3 - economia e mercados

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    SUMÁRIO

    APRESENTAÇÃO ............................................................................................... 5

    1. INTRODUÇÃO À ECONOMIA ......................................................................... 6  1.1. Conceito de Economia ............................................................................ 7  1.2. O Problema Fundamental da Economia ................................................ 8  1.3. Quatro Perguntas Fundamentais ............................................................ 9  1.4. A Curva de Possibilidade de Produção ................................................ 10  1.5. Os Fatores de Produção ....................................................................... 11

      1.6. O Sistema Econômico ........................................................................... 13

    2. TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA .......................................................... 15  2.1. Curva de Demanda ................................................................................ 16  2.2. Bens complementares e substitutos .................................................... 17

    3. TEORIA ELEMENTAR DA PRODUÇÃO ....................................................... 19  3.1. A função de Produção ........................................................................... 20  3.2. Custo de Produção, receita e lucro ...................................................... 21

      3.3. Curva de Oferta ..................................................................................... 22

    4. O MERCADO ................................................................................................ 24  4.1. O Preço de Equilíbrio ............................................................................ 25  4.2. Classifcação dos Mercados ................................................................ 26  4.3. Estruturas de Mercado de Fatores de Produção ................................. 27

    5. CONTABILIDADE SOCIAL ........................................................................... 29  5.1. Renda e Produto .................................................................................... 30  5.2. Os principais agregados macroeconômicos ....................................... 32

    6. CONSUMO E POUPANÇA ............................................................................ 36  6.1. Componentes do Consumo .................................................................. 37

    7. EMPREGO .................................................................................................... 39  7.1. Mercado de Trabalho ............................................................................. 40  7.2. Oferta e demanda de Emprego ............................................................. 40

    8. ECONOMIA MONETÁRIA ............................................................................. 41

      8.1. A moeda: sua história e suas modalidades ......................................... 42  8.2. Funções e tipos de Moeda .................................................................... 43

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      8.3. Demanda e oferta de moeda ................................................................. 44  8.4. A Taxa de Juros de Equilíbrio ............................................................... 46

    9. SISTEMA FINANCEIRO ................................................................................ 48

      9.1. O Sistema Financeiro ............................................................................ 49  9.2. A organização do Sistema Financeiro Nacional .................................. 50

    10. INFLAÇÃO .................................................................................................. 51  10.1. A defnição e medida da inação ........................................................ 52  10.2. As Conseqüências da Inação............................................................ 52  10.3. Inação de demanda e inação de custo ........................................... 53  10.4. A inação no Brasil ............................................................................. 55

    11. O SETOR EXTERNO ................................................................................... 58  11.1. Balanço de Pagamentos ...................................................................... 59  11.2. Taxa de Câmbio ................................................................................... 60  11.3. Organismos Internacionais ................................................................. 61

    12. O SETOR PÚBLICO .................................................................................... 63  12.1. As Funções Econômicas do Setor Público ........................................ 64  12.2. Estrutura Tributária ............................................................................. 64  12.3. Défcit Público ..................................................................................... 66

    13. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ............................. 67  13.1. Crescimento e Desenvolvimento ........................................................ 68  13.2. Fontes de Crescimento Econômico ................................................... 68  13.3. Indicadores de Desenvolvimento ....................................................... 69

    14. POLÍTICAS MACROECONÔMICAS ........................................................... 70  14.1. Defnições ............................................................................................ 71  14.2. Metas de Política Macroeconômica .................................................... 71

      14.3. Instrumentos de Política Macroeconômica ........................................ 71

    15.GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA .................................................................. 74  15.1. O processo de globalização ................................................................ 75  15.2. As Conseqüências da Globalização ................................................... 75

    BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 77

    QUESTÕES ...................................................................................................... 78

    GABARITO ....................................................................................................... 86

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    APRESENTAÇÃO

    Uma das maneiras de estar no mundo, é através do conhecimento que você tem e

    adquire. Ele é construído de diversas formas, seja na escola, no trabalho ou em casa. O

    que se deseja e se espera daqueles envolvidos no mercado imobiliário é a consciência e

    o cumprimento da responsabilidade quanto à buscar do conhecer que, com certeza, irá

    colaborar para a realização dos seus sonhos e desejos.

     A economia, enquanto ciência social aplicada, se preocupa com o problema da

    escassez, oferecendo ou tentando oferecer alternativas apropriadas para a solução dessegrave mal que assola de diversas maneiras todo o mundo. A fome, o desemprego, a inação

    são apenas algumas das preocupações por parte daqueles que exercem a prossão de

    economista.

    O prossional imobiliarista não está divorciado da preocupação em se resolver o

    citado problema da escassez. Na verdade, no seu dia-a-dia, ele lida com pessoas que

    tem necessidades ilimitadas e recursos limitados. Essas pessoas conam então os seus

    patrimônios imobiliários, que na maioria das vezes é o único bem que eles tem, a essesprossionais, com a intenção de que os mesmos os comercializem, tanto na venda como

    na compra, buscando assim aumentar os limites dos seus recursos.

    Este trabalho tem a intenção de oferecer ao prossional do ramo imobiliário um

    importante instrumento para a construção do seu conhecimento. Ele foi escrito de uma

    maneira clara e sistematizada, buscando sempre facilitar o entendimento de uma área do

    saber que é a economia. Os conceitos, leis e teorias básicas da ciência econômicas estão

    aqui apresentados, de acordo com as principais bibliograas que tratam de tais questões.

     Ao ler e estudar esse material, você certamente estará dando passos rmes na direção

    da construção do saber e é isso que faz a grande diferença entre o prossional preparado e

    daquele fadado ao fracasso. Invista em você mesmo, através do estudo, e tenha uma vida

    de vitórias e realizações.

    Boa Sorte.

    O autor 

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    1INTRODUÇÃO À ECONOMIA

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      A economia passou a ser vista como ciência a partir da Grécia antiga, onde tivemos

    os primeiros registros de trabalhos econômicos.

     A economia faz parte de uma ciência maior, denominada de ciências sociais, onde a

    economia estuda a ação econômica do homem, envolvendo essencialmente o processo de

    produção, a geração e a apropriação da renda, o dispêndio (as despesas) e o processo de

    acumulação.

      A economia para que possa dar respostas aos problemas econômicos, procura o

    respaldo das demais áreas do conhecimento, das ciências humanas, exatas (matemáticas)

    e com outras ciências, com o m de juntas resolver os problemas econômicos.

     

    Em outras palavras, a economia, segundo Rossetti (1997), se preocupa com todos

    os aspectos que estejam relacionados à produção, distribuição, custos e acumulação de

    bens e serviços.

      A economia se preocupa com grandes temas que interferem de uma ou de outra

    maneira na vida do homem. Dentre eles temos: escassez de recursos, emprego, produção,

    trocas, valor, moeda, preços, mercados, concorrência, remunerações, agregados,

    transações, crescimento, equilíbrio, organização. Tais temas fazem parte da vida do homem

    e representam o campo de estudo da ciência econômica.

    1.1. Conceito de Economia

    Devido à complexidade dos problemas que envolvem o comportamento do homem,

    pode haver vários conceitos diferentes para a economia, pois a cada época, devido às

    concepções políticas-ideológicas de cada sociedade, pode-se observar a economia sob um

    ângulo diferenciado.

    Na medida em que novas preocupações de ordem econômica vão surgindo na vida do

    homem, o seu conceito vai evoluindo.

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    No entanto, levando-se em consideração que vários podem ser os conceitos de

    economia, cada um à sua época, conforme a época, adotaremos o seguinte conceito de

    economia:

     “A economia é a ciência que estuda as formas de comportamento humano resultantes

    da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora

    escassos, se prestam a usos alternativos”. ROSSETTI (1997, p.52.)

      A partir deste conceito, pode-se vericar que a preocupação básica da economia se

    refere aos escassos recursos para atender as necessidades ilimitadas. Tal conceito vale-se

    do fato, de que temos necessidades ilimitadas para satisfazer, e que os recursos para tal

    m são escassos, onde temos que escolher a melhor alocação dos mesmos para produzir

    o necessário para satisfazer nossas necessidades.

      A economia procura examinar as opções viáveis que se apresentam aos agentes

    econômicos, denominados estes de: unidades familiares, empresas e governo, para

    empregar os limitados recursos sob seu comando, tomando decisões racionais diante de

    várias alternativas.

    1.2. O Problema Fundamental da Economia

    Segundo Rossetti (1997), o problema fundamental da economia está relacionado

    ao conito entre os recursos limitados e necessidades ilimitáveis. Em outras palavras, oproblema fundamental da economia se refere à escassez dos recursos de produção.

      Como não temos uma abundância relativa dos recursos de produção, nossas

    necessidades não são completamente satisfeitas. Se todos os bens fossem livres, a

    disponibilidade ilimitada de recursos seria de tal ordem que a obtenção de quaisquer bens

    não seria problema. Daí, não necessitaria da ciência econômica, pois não haveria problemas

    a resolver. Não haveria conitos de interesses.

    Mas são raros os bens que ainda são livres (água da chuva, por exemplo), que

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    não temos que pagar para adquiri-lo. Até mesmo o ar que respiramos, que ainda é livre,

    vai, pouco a pouco, se transformando em bem econômico. Daí surge à necessidade da

    economia, para podermos usufruir, da melhor maneira possível, destes recursos que são

    escassos.

      Como nenhum sistema econômico foi capaz de satisfazer plenamente todas as

    necessidades dos indivíduos (em termos de bens e serviços), temos então a importância

    da economia, para nos ajudar a alocar recursos escassos para atender as necessidades

    ilimitadas.

      Em todos os países, as unidades familiares exigem mais e melhores produtos. As

    empresas para produzi-los exigem equipamentos de mais alta sosticação, mais ágeis e

    mais produtivos. E os governos, para garantirem a satisfação das necessidades dos outros

    agentes, têm de fornecer mais infra-estrutura econômica e social, melhores bens e serviços

    públicos. Ambos necessitam da economia para auxiliá-los.

    1.3. Quatro Perguntas Fundamentais

      São questões que acontecem em todas as economias, independente do grau de

    desenvolvimento que possuem.

     A primeira questão diz respeito ao que produzir. O que produzir com os recursos que

    são escassos para atender as necessidades ilimitadas da sociedade. Várias podem seras alternativas de produção, dentre elas o que produzir para usufruir e gastar da melhor

    maneira possível os recursos que são limitados.

    Quanto produzir se refere à segunda questão. Se refere a quanto produzir de

    determinado produto ou produtos para atender as necessidades da sociedade, para a

    sustentação do seu bem-estar corrente e para a progressiva melhoria do seu padrão de

    vida.

     A terceira questão é de como produzir. Como produzir para otimizarmos os recursos

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    de produção (terra, capital, trabalho, capacidade tecnológica e capacidade empresarial)

    face à sua escassez.

     A última pergunta fundamental diz respeito para quem produzir. Para quem vai serdirecionado o produto/serviço. Tal questionamento é importante para que se produza o

    necessário para atender as necessidades da sociedade.

      Considerando que as respostas destas perguntas são extremamente relevantes para

    resolver os problemas econômicos que afetam as sociedades como um todo, várias são

    as possibilidades de se produzir bens/serviços, com a disponibilidade limitada de recursos,

    para atendê-las. Neste sentido, essas possibilidades de produção existentes podem ser

    destinadas a uma variedade de combinações de diferentes categorias de bens e serviços

    que podem ser destinados para a sociedade.

    1.4. A Curva de Possibilidade de Produção

     A curva de possibilidade de produção retrata quais são as alternativas para a utilização

    dos recursos, quando se compara a produção de dois ou mais produtos. Neste caso, os

    recursos não são sucientes para produzir toda a quantidade de todos os produtos para

    atender a sociedade, pois os mesmos são escassos. Daí a escolha de alternativas entre

    o que se produzir de um e de outro produto para atender as necessidades da população.

    Unidades Familiares, Empresas e Governo, fazem parte de diferentes grupos deagentes econômicos que interagem, participando direta ou indiretamente de todas as

    transações que realizam dentro de determinado sistema econômico. Ou seja, podem

    ser consumidores e/ou produtores dos bens/serviços que são destinados a eles próprios

    enquanto agentes econômicos.

    Por unidades familiares entende-se todos os tipos de unidades domésticas, unipessoais

    ou familiares, com ou sem laços de parentesco, segundo as quais a sociedade como um

    todo se encontra segmentada. Essas unidades familiares possuem e fornecem os recursos

    de produção (na forma de trabalho), devido a isso, se apropriam de diferentes categorias de

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    rendas (que podem ser salários, aluguéis, juros, etc.), e a partir daí decidem como, quando

    e onde e em que as rendas recebidas serão despendidas.

    Já as empresas, são os agentes econômicos que empregam e combinam os recursosde produção para a geração dos bens e serviços que atenderão às necessidades de

    consumo e de acumulação da sociedade. Essas empresas são heterogêneas, ou seja, são

    de diversos tipos e produzem diferentes produtos.

    O governo é o agente coletivo que contrata diretamente o trabalho das unidades

    familiares e que adquire uma parcela da produção das empresas para proporcionar bens e

    serviços úteis à sociedade como um todo.

    Esses agentes é que fazem parte do processo produtivo em que se tem que escolher

    entre alternativas diferentes, devido à escassez de recursos.

    Todos os agentes econômicos, considerados isoladamente ou em conjunto, defrontam

    com esta restrição econômica. As unidades familiares podem ter aspirações ilimitáveis,

    mas defrontam com a amarga realidade dos recursos escassos, denidos por orçamentos

    restritos proveniente de sua limitação de renda.

    Normalmente, alguma coisa é sacricada em favor de outra. E as prioridades decididas,

    não importam quais sejam, traduzem sempre custos de oportunidade. Custos de se produzir

    um bem em detrimento do sacrifício de outro. Em outras palavras, se refere ao custo de se

    deixar de produzir um bem em detrimento de outro.

    1.5. Os Fatores de Produção

    Os fatores de produção representam os recursos disponíveis, que combinados, são

    direcionados para a produção de bens e/ou serviços para o atendimento das necessidades

    da população.

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    a) Fator Terra

    O Fator Terra constitui a base sobre a qual se exercem as atividades dos demais

    recursos de produção. As reservas naturais, renováveis ou não, encontram-se na base detodo o processo de produção. As dádivas da natureza, aproveitadas pelo homem em seus

    estados naturais ou então transformadas, são direcionadas para as outras atividades de

    produção.

    É a partir da interação com os demais fatores de produção que se viabiliza seu efetivo

    aproveitamento. Aqui é importante a consciência social sobre sua preservação e reposição,

    no intuito de tenha um melhor aproveitamento.

    b) Fator Trabalho

    É a parte da população total, considerada produtiva, que é denida por faixas etárias.

    É constituído por uma parcela da população total denominada de economicamente ativa,

    que contribui para o processo de produção.

     

    Segundo Rossetti (1994), os limites da faixa etária considerada economicamente ativa

    variam em função de dois fatores relevantes: o estágio de desenvolvimento da economia e

    o conjunto de denições institucionais, geralmente expresso através da legislação social e

    previdênciaria.

    Em todos os países, uma parcela da população economicamente ativa, embora apta,

    ca à margem do processo produtivo. É a porção economicamente inativa.

    c) Fator Capital

    Compreende o conjunto das riquezas acumuladas pela sociedade. Com o emprego

    destas riquezas é que a população ativa se equipa para o exercício das atividades de

    produção. Esse conjunto de riquezas dá suporte às operações produtivas realizadas por

    parte da sociedade.

     

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    O fator capital constitui-se das diferentes categorias de riqueza acumulada, empregadas

    na geração de novas riquezas. Também são chamados de bens de investimento. Podem

    ser: máquinas, equipamentos, instrumentos e ferramentas, energia, telecomunicações,

    transportes, educação e cultura, saúde e saneamento, segurança, construções e edicações(prédios), plantações, etc. Referem-se as riquezas utilizadas pelas empresas para efetuar

    a produção, representam os ativos das empresas, seu patrimônio. Caracteriza-se por

    aumentar a eciência do trabalho humano, para a produção de bens e serviços.

    Em economia, entende-se como pleno emprego dos recursos de produção (terra,

    capital e trabalho) que toda a população está empregada, não há desemprego voluntário.

    c) Fator capacidade tecnológica

     

    É constituída pelo conjunto de conhecimentos e habilidades que dão sustentação ao

    processo de produção, envolvendo desde os conhecimentos acumulados sobre as fontes

    de energia empregadas, passando pelas formas de extração de reservas naturais, pelo seu

    processamento, transformação e reciclagem, até chegar à conguração e ao desempenho

    dos produtos nais resultantes. É o elo de ligação entre o capital, a força de trabalho e o

    fator terra.

    d) Fator Capacidade Empresarial

    É através dela que os recursos disponíveis são reunidos, organizados e acionados

    para o exercício de atividades produtivas. O processo de produção, em seus fundamentos,dá-se pela mobilização combinada dos fatores terra, trabalho e capital, sob determinado

    padrão tecnológico. E o fator mobilizador é a capacidade empresarial.

    1.6. O Sistema Econômico

    Pode ser denido como sendo a forma política, social e econômica pela qual está

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    organizada uma sociedade. É um sistema que organiza a produção, a distribuição e o

    consumo de bens e serviços destinados à população.

    Fazem parte do sistema econômico o estoque de fatores de produção (terra, capital,trabalho, etc.), os agentes econômicos (unidades familiares, empresas e governo) e um

    conjunto de instituições. O estoque dos fatores de produção constitui a própria base da

    atividade econômica.

    Nenhum sistema econômico é possível sem que um conjunto de normas jurídicas

    discipline os deveres e as obrigações dos detentores dos recursos e das unidades que os

    empregarão. Daí o surgimento das complexas instituições.

    Os sistemas econômicos podem ser classicados em:

    Sistema capitalista de produção, que é aquele regido pelas leis de mercado, onde

    predomina a livre iniciativa e propriedade privada dos fatores de produção;

    Sistema socialista, que é aquele em que as questões econômicas fundamentais são

    resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos

    bens de produção.

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    2TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA

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    Como o estudo da demanda está alicerçado no conceito de utilidade, cabe-nos

    primeiramente conceituarmos utilidade.

     

    Utilidade é a qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer as necessidadeshumanas. Está utilidade difere de consumidor para consumidor, uma vez que está baseada

    em aspectos psicológicos ou a preferências.

    Como está utilidade visa satisfazer as necessidades humanas, têm que apresentar

    algum valor. É um conceito subjetivo, onde considera que o valor nasce da relação homem

    com os bens e/ou serviços.

     A demanda/procura pode ser denida como a quantidade de um determinado bem

    ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo a um

    determinado preço, mantidas constantes todas as outras variáveis (coeteris paribus). As

    outras variáveis que inuenciam a escolha (demanda) do consumidor. São elas: o preço do

    bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou preferência do

    indivíduo. Então, quando o preço de uma mercadoria aumenta, tudo o mais permanecendo

    constante, o consumidor perde o que chamamos de poder de compra.

    Dentro do estudo da demanda, temos a chamada Lei Geral da Demanda, que mostra

    que há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade demandada e o preço

    do bem, coeteris paribus. Esta relação pode ser vista pela Curva de Demanda.

    2.1. Curva de Demanda

     A curva de demanda revela as preferências dos consumidores, sob a hipótese de

    que estão maximizando sua utilidade, ou seja, estão maximizando o grau de satisfação no

    consumo daquele produto. No exemplo da curva abaixo podemos vericar que para cada

    nível de preços as pessoas estão dispostas a adquirir determinadas quantidades de bens,

    onde quanto menor o preço mais produtos elas estarão dispostas a adquirir. A curva de

    demanda inclina-se de cima para baixo, no sentido da esquerda para a direita, tendo uma

    inclinação negativa, devido a inversibilidade da relação preço e quantidade demandada.

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    Outras variáveis podem inuenciar a demanda como: a renda dos consumidores; os

    preços dos outros bens e serviços; os hábitos e preferências dos consumidores; os gastos

    com propaganda e publicidade, etc.

    Em teoria da demanda preço é um conceito de extrema importância. O preço expressa

    o valor de troca entre as mercadorias. É sua expressão monetária de valor, que é utilizadopara calcular o valor das mercadorias. A parte da economia que estuda a formação de

    preços é dita de microeconomia. Tal teoria trata além da formação de preços, da xação de

    preços mínimos por parte do governo, dos efeitos dos impostos sobre mercados especícos

    e sobre os custos de produção, dentre outros.

    2.2. Bens complementares e substitutos

    São bens que interferem na demanda de um produto por parte do consumidor. Pois

    quanto mais substitutos houver para um bem e/ou serviço, mais opções ele terá à sua

    disposição para decidir sobre a sua demanda. Neste caso, pequenas variações em seu

    preço, para cima, por exemplo, farão com que o consumidor passe a adquirir mais de seu

    produto substituto, provocando queda em sua demanda maior do que a variação do preço.Por exemplo, o consumidor tem sua demanda por uma certa quantidade de tomate, que

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    possui vários substitutos (repolho, cenoura, vagem, pepino, abóbora, etc.), neste caso,

    qualquer variação de preço por mais pequena que seja do tomate, os consumidores estarão

    dispostos a trocar uma certa quantidade (ou toda ela) de tomate por quantidades de seus

    produtos substitutos.

    Já para os bens complementares, também são bens que tendem a inuenciar a

    demanda de outros bens. São bens ditos de complementares, porque um está relacionado

    ao consumo do outro. Como por exemplo, o pão e a manteiga. Neste caso, quando o preço

    do pão subir isto ocasionará uma queda na demanda do próprio pão e, conseqüentemente,

    na demanda da própria manteiga, que o consumidor utiliza para passar no pão.

    Outra classicação que temos que ter em mente quando estamos falando de demanda,

    diz respeito se os bens são bens de consumo, daí temos os bens de consumo duráveis e

    não duráveis; dos bens de capital e dos bens intermediários.

    Bens de consumo são àqueles bens destinados ao consumo nal dos consumidores.

    No caso especíco dos bens de consumo duráveis, são por exemplo: televisores, geladeira,

    aparelho de som, carro, liquidicador, etc., pois são bens que não possuem consumo

    imediato. Já os bens de consumo não duráveis, são bens destinados ao consumo nal e

    são consumidos imediatamente pelos consumidores, por exemplo: alimentos, produtos de

    higiene e limpeza, etc.

    No tocante aos bens de capital, são ditos como bens que servem para produzir outros

    bens, como por exemplo, uma máquina de costura, ou seja, máquinas e equipamentos que

    são utilizados para fabricar outros bens.

    Por último temos os bens intermediários que também são bens utilizados para produzir

    outros bens, no entanto o fator que o difere dos bens de capital, é que os bens intermediários

    são consumidos durante o processo produtivo. Por exemplo, o tecido que utilizado para

    produzir a camisa, no nal do processo não existe mais tecido, mas sim camisa, enquanto

    a máquina de costura continua lá sendo utilizada para produzir outros bens.

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    3TEORIA ELEMENTAR

    DA PRODUÇÃO

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     A Teoria da Produção pode ser conceituada pelo processo de transformação dos fatores

    adquiridos pela empresa (terra, capital, trabalho, capacidade tecnológica e capacidade

    empresarial) em produtos ou serviços para a venda no mercado. Vasconcellos (2000)

    No processo de produção, diferentes insumos ou fatores de produção são combinados,

    de forma a produzir um bem nal. As formas como esses insumos são combinados constituem

    os chamados métodos de produção. A escolha do método ou processo de produção depende

    de sua eciência. Um método é tecnicamente eciente quando comparado com outros

    métodos, utiliza menor quantidade de insumos para produzir uma quantidade equivalente

    do produto. Um método é economicamente eciente, quanto está associado ao método

    mais barato relativamente a outros métodos.

    3.1. A função de Produção

    É a relação que mostra a quantidade física obtida do produto a partir da quantidade

    física utilizada dos fatores de produção num determinado período de tempo. A função deprodução admite sempre que o empresário esteja utilizando a maneira mais eciente de

    combinar os fatores e, conseqüentemente, obter a maior quantidade produzida do produto.

    Podemos representar a função de produção, da seguinte maneira:

    Q = f(x1,x2,x3, ... , xn)

    Onde:

    Q é a quantidade produzida do bem ou serviço, num determinado período de tempo;

    x1,x2,x3, ... , xn identicam as quantidades utilizadas de diversos fatores de produção;

    e

    f indica que Q depende da quantidade de insumos utilizados.

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    3.2. Custo de Produção, receita e lucro

    O objetivo básico de uma empresa é a maximização de seus resultados, de seu lucro,quando da realização de sua atividade produtiva, da combinação dos fatores de produção.

     Assim sendo, procurará sempre obter a máxima produção possível em face da utilização de

    certa combinação de fatores.

    O resultado dito ótimo para empresa poderá ser obtida quando for possível alcançar um

    dos seguintes objetivos: a) maximizar a produção para um dado custo total ou b) minimizar

    o custo total para um dado nível de produção. O primeiro diz respeito que a empresa tem

    um custo que não deve ser maior, pois se não seus lucros também serão maiores, então ela

    procurará produzir cada vez mais para alcançar um patamar de produção que lhe dê àquele

    custo. A alternativa b se refere que a empresa tem uma meta de produção que estabelece

    alcançar e que para alcança-la terá que reduzir os seus custos ao mínimo possível.

    Quanto aos custos totais de produção, dene-se como o total das despesas realizadas

    pela empresa com utilização da combinação mais econômica dos fatores, por meio da qual

    é obtida uma determinada quantidade do produto. Os custos totais de produção (CT) sãodivididos em custos variáveis totais (CVT) e custos xos totais (CFT):

    CT = CVT + CFT

    Os custos xos totais (CFT), correspondem à parcela dos custos totais que não

    aumentam com o aumento da produção. São decorrentes dos gastos com os fatores xos

    de produção, como por exemplo, depreciação, aluguéis, seguros, etc.

    Já os custos variáveis totais (CVT), correspondem à parcela dos custos totais que

    variam com o aumento da produção. São despesas realizadas com a compra da matéria-

    prima, materiais secundários, mão-de-obra direta, etc.

    Os custos também podem ser classicados de curto ou longo prazo. Os custos decurto prazo são caracterizados por serem compostos por parcelas de custos xos e de

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    custos variáveis e os custos de longo prazo são formados unicamente por custos variáveis,

    pois a partir de determinado momento, os próprios custos xos que eram xos passam a

    aumentar, pois aumentou o número de máquinas para produzir mais mercadorias.

    Também temos os conceitos de custos médios e marginais. Os custos médios são

    obtidos pela divisão entre o custo total e a quantidade produzida, ou seja, representa o custo

    médio para se produzir determinado produto. Já o custo marginal é dado pela variação do

    custo total em resposta a uma variação da quantidade produzida, ou seja, deseja saber

    quanto variará o custo se acrescer uma unidade na produção.

     As empresas têm como objetivo maior a maximização de lucros. Onde se pode denir

    o lucro total como a diferença entre as receitas de vendas da empresa e os seus custos

    totais de produção. Ou seja:

    LT = RT – CT

    Onde: LT = lucro total; RT= receita total e CT= custo total.

    Como receitas totais entende-se o valor das vendas totais realizadas num determinado

    período de tempo. Então como receita teremos:

    RT = P x Q

    Onde: RT= receita total; P= preço e Q= quantidade.

    Ou seja, receita total é igual ao preço do bem ou serviço multiplicado por sua respectivaquantidade vendida.

    Qualquer empresa, que deseje maximizar lucros, escolherá o nível de produção para

    o qual a diferença positiva entre receita total e custo total sejam a maior possível.

    3.3. Curva de Oferta

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     A oferta representa as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao

    mercado em determinado período de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta

    depende de vários fatores: de seu próprio preço, dos demais preços, do preço dos fatoresde produção, das preferências do empresário e da tecnologia.

     A função oferta mostra uma relação direta entre quantidade ofertada e nível de preços,

    coeteris paribus. Essa representa a chamada Lei Geral da Oferta.

     A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem ou serviço e seu preço deve-

    se ao fato de que, um aumento do preço no mercado estimula as empresas, os produtores

    a produzirem mais, aumentando sua receita. Podemos expressar a curva de demanda

    conforme a gura abaixo.

     A inclinação da curva de oferta e positivamente inclinada, uma vez que a relação entre

    quantidade ofertada e o preço é diretamente proporcional.

     Além do preço do bem, a oferta de bem ou serviço é afetada pelos custos dos fatores

    de produção (matérias-primas, salários, preço da terra) e por alterações tecnológicas, ou

    pelo aumento do número de empresas no mercado.

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    4O MERCADO

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    4.1. O Preço de Equilíbrio

     A interação das curvas de demanda e oferta determina o preço e a quantidade deequilíbrio de um bem ou serviço em um dado mercado.

    No encontro das curvas de oferta e demanda (ponto E) teremos o preço e a quantidade

    de equilíbrio, isto é, o preço e a quantidade que atendem os objetivos dos consumidores e

    dos produtores simultaneamente.

    Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio E, teremos uma

    situação de escassez do produto. Haverá uma competição entre os consumidores, pois as

    quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas. Formar-se-ão las, o que forçará

    a elevação dos preços, até atingir-se o equilíbrio, quando as las cessarão.

    Se por outro lado, a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio E,

    haverá um excesso ou excedente de produção, um acúmulo de estoques não programado

    do produto, o que provocará uma competição entre os produtores, conduzindo a uma

    redução dos preços, até que se atinja o ponto de equilíbrio.

    Quando há competição, tanto de consumidores quanto de ofertantes, há uma tendência

    natural no mercado para se chegar a uma situação de equilíbrio estacionário.

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    4.2. Classificação dos Mercados

    Há várias formas ou estruturas de mercado. Estas dependem fundamentalmente detrês características básicas: a) número de empresas que compõem esse mercado; b) tipo

    de produto produzido neste mercado e c) se existem ou não barreiras, obstáculos para que

    novas empresas entrem nesse mercado.

    Neste sentido podemos ter as seguintes estruturas de mercado:

    Concorrência Perfeita – é um tipo de mercado em que há um grande número de

    vendedores (empresas), de tal sorte que uma empresa, isoladamente, por ser insignicante,

    não afeta os níveis de oferta do mercado e, conseqüentemente, o preço de equilíbrio. É

    um mercado “atomizado”, pois é composto de um número expressivo de empresas, como

    se fossem átomos. Esse mercado possui algumas características básicas: trabalham com

    produtos homogêneos, onde não existe diferenciação entre os produtos ofertados pelas

    empresas; não existem barreiras para o ingresso de novas empresas, ou seja, qualquer

    empresa pode entrar no mercado facilmente e há transparência no mercado, onde todas

    as informações sobre lucros, preços, etc., são conhecidas por todos os participantes domercado.

      Na realidade, não há o mercado tipicamente de concorrência perfeita no mundo real,

    sendo talvez o mercado de produtos hortifrutigranjeiros (que produzem tomate, repolho,

    pepino, etc.) o exemplo mais próximo que se poderia apontar.

    Monopólio – Caracteriza-se por apresentar condições opostas às da concorrência

    perfeita. Nele existe, de um lado, um único empresário dominando inteiramente a oferta/

    produção e, de outro, todos os consumidores. Não há, portanto, concorrência, nem produto

    substituto ou concorrente. Nesse caso, ou os consumidores se submetem às condições

    impostas pelo vendedor, ou deixarão de consumir o produto.

     Para a existência de monopólios, deve haver barreiras que praticamente impeçam

    a entrada de novas empresas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes

    condições: controle de matérias-primas, onde o monopólio controla a fonte de matéria-

    prima para produzir o seu produto; patentes, onde o monopólio patenteou o produto e nãohá como outras empresas produzirem àquele produto; elevado volume de capital, onde a

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    empresa para entrar necessita de alto volume de capital e tecnologia.

    Oligopólio – é caracterizado por um pequeno número de empresas que dominam

    a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um mercado em que há um pequenonúmero de empresas ou então onde há um grande número de empresas, mas poucas que

    dominam o mercado.

    No oligopólio, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são xados entre as

    empresas por meio de conluios ou cartéis. O Cartel é uma organização (formal ou informal)

    de produtores dentro de um setor que determina a política de preços para todas as empresas

    que a ele pertencem.

    Nos oligopólios, normalmente as empresas discutem suas estruturas de custos. Há

    uma empresa líder que, via de regra, xa o preço, respeitando as estruturas de custos das

    demais, e há empresas satélites que seguem as regras ditadas pelas líderes. Esse é um

    modelo chamado e liderança de preços.

    Concorrência Monopolista – é uma estrutura de mercado intermediária entre a

    concorrência perfeita e o monopólio, mas que não se confunde com oligopólio, pois na

    concorrência monopolista há um número relativamente grande de empresas com certo

    poder concorrencial, porém com segmentos de mercados e produtos diferenciados e com

    margem de manobra para xação dos preços não muito ampla, uma vez que existem

    produtos substitutos no mercado.

    4.3. Estruturas de Mercado de Fatores de Produção

      Também apresenta diferentes estruturas.

    Concorrência Perfeita no mercado de fatores – é um mercado onde existe uma oferta

    abundante do fator de produção, o que torna o preço desse fator constante. Os ofertantes

    ou fornecedores, como são em grande número, não têm condições de obter preços mais

    elevados por seus serviços.

    Monopsônio – é uma forma de mercado na qual há somente um comprador para

    muitos vendedores dos serviços dos insumos e por isso tem capacidade de inuenciar os

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    preços da matéria-prima que adquiri.

    Oligopsônio – é um mercado onde existem poucos compradores que dominam o

    mercado para muitos vendedores. Ex: indústria de laticínios. Em cada cidade, existem dois

    ou três laticínios que adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais.Monopólio Bilateral – ocorre quando um monopolista, na compra do fator de produção,

    defronta-se com um monopolista na venda desse fator. Por exemplo, só a empresa A

    compra um tipo de aço que é produzido apenas por uma empresa B. Nesses casos, a

    determinação dos preços de mercado dependerá não só de fatores econômicos, mas do

    poder de barganha de ambos.

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    CONTABILIDADE SOCIAL

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     A Teoria Macroeconômica estuda a determinação e o comportamento dos agregados

    econômicos nacionais. A parte relativa que estuda a medida desses agregados é denominada

    Contabilidade Social, que é o registro contábil das atividades produtivas de um país, ao

    longo de um dado período de tempo.

     A contabilidade social procura denir e medir os principais agregados a partir de

    valores já realizados ou efetivados. Contabilidade Social pode ter várias denições de

    acordo com cada autor, em sua respectiva época.

    Um dos conceitos mais utilizados é o abordado por Rossetti (1992) em que Contabilidade

    Social pode ser entendida como um compartimento da Ciência Econômica que se ocupa da

    preparação sistemática e compreensiva de um conjunto articulado de informações sobre os

    vários tipos de transações econômicas, vericadas entre grupos signicativos de agentes

    durante determinado período; é assim, uma técnica de quanticação de um conjunto de

    variáveis que interessam à análise econômica global.

    Os agregados macroeconômicos são determinados a partir de um sistema contábil

    que trata o país como se fosse uma grande empresa produzindo um produto único.

    5.1. Renda e Produto

    O resultado da atividade econômica do país pode ser medido sob três óticas: pelo

    lado da produção e venda de bens e serviços nais na economia (ótica do produto e óticada despesa), e também pela renda gerada no processo de produção (ótica da renda), que

    vem a ser a remuneração dos fatores de produção (salários, juros, aluguéis e lucros). As

    óticas do produto e da despesa são medidas no mercado de bens e serviços, enquanto a

    ótica da renda é medida no mercado de fatores de produção.

    Neste caso a empresa efetua despesas com o pagamento de salários, juros, aluguéis e

    lucros distribuídos que são destinados às famílias, que por sua vez recebe tais pagamentos

    como receitas, e as empresas pela venda dos seus bens e serviços obtém renda, onde no

    nal do período considerado, faz-se a contabilidade das despesas e das receitas dessa

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    economia.

     

    Daí se tem o Produto Nacional (PN) que representa o valor de todos os bens e serviços

    nais, medidos a preços de mercado, produzidos num dado período de tempo, onde PN =Σ p.q, sendo p = preço unitário dos bens e serviços; q = quantidades produzidas de bens e

    serviços nais (tanto do setor primário, secundário e terciário da economia) e Σ símbolo de

    somatório, ou soma.

    O setor primário da economia se refere àquele onde são produzidos os bens e serviços

    ligados ao segmento agropecuário (agricultura e pecuária). Em outras palavras, se referem

    aos produtos produzidos pelo setor agropecuário.

    Já o setor secundário, se refere ao setor industrial, o setor que fabrica bens, sejam a

    partir de mercadorias oriundas do setor agropecuário ou não.

    O setor terciário se refere àquele setor de prestação de serviços ou de comércio. Ou

    seja, é aquele que vende os produtos provenientes da indústria ou que presta serviços de

    uma forma geral, e não fabrica produtos.

    Também temos o conceito de Despesa Nacional (DN) que é o gasto dos agentes

    econômicos com o produto nacional, onde revelam quais são os setores compradores do

    produto nacional.

    Já a Renda Nacional (RN) é a soma dos rendimentos pagos aos fatores de produção

    no período: RN = salários + juros + aluguéis + lucros, para a produção dos bens e serviços

    da economia. Quando dividimos o total desta renda pelo total da população de um País,temos a Renda per capita.

    Então, PN, DN e RN são três óticas de medição do resultado da atividade econômica

    de um país num dado período.

    Cabe aqui, também conceituarmos Valor Adicionado, conceito importante quando

    estamos medindo toda a produção da economia. Valor adicionado pode ser entendido

    como o valor que se adiciona ao produto em cada estágio de produção. Somando o valor

    adicionado em cada estágio de produção, chegaremos ao produto nal da economia.

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    Valor adicionado = valor bruto da produção (receita de vendas) – compra de bens e

    serviços intermediários

    5.2. Os principais agregados macroeconômicos

     Além dos conceitos de Produto Nacional, de Despesa Nacional e de Renda Nacional,

    tem-se outros conceitos, que fazem parte dos chamados agregados macroeconômicos.

    São eles:

    Poupança agregada – é a parcela da renda nacional (RN) que não é consumida no

    período, isto é, S = RN – C, onde S representa a poupança; RN a renda nacional e C o

    consumo. Poupança é o ato de não consumir no período, deixando para consumo futuro.

    Investimento agregado – é o gasto com bens que foram produzidos mas não foram

    consumidos no período, e que aumentaram a capacidade produtiva da economia paraos períodos seguintes. O investimento é composto pelo investimento em bens de capital

    (máquinas e imóveis) e pela variação de estoques de produtos que não foram consumidos.

    Os bens de capital são chamados, nas contas nacionais de formação bruta de capital xo.

    Então Investimento total = Investimentos em bens de capital + variação de estoques.

    Depreciação – é o desgaste do equipamento de capital da economia num dado período.

    É um gasto utilizado para repor os equipamentos que se desgastaram ou se tornaramobsoletos. A depreciação é o conceito que introduz uma diferenciação entre investimento

    bruto e investimento líquido.

    Investimento líquido = Investimento bruto – Depreciação.

    Da mesma forma, podemos distinguir o conceito de Produto Nacional Líquido (PNL)

    do conceito de Produto Nacional Bruto (PNB).

    Produto Nacional Líquido = Produto Nacional Bruto – Depreciação.

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     Além destes agregados temos as variáveis que incorporam o Setor Público, considerado

    suas três esferas: União, Estados e Municípios. Com sua inclusão, introduz-se o conceito

    de receita scal e gasto públicos, somado aos gastos e receitas já desempenhadas pelasempresas e famílias.

    Como receita scal do Governo, temos os impostos indiretos, que incidem sobre as

    transações com bens e serviços. Exemplo: ICMS, IPI. Impostos diretos, que incidem sobre

    a renda e a propriedade das pessoas físicas e jurídicas. Exemplo: Imposto de Renda.

    Contribuições à Previdência Social e outras receitas.

    Já quanto aos gastos do Governo, consideraram-se os gastos dos ministérios

    e autarquias, das empresas públicas e sociedades de economia mista e gastos com

    transferências e subsídios.

      É necessário aqui denirmos alguns conceitos básicos que também fazem parte

    das contas nacionais, são eles:

    1º) Preços de Mercado e Custo de Fatores – O preço de mercado de um produto

    normalmente está acima do valor remunerado aos fatores de produção necessários a sua

    produção. Isso porque em seu preço estão incorporados os impostos indiretos cobrados

    pelo Governo (ICMS, IPI, etc.), além disso caso o produto seja essencial à população o

    Governo, em alguns casos, subsidia o preço do produto, fazendo com que o preço pelo

    qual o produto é vendido seja inferior a seu custo de produção. Custo de Fatores é o que a

    empresa paga aos fatores de produção, salários, juros, aluguéis e lucros. Assim, partindo

    por exemplo, da Renda Nacional Líquida - RNL ou do Produto Nacional Líquido - PNL acusto de fatores para chegar ao PNL a preço de mercado temos:

    PNL a preços de mercado = PNL a custo de fatores + impostos indiretos – subsídios.

     Apenas os custos indiretos, e não os diretos, são relevantes nessa diferenciação. Isso

    porque os impostos diretos não representam uma diferença entre o custo de fatores e o

    preço nal de venda.

    2º) Renda Pessoal Disponível – procura medir o quanto a renda gerada no processo

    econômico ca em poder das famílias. A renda pessoal disponível mede quanto sobra para

    as famílias decidirem gastar na compra de bens e serviços ou então poupar.

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    3º) Carga Tributária Bruta e Líquida – a carga tributária bruta é o total da arrecadação

    scal do Governo (impostos diretos e indiretos e outras receitas do Governo, como taxas,

    multa e aluguéis). Se deduzirmos a carga tributária bruta das transferências e dos subsídiosque o Governo encaminha para o setor privado, daí termos a Carga Tributária Líquida.

    O esquema da Contabilidade Social ca completo quando consideramos que a

    economia é aberta ao exterior, que é a realidade atual.Com isso denimos os conceitos de

    exportação, importação e diferenciamos os conceitos de produto interno e produto nacional.

     As exportações representam as compras de mercadorias produzidas pelas empresas

    localizadas em nosso país efetuadas pelos estrangeiros. As importações representam as

    despesas que nós fazemos com produtos estrangeiros.

    Produto Interno Bruto (PIB) - é o somatório de todos os bens e serviços nais produzidos

    dentro do território nacional num dado período, valorizados a preços de mercado, sem levar

    em consideração se os fatores de produção são de propriedade de residentes (que estão

    dentro do país) ou não residentes (fora do país).

    Somando ao PIB à renda recebida do exterior e subtraindo a renda enviada ao

    exterior temos o Produto Nacional Bruto (PNB), que é a renda que efetivamente pertence

    aos nacionais, aos residentes do País.

    Para muitos, o PIB não mede adequadamente o bem-estar da coletividade, pois não

    reete as condições econômicas e sociais de um país. Ele não registra a economia informal;

    não considera os custos sociais derivados do crescimento econômico, tais como poluição,piora do meio ambiente; e não considera diferenças na distribuição de renda entre os vários

    grupos da sociedade.

     

     As Nações Unidas calculam periodicamente um índice de desenvolvimento humano

    (IDH) que, além de um indicador econômico (PIB), inclui indicadores sociais. Segundo a

    pesquisa das Nações Unidas, há nações com diferenças entre o IDH e o PIB. Mas no geral,

    há alta relação do PIB per capita com o desenvolvimento social de um país.

      Pode-se concluir que, apesar de algumas limitações, a medida do PIB é

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    um indicador útil tanto para comparações internacionais como para medir o crescimento

    do País ao longo dos anos. Entretanto, é sempre oportuno considerar também outros

    indicadores, como grau de distribuição de renda, analfabetismo, mortalidade infantil, etc,

    para que tenhamos uma avaliação mais completa da real condição socioeconômica de umpaís.

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    6CONSUMO E POUPANÇA

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    6.1. Componentes do Consumo

    O consumo global de um país é inuenciado por uma série de fatores, tais como: rendanacional, estoque de riqueza ou patrimônio, taxa de juros de mercado, disponibilidade de

    crédito, expectativa sobre a renda futura, rentabilidade das aplicações nanceiras, etc.

    No entanto, estudos estatísticos mostram que as decisões de consumo da coletividade

    são inuenciadas fundamentalmente pela renda nacional disponível, ou seja, a parcela da

    renda que ca disponível para os consumidores gastarem (ou pouparem).

    Então:

    C = f(RND), ou seja, o consumo se dá em função da renda, onde:

    C = Consumo agregado;

    RND = renda nacional disponível.

    6.2. Poupança e Investimento

      A poupança é a parcela da renda nacional que não é gasta em bens de

    consumo. A poupança é a diferença entre a renda e o consumo. Em outras palavras, é o

    não consumo presente em função de um consumo futuro.

    Então:

    S = f(RND), ou seja, a poupança se dá em função da renda, onde:

    S = poupança agregada;

    RND = renda nacional disponível.

    Já o investimento (construções, máquinas, etc.) é o acréscimo ao estoque de capitalque leva ao crescimento da capacidade produtiva. A curto prazo, é visto pelo lado dos

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    gastos necessários para a ampliação da capacidade produtiva.

    O investimento é a principal variável para explicar o crescimento da renda nacional

    de um país. Em linhas gerais, pode-se dizer que o investimento agregado é determinadopor dois fatores: a taxa de rentabilidade esperada e a taxa de juros de mercado. A taxa

    de rentabilidade esperada ou taxa de retorno é calculada a partir da estimativa do retorno

    esperado pela aquisição do bem de capital (construções, máquinas, etc.).

      A taxa de juros e o investimento possuem uma relação inversamente proporcional.

    Se a empresa já dispõe de capital próprio, a taxa de juros representará quanto a empresa

    ganharia, se em vez de investir em suas instalações, aplicasse no mercado nanceiro. Isto

    é o que chamamos de Custo de Oportunidade do Capital.

      Neste caso, um outro conceito importante é o de crédito, que regulado pela taxa

    de juros, determina o montante de investimentos. Crédito pode ser denido como sendo

    a troca de um bem disponível no momento pela promessa de um pagamento futuro. E

    quando as operações de crédito na economia são estimuladas, normalmente o consumo

    das famílias aumenta.

     

    Esse capital pode sofrer desgaste durante o processo produtivo. Para repor

    esse desgaste ou mesmo substituir os equipamentos, as máquinas durante o processo

    produtivo, a depreciação pode ser utilizada para cobrir tais custos.

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    7EMPREGO

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    7.1. Mercado de Trabalho

      No mercado de trabalho temos o que chamamos de população economicamenteativa, que são àquelas pessoas que estão fazem parte de uma determinada faixa etária que

    tem condições de estar trabalhando. Fazem parte as pessoas efetivamente empregadas,

    recebendo salários e contribuindo para o aumento da renda e do consumo da economia.

     As pessoas desempregadas também fazem parte da população economicamente ativa, só

    que não estão trabalhando, ou estão procurando emprego.

    7.2. Oferta e demanda de Emprego

      O mercado de trabalho é constituído pela oferta e demanda de emprego. A oferta de

    emprego é determinada pelas empresas, que ao produzirem, ao aumentarem a produção

    contratam pessoas para desempenhar determinadas atividades e recebem renda por isso.

    O governo também tem papel fundamental neste processo, pois também é um grandecontratante de mão-de-obra.

    O desempenho de suas políticas, que inuenciam as atividades das empresas,

    também pode funcionar como um alavancador de empregos para a população. O governo

    reduzindo tributos, dando condições de maior crédito para as empresas, para que possam

    produzir mais, estas vão necessitar também de contratar mais pessoas.

    Políticas direcionadas para a melhoria das condições de vida da população, no intuito

    de melhorar a distribuição de renda, também funciona como um incentivo para a geração

    de empregos.

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    8ECONOMIA MONETÁRIA

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    8.1. A moeda: sua história e suas modalidades

    O uso da moeda nas economias em que vivemos é de tal forma generalizada quese torna difícil imaginar o funcionamento de um sistema econômico em que não existam

    instrumentos monetários. Mas existiam grupos que não utilizavam moeda. Esses primeiros

    agrupamentos, em geral, nômades, teriam sobrevivido sob padrões bastante simples de

    atividade econômica. Eram grupos que não conheceram a moeda e, quando recorriam

    a atividades de troca, realizavam trocas em espécie, ou seja, trocavam mercadorias por

    mercadorias, a esta prática denomina-se escambo.

     Antes da existência da moeda, o uxo de trocas de bens e serviços na economia dava-

    se através do escambo, com trocas diretas de mercadoria por mercadoria. No entanto,

    vários eram os transtornos causados pela falta da moeda, como por exemplo a questão da

    divisibilidade do bem para a troca por outro. Quando se tinha que dividir uma mercadoria

    para comprar uma unidade inteira de outra. Então, na medida que a economia foi se

    desenvolvendo, aumentando as trocas, isto trouxe a necessidade do aperfeiçoamento dos

    instrumentos de troca.

    Com a evolução da sociedade, certas mercadorias passaram a ser aceitas por todos,

    por suas características peculiares ou pelo próprio fato de serem escassas. Por exemplo,

    o sal, que por ser escasso era aceito na Roma Antiga como moeda. Em diversas épocas

    e locais diferentes, outros bens assumiram idêntica função. Portanto, a moeda mercadoria

    constitui a forma mais primitiva de moeda na economia.

    Logo após, os metais preciosos passaram a assumir a função de moeda por diversas

    razões: são limitados na natureza, possuem durabilidade e resistência, são divisíveis em

    peso. Tiveram esse papel de moeda por várias épocas.

    Nosso atual papel-moeda teve origem na moeda-papel. As pessoas de posse de ouro,

    por questões de segurança, o guardavam em casas especializadas, onde os ourives –

    pessoas que trabalhavam com ouro e prata, emitiam certicados de depósitos dos metais.

     Ao adquirir bens e serviços, as pessoas podiam então fazer os pagamentos com esses

    certicados, já que, por serem transferíveis, o novo detentor do título poderia retirar omontante correspondente de metal junto ao ourives.

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    Mais tarde, com a criação dos Estados nacionais aparece o papel-moeda. Cada Estado

    passou a emitir seu papel-moeda, sendo este lastreado em ouro (padrão ouro). O ouro,

    contudo, era um metal com reservas limitadas na natureza, e como a capacidade de emitirmoeda estava vinculada à quantidade de ouro existente, o padrão-ouro passou a apresentar

    um obstáculo à expansão das economias nacionais e do comércio internacional, ao impor

    um limite a oferta monetária. Dessa forma, a partir de 1920, o padrão-ouro foi abandonado,

    e a emissão de moeda passou a ser livre, ou a critério das autoridades monetárias de cada

    país. Assim, a moeda possa a ser aceita por força de lei, denominando-se moeda de curso

    forçado ou moeda duciária.

    Pode-se conceituar moeda como um instrumento ou objeto que é aceito pela

    coletividade para intermediar as transações econômicas, para pagamento dos bens,

    serviços e fatores de produção. Essa aceitação é garantida por Lei, ou seja, a moeda tem

    “curso forçado”. Representa liquidez imediata para quem a possui, pois pode ser trocada por

    outras mercadorias e/ou serviços. É a única forma irrecusável para quitação de obrigações.

    8.2. Funções e tipos de Moeda

     As principais funções da moeda são:

    Instrumento ou meio de troca – serve para intermediar a troca de bens, serviços e

    fatores de produção da economia.Denominador comum monetário – possibilita que sejam expressos em unidades

    monetárias os valores de todos os bens e serviços produzidos pelo sistema econômico. É

    um padrão de medida.

    Reserva de Valor – a moeda representa liquidez imediata. Pode ser acumulada para

    a aquisição de um bem ou serviço no futuro. Ou seja, pode ser guardada para render valor

    no futuro.

    Padrão para pagamento diferido – a moeda pode ser utilizada para pagamentos de

    contas em períodos diferentes.

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    Tipos de Moeda

    Moedas metálicas: são emitidas pelo Banco Central, constituem pequena parcela daoferta monetária e visam facilitar as operações de pequeno valor.

    Papel-moeda: são emitidas pelo Banco Central, representa parcela signicativa da

    quantidade de dinheiro em poder do público. Quando juntamos as moedas metálicas e o

    papel-moeda em poder do público denominamos de moeda manual.

    Moeda escritural: é representada pelos depósitos a vista nos bancos comerciais.

    8.3. Demanda e oferta de moeda

     A criação da moeda depende da sua respectiva demanda e oferta por parte da

    população e das autoridades monetárias (governo).

    Oferta de Moeda

     

     A moeda é ofertada pelas autoridades monetárias e pelos bancos comerciais (Itaú,

    Bradesco, Safra, etc.), sendo está dita como exógena, ou seja, criada e ofertada pelo

    governo e não pelo mercado.

    Oferta de moeda é o suprimento de moeda para atender às necessidades dacoletividade. Pode ser ofertada pelas autoridades monetárias e pelos Bancos Comerciais.

     A oferta de moeda pode também ser chamada de meios de pagamento. Estes constituem

    o total de moeda à disposição do setor privado não bancário, de liquidez imediata, ou seja,

    que pode ser utilizada imediatamente para efetuar transações econômicas. A liquidez da

    moeda é a capacidade que ela tem de ser um ativo prontamente disponível e aceito para

    as mais diversas transações.

    Os meios de pagamento em sua forma tradicional são dados pela soma da moeda em

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    poder do público mais os depósitos a vista nos bancos comerciais. Representam, então,

    quanto a coletividade tem de moeda física (metálica e papel) com o público ou no cofre das

    empresas somados a quanto ela tem em conta corrente nos bancos.

    Uma das formas mais tradicionais de se aumentar rapidamente os meios de pagamento

    pode ser observada a partir da ampliação dos empréstimos pelos bancos comerciais ao

    setor privado. À medida que os bancos comerciais têm possibilidade de Ter mais recursos,

    estes possuem um efeito multiplicador, de dobrar, triplicar, a moeda através de empréstimos.

    O conceito econômico de moeda é representado apenas pela moeda que está com o

    setor privado não bancário, ou seja, excluem-se os próprios bancos comerciais, e a moeda

    que está com as autoridades monetárias.

    Esse dinheiro que pertence aos bancos é denominado de encaixe monetário, que o

    mesmo tem que manter junto ao Banco Central. Representa a porcentagem dos depósitos

    de um banco que não pode ser emprestada ou empregada em qualquer negócio, devendo

    car como garantia ou lastro do mesmo.

    Também são considerados, na denição tradicional de meios de pagamento, as

    cadernetas de poupança e os depósitos a prazo nos bancos comerciais. Os meios de

    pagamento também podem ser chamados de M1, ou seja, ativos ou haveres monetários.

    Os demais ativos nanceiros, que rendem juros, são chamados de ativos ou haveres não

    monetários. São os chamados M2, M3, M4, conforme a rapidez com que podem ter liquidez,

    ou seja, podem ser transformados em moeda.

    Ocorre criação de moeda quando há um aumento do volume dos meios de pagamento,e destruição de moeda quando ocorre uma redução dos meios de pagamento. O aumento

    dos empréstimos ao setor privado se refere a criação de moeda e o resgate de um

    empréstimo no banco se refere a destruição de moeda.

    Demanda de Moeda

    Corresponde à quantidade de moeda que o setor privado não bancário retém, em

    média, seja com o público, seja no cofre das empresas, e em depósitos a vista nos bancos

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    comerciais. Há três razões pelas quais se retém moeda, em vez de utilizá-la na compra de

    títulos, imóveis, etc.

    1ª) As pessoas e empresas precisam de dinheiro para suas transações do dia-a-dia,para alimentação, transporte, aluguel, etc.(demanda de moeda para transações);

    2ª) O público e as empresas precisam ter uma certa reserva monetária para fazer face

    a pagamentos imprevistos ou atrasos em recebimentos esperados (demanda de moeda por

    precaução); e

    3ª) Os investidores devem deixar uma “cesta” para a moeda, observando o

    comportamento da rentabilidade dos vários títulos, para fazer algum novo negócio (demanda

    de moeda por especulação).

     As duas primeiras razões dependem diretamente do nível de renda. Quanto maior a

    renda maior a necessidade de moeda para transações e por precaução. A terceira depende

    da taxa de juros, onde há uma relação inversa entre demanda de moeda por especulação

    e taxa de juros. Quanto maior o rendimento dos títulos, menor a quantidade de moeda que

    o aplicador retém em sua carteira, já que é melhor utiliza-la na compra de ativos rentáveis.

    8.4. A Taxa de Juros de Equilíbrio

     A taxa de juros tem um papel estratégico nas decisões dos mais variados agentes

    econômicos. Para as empresas, as decisões quanto à compra de máquinas, equipamentos,

    aumentos ou diminuição de estoques, de matérias-primas ou de bens nais serãodeterminadas não só pelo nível atual, mas também pelas expectativas quanto aos níveis

    futuros das taxas de juros. Se as expectativas quanto à trajetória das taxas de juros se

    tornarem pessimistas, os empresários deverão manter níveis baixos de estoques e mesmo

    de capital de giro no presente, uma vez que o custo de manutenção desses ativos poderá

    ser extremamente caro no futuro.

    Os consumidores exercerão um maior poder de compra à medida que as taxas de

     juros diminuírem, e o contrário, e as taxas de juros aumentarem.

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     A taxa de juros tem um importante papel, pois a determinação de seu patamar acabará

    por inuenciar o volume de consumo, notadamente de bens de consumo duráveis, por parte

    das famílias. Essa diminuição do consumo ocorre porque as pessoas passam a preferir

    poupança a consumo, e dirigem sua renda não gasta para os bancos, com o intuito deauferirem receitas nanceiras.

    Muito se indaga sobre as diferenças das taxas de juros praticadas no mercado. Entre

    a taxa de juros que é determinada pelo Conselho Monetário Nacional e as taxas de juros

    cobradas pelos bancos comerciais. A essa diferença entre taxas de juros, no sistema

    bancário, dar-se o nome de spread.

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    9SISTEMA FINANCEIRO

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    Podemos entender o sistema nanceiro como sendo um fundo no qual as unidades

    decitárias (investidores) retiram recursos, enquanto as superavitárias (poupadores) os

    depositam.

    9.1. O Sistema Financeiro

    Num sistema nanceiro podemos ter diversas modalidades de créditos para

    investimentos, podendo estar ligados aos seguintes mercados:

    Mercado monetário: neste são realizadas a operações de curtíssimo prazo com a

    nalidade de suprir as necessidades de caixa dos diversos agentes econômicos, como os

    empréstimos para as pessoas físicas.

    Mercado de crédito: neste caso são atendidas as necessidades de recursos de curto,

    médio e longo prazos, principalmente oriundas da demanda de crédito para aquisição de

    bens de consumo durável e da demanda de capital de giro das empresas. Ex: créditorápido, desconto de duplicatas, etc. Também engloba os nanciamentos de longo prazo,

    como o Finame, FCO, etc. As pessoas envolvidas no mercado de crédito são chamadas de

    credores e devedores.

    Mercado de Capitais: procuram suprir as exigências de recursos de médio e de longo

    prazos, principalmente com vistas à realização de investimentos em capital. Ex: compra e

    venda de ações, debêntures, etc.

    Mercado Cambial: nele são realizadas a compra e a venda de moeda estrangeira,

    para atender a diversas nalidades, como a compra de câmbio, para importação; a venda

    por parte dos exportadores; e venda/compra, para viagens de turismo.

    Mercados Primários e Secundários: Os primeiros são aqueles em que se realiza a

    primeira compra/venda de algum ativo recém-emitido; os secundários caracterizam-se por

    negociarem ativos nanceiros já negociados anteriormente.

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    Mercados à vista, futuros e opções: Os mercados à vista negociam apenas ativos com

    preços a vista; os mercados futuros negociam os preços esperados de certos ativos e de

    mercadorias para determinada data futura e os mercados de opções negociam opções de

    compra/venda de determinados ativos em data futura.

    9.2. A organização do Sistema Financeiro Nacional

    O sistema nanceiro pode-se subdividir da seguinte maneira:

    Subsistema Normativo – são aqueles que ditam a normas que tem que serem seguidas

    pelas outras instituições. São eles: Conselho Monetário Nacional - CMN, Banco Central

    do Brasil - Bacen e Comissão de Valores Mobiliários – CVM. O Banco Central do Brasil é

    o órgão executor da política monetária, exercendo a regulamentação e a scalização de

    todas as atividades de intermediação nanceira no País. Já o Conselho Monetário Nacional

    representa o órgão normativo. É quem determina as normas a serem cumpridas pelo Banco

    Central. É o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional brasileiro. Já a Comissão de

    Valores Mobiliários possui a função de scalizar as atividades das bolsas de valores e demercados futuros.

    Subsistema Operativo – Seguem diretamente as normas do subsistema normativo.

    São eles: Instituições Bancárias (públicas ou privadas) - Bancos comerciais e Caixas

    econômicas (está última que é responsável por executar operações de crédito habitacional

    no país); Instituições não bancárias (públicas ou privadas) – Bancos de investimento (a

    exemplo do BNDES, que é responsável pelo nanciamento da expansão de investimentos

    no país), bancos de desenvolvimento, companhias de desenvolvimento, sociedade decrédito de nanciamento e investimento, sociedade de crédito imobiliário, associações de

    poupança e empréstimo e companhias seguradoras; Instituições auxiliares (públicas ou

    privadas) – Bolsas de valores, sociedades corretoras, sociedades distribuidoras, agentes

    autônomos de investimento e outros (leasing, factoring cobrança, etc.); e os Agentes

    Especiais – Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

    Podemos citar como os principais instrumentos de política monetária: O controle do

    crédito e dos juros; as operações de redesconto; o controle das taxas de reservas e doscompulsórios e as operações de open market, ou de títulos públicos.

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    10 INFLAÇÃO

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    10.1. A definição e medida da inflação

     A inação ou instabilidade de preços é denida como um aumento persistente egeneralizado no índice de preços, ou seja, são aumentos contínuos de preços. As fontes

    de inação diferem em função das condições de cada país, em virtude de alguns aspectos,

    como:

    tipo de estrutura de mercado – se concorrencial, monopolista ou oligopolista,

    dependendo do mercado há um condicionamento da capacidade dos vários setores

    repassarem aumentos de custos aos preços dos produtos;

    grau de abertura da economia ao exterior – quanto mais aberta a economia à

    competição externa, maior a concorrência interna entre fabricantes, e menores os preços

    dos produtos; e

    estrutura das organizações trabalhistas – onde quanto maior o poder de barganha

    dos sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes de salários acima dos índices de

    produtividade, e maior a pressão sobre os preços.

    10.2. As Conseqüências da Inflação

    Variam com a intensidade e com a velocidade do processo de alta dos preços. Baixa

    variação de preços dita discreta, produzem efeitos econômicos assimiláveis, em alguns

    casos até despercebidos pelos consumidores. Esse quadro de relativo conforto começa a

    alterar-se à medida que o processo de alta de preços se torna mais intenso, atingindo os

    fatores de produção, os produtos, as categorias de renda e os estratos socioeconômicos.

     A inação corrói o poder de compra do salário nominal recebido pelo trabalhador, pela

    população.

    Dependendo da intensidade do processo e dos mecanismos de defesa acionados, as

    inações intensas podem produzir graves efeitos redistributivos sobre a renda agregada e

    as riquezas acumuladas; no limite, poderão destruir as bases do ordenamento econômico,ao atingirem as funções monetárias ou a conança do público em quaisquer formas de

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    haveres nanceiros (moeda, títulos, cadernetas de poupança, etc.).

     Algumas das suas conseqüências podem ser:

    Destruição da moeda, com sua capacidade de reserva de valor e de sua utilidade

    como meio de pagamento;

    Destruição da estrutura e da logicidade do sistema de trocas;

    Desarticulação de suprimentos nas cadeias produtivas;

    Regressão das atividades produtivas à linha de subsistência;

    Queda vertiginosa do nível de emprego;

    Ruptura do tecido social; e

    Ruptura político-institucional, onde o governo perde o controle da situação.

    Não há uma única teoria que seja capaz de explicar todos os tipos de inação. Eles

    são muitos e, geralmente são diferenciados por qualicativos que remetem às causas, às

    magnitudes dos processos de alta e suas características visíveis. Os principais troncos

    teóricos que procuram explicar a inação podem ser agrupados em: A inação de demanda;

     A inação de custos e Inação Inercial.

    10.3. Inflação de demanda e inflação de custo

    Neste caso uma das principais explicações teóricas da inação sustenta que as altas

    generalizadas de preços resultam de uma procura ou demanda agregada excessiva emrelação à capacidade de oferta da economia. Ou seja, refere-se ao excesso de demanda

    agregada em relação à produção disponível de bens e serviços.

    Neste caso a procura exacerbada empurra os preços para cima, dando origem a uma

    espiral de alta, tanto mais intensa quanto menor for a capacidade ociosa da economia.

    Nesta situação, aumentos da demanda agregada de bens e serviços, com economia já a

    plena capacidade, conduzem a elevações de preços.

     

     As inações resultantes de gastos excessivos por parte dos consumidores, podem

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    originar-se tanto do setor real (do próprio consumo da população), quanto no setor monetário

    da economia (onde o governo estimula o consumo colocando mais dinheiro no mercado,

    via taxas de juros baixas e com maior crediário). Pode resultar de expectativas sobre falta

    de produtos por parte dos produtores, ou podem originar-se da inadequada condução dapolítica monetária, conduzindo à maior oferta de moeda e à multiplicação dos meios de

    pagamento em escalas mais que proporcionais à capacidade efetiva de geração de bens e

    serviços. Neste caso uma solução para combater este tipo de inação poderia ser o arrocho

    salarial, impedindo, assim, que as pessoas demandem bens e serviços, resultando em

    baixa pressão sobre os preços. Ou seja, são medidas que impeçam as pessoas de adquirir

    bens e serviços, reduzindo a pressão sobre os níveis de preços.

    Já a inação dita de custos, trata-se de movimentos de alta de preços originários da

    expansão dos custos dos fatores (terra, capital e trabalho) mobilizados no processamento

    da produção de bens e serviços. Este tipo de inação pode ser associado a uma inação

    de oferta. O nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos fatores

    importantes aumentam.

    Podem se originar da expansão dos tributos indiretos cobrados pelo governo, que

    pode desencadear um processo de alta que se auto-alimentará em espiral; a expansão

    dos custos do fator trabalho também pode dar origem a altas generalizadas; por m, a

    ampliação das margens de lucro, ainda que setorialmente localizadas, podem propagar-se

    ao longo da cadeia de produção, empurrando os preços para cima. Em outras palavras,

    o aumento de salários e dos preços das matérias-primas representam um causador da

    inação de custos.

    Os efeitos desse processo inacionário podem inuenciar no perl da distribuição darenda, do balanço de pagamentos, nas nanças públicas e até mesmo nas expectativas

    das empresas.

    E por último a inação inercial ou inércia inacionária, fundamenta-se na capacidade

    de autopropagação da inação e na prática generalizada da indexação – a correção dos

    custos dos fatores e dos preços dos produtos - indenidamente, pelos índices da inação

    passada, para que se mantenha a estrutura dos preços relativos e se recomponha a

    capacidade de compra das remunerações pagas.

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     A concepção da inação inercial pressupõe expectativas compulsivas que levam à

    remarcação contínua de preços, à indexação de contratos e a um tipo de convivência com

    o processo de alta aceito e praticado por todos os agentes econômicos.

    Temos ainda a inação denominada de inação administrada, onde as empresasmonopolistas ou oligopolistas aumentam seus preços com objetivos de lucrarem mais,

    sendo que os consumidores não têm outra alternativa, senão deixar de consumir os produtos

    fabricados por tais empresas se não quiserem pagar mais por eles.

    10.4. A inflação no Brasil

    Uma das características históricas da economia brasileira é a tendência secular à alta

    dos preços. No Brasil, os períodos de variação acelerada dos preços têm prevalecido sobre

    os de inação moderada, sobretudo nos últimos 50 anos. A partir da 2ª Guerra Mundial o

    País viveu épocas de inação galopante ascendente. E na transição dos anos 80 para 90

    esteve bem perto de uma hiperinação descontrolada.

    Fazendo uma simples leitura das séries históricas da inação no Brasil, pode-se

    observar que nos últimos 50 anos tivemos pelo menos sete períodos distintos, denidos

    pela magnitude das taxas de variação da oferta monetária e dos preços, pelas causas

    prováveis do processo de alta e pela tipologia dos programas de estabilização. Os períodos

    são:

    1946-58: Inação de crédito e estrutural1958-63: Inação predominantemente scal

    1964-67: Aplicação de controles ortodoxos

    1968-79: Inação reprimida

    1980-85: Instalação de movimentos inerciais.

    1986-94: Fase dos choques heterodoxos.

    1994: A fundamentação e a implantação do Real.

    No período de 1946-58 aceleraram-se os processos de mudança estrutura do país,

    tanto no setor real (industrialização) quanto no nanceiro (criação de instituições bancárias).

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    Com isso o efeito multiplicador da moeda escritural exerceu-se com maior impacto,

    amplicando o efeito inacionário de emissões primárias de moeda. Acentuaram-se então

    as pressões do setor real sobre o setor nanceiro, tanto para elevação da taxa de câmbio,

    quanto para abertura de novas linhas de nanciamento subsidiado. O resultado destacombinação, gradualmente, promoveu a aceleração da inação, que saiu de um patamar

    de 20% ao ano para 40% ao ano no nal deste período.

    Já durante o período 1959-63 aliados às pressões por crédito pelo setor privado,

    somaram-se as pressões scais devido aos constantes décits de caixa do governo,

    fazendo com que se expandisse à oferta monetária. A este fator de impulsão dos preços

    somaram-se também as pressões reivindicatórias da classe trabalhadora, fazendo com que

    impulsionasse ainda mais o processo inacionário.

    No período 1964-67, o processo foi o inverso, o governo instalado em 64 adotou

    rígidos mecanismos ortodoxos de controle do surto inacionário. Debelo o décit scal.

    Conteve a oferta monetária. Reformaram-se o sistema nanceiro e a estrutura tributária.

    Cada um dos fatores diagnosticados como causadores do surto inacionário do Período

    anterior foi objeto de controles rígidos. Daí a inação anual recuou: de uma taxa entre 80 e

    90% para um novo patamar, próximo de 20%.

    No período 1968-79, as bases institucionais do período anterior foram mobilizadas

    para o milagre econômico, no sentido de conciliar forte crescimento econômico com

    contenção do processo inacionário. As pressões internas, de origem nanceira, que

    pressionavam a procura agregada para cima, somaram-se as pressões externas de custos,

    resultantes dos choques de oferta do cartel do petróleo, ocasionando uma espiral procura-

    custos, passando a exercer fortes pressões de alta na inação. Neste período as emissõesprimárias de moeda utilizadas para conter o décit do setor público, multiplicadas pelo

    sistema de intermediação bancária, criaram uma das principais precondições para a alta

    inacionária dos preços.

    Período 1980-85 – No início da década de 1980, a inação brasileira situou-se na faixa

    dos três dígitos, mantendo-se em torno de 100%. Já no início de 1986, caminhava para 300%.

    Instalaram-se na economia do país, sob sustentação da correção monetária generalizada,

    um processo inercial de inação. A inação passada reproduzia-se no presente, animando

    um movimento ascendente de alta de preços. As expectativas dos agentes econômicos

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    levaram à adoção de indexadores contratuais e a remarcações de preços.

    Período 1986-94 – Foi um período marcado pelos planos econômicos heterodoxos, ou

    seja, da escolha de um conjunto de medidas de choque para conter o processo inacionário.Foram vários planos, Plano Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão, Planos Collor I e II, em

    que a inação caia no início mas voltava com a falta de sustentação dos planos econômicos.

    E por m 1994, que foi o ano onde primeiramente ocorreu a desidexação da economia

    com a criação da URV – Unidade de Referência de Valor, para depois criar um novo padrão

    monetário, o Real. Neste período a inação foi controlada, onde impunhou-se uma nova

    disciplina emissora e a manutenção de uma rigorosa linha estratégica, dirigida para quebrar

    as resistências sociais à estabilidade. A estabilização passaria a ser vista como um valor

    fundamenta