1. a literatura portuguesa. quesotes gerais. o sistema cultural da idade média, espaço social...

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  • 8/14/2019 1. A Literatura Portuguesa. Quesotes gerais. O sistema cultural da Idade Mdia, espao social galego-portugus nos sculos XII e XIII

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    1. A Literatura Portuguesa. Quesotes gerais. O sistema cultural da Idade Mdia, espaosocial galego-portugus nos sculos XII e XIII

    1. Caractersticas gerais da Literatura Portuguesa

    Aubrey Bell afirma que a Literatura Portuguesa a maior que umpequeno povo produziu, exceptuando a da Grcia Clssica. Por outra banda, segundoFigueirido, as principais caractersticas da Literatura Portuguesa so:1) Importncia dos ciclos dos descobrimentos, provavelmente no exista nenhum

    autor que no insira o mar na sua obra.2) Predomnio do lirismo sobre o pico e o dramtico, exceptuando obras como Os

    Lusadas de Cames ouA mensagem de Pessoa, que no so obras lricas.3) Frequncia do gosto pico, no passado houve em Portugal a tendncia de buscar

    personagens de classes importantes.4) Escassez de teatro.5) Carncia de esprito crtico e filosfico, no doado achegar um grande nome

    da filosofia em Portugal j que a filosofia est feita pornarradores e, sobre tudo,porpoetas.

    6) Separao do pblico.

    7) Certo misticismo de pensamento e sentimento. H mitos muito recorrentes naLiteratura Portuguesa: Sebastianismo : faz referncia ao rei Dom Sebastio, que desaparece mas

    ningum o v morrer, pelo que smbolo da esperana. um mitoretomado at a actualidade (Pessoa).

    Ins de Castro , que morre por amor.

    Alguns ensastas como Antnio Quadros ou Eduardo Loureno nocontestam a estas caractersticas, mas apontam detalhes com o barroquismo.

    No sculo XX podemos destacar as seguintes caractersticas na LiteraturaPortuguesa:

    a) H escritores que se empenham no dialectalismo, outros noarcasmo/barroquismo (Saramago), na musicalidade...

    b) Influncia da poltica na literatura, em especial da ditadura salazarista: Proclamao da repblica em 1910. Poder dos militares em 1926. Revoluo dos cravos em 1974.

    c) H uma escassez de romance at a 2 metade do sculo XX, nas ltimasdcadas do sculo XX o mercado favorece a exploso deste gnero, assimaparecem novelas: Psicolgica. Histrica. Costumista. Problematizante (Ferreira). Experimental.

    d) Desde os anos 30 h muitas escritoras, j que a mulher j pode aceder universidade.

    2. Lngua, Literatura, a Histria da Literatura

    2.1. Lngua

    A) Plano diacrnico: Primeiros documentos escritos: datam do sculo XII (cantar de amigo de

    Sancho I).

    Introduo Literatura Portuguesa2006/2007

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    http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant?nio_Quadroshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_louren?ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ant?nio_Quadroshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_louren?o
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    1. A Literatura Portuguesa. Quesotes gerais. O sistema cultural da Idade Mdia, espaosocial galego-portugus nos sculos XII e XIII

    Lngua falada: data do sculo IX, dato que podemos saber pelos errosdos escribas, para os que o latim era j uma lngua difcil e introduziamcaractersticas da lngua falada.

    At o sculo XVno diferenciao entre portugus e galego-portugus,embora a lngua tinha caractersticas diferentes do portugus actual: o > om s =z ss =s pronncia de ch como tch

    No sculo XVI j h uma diferenciao entre portugus e galego-portugus que se mantm at a actualidade. As caractersticas do galego-portugus se conservam na Galiza, no Minho, em Trs-os-Montes e emBeiras.

    B) Plano diatpico: Brasil: sotaque caracterstico de possvel procedncia africana.

    Outros lugares nos que se fala portugus: Goa, Damo, Diu... Crioulos: Cabo Verde, Ceilo, Guin... Galiza: sofre a influncia da colonizao castelhana e a perda de

    contacto com a zona portuguesa. Embora os galegos se entendam falandocom os portugueses, a ortografia galega obedece s regras castelhanas.

    A lngua tem uns 200 milhes de falantes na Europa, na Amrica e nasia, sendo a terceira lngua intercontinental. Tem trs variedades principais: olusitano, o brasileiro e o galego; e h duas foras contraditrias que actuam sobreela: a diferenciadora (linguagem quotidiana) e a unificadora (linguagem escrita).

    C) Diferenas do portugus com o castelhano:

    1) Teorias que explicam a diferenciao lingustica: possvel que j antes da romanizao se falasse uma lngua ou uma

    famlia de lnguas diferentes no Noroeste da Pennsula, o que sustentaria ateoria dos substratos. Isto faria que o latim evolucionasse de formadistinta nesta zona, o que diferenciaria o galego-portugus do castelhano.Esta a teoria que melhor explica a existncia de diferentes lnguas naactualidade.

    Outra teoria para explicar esta diversidade lingustica a da penetraorabe, que teria contribudo para a diferenciao lingustica que darialugar ao galego-portugus e ao castelhano.

    2) Caractersticas que diferenam as duas lnguas: Desaparecimento do n e o lentre vogais, que seria a caracterstica mais

    antiga e nica do Noroeste peninsular. Isto d lugar em portugus a umasrie de vogais nasais.

    Vocalismo muito mais rico em portugus (12 vogais), mentes que ocastelhano mais rico em consoantes.

    Preferncia pelos ditongos descendentes em portugus face prefernciapelos ascendentes no castelhano.

    Ritmo e sotaque: so a principal diferena. A slaba tnica muito forteno portugus e o ritmo e muito ondeante. Isto faz que os castelhanos noentendam o portugus falado, embora o compreendam escrito, e os

    portugueses si sejam quem de entender o castelhano falado.

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    1. A Literatura Portuguesa. Quesotes gerais. O sistema cultural da Idade Mdia, espaosocial galego-portugus nos sculos XII e XIII

    Vocabulrio e gramtica: esto mais prximos que noutros aspectos,mais com o tempo tm-se distanciado. Uma peculiaridade do portugus e ogalego o infinitivo pessoal e o uso do perfeito simples.

    2.2. Histria Literria

    AHistria da Literatura o estudo sincrnico diacrnico das obrasliterrias. O mais sensato estudar por separado a Literatura Portuguesa da literaturaem Portugal.

    3. O literrio e o no literrio, o estilo, os gneros etc.1

    A) Literatura vs. scriptura: O termo literatura procede das verbas latinas littera elitteratura. O significado moderno da palavra aparece no sculo XVIII,momento no que se aplica aos saberes e cincias profanas consagradosmediante letra escrita, opondo-se a scriptura, que se refere aos textosreligiosos, sagrados.

    B) Que algo literrio?: uma pergunta que h muitos sculos que se intentaresponder. Algumas caractersticas dos textos literrios so: Tm muitas significaes. Usa linguagem literria. Pode-se afastar da norma (procura surpreender).

    C) Que o estilo?: a maneira com a que um autor manipula a lngua, neste casoest ligado a escolas, modas, pocas... O estilo distingue o que literrio do queno o .

    D) Os gneros: uma das questes mais discutidas desde Plato. Em geral,seguem-se os chamados gneros ou formas naturais: lirismo, narrativa e teatro.Porm h zonas um pouco difusas.

    4. O problema da periodizao

    A periodizao objecto de grande discusso desde o ponto de vistaterico:1) H quem rejeita as etiquetas (Classicismo....)2) H quem prefere as etiquetas.3) H quem conjuga as duas posturas anteriores.4) H quem tem uma concepo circular da literatura, dizer, cada gerao

    contradiz a anterior, embora possa voltar a usar elementos da gerao anterior.

    5. A diviso histrica da Literatura Portuguesa

    poca MedievalPerodo trovadoresco

    Perodo palaciano

    poca ClssicaPerodo renascentistaPerodo barroco

    Perodo neoclssico ou arcdico

    poca ModernaPerodo Romntico

    Perodo Realista

    poca ContemporneaTradicionalismo

    Modernismo

    Neo-realismo ou Superrealismo2

    1 Ver apontamentos de Teoria da Literatura.

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    1. A Literatura Portuguesa. Quesotes gerais. O sistema cultural da Idade Mdia, espaosocial galego-portugus nos sculos XII e XIII

    Com tudo, esta diviso histrica discutvel.

    6. Sistema cultural da Idade Mdia, espao social galego-portugus nossculo XII e XIII

    As pessoas das diferentes classes sociais produziam e consumiamdiferentes tipos de literatura:

    a) Clero: produz e consume obras didcticas (geografia, histria...).b) Nobreza: romances de cavalarias, cantigas de amor corts.c) Labregos: cantigas de escrnio e maldizer.

    Desde a mediados do sculo XII at mediados do sculo XIV osprodutores so trovadores, cantadeiras, soldadeiras, jograis... A sua nacionalidadedepende de quem fale deles. Em geral, podemos dizer que pertencem ao mbitogeogrfico da franja ocidental da Pennsula.

    6.1. Gneros das cantigas

    Os gneros fundamentais segundo aPotica fragmentria ouArte deTrovarso:

    1) Cantigas damor: o sujeito lrico um homem e aparece a palavrasenhor.2) Cantigas damigo: o sujeito lrico uma mulher e aparece a palavra amigo.3) Cantiga descarneo e cantiga de mal dizer: a primeira caracteriza-se por

    usarpalavras cobertas (com dobre sentido) e a segunda por ser mais directa.O que as distingue um elemento estilstico, no temtico, pelo que podeaparecer o nome da pessoa que se refere numa cantiga descarneo.

    Outros gneros so:1) Teno: cantiga composta pordois trovadores em estrofes alternadas como omesmo esquema estrfico e mtrico-rimtico. Satirizam-se ou discutemopinies contrrias.

    2) Cantiga de seguir: so cantigas que imitam outras doutros produtores.3) Pastorela: encontro entre um cavaleiro e uma pastor num ambiente

    campestre. Pode ter interferncias da cantiga damor ou da cantiga damigo.4) Descordo: cantiga que no segue as regras mtricas, estrficas e meldicas

    de estrofe para estrofe.5) Lais de Bretanha: caracterizam-se pelo seu contedo. So tradues e

    adaptaes de lais lricos franceses.

    6) Alba: denominao que nalguns manuais se lhe d a certas cantigas damigonas que os dois amantes se tm de separar ao amanhecer.

    7) Cantigas de Santa Maria: cantam a Maria. H mais de 400 poemas destetipo, dos quais o 90% so narrativos, mas tambm os h lricos.

    As cantigas so textos concebidos para sercantados, mas a associaotexto poesia s a conservamos no Pergaminho Vindel, no que 6 das 7 cantigas deMartim Codax tm notao musical.

    No que faz referncia forma, as cantigas podem ser de refro(geralmente as de amigo) ou de mestria.

    2 mais tardio que o da Frana e pode ir por separado ou no, segundo a concepo.

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