favorece a eficácia das ações e contribui para a participação do usuário

durante a prestação do serviço.

Schimith e Lima (2004) ressaltam que acolhimento e vínculo dependem

do modo de produção do trabalho em saúde. O acolhimento possibilita regular

o acesso por meio da oferta de ações e serviços mais adequados, contribuindo

para a satisfação do usuário. O vínculo entre profissional e paciente estimula a

autonomia e a cidadania, promovendo sua participação durante a prestação de

serviço em saúde.

Segundo Franco, Bueno e Merhy (1999) o acolhimento pode ser definido

como uma estratégia para a reorganização do serviço de saúde que garante o

acesso universal, a resolutividade e o atendimento humanizado. Dessa forma,

o acolhimento atende a mudanças que vêm ocorrendo no setor saúde, à

inversão do modelo de atenção atual e respeita os princípios do Sistema Único

de Saúde.

Vinculo significa: “[...], tudo que ata, liga ou aperta, [...], ligação moral. Humanização é definida como” ato ou efeito de humanizar-se, tornar

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70

humano dar condição humana a, humanar, tornar benévolo, afável, tratável, fazer adquirir hábitos sociais polidos, civilizar. Acolhimento significa o ato ou efeito de acolher; recepção; atenção; consideração. (FERREIRA, 2001 p.12, 369,712).

Uma prova da importância da humanização, do vínculo e do acolhimento

foi a implementação pelo Ministério da Saúde da Política Nacional de

Humanização (PNH) em concordância com os princípios do SUS. Uma de suas

diretrizes é o reconhecimento dos direitos do cidadão a um atendimento digno

e respeitoso para com todas as raças, gênero, etnias orientação sexual, e

populações específicas como índios, quilombos, ribeirinhos, assentados, outros

(BRASIL, 2003).

Nas respostas dos idosos entrevistados a questão do vínculo fica

evidente nas falas:

“[...] à vezes a gente tem dificuldade, tem um pouco de cisma de

procurar o posto, não sabe falar direito e aí fica meio afastado, e ela vem fala

pela gente, aproxima a gente, são amigos, não é gente estranha, é um pessoal

que vem na casa da gente e fala igual à gente, é mais fácil falar pra ela. Então

é uma comunicação mais fácil do que em um posto estranho, ou ir lá na cidade,

lugar onde o povo não tem muita intimidade com a gente. (IDOSO 4).

“Como eles estão sempre visitando, então eles participam da vida da

gente (...) agora eles (profissionais da USF) ficam sabendo quem tem o quê.

Os agentes vêem a fundo tudo o que está se passando aqui na região”.

(IDOSO 8).

A formação de vinculo entre os idosos e os ACS é muito favorável e

necessária para a qualidade da assistência.

O cuidado comunitário do idoso deve basear-se, especialmente, na família e na atenção básica de saúde, [...] em especial daquelas sob a estratégia de Saúde da Família, que devem representar para o idoso, idealmente o vínculo com o sistema de saúde. (SILVESTRE; COSTA NETO, 2003 p. 841).

Segundo Baralhas (2008), o Agente Comunitário de Saúde veio para ser

um elo, uma ponte entre a Unidade de Saúde, a família e a comunidade,

possibilitando assim maior resolutividade nos serviços da atenção básica de

acordo com os princípios do SUS. Esse vínculo entre ACS e usuários dos

serviços de saúde, torna-se possível porque um dos requisitos básicos para ser

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71

ACS de acordo com a Lei 10.507, de 10 de julho de 2002, que regulamenta a

profissão de ACS, é que ele resida na comunidade em que irá atuar. Assim

sendo o mesmo conhece os problemas, as pessoas do bairro, sua cultura, fala

a mesma “língua” dos moradores e isso torna mais fácil a comunicação. A

formação de vínculo também é favorecida através das visitas domiciliares, que

possibilitam a percepção dos problemas e das reais condições de vida da

família.

Foi evidenciada também através das falas dos idosos, de forma

explícita, a forte questão da humanização e do acolhimento dos ACS para com

os idosos. Verifica-se que há uma relação de carinho, respeito e sentimento de

aceitação recíproca.

“Ah ela é muito importante pro idoso, ela dá atenção pra gente, é

atenciosa trata a gente bem, não é como gente que um dia ta com uma cara,

outro dia com outra. [...] eu quero que a dona [...] sempre continua atendendo a

gente, antes onde eu morava não tinha esse atendimento” (IDOSO 2).

“Com o ACS a gente se sente mais amparado. Nos não temos

familiares por perto e elas são um anjo da guarda. [...] Os idosos se sentem

protegidos” (IDOSO 6).

O PSF vem reorganizar o modelo tradicional de atenção à saúde,

buscando formas de atendimento humanizado das práticas de saúde e a

satisfação dos usuários através dessa estreita ligação entre profissional e

comunidade (SILVESTRE; COSTA NETO, 2003). Segundo os mesmos autores

atuando dessa forma o PSF busca um atendimento onde as pessoas possam

sentir-se bem e acolhidas em suas necessidades, carências e limitações e

sintam que estão sendo respeitadas como seres humanos.

3.3.8.2 O ACS como educador

A função de educador é outro ponto que aparece no recorte das falas

dos idosos conforme foi evidenciado abaixo.

“[...] vejo que foi muito bom para a comunidade, ela vem, acompanha,

ajuda, orienta, [...] explica, conversa, prepara a pessoa, favorece muito”

(IDOSO 4).

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72

De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde, GM 648 faz parte das

funções do ACS: estar em contato permanente com as famílias desenvolvendo

ações educativas, visando à promoção da saúde e a prevenção das doenças,

de acordo com o planejamento da equipe; desenvolver atividades de promoção

da saúde, de prevenção das doenças e de agravos, e de vigilância à saúde,

por meio de visitas domiciliares e na comunidade, mantendo a equipe

informada principalmente a respeito daquelas em situação de risco. (BRASIL,

2006).

De fato a função de educador exercida pelo ACS é de extrema

importância na comunidade, pois como já foi dito anteriormente existe uma

facilidade de comunicação entre ACS e população. Assim sendo as chances

desse trabalho de orientação atingir os objetivos propostos são bem maiores.

Jardim (2007) ressalta a importância do ACS como educador e agente

de mudança da comunidade. A autora cita que esse papel transformador é

possível em razão das visitas domiciliares, do levantamento de problemas e da

mediação entre o serviço de saúde e a população atendida.

Nesse sentido, durante a pesquisa em alguns relatos de idosos e

também dos ACS eles citam as mudanças ocorridas no bairro após a

implantação do PSF, falam do antes e após o PSF:

“eu que moro aqui a bastante tempo sei como era antes e depois do

posto e deste serviço, então eu sei que melhorou muito, antes era muito difícil”.

(IDOSO 4).

Parte dessas mudanças é fruto desse trabalho de orientação e educação

realizado pelos ACS.

3.3.8.3 O ACS como facilitador do acesso X falta de limite no relacionamento

idoso e ACS

A análise das falas dos entrevistados, mostra de forma clara e bastante

expressiva que os idosos vêem os ACS como um facilitador do acesso ao

serviço de saúde, como se pode observar:

Page 75: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

73

“[...] eu não posso andar, ela vem aqui, como é que eu ia lá? [...] a

pessoa idosa não tem como ir no postinho, se eu tenho que ir lá ela marca, é

muito bom. [...] a gente tem dificuldade de andar, de esperar”. (IDOSO 1)

“Pra mim é importante porque a gente não vai até eles, então eles vêm

até a gente”. (IDOSO 3).

“[...] quando precisamos de uma consulta ela vai lá e marca pra gente,

ás vezes ta faltando algum remédio ela busca também. Trouxe facilidades,

porque eu quase não posso andar, tenho problema no joelho, então elas vindo

aqui já facilita”. (IDOSO 9).

Toda essa facilidade que os ACS proporcionam é importante e

demonstra até mesmo atenção, acolhimento, dedicação, visto que alguns

idosos realmente têm muita dificuldade de locomoção. Porém, é importante

considerar que muitas vezes a família pode estar transferindo toda a

responsabilidade do cuidado para o ACS. Além disso, é importante estimular

no idoso a independência e a autonomia, pois muitos ainda são capazes de ter

uma vida ativa e solucionar problemas da vida diária.

Roach (2003) ressalta, que cada idoso é uma pessoa única. Tanto que

duas pessoas com a mesma idade cronológica, pode ter respostas fisiológicas

e cognitivas, assim como grau de dependência completamente diferente. Ser

idoso não significa ser incapaz e também a família deve ser conscientizada

quanto ao seu papel de cuidadores.

Bandeira (2005) ressalta, que a respeito da autonomia na terceira idade,

é importante que o idoso não se considere dependente, pois a dependência

pode afetar a sua auto-estima e bem estar, por carregar o estigma de peso ou

incômodo. Segundo o autor esses sentimentos levam a solidão, isolamento e

depressão.

Percebe-se na fala de alguns entrevistados idosos que a comodidade e

atenção proporcionada pelos ACS levam muitas vezes a uma falta de limites no

relacionamento idoso e ACS.

“Os ACS vem em casa [...], deixam o telefone da própria agente.

Quantas vezes liguei para o celular da [...] pedindo remédio, ficou ótimo para a

gente”. (IDOSO 4).

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74

“[...] para você ter uma idéia a [...] deixa o telefone dela com a gente e

celular é uma coisa particular, e eu sei que eu posso ligar a qualquer hora que

ela vai me atender”. (IDOSO 5).

Baralhas (2008) ressalta que a política local ou o fato da família ou

indivíduo assistido não se responsabilizar pela própria saúde determina os

limites de atuação dos ACS. Segundo a autora, quando o usuário dos serviços

de saúde e a própria família transfere a responsabilidade do cuidado à saúde

para o ACS este pode não conseguir cumprir com suas funções de orientação

e promoção da saúde, pelo acúmulo de responsabilidades. A autora fala ainda,

que as limitações referentes ao trabalho dos ACS estão relacionadas com a

forma como o Agente e demais profissionais envolvidos entendem suas reais

atribuições. Dessa forma, a percepção distorcida das funções do ACS acaba

por trazer uma sobrecarga para esse profissional, que busca realizar o seu

trabalho de melhor forma possível, com dedicação e solidariedade.

3.4 Parecer sobre a pesquisa

Na pesquisa verificou-se que nos dias atuais os ACS encontram

dificuldades para estar atuando com as pessoas idosas pela necessidade de

receber qualificação específica. Neste sentido Mendonça (2004) ressalta que

os conhecimentos exigidos no processo de trabalho do ACS são bastante

complexos e diversificados, o que requer novos conhecimentos necessários

para adequar este profissional no desempenho de sua função.

[...] exige um conhecimento bastante complexo para acompanhar indivíduos e grupos, no âmbito da identificação de risco ambiental, da promoção da saúde e da prevenção de doenças prevalentes. Esta combinação indica a emergência de uma profissão e a necessidade de uma melhor qualificação profissional, ou seja, a introdução de competências profissionais. (MENDONÇA, 2004, p.358).

Ainda referindo o mesmo autor, Mendonça (2004), e confirmando o que

se abordou neste estudo os ACS em muitos momentos abrem mão de suas

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75

experiências próprias para estar atuando frente a problemas diários, pela

necessidade de conhecimentos específicos a cerca da saúde dos idosos.

Mendonça (2004 p. 359) ressalta que “... diante da ausência de um

saber instituído, o profissional ACS age em função de sua experiência de vida

e do seu perfil social, que guarda identidade com o grupo/comunidade a que

pertence”.

Um aspecto preocupante na análise e que deve ser abordado é a

sobrecarga deste profissional, neste sentido Tomaz (2002), refere o profissional

como sendo um super-herói, pela sobrecarga de trabalho e distorção no seu

papel.

O papel dos ACS como mediadores é algo unânime na opinião dos

idosos, como também o de educador. Este profissional é visto pela população

como um elo de comunicação em todos os sentidos que envolvem a unidade

do PSF e o Cliente.

Neste sentido Bornstein, Stotz (2006), ressaltam o trabalho do ACS

como sendo de mediador, tanto no que se refere à mediação entre o serviço e

a comunidade, como no que se refere à mediação entre diferentes saberes,

sendo este conceito ampliado, pois favorecem a facilitação do acesso as

pessoas de um modo geral.

Em relação ao envelhecimento populacional, foi evidenciado através de

referencial teórico que o crescimento da população idosa tem provocado

inúmeras alterações na sociedade, com impactos que recaem sobre a

sociedade, o mercado de trabalho, as ações políticas, as relações familiares e

principalmente no sistema de saúde.

O desafio maior no século XXI será cuidar dessa população crescente de idosos, a maioria com níveis socioeconômico e educacional baixos e uma alta prevalência de doenças crônicas e incapacitastes. Os sistemas de saúde terão de fazer frente a uma crescente demanda por procedimentos diagnósticos e terapêuticos das doenças crônicas [...] (SANTOS FILHO et al. 2006, p.71).

Este crescimento é visto como um problema mundial, não apenas

nacional, neste sentido cabe aos profissionais estarem aptos para atender esta

população. Os profissionais da área da saúde, principalmente a enfermagem,

tem neste sentido, uma oportunidade de trabalho muito grande, visto que em

Page 78: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

76

relação ao PSF, o enfermeiro é a peça chave na capacitação do agente

comunitário de saúde.

O atendimento ao idoso deve ser humanizado, priorizando o respeito às

leis criadas para os idosos. As intervenções voltadas necessitam de

conhecimentos sobre as necessidades desta população em especial, pois

atenção à saúde do idoso é um assunto de grande complexidade, o que se

justifica a criação de programas governamentais para estar preparando os

profissionais para atender a demanda, prestando assim uma assistência plena

e com resolutividade.

Após vivenciar o trabalho realizado e verificar os relatos obtidos através

das entrevistas dos ACS e dos idosos, observou-se a necessidade de se criar

uma proposta de intervenção não só referente à formação específica, mas

também em relação aos idosos. Viu-se também a necessidade de impor limites

de atuação, visto que em algumas situações ultrapassam as funções

preconizadas para os ACS.

Page 79: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

77

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Frente aos resultados obtidos neste trabalho e tendo em vista a possível

contribuição deste com os serviços de saúde, sugere-se:

a) investir na Educação Permanente da ESF para que a formação

contínua do profissional seja uma realidade, respondendo assim às

necessidades que esta população precisa;

b) supervisionar as atividades dos ACS verificando os resultados e a

efetividade assim como oferecendo suporte necessário à eles;

c) planejar as ações voltadas para a saúde do idoso, de modos a

definir objetivos e resultados esperados;

d) conscientizar a população da importância de sua atuação junto aos

ACS no que se referem ações desses profissionais;

e) construir um documento que venha nortear as ações dos ACS frente

à saúde dos idosos, com o objetivo de esclarecer a real posição e

sua função.

Sugere-se ainda que futuramente seja dada a continuidade a esta linha

de pesquisa, visto ser um tema muito rico de informações, complexo e que

merece ser explorado, o que virá contribuir para novos conhecimentos aos

profissionais e graduandos da área.

Page 80: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

78

CONCLUSÃO

Tendo em vista os objetivos desta pesquisa, buscamos caracterizar os

ACS, e a população idosa, bem como analisarmos cada situação levantada nos

depoimentos. A partir da perspectiva qualitativa, com base nas entrevistas

buscamos analisar alguns aspectos relevantes para nossa conclusão.

Com relação à saúde do idoso, fica claro que este é um assunto de

grande complexidade, mas cabe aos profissionais de saúde ampliar seus

conhecimentos para atuar com esta população visando à melhoria da

qualidade de vida dos mesmos.

Ao analisar a fala dos ACS, ficou elucidada a concepção que este

profissional tem acerca do ser idoso, um indivíduo carente, solitário. Porém,

através deste estudo evidenciou-se que os ACS devem compreender que as

necessidades dos idosos ultrapassam o aspecto emocional e envolvem o

físico, o ambiental, o social, o cultural, o familiar,o psicológico, entre outros.

Em contrapartida, o carinho que os profissionais dispensam a esta população é

muito grande, ficando evidenciado a empatia que existe por parte dos ACS em

estar atuando com idosos.

Entretanto, observou-se escassez no entendimento que os ACS têm do

idoso acerca de suas necessidades, se compararmos com toda complexidade

que envolve o envelhecer. Constatou-se que os ACS são vistos como

facilitador do cuidado, ele compartilha valores, costumes, com a comunidade,

neste sentido ele é essencial ao cuidado com idosos, mas para tanto acredita-

se ser necessário que ele esteja apto ao desempenho da função.

A análise dos depoimentos dos idosos nos levou a constatação da

importância deste profissional como educador, sendo ele o grande facilitador

das orientações e das ações, onde a população tem o ACS como o elo entre

UBS e as pessoas. Confirma-se através das analises a importância do vínculo

para um trabalho resolutivo na comunidade. O vínculo é de extrema

importância, pois cria uma confiança entre a população e os profissionais.

Um aspecto preocupante evidenciado nesta pesquisa é a carga

excessiva de responsabilidade que acaba recaindo sobre os ACS, pois muitas

vezes os idosos criam uma dependência tão grande deste profissional que ele

acaba ultrapassando os limites de suas funções. Isto também vem de encontro

Page 81: A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO … · A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS Trabalho de Conclusão de Curso

79

com a necessidade de estar recebendo qualificação específica para estar

atendendo esta população.

A questão do idoso em nosso país, deve merecer cada vez mais o

interesse dos órgãos públicos, dos formuladores de políticas sociais e da

sociedade em geral, dado o volume crescente deste segmento populacional,

seu ritmo de crescimento e de suas características demográficas, econômicas

e sociais.

Nesse sentido, justifica-se o investimento na formação dos ACS, pois

estes profissionais devem ser capazes de lidar com os múltiplos aspectos que

revestem o envelhecimento humano, de forma integrada com a comunidade e

assim, contribuir para a melhor qualidade de vida do idoso,

Os ACS em seus depoimentos reproduzem uma necessidade de adquirir

tal conhecimento sobre a população idosa, para poder atende - lá de forma

plena. No seu cotidiano ficam claras as barreiras que são encontradas por falta

de conhecimentos científicos. Ao relatarem os obstáculos que vivenciam por

falta de conhecimento, demonstram as dificuldades de resolutividade no

desempenho de suas funções.

Devido à importância do desempenho do trabalho deste profissional,

ACS, no contexto da saúde do idoso, é de extrema necessidade que se

incorpore ferramentas estratégicas, crie programas de especialização, para que

assim ele venha sugerir ações com qualidade e possa assim potencializar seu

trabalho.

Face ao exposto, considerando que o objetivo principal do estudo foi

analisar as atividades dos ACS com base na qualificação específica,

ressaltando os aspectos qualitativos no atendimento, sugere-se estudos

posteriores que considerem a qualidade das atividades realizadas por esses

profissionais e a identificação dos aspectos que levam à dificuldade de

realização de suas atividades, que devem estar presentes no trabalho diário

desses profissionais.

Assim, acreditamos que o conteúdo deste estudo é de grande

importância para os profissionais de saúde, pois permite uma reflexão sobre o

redirecionamento de suas ações junto à população idosa e seus familiares,

deixando evidenciada a necessidade de programas que visem à qualificação

profissional para atender a demanda desta clientela. Enfim, deseja-se que

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80

futuramente este estudo contribua de alguma forma para a melhoria na saúde

dos idosos e para o exercício profissional dos ACS, ou então que levante

discussões sobre o assunto, permitindo assim que busquem melhorias e uma

atenção à saúde mais humanizada.

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81

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APENDICES

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APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso

1 INTRODUÇÃO

Com base nos dados apresentados, esta pesquisa propõe-se a estar

avaliando a importância da inserção dos ACS no atendimento aos idosos,

sendo de fundamental importância que os ACS estejam preparados para

desempenhar sua função.

Para tanto será realizado um acompanhamento das atividades diária dos

ACS na unidade do PSF atendendo a população de idosos, sendo colhido

depoimento dos ACS sobre seus conhecimentos relacionados à saúde dos

idosos.

Sendo também aplicado questionário aos ACS e aos idosos, como

suporte para desenvolvimento do estudo.

1.1 Descrição do trabalho realizado

a) Materiais de suporte para coletar dados e informações.

b) Aplicação de questionários que serão previamente desenvolvidos e

apresentados neste projeto.

1.2 Discussão

Confronto entre teoria (referencial teórico dos primeiros capítulos) e a

prática utilizada pela empresa ou entidade.

1.3 Parecer final sobre o caso e sugestões sobre manutenção ou

modificações de procedimentos.

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APÊNDICE B – Roteiro de entrevista para ACS

I Dados de identificação

Sexo:

Idade:

Estado Civil: Filhos:

Grau de escolaridade:

Quanto tempo mora neste bairro:

Experiências profissionais anteriores:

Experiência profissional atual:

Tempo de trabalho nesta instituição:

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1) Porque escolheu esta profissão?

2) Há quanto tempo você é ACS?

3) Você recebeu capacitação para atuar como ACS?

4) Você acha que é necessária uma capacitação específica para atuar

com idosos?

5) Gostaria que você falasse qual sua visão do idoso.

6) Como você se sente trabalhando com idosos?

g) Você encontra dificuldade para estar atuando com idosos? Quais

são?

7) Que estratégia você utiliza par atingir seus resultados no cuidado aos

idosos?

8) Como o idoso demonstra satisfação (aceitação) pelo seu trabalho?

9) Como você sabe que a necessidade dos idosos está sendo atendida?

10) Como você vê a importância de seu trabalho para esta população?

11) Gostaria de falar alguma coisa que não lhe foi perguntado?

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APÊNDICE C – Roteiro de entrevista para idosos

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Sexo:

Idade:

Estado Civil: Filhos:

Grau de escolaridade:

Quanto tempo mora neste bairro:

Profissão/Ocupação:

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1) O que você acha do trabalho do ACS?

2) Você acha que o trabalho do ACS contribuiu para melhorar sua vida?

Como?

3) Para você qual a importância do ACS para os idosos?

4) Você gostaria de falar algo que não lhe foi perguntado sobre o ACS?

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ANEXO

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ANEXO A – Termo de Consentimento Livre Esclarecido

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO (Resolução nº 01 de 13/06/98 – CNS)

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. Nome do Paciente: Documento de Identidade nº

Sexo:

Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Telefone:

CEP:

1. Responsável Legal: Documento de Identidade nº

Sexo: Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):

II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. Título do protocolo de pesquisa: 2. Pesquisador responsável: Cargo/função:

Inscr.Cons.Regional:

Unidade ou Departamento do Solicitante:

3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência

imediata ou tardia do estudo).

SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR

4.Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar):

5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais: (explicitar)

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6. Desconfortos e riscos esperados: (explicitar)

7. Benefícios que poderão ser obtidos: (explicitar) 8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: (explicitar) 9. Duração da pesquisa: 10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em / /

III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU

REPRESENTANTE LEGAL

1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo.

2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de

participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento.

3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade.

4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas durante o

estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando da pesquisa.

5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos decorrentes

da pesquisa.

Observações complementares.

IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) pelo pesquisador, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II.

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________________________________ Local, / / .

Assinatura

____________________________________

Testemunha

Nome .....:

Endereço.:

Telefone .:

R.G. .......:

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Testemunha

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R.G. .......: