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FRENÏE DOS ARTISTAS POPUIÁR.ES E INTEI,ECÍIJAIS RROTI CIONARIOS N"4-ABR| L1977 PoPu le r FESTIVAL POPUIÁR BOTETIM DAFAPIR festivel W 45,.*A IL

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FRENÏE DOSARTISTAS POPUIÁR.ESE INTEI,ECÍIJAISRROTI CIONARIOSN"4-ABR| L1977

PoPu le r

FESTIVALPOPUIÁR

BOTETIMDAFAPIR

festivel W

45,.*A IL

Tlâs enos depois ...

A 25 de Ábril de 1974, com tanques e soldados_ nas ruas; o povo, ignorando os comunicados que omandavam. ttcar em casô, veio para a rua e Íez história; lado a lado com os soldados, libertou todos ospresos poh'ticos, caçou e prendeu pides, explodiu em cantos e danças pelas ruas e praças de todo o país.

.Ncsse.dia, o povo, _em.muitos lugares deste país. tomou a histórià em mãos'e imprimiulhe a suavelocidade. O regime Íascista Íoi deÍrubado com-a- âtegrê violência que só o povo pode ter;.patrõeaparasitas, os seus lacaios e buÍos foram coÍridos das Íábrrcás, empresas e éscritórioi, etc., etc...

O. povo unido na lltq aYary9'r_ passos de gigante no caminho da sua libertação total. Criou as suasescolas de poder. O relógio da história corria estonteantemente.. Lado a lado com a rutâ porítica. a curtura popurar exprodiu: o povo criava cantigas e peças onde as suaslutas eram contadas e exartadas. a Ío_rça dâ unidade popurar aí esüva coÍn todas as'suas consequências., Llurante meses e meses, o 25 de AbÍil Íoi avânçando por portlgal dentro, numa onda avassàladora queÍazia tombar Íascistas e tremer capitalistas.

Os inimigos do povo não Íicarartì, como é natural, parados. Contm-âtâcaram. primeiro, metendo_se nomeio do movimenìo populaÌ, criando Íalsas divisões e ierdadeiros oportunismos. depois dásmobilizando eÍinalmente atacando abertamênte.

Durante todo este tempo que fizeram os artistas e intelectuais?Jodos saíram para.a rua com o povq em 25 de Ab.il. arguns Íicaram rá e rutarâm, outros vortaram a

Íecolher-se ã sua concha, outros âinda tentaram encêvalitar-se.ouando a pró_FAPIR nasceu, em 3 de Novembro de 1975, iá muita água tinha corrido debaixo das

fgntes 1a pI3 revoluçâo. Já tinha passado o-grandioso momenio da total-unidade na tuta; passara-se aotempo d€ divisãó acentuada, baseâda em questões que, muitos hoje, ainda não saberemos expiicar.A pró-FAPIR Íoi fÍuto exclúsl_vo da necessidade que sentiinos de nos unirmos no dssencial, paralyl"l19.,.ltdo_ u lado,.com o_povo, contÍa os seus grandes inimigos, que víamos avançar por todo o làdo.vrnte

-e_dors dias depois eÍa 25 de Novembro, dia do primeiro ataque em força ao 25 de Àbrir. q-úe o povo

tinha feito nas ruas.Nós. na pró-FAPlR, ainda não sabíamos muito bem como cimentâr a nossa unidade; tínhamos eperÌas

um_gÌande desejo dela. Assim, com tropeções e avanços, aqui caindo. além sâltando. fomos aanaóÌãlmããFÂPIRHojè, três anos após o 25 de Abril, ano e meio após o 3 de Novembro, o que somos?ainda não. somos a Grande Frente que terêmos'de ser nem a Írente qrre poderiàmos se.. lúuitos aÍistaspopurares-exrstem que ainala nem sequer nos-conhecem; muitos intelectuais desejosos, como nós, de lutar

contra o Íascismo, e o impeÌialismo, ainda nâo estão aqui connosco, muitos ape-nas porque desconhecemo que verdadeirâmente somos.

O Fèstival Po-pular do 25 de Abril, n9 p-ortg, é a primeira grande iniciativa uniriíria em que nosempenhâmos. Não sendo a FAPIR Ìesponsáver pera sua rearizaçâo,ìerá de ser a FAprR a mêrhor rüradorapeja süa concÍetização. Se o cons€guirmos. q"I"To:_ uT grânde passo em frente na afirmaçâo de quàÍearmente a nossá vontade de unidade e luta é inabalável. o sectarismo levará uma gránde maihadada L aGrande Frente dos artistas e intelectuais, üm impulso poderoso.

... E de hoje a um ano, este artigo será substancialmente diferentê!O SecÌetariado Nacional PÍovisório

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STUÍlPA AD

(rm rsrtlo DE EPoPEIA), ff#rï#:ïf,ïrftï.":::'::,.onde os grôndes senhores da cavalaÍiaÍazÌam sombra a todo um sécu odeÍíonÌando com lÍonte altiva. iniúÍia, ê oÍen.a e. ììe"t 'a.

Mas, senhores, poÍque é que tào g oÍiosos Íeit0s,tantas batalhas qanhas e ÍnouÍ0s moïtòs,continuamos nós a ÌeÍ uns filhos ma!Í0se outtos t0rtos,de o hos inchêdinhos como péÍolas

- 4h...â nossa gÍande riqueza de olhosinchadinhos como pérolas -e teÍ de esticaÍ a guita ao fim do môs,como os.velhinhos da llha da nossa íuaesticêm o peíni eÍn coda Ìnvernop0Íque digâ se, de pêssagem, se nã0 há áqua canalizadaem câda môravilhâdesÌas casas,

há o vento ea geada e a chLrva de Ínadrugadaque nos inunda o rosto de poesiamès que, coiÌaoà, Ìamoém elchaícaa qenÌe que está deitôdae forÍa as paredes todo o dia,e eLi digo à minha mulheÍ:- Co'os diabos, não se p0de ter tudo, Maria!pois se calhar é dêstÌnode quem tem hìstória e pass€do tão distintos,teÍ sempÍe os pós de molho em água-pi€.

0uviamos diTeÍ em todos os ivÍosque naus e carâvelas iasgaÍam o oceanoe Írzeram seu aqui oque às tÍevas peÍtenciae desbÍavaÍam um mundo e invenÌaÍam outtos,na esfeÍa aÍmilar vincaram o selo nacionale íizerôm-um iÍnpériomdror que o íomano, moior qÚe o 9uméíro,lê0 qran0e,q!e lhe chamaÍêm colonial.

í -_.- *,:. ...1

l\las então, poÍque é q!e tão gloriosos íejtos,tantds batdlhas oanhas e mouÍos rnartostrvémos nós quãrasgar os peitosde encontÍo à ênça que se eíqu a a trvd,dêqLrelas teÍras QUe entêo se diziê,que neÍn vida lá existiaquando chegávêmos e descobríamos...Porque é que aos ÍnilhêÍes e mi haresm0Íftãm0snesse c0anbate desi0ualPois. senhores, nâo poderiam v0cés ter nos d toque nada pode uma G3contra ô lnjüsiiça social e contÍaum p0vo que se ibeÍta d! escravatuÍa policÌal?Tafto século de hisïória,Ìudo cheiinho de coisas imporÌantesnão podeÍiam avìsar,nosdeste pormenor, tão naÌ!rê ?

DisseíaÍn"nos que poÍ duas 0! três vezesa Espanha nos invadiu, tomou a coroê e o Íeino,ernbebedo!'se nos bordéls,comeu ttigo dâs searas,

cagava e Ínijava onde bem queriae mah pÍendiê e violava-

0e pedra se ergueram mosÌeiÍos, catedÍais,e em qranÌto foÍam feitos palácios; costelose m0numentos váÍins.Glandes aÍquitectos, gíandes constÍutoTese qÍandes dinheiros corÍiam p0r ai Íoía.lsto vem tudo escÍÌto na históÍaque nos contaìs e maÍavilhaÌsos rìosso 0lhos famintos de sonho e qlóÍiê.

l\,4as, diabo, poíque é que Ìão gloÍÌosos feÌtos,tãntas baìêlhas ganhas e mouÍos rnortose paláclos e mosÌeiros constÍuídos e batidosno chão duro,continuamos nós a m0aar coÍÌì umas telhasencostadas ao rn!ro,corn um chlve Ío que é o rnais limpo que hij,pois a áqua do chL.rva nunca se contaminará.E uma cama,que parece uma orgia Íomanaonde doÍmem sete fi hos, sete noites poÍ semanaE o cheiro da cozinhêenÌía pela retrete colectivae vÌce-veÍÇa e vice.verça.Porque é, afÌnal, a nossa !ida Ìão d versade qLre nos contam os grandes ÌivÍos de anaisdas conqulstas impeÍ aÌs?

4h..., conìo nós ouvíêmose gostávamos de ouvir ÍalaÍdesses ternpos,dds pÍ ncesès, dos reis. dos ÍÍades e dos btsÍrostão r camcnÌF vpsÌidncsempre em danças, banquetes e Íestas...e só ouvíaÍnos, sempÍe, essa paíte da históÍla,de Ío iê.será que hêvia outra,a dos so dêd0s, dos pobres e mendiaos,seÍá que hêvra?

(rm rsllo DE EpopEtA) í\,4as porque raio, é que tantos g oriosos feiios,têntas bata has ganhas e mouÍos mortos,tanìa Í€sta e dêfca,tanta gente,não oÌrvíêmos nos a voz, ou o múrmuri0 Íundo,da outrd parÌe do mundo,dos so dados, dos pobÍes. dos Ínend qos?SeÍá que teriam am gos e inimigbs?leflèm castiqos € abriqos?E que, sabem senhores, nós gostaríamos ìmensode sabeÍ a guma coisô sobÍe essa gente,poÍque ent m, é a nossa qenÌe...E goslávaÍnos de saber se viviam ou moariam,se se Íevo lavaÍn, se gozavêm, se.-.ah,.-, coÍno está escuro por aí...

Grande hisÌóÍia! Grandes Ínares! Grandes céus!0ue grandes conquistas fizemos!oue qíandes colundg oe oiío nèciLo imoldntdm0sloue gÍande fome!oue OÍande povo de íome constíuímos!oue qÍande 0assadolOue gÍande heÍança do passado...!Ìã0 gÍônde e tão pesada s0bÍe as costêsq!e tivémos de virâÍ Íurno ao bêrcoe aÍrear a qiga!Tão gÍandes homens do passadoque foi pÍeciso o povo inÌeiÍo viÍ à Íua.

E agora dizeÍn-nos da qrênde Íesponsêbi idadeque tem0s,peÍante o nosso glorioso passado

e qLre não nos devemos enveaoonharda memóÍia e das borbas dos n'ossos avós.

lvlas nòs não nos enveÍgonhdÍnos, senhoÍes,as coisas más foram vocés qLle as f zeram,as boês, lomos nós.

João loio

t

BOTETIMDAFAPIR

BOLETIM DA FAP|R (inrornol, Ío4,23 de Abritde 1977. I3 ANOS DEPOIS

2ESTÚLIOS DO PASSADO{em eíilo de êpopèia)

14ARTEs PLASTIcAS

OS GRUPOS E O 25 DEABRIL l9

A cANçÃo DA GENTE

20POVOS NO 24 DE ABRIL

l2UM HOMEMNA REVOLUçÃO

Morêdd ptovhórìa: Cas da "Coúunâ", à Ptaça dê Espanha,

AtelietGéfi.o: Rua Valê Fomotô,1A Tel:34449? Lisboê 6

A asi@run do BOLETIM DA FAPTR podeé et leita pot 12núfttôr. O custo dêtta asinàruâ é de cem evudos pâÌâ o nãôadercnte e dd fttêntâ paa o a&rcnte.

6

Composìção e Mo"rasèn: Av. 5.le Outubtõ, | 76-4odr - Litbôalmp6rão: Ctud A.têt Gráíicas, tmv. dat Alnas 2 A - Lkboa

A CentelhoFalar do teat.o antes do 25 de

Abriì é o mèsnìo qu€ falaí dè toda a

máqoina íepíêssava do Estado fascistae ém paíticular da C€.ìsura.

A Censura erã um do pilarès emque assentala â ditadurâ. Erâ seu pa-pel imp€dir que a inteliqência e â razão chegasem a toda a parte. CoÍn a

desculpa de que se ofendìa a moíal e

os superioÍes inter€sses da nacâo(leia-se Estado fascista) os homens clolápis azul iam impedindo toda e oualquer manifèstação de arte, que nãoestivesse dentÍo dos paíâmetros oficiaìs da tacanhez e da brutalidade.

Em todos os sectores da inteletua-lìdade se travou luta contra o obscu-rantismo e as contínuas lavagens aocérebro, ã que os mentore. do regimesubmetiam o povo. Os trabalhadoresdê teatro também lutarâm contra ofascismo, ombro a ombro, com osseus camaradas do tealro ãmador, om.bro â ombro com todos os outÍos

É por demais sabido que o teãtroãmâdor foi muitas vezes uma formade resÈtir ao fâscÌsmo, elevando aconsciéocia de muitas peisoas (actorese espectadoret, fazendo-as acordarpaÉ a realidâde e levândo-as ã tomaruma põsição na luta de classes.Aliando uma gÍande rìqueza imagìna-tivâ a üma .onsciêncaâ poìítica cadavez mâior, houve grupos amadoresque atingiÍãm um alto nível, quer nasua capacidade dê comunicacão, querna qualidade aÍtística dos seus traba-

De entíe estes grupos. não podemos deixar de salientar os exemplosdo g.upo "Lídaa, a líulher Tatuadã eos seus actores âmêst.ados" e doGmpolide Atlético Clube. Se bemque os seus trabalhos lque não sãocompàÍáveit, pois tinham ob,ectivosdiversos) nâo fo$em a alternativà po-pulàr para a cultura farcistà, eles eramclaram€nte resultado de um compíometimento com a luta antiÍascisra do

O oanorama do t€atro orofisstonãlencontíava-se repartido ènr.è a com'panhia 6tatal lo Teâtío Nacionall eâs companhias dos Vasos Mo.gados eCiâ...O ântigo Sec.etariado Nacronal

L dâ Propâqânda lorqaniza.ão salazaík.ta paí. a dúusão das ideiâs Íõcktâs)cheaou m6mo ao ponto de oíqanìzâí

L uma companh'â 'tiíerante châmada

| "reat.o oo Povo', que percorria oI país em "aleg6 serõ6 pêra trabâlhaI doÍ6", difundindo o teãtro e â cultu-| Ía que lhe intèr6tavã. O fâsc'smo nãoI menocprezava o oâÍr€l da cultura nãI foímacão das coírscièncias. Contrã es-

I te €stac,o de coisas. comerãram ã rea

I qrr os proÍsroÉrs ânlrtãscrstiÌs - osI actorec. oc autore. e mêsmo alqrns

tenicos. Ësta tendèncÌa veio a a$u-mìr um importante papêl nos últlmosaôos do Íãscismo, com a foímacão deGrupos de Teatro independentes.

É evidente que o primeiro obstácu-lo criado pelo Íascismo para impedìr êprática teatral antifascista foi a cersu,ra. lúas mesmo com censura, com bufos e com pides, o teaÍo ia crescendo.Ouantas vezes uma peca foi proÌbidano ensaÍo para a censur;? E quantasvezes ese ensaio serviu para engãnar acensura, sendo depoìs o texto repre.sentado como se nâo t;vesse havido

E houve o 25 de Abril. Líuitosactores e muÌtos auto.es repenraram oseu papel ôo desenvolvimeÕto da so-ciedãde. Cada vez Íoram mais nitidasas opcões que se faziam, e finalm€ntecomecou a formarse uma corente deteâtro antìfascista, comprometídocom o ãvanco do Ínovimento pop!lar.Êntretanto os novos senhores da Se.cretaria de EÍado da ComonicaçãoSocial foram procuranclo uíÍa políÌicaculturãl que servisse os seus interesses.Para isso chegaram ao ponto de tomaratitudes censórias, inspirados pelosmais altos cârgos governativos. Ta é ocaso do grupo de TëaÍo Feira da La-dra, que viu a peçã "Eva Perón",proibida a duas sêmanas da esíeia- Essapeça atacava violentamente a corup.cão do poder através clo caso Eva Pe.rón, na Argentina. Porém, a peca nãoera do agrado do embaixadoí da Argentina, ê o governo (o 3ô provisório)fezlhe o favor de a píoibk.

E houve o 25 de Novembro. Osnovos seohores da Secretaria dê Esta.do da Cultura comecaram a definìruma polítìca cultural ao servico dosseus interesses. E comêçou â promoção da mediocridade.

Actualmente, a SEC cozinhouumãs "No.mas para a concêssão desubsídios às companhias píofíssìo'nais", quê têm €omo obiectivo, â cuÈto prazo, a liquidação dos qrupos pro-fÈsionais, oferecendolhes condiçõesde Íâbalho, que são dìgnas do apâre-lho de Estado fascista. Paítìndo dopÍincípio de que a activìdade teatalérentável (o que é completamente fal.so, senão o sr. Vasco lvorgado, na suaqualidãde de capitalista do teatro, hámuito iá què tê.ìa inveslido o seucíinheíro no teâtro que os grupos i^de-Dendentes fazem) o sr. David Mourão--Fereira começâ por n€qaí o dìrsito

dos ãctores e técnicos íeceberem osalàrìo cotrespondente ao seu trãba.lho, prrâ acabar pretendendo demons.Íãr que sâo os grupos os culpados daactual sitüaçâo do teãtro, porqoe nãoquerem úabalhar. (Onde ouvìmos já

OUEREMOS O 25 DE ABRIL DOPOVO NA SEC

Oueremos que seiam impedidos deter voz todos os saudosos do 24 deAbril, que há por toda â partê. Ouere.mos que a SEC não nos impeça de,estar iunto dos trabalhãdores, permitindo-nos contìnuar a apresentar os.ossos kabalhos a precos popúlãrês.Oueremos que. no quê diz respeiro àcultura, a SEC cìrmpra o que vemexpresso ôa Constituição. Oueremôs apolítica cultural que êsperámos no 25

A ComunoAbril 1974. Num velho banacão

da antisa íábrica de Cervejas, na Av.Almirante Reis, a Comuna Teatrode Pequisa apresentava diariamente,com lotãções esqotãdas, a suã últimacriação: "A Ceia". Era ã nossa resposta ìmediata ao climã de violência si-lenciosa,em qoe vinhamos vivendo; ascontrâdicões do ooder Íascista. o clì.ma asfixiant€ dâ vida quotidiana, a

sueía colonìal, o qrito de um Dovooprimìdo há 48 anos, eram o cenáriorêaldo nosso espectáculo, quê a$umi.mos, então, muito conscientêmente,talvez como o último.

Por iso no dia 22 de Abril têrminámos a caÍeira de "A Ceia'e prêparávamo-nos para sequir pâra o Brasil,no dia 25, pãra durante alqum temponos mantermos afastados de qualquêrpostibilidade de destruicão do qrupo edo poder de intervenção do sêu Íêba.

Nesse Portugal de 24 de Abril opúblico já não eÍa o espectador "normâ1": era o cúmplice, o companheio,o camarada que, em silêncio, ou cho-rando a ponto de soltarem $itos dedesespero, abandonâva a nossa salamuito le.tamente, sob o olhar vigilan-re do polrcia de seÌvico, que impedraa conlinuidade do nosso diálbqo, oencoôtro da resistênciã.

Era o têmpo do público que ia vero espectáculo 2, 3, 5 vezes. Do públi'co que passámos a conhecer na rua,pela pâlavrô de Íncítâmênto, pelo sorri.o, pelo aqradecamento. O mesmopúblico que oos dias "das lágrimas dealegíia" nos íeencoõtrava na.oa, nasocuoaçõês, nas mãnifestações e nosr€ordâvá ô contrihúrô dô nôsso Ìrã.balho para o 25 de Abral: "A vossâ'Ceia' também contíibuiu pârã que isto âcontecessê." A 26 dê lúaio de 74,

6

20 dias apôs a libenacão, já ês nossasportas estavam ãbertas, com "A

Foi o tempo da descoberta. Doreencontro. Das interogações. Dosprimeiros dìálogos de porta aberta, doespectáculo total: nós e o público. Foio início da aprendizagêm ê da expe-íìêncìa sem dêsculpas. A denúncia doque tinha sido a censura, o boicote. a

criação sob o silêncio e o medo. Era otempo do público oos ìntêrrogar: "Eagora vocês? O que vão criar? O mu-ro foi d€ifubado, para lá dele o que

E veio o tempo dã rêspostã: o país.As campanhas de d;namização. O

encontro com o verdadeiro povo quê,por todo o paÍs, começou a ver, oâsuâ srande maiorìa pela primeirâ vez,o teatro, a ouvìr a música, â veÍ ocinêmâ, o circo. E lá andámos pelosquartéis, pelas aldeias, nas ruâs, nossalões recreat;vos, nos bombeiros, nasescolas, nas "Casas do Povo", nos ginásios, nos cêleiros, a reprêsentãr ãhistória que vivemos duranìe 50 ãnos.E aí encontrámos, então totâlmente,o outro público: o povo anónimo, es-pectador actìvo, acanhado, revoltado,que, mâis do que assistente, êrã colã'borador poderoso dos espectáculos,reconhêcendo'se ê querendo mudar orumo dâs próprias peças, qritandocontra os explorador€s, os seÕhoresque tão bem conheciam. Parã nôs,Comuna, ã grande certêza de que oÌeatro lhes pertênce e de que não háreceitas para o teatro ser "popular".O teaúo, esse estímuìo para o diáloqoque se sucedia apos os espectáculos eque durava 3, 4 horas; o teatro, êsse

€spêlho da capacidade criativa de umpovo, da sua riqueza, Íoôte profundae inesgotável dondê nós, aúhtas, nãonos poderemos aÍastar, sob pena dêìodo o nosso Íabalho e cíiatividadeperderem o sentido, e tornarem-sernercadoria de ping-pong parã uma sociedade decadente, que gera ídolos depapel, facilmente destrutíveìs.

O 25 de Abrìl Íoi tâmbém o derru-bãí das falsâs reali&des e unidadesantifãscistas que a pêquena burguesiac.iava paÍa sua âutodelesa e descargode consciôncia. Foi ã descoberta dãpolíti€a e dos pãítidos; do sectarismo;do triunfalismo; das facilidades enga-nadoras; dâs maiorìas invìsíveìs. Fo-

tentãtìvãs dê concìliação, do âpadrinhãmento, dê convite à

mediocridade ê ao oportunìsmo. Foirempo das srãndês opções. Dâ esco-

lha da barricada. Das experiênciasínais desconhecidas. Foi o tempo dasÍaições impensáveis, da ìnveja, daquedâ dos alìbis burguêsês ê fascizan'Ìes. Foi o tempo da lìmpeza. Da depu-ração. Da descoberta total. Foi o en-contro frontal ênÍe â criâção e aqueles pa.a quêm nós criávâmos. Foi oìncitameôto do povo, agora aberta-mente, das suas lutâs a entraFnos pèlocorpo adenúo e a saìr no Íabalho, na

p.o.ura, nos resuhados novos. Foi a

rêcusa do paternal;smo, de tutelas, dereceitâs mâl lidã! e pior prãtìcadãs.Foi o assumìr do apartidarismo comoarma pensada e proÍunda para o nossotrabalho. Foi a recusa de fecharmo.-nos em cíículos, em clientelas, êmjogadas certas. Foi outra vez, de outramanêira, o assumir do risco, do novo,do imediato; foi o lìmpar dos víciosdo isolamenÌo, dã solÌdão. Foi a ocÌr-pãção da casa, a abertura dai portâstodas. Têm sìdo o tempo mak difíciì,mas o mais rico. Tem sÌdo o tempomais acêssível, mas o mais proÍundo.O mais traÍìsformador.

Tem sido o tempo da luta diária.Dê dÈponibilidade total-

5 anos de um itinerário divididoem 2 anos anÌes, 3 anos depois. Unificado no mesmo sntido: 'Bêsistir eajudãr a lutar. LuÌâr e ajudar ã ven-cer". ouêm, como, porquê- perguntámo'nos muiÌo ântes quenos perquntassem os entrevistadoresou os desejosos de encontrar o desvioe a incoÍeccão. Rdpondemos muitoantes que resPonde$em por nós. va-

Grupo deNo tercei.o enconÌro de adereotes

da FAPIR, reâlizado a 14 de Fevereiro, o grupo de Teatro dos CTTapresentou uma colaqem de autos deAntónio Aleixo, traduzindo a festa ea luta dum povo- O fãcto de ser umgrupo de empresã, quê nos apareceìigado a posicões claras e jlstas,muÌtas intêÍogações Ìerá suscitado

Então cabêrá perguÕtar o que íoi,como nasceu, o que é, paía quê e paraquem funciona este grupo.

A.tês do 25 de Abril. exi(ia nosCTT um grupo de Têatro, baseado naincentivação duma cultura burguêsa,Íomenta.do costumes de elite.Encenadores Ìais como Sarmento e

Shultz, apenas fizeram com que oqíupo funcionassê como um gruPo deamigos, Íomêntando um classicismoamorfo, que em luqar de puxaí Pelopúblico, o afastava cada vez mais daquilo que a arte Pode e dêvêtrans.

Um ãno de ensaios, para repre-sentar mêia dúzia de espectá€ulos,com cenários altamente dispeodiosose poucâ gente a assÌstir.

Tal actividadê, a exìstir dêstafoíma, exprimiã claramente umã criseque varia Poítugal dum lãdo aooutro, em qralquer quê fosse ocãmpo em que se situasse. Ass;m, há

aproximadamente dois aôos, aotes do25 de Abril, a ãctìvidade do grupoviu{e paralizadâ por fruto dessa mes

Teotro dos CTT

BEVIVER LÁG R IMAs DEALEGRIA

25 de Abril de 1974O rrenezim, ã ôlesria, ãs coÍidãs

de um lado para o outro, o encontro.as conversas, os amìgos, tudo, tudo, seliga a

'rma sociedadê oova que a partir

daí nos propusémos construir.Nos CTT, as actividãdes culturaìs

estavam quase extintas. Surgem eleições paÍa a nova diíecção do Centrode Despono Cultura e Recreio do Pessoal dos cTÌ (CDCR). A nova Direc'ção rapidamente lança mãos à obrã e

vá de dinaÍÍizar as actividêdes Culrurêis. São alertadês as pêssoas da empÌesa que o grupo de tearro vâÌ reco-mecar. Helder Costa é contactado pa.ra o diriqÍ em [4êrco de 1975 e

tudo comeca como se nada aindê.ti

Helder Costa traca as directrizes d€um teêtro novo, lÌgado ao povo, liga-do âs penpectivãs do 25 de Abril.

Em Í14êio de 1975, na Cova da Pie-dade. é estreado o "Auto do Curândeiro", e em Novêmbro do mesmoano, "As duas cârãs do pêtrão", emAlcochete e o "18 dê Jãneiro deI934" eÍn Beringel.

Tudo isto nos trouxê uma obrigatoriedade organizêtiva, que se tradu-ziu em saltos quantitativos e qualitativos. Elementos que abandonam enovos elementos que aparecem, tudonuma roda viva, ãniquilando o indi-vidualismo, e sobrepondolhe o colectivo, negando o exibicionismo, apostando nâ transmissão das ideiês doprogresso, ligando o público ao actoíe o actor ao público.

Os espectáculos mukiplicãvam{ede Norte a Sul do pâís (Braqa, VilaReal, Vidãgo, Vísêu, Carãmulo, Carreqal do Sal. Castelo Bíaoco. Setúbal.Lkboa, Baíeiro, Cova da Piedade, Alcochete, Berinsel, Grándolâ, Beja,

Com a expeíiência tirêda desta actividade, até então, dúecta com o pôvo, necessário erê agora encerar umÌrabêlho novo, mais dkecto êi.da, emque todas as barr€irês do actorpúbLico fossem desmântêlâ.1âs. Fôi asslmqu€ se idealizou a pecâ "A.tónioAleixo Esre livro que vos deixo.,que mais não é que a afirmãcão deque o teêtro é uma expresão da festado povo eda suê luta diáriâ pela lÌbeFdadê, contra o obscurantismo e a ex-

NOVOS RUÍ'/IOS

Com o trabalho desenvolvÌdo porHelder Costa que equlvale, nê práÌicê, ê

um cuBo de formação de actores, de:píêndizaqem de dramatursia e de en_

cenação, novas peíspectivas se apresentam para o lanÇameáto de novos

srupos, e êssim, hoiê como amanhã,lr€mos dizer que o teatro sêrá dopovo, com o povo, ê para o povo-

Feiro"A Culturã Populâr, pãrâ nós, é

pêrte ìnteqrante do povo que ê criou,só que, de uma forma ou de outra, lhefoi roubada por quem o rouba tam-bém no dia a dia". lsto diz "A FEt-BA" no seu manìiêsto que, em suaopinião, como toda a sua restante ac-tividade, tem como alavanca o 25 deAbril:

- "Antes do 25 de AbrÌl esta ácti-vidade, do ponto de vistã id€ológico,

I

era impossível, assim como o Íeporró-rÌo que temos, pois mêsmo que o ten-tássemos acabaríamos, de ceneza, pôr''intelect!alizá-1o". Só o 25 de Abrnos permitiu devolver ao povo o quecom ele aprendemos. Antes isso eÉimpossivel. Não haveria os conractosqle hoj€ temos e portanto a motivâcão parê recolhermos música popular,quê depois de Íabalhâda, devolvemosâ quem a criou, não existiã."

"A FEIRA" é compoía, na suamaioraÌa. por elementos sem qualqueractividade cultural até 24 de AbrÌI.Dêpois alquns i.tegraram o "GAC

VOZES NA LUTA" do Noúe, aÌéque há ãlguns mesês se tornaram "AFElRA". Desde êí realÌzaram iá mai,de trinta sessões enì todo o Norte,dêdicando-as a camponeses, operáriose na maior pane a comÌssões de ínorá.dores. sêja no apoio a lltas, ou emsessões culturais e recreativas.

OsA Coopêrativa de Teatro ColectÌvo Os Faz-Tudo Íormou{e em Fevereiro de

1976, portanto já depois do vinte e cÌnco de Novembro._.À,,ìesmo assim, o teatroque queríaÍÍos fazer e que remos Íeito não sêria possívet antes cto 25 de Abrit de74. Tomar cleclaradamente posição polltica em palco ó uma das tágrimas, quepelo andar da carruagem, voltaremos a chorãr a sua proibicão. A censura, que foiincialmente destruída e constÌtucionalmenre abotida, prepara se para regressarcom formas mais subtÌs. Acreditêr numa política cutturêt ao serviço das cLassêsexploradas, foi uma ìngenuidade que também já vêrifÌcámos não ser intênçãooficial. Lutámos por um s!bsídio que nos permirisse efectuar uÍn trabatho numaaldeia de anÌmação cultural; lutámos por um sobsídio que nos permitisse ôãopraiicar a exploração comerciãl do tearroj lurémos por um subsídio que nospermitÌssê vivêr, desenvolvenclo um trabâlho que constderamos úti ao procesorevolucionário; lutámos e perdemos: não tivemos qualquer subsídio. Lutamosaincla por mãnter uma coerência enÍe ã Ìdeotogia e a píárÌca. Lutaremosênquanto for possível. Recusamos o saudosÌsmo. mas íelêmbrar o vinte e cincode Abril de 74 é rnesmo recordar lágrìmas de ategrìa e tamentar com raìva ranrâcoisa. Os nossos eros. A nossa ignorá.cia. A nosa insenuidade.

Fo z -Tudo

Gruoode 'Teotrodo AcqdemioDromcíticoFomilior

For há cerca de 6 anos. que !Ìnaparte do grupo comecou ã fazerteatro, Ainda sern peÍspectivaspolÍtrcâs, mas animados pela vontadede fazer arte e dar às pessoas pobres

do noso balro a possibilldade de veÍteatro. Assim, comecámos por pôr depé. com o auxíLio de lma pessoa que

flnha o minimo de conhecimentos doque era fazer teaÌro, uma peça quetrnha o nome de "o Gebo e ê

Sombra'- OuÍas Ínãis se seguiram.como: "É ursênte o Amor", "as Alê'grias do Lar" e "A Vlaluquinha de

Dada â vigrlância quê o aparelho deEcta.lô fascistâ exerciã sobre as colecti!idades populares, dÌfícll era tran$Íormá-las em armas de luta contra oregrme exìíente que alìmentava ê

âliênacão e o obscurantismo do povo.Pãra meLhor se perceber, damos

um exemplo de como essa vigiláncÌaerê ëxêrcida. Ouãndo se elegiam novasdrreccões dent.o das colectividadesdestâ zonâ, estas eram convocadas pe.

la Junta de Freguesia, onde Lhes eradado o seguinte recado: Na Colecti_vldade nada de activiclades políticas.O!ãndô Írzerem sesões cultLrrais- nãodiv! guem a múslca "dila" súbverei!a,como as de urn tal Padre Fanhais, ZéAfonso, Sérqro God nhÕ, lvìanueL Aleqre, etc. E seguidamente entregavamúm papel, onde constãvam os nomesde Ìodos os poetas e cantores antifa$

Apesar de toda esta actuação, nãose de,xôu de fazer aLgum trabêlhô an.tLfascista. N!m período anter or ao

25 de Abrll,.organizou.se !ma se$ãocultura sobre pÕeslâ e canto, onde !qplnha êm côntrasÌe as poesìas dosautores atrés reÍeridos e as poesias doivro da 4:Lcla$e, nâ altura em vigor.

Estala assim q!êbíado o primeìroelo da coÍente fasckÌa dentro da co_lectividade. Dois ou três meses depoisdeu4e o 25 de Abíil e outras pe6pec.tivas se ãbriram a este grupo cu Ìura.

Lançámos mãos à obra e montá'mos um Íabalho dê canto, teatro e

poesia, eÍÍ que Erecht, A. Aleixo. Tinô Flores e outros, foraín os elxos dônosso úâbâlho. o anÌigo ensaiãdoí foiafaÍado e novas pe$oas íoram cha.madas a partlcipar. Comecou a exlstirno srupo direccão colectì!a, onde tu'do era drscutrdo pôr todos. Nasc,Êu

tambéÍn no grupo a nece$ldade decontarmos com as íossas próprlas forcas, apontando asslm, para adaptações

Drópria5, dado que, .o mercado, pouco ou nada existra que satlsfizesse otrpo de trabalho que gostávamos dever realizado. Comecámos por fazerum trabalho de pesquisa sobre autorêse íomances, cujas obras se identificêssem com a situacão política actual e

impunham ao nosso povo. Gorki e "AÍ1/Iãe-'foi por quem optámos.

E hoie a peca que apÍêsêntamos aopovo desde o ÌnícÌo da campanhâ do

Já fizémos cerca de 50 represênta'ções, para cerca de 10 mil pesoasem fábricas, bairros pobres, colectividades e organizacões populares. Frzémos várias deslocacões à província eaÍedoíes de LÌsboâ nomeaclamenteao Alentejo, Algarve, Leiria, Setúbal,Balxa da Banheira. etc.

Presêntemente estamos a adâptardob novos úabalhos de auÌores portugueses, quê illgãmos continuarem a

ser temas que se dentiflcam com osproblemas que, de momento, se põemao nosso povo: a luta antlfãscista e a(ìta pêla Reiorma AsrárÌa. Um, visa o

desmascarâmento da Plde e o outro. a

luta levada a cãbo pelos caÍnponesespela posse da tetra e me hores

Neste momento, somos 20 êlemen-tos ê êstaÍnos a íazer esforços parachamar mais gente ao nosso grupo,para assrm podermos respondeí, conrmáis pronidão, às sôlicitacões que

rl expLode. Como rescom as necessidêdes culturais, oue ÍÌ

TeotroUniversitciriodo Porto

Ouvimos ainda um outro sruPo.êste vivo desdê 1948 e com laísê ex_

oeriência - O ÍUP - e Para que íiqu€eostadô. .ào è aderente da FAPIR

As eslreias do TUP, no Íempo da

outra senhora, eranì um acontecì'mento â que ocoÍia todo Õ trichocareta dho proqressista Não eram os

veludos de outrora, eram as ideias e

toiletes de Pâris 68, cozi.haclãs à me_

sa Co "Pio!ho". que se reÍastelavamnas ca.l€iras dôs estreias O poôto cul'ml.anic desta óooca Íoi a encenâcão

de "A SERPENTE" (à la LlVlÀiG),que de tão, tão "vaôguarda" nãô che

- Depois disto o TUP ficou êban.lo'

nado. Os estudantes desinteresaram'4e de umê êctividade que, apesar doserros, era uma paÍte da suã luta con'

Alquns,:o veíem isto, Íesolveramdar vida ao TUP novamente e mon'têm a peca infantil "A ilistória da

boneca abandonãd4". Peça que se Põeclaramente ao lado do povo e sobretu'do das criêncas Íilhas dos trabalhado'

Estes esiudantes tinham uma lincada posÌcão antifascista e anticoÌo'nialiía, que expresavam nas suas representacões. tanto quanto era possí

"ContÌnuámos a rêpresentar "Aboneca abandonadê". Nlas êbria{e en.tão a possibilidade de Íazer outras pecas e de ter um conÌâcto mais dìrectocom o público- Acabara se a censura.Podíamos escÕlher o qu"" queÍíamos

- "Íi,4as não soubenìos êproveÌtaressa abertura. Fechámos o TUP aosestudantes e vlrâmo nos exclusÌvamente pêra a classe opeíá ia, pêra a

aqitacão e propaganda dâs no$asidelas- lsto aconieceu por s€ctarismopênidário- Por causê disto quandô a.

cabamos as representacões do "l8 dcJanelro" (peca que haviãÍìos escolhido após o 25 de Abril) estavamoslsolados no melo unive6itário."

"flãs nem tudo foi negativo.Com o 25 de Abrilcontaciados por vários orsanÀnìos po.pulares (CTs, CÀ/ìs. eic.) e ê poderresponderlhes, o que nôs permiti(contactar com o povo de quase todo

Não criaGm também

"O coro surge pelo descôlabroem qle se encontrava o grupo de tea.Ío. CoÍÍo iá não cabia mais qente no"18 de Jâneiro" e havia que dar quefazer aos que iam apârecendô (erê tu-do gente que vinha pelo partidariÍmo), criou se o coro. E tâmbém poÌ.que eradamente achávamos que erâmaÌs fáci1 cantar que fãzer teatro."

Por suâ própíia culpa, para o TUPo 25 de Abrll representou andâr emrnarcha atrás, mas êssês €tros estãohôje coÍisidos e o 25 de AbriL doïUP não está longe-

I

Grupo Amodor de Teotrode 'Oeirqs

Formado inìcialmente por elernentos que apenãs tÌnham a uni-tos o goÍo pêtoTeatro, isto em 72, o "GATO" veio mais tarde a preocupar-se com outrasquêstões e a dar um sentido meôos ab6tracto ao "gosro peto Ìeatro,,, queaparentemente nos juntarê. Já antes do 25 de Abrit de 1974, se punham êogrupo questões que considerávâmos importantes tãís como: "qual â função rtoTeatro dê Amadorês; que público deve atingir; que lÌnguagem deve utilizâr,,. Nosprogramas das peças que montámos no tempo do Íascismo, estas preocupaçõesestavam não só ìmplicitas mas, em alguns casos, claramente posrâs. Houve poÈ,desde muito cedo, uma clara opção do Gr!po, se bem quê, não globalmente.

Com l8 elemenros, ; artula da sua ío'íracâo. o "cATO" chega ao 25 dê Abr.tcom dpenas 12, dos qudis sómente 5 pertencêm ao grupo:nicial. Eíes núme'ospor sl fâlam dos problemas crìados pelo debate dê ideias e, mais ptenamentê, peta

O 25 d€ Abril veio proporcionâr ao grripo dar corpo a um rìpo de trabathoteatrãl que ãntes apenas estava esboçaclo. A abolição da censurã e o clÌma que sêviveu propicìarâm tomadas de posição mais radicaÈ e ã partir daí o,,GATO,,entra frontalmente na luta por um teatro empenhado, um teãrro cotocadodecÌdadamente ao lado dos Íabalhadores ê das suas tutãs:é a opção deftnitiva; o

O prìmeiro espectáculo, montado depois de Abrit é uma criãção colectiva, aprlir dê vários textos coligidos pêlo Grupo e de outros de nossa autorìa. A peçachâma-se "Pasiar a Palavía" e, socorrendo-nos do teatro doclmenro, dií;cto,tèntamos fazer a hhtória do fascÈmo em Portugat e ì1a Europa e uma resenhados movimênto! de libênação, não só da Áfricê como dã Ch;na, do Vietname,Cuba, etc... O grupo realiza com êsra peça 35 especráculos, na sua grande maìoriafora do Concêlho de Oekas.

Esta pêça coloca o "GATO" definitivamente na linha de um úabâtho degrupo. Nâo nos é possível continuar a partir do "Passar Palavra", a funcionar deoutra formâ. As peças a montar serão todas criaçõês colectivas. É ceÍo què aindaexistem desêquílíbrios entre um e ourro elemento, mas não há tarefas esrênques,cérebros iluminados. Pouco a pouco, vamos descobrindo o equitíbrio necessário

Com a peça "Até à Vitória Final", o rrâbâtho de grupo gaÍìha corpo. Aindacom textos retirados deste e daquele autor, mãs já em grãnde pane com textoselâborâdos pelo grupo, pequênos actos até como os "Explorados e OprÌmidoí,,os têxtos de ligação, etc. Ênquanro ensaiava €sta peça, o ,,GATO,, ãdêre à

A adesãd à FAPIR vem proporcionar um mãíor conracto, mak frequênre peÌomassas trabêlhãderas e vem enquadrar o Gruoo numa tutâ ,,.te

Írente" e não isolada, como êra o no$o úabalho ânterior. Com a ãdesão àfAPlB, o "GATO" êstá presenre nas grandes joÍnadas da turâ do povo:está noìo de [4dio de 76, está na Càmpanhd de Oteto, es1á co'n os cDUp, nãs"municipaís", está com as ComÈsões de Trãbaìhadores e Moradores, está ôãsherdades colêctivãs- E desÌê contactó düecto com o povo, o grupo recebe tiçõês,neíimáveis. Aí se forja o espÍ.iro de equipa que o "GATO" está quâse a se,."Pensã Enquanto Tens Cabeça". o nosso proximo trabãtho, é já uma peçaelabordda, pensadâ, imdginada por nós, na sud iotatidade. Bom ou mau, o

^ossopÍóximo trabalho é Íruto do caminho percorido desde Abril de 74 e, antes rtetudo, da força e da imagìnação qle recebemos do povo. Pãrâ nós, a grande tiçãode Ablil, foi o despoletár dessa rorrenle criadora.

Perante o que ãconieceu no últimoencontro do dia 4-3, em que só ãpare-ceram 10 persoas (quase todas domêsmo grupo) pãra apreciarem o tÍa-balho do companheiro Fanha, o Gru-po de Reportórìo decidiu luspenderêstâ actividade dãs sêgundâÍÍeiras até

hto porquê? Custa-nos a crêr queo desinteresse dor camaradas seja as-sÌm tão grãnde... por isso pênsamosque se trata de uma sobrecargã dêrrâhálhô.lurânÌê êsÌê inôs .lê Ahril

De quâlquêr forma queríamos dêi-xar clara uma coisa: a FAPIR nãopode ser obra de 2 ou 3 grupos. AFAPIR tem que ter actividade. Osgrupos e ;ndividuais que a compoêm

têm que se conhecer, quê saber dosÍabalhos uns dos outros, dê os criti,car, para que êles possam tornaÊsemelhores.

lsto não se consêgue com a participação de tão poucas pesroês. comoâté agora tem acontecido. Por isio,companheiros, nós espêramos que apanÌ de lúaio nos voltarêmos a en-

Só mais uma coisa: o qruoo der€portório conta apenas com très colaboÉdores, todos do sector das músi-cas. Além de sermos poucos, Íazemíalta camaradas de teatro, dê cinema,êtc.. Aqui deìxâmos o isco: as reu.niões são às 3âs feiras às 19 hoÉ'

Grupo dé Reporrôrio

'to

Coro Populordo Logo

os camaradas õue fundaram o'CORO POPULAR DO LAGO" erãmelementos do coro da lgreja do nlarquê!, bem como da "Coníerôncia deJovens dê S Vicente de Pauta":

- "Já a.tes do 25 dê Abril pensé.vamos que a "Conferênciã" não deviater aquele aspecto de caridadesinh:piê94s. Com o 25 de Abril pensámosque dêvíêmos âpoiar os trabathadores,nas srêves por exemplo, e propusemosisso. Claro que foi recusêdo."

E no aspecto cultural o que faziam

" Estávamos ã ensãiâr ô"Escurial" ê "A lnvênção do Amor"(sem sabermos que estavamproíbidas), para um espectáculo quedevia realizãr-se no dia 27 de Abrit.Nêsa festê haveria rambém cancõescomo o "Alerta". E Íizemos mêsmô âfesta ã 11 de ÍVIâio".

Ouôl foi a influência do 25 deAbril nêsse grupo de eõtão?

-"O 25 de Abril sublimou umarealidade que já existia, como po.exêmplo a questão da carÌdadê. A ti-mitação da "Conferênciâ" no apoio àssrevês e a vivência duma novê reatidade política Íez-nos vêr que não eÍáva.mos alia fazer nada."

- "Em vista do descontentamenÌoda mâlta do coro e com o que a vidanos moÍravã, resolvemos avançar pa.ra um grupo que nos permitisse con.tactar com o povo e as s(ras tutas, Eisto deu-sê em Noveínbro de 74.,,

- "Entrê Mãio, dâta da Fesrã, eNovembro foi o agudizar dê coniradiçoes no grupo, o procurar um cami

Vocês tinham Ídeias políticâs maisou menos clãrâs antês do 25 .lFAbril?

- "Eu não. O primeiro comício aque Íui foi do PS e sãí de lá sociãtis-ta!,"

- "Não, no grupo não havia quãl.quer politização, mas de quatquer mo.do, talvez Íosse por instinto, tiôhamosjá possiçõês prosressisras."

-"Foi a aceleração do proce$opolítico, sobretudo as greves, que mefez clarificar as manhas posições.,,

Voltando à vossa actividade cuttu.ral. O que resolveram tazer quaôdoÍormaram o novo grupo?

"Oueriamos fazer teaúo {atiás o"TEATRO POPU.

LAR DO LAGO"). mas como nãotinhamos experiência ê ié cantáramosno coro da lsreja. âcabámos por Íor

Com que opção culturatT

- "4 partir do 25 de Abril rivemosque optar: optãmos pela Cutturâ Po,pular e por propagandear as ideias re-volucionáriãs. asim como as lutâs .tô

Grupo de TeqïrodeülemMqrtins

Ouern, antes do 25 de AbrÌ|, trâbalhou ern cole.tÌvidades, sabe as diíiculdades que, a pãr e pãsso, todos osaatifascistas encontraram, quando lu-tâvam paÍa que o povo tivesse âc$so

ÍVIas, apesar de tudo, as colectivida-des e asociações de cultura e recreiotiveram r,rm papel Ímportante na utacontra a dìtaduÍa fascista. Dê Norte a

Sul do país, os de.mocratas e anti-fascistâs ãproveitaram todas, as pou-cas, possìbilidades legais (as colectivi'dãdes, por exemplo), e a partir daí,iniciava{e um rntenso trabalho de esclarecimento, aumentando assim, apouco e pouco, as filekas dos quecombêtìam peLa I'berdade e pela de

A todo o custo, e por todos osmêìos, os iascìstâ! tentavam tapar es-tas pequenas brechâs, que o povo iaabrindo na muralha do fascismo. Elessêbiêm bem (e ainda sabem) o periqoque para eles representa um povo comconhecimento da sua própria culturae esclarecido. ELes sábÌâm heh le sâ

bem) que a cultura popular é umaarma, e ainda para mais apontada nasua direcção. Por Èso, o iascismo tl-nha que manter o obEcurantismo, oanalfabetismo, Íomentar a alienação e

aumentar cada vez mais ã represão.As colectividades não escaparam à

regra, e o controlo sobre elas tinhaque ser feito. E era... desde os estatu-tos (com modêlo obrÌgatório) ultra.fascistas, à repressão sobíe os sócÌos edirectores mâis conscientes, até ãoscãcìques que tudo dominavarn e a to.dos queriam dominar, pasando, cla-ro, pelas âfiadas e reluzêntès tesouras

Também o [4em l!4artins SponClube não escapava. e também aí osantifascìstâs ergueram umã SecçãoCultural-

Arancámos com a escola lalfâbetização e 19 ciclo); com o cinemã; comsessões dê canto, teatro, e um projec-to dê jornal de c ube.

E a direcção dizìa:

-O Jornã1..-não pode serll Proi-bido!!

E a Direcção dos Seryiços de Es-

- O Zeca Afonso, o Zé Jorse Le'tria...não podem ir cantar ao lVìIISC!!Proibidoll - Alguns elementos cla di-recção bãtiâm palmas. GNR à porta.

Ou então, d€poÌs de a Academìados Amadores de Íúúsica ou o Corodâ Cása do Alentèjo ter acãbâdo decantar, quândo já os sócios e oselementos do coro petiscavêm e co.'frâternizãvâín, vinha um director e dizia: "O espectáculo acabou, ê poítâêstá aberta, façam favor de sâir".

Era assÌm o dÌa a daa-na nossacolectÌvidade, mas, apesar disto, nãodesanimávãmos e o trãbalho avançava.A escola cada vez tinhâ mãis gente e oteatro ãrrancara, corn algumas sema-nas de "prepâração do actor". EmsequÌda, debruçámo-nos sobre umãpeça - "H|STÓRIAS PARA SEREI\/.CONTAOAS" de Osvald Dragun, poronde também já tÍnham andado astesourar cla censura. Ensaios de leitu'ra, ensaios de palco, e a pouco e pou-co, o Ìrablho começava a ganhar Íor

O dìa da estreia aproximava se e,com ele, o mais tenebroso ensaio, ochamado Ensâio de censula, ondetínhãmos que represenÌar para os he-

Dia 24 de Abril de 1974; dois camaradas do qrupo de teaÌrc dirigêm*eà Direccão dos Seryicos de Espectá.culos, mais conhecìda pe a "C€nsura",para Íatar dã papelâda. Papel selado,selos fiscais, e o ensaÌo da censuramarcado para alsuns dias depoìs.

À/ìas na madrugada de 25 de Abrisoou o "Grãnclolâ Vila lúorena" e oregiíne fascista cêÍa, derrubado pe osoficiêis do ll4FA e principaLmente pelo povo, que saíu à rua com um vigore uma aleqria que no dia 24 não po-díamos sequer imagiôar.

A méquina que sustinha o regimedepre$a se desmêntelava.

A censura, a Pide, a legião desaba'vam sob a íúrÌâ popúlar-

Já podíamos estrear a peca sem ser

Demos 11 espêctáculos com as'Históriês...' mas, perante o êvancopopular, a peca perdia todo o sênrÌdo.Fizémos íeuniõês para a modificaí,mas o me hor era começar a trabalharnoutra que satÌsfizesse ãs necessidacles

E$a peca íoi "A.s espingârdas dãN4〠Caírar", com â quâl demos 148espectáculos em fábricas e quartéis,nos campos e nas êldeias,

O fascismo foÍ de(ubado, mãsmuìtas das raízes que o alimentavamnão foram extirpadas do nosso solo. Eaqueles que. sob o teíor, iam erguen-do como podiam a suã voz de resis-tência não podem hoje adormecer, co-mo sê já vivessem no melhor dos mundos. Denunciar o fascismo, combateros seus focos tenebrosos, canta. a lutap€lâ liberdade e pela justiça que é odia â dìa do povo trabalhadoí, é ãmissão da ârte. E o teatro deve assu-mir inteÌíamênte a pãrte que nessamissão lhe cabe. nêste momento dâvida de cada um e da Hastória de

Grupo de Teatro de lvem lúaftins

Helder Costo

No 25 de Abril eu estava lá fora,em ParÌs. Fui à casa de uma maltaamiqâ, cheguei lá ê estava a sobrinhâde um camarâda, a pãssar a roupa aferro e a ou!ir rádio (eram para aíumas 11 da rnanhã) e eu entrei ê ê1.disse assimr "Olha, esta noire houveum golpe em Portugâ1, lúarcêlo Caetâ-no está preso e o Ìomáí' e não seÌquê. Eu larquei.me a rk a disse: "Piadas paruasl" Senteime núma cadeÍranormalmente e êla continuou ê pêssara ferro e não me ligou nenhuma. Passêdo para âí uma meia hora, notíciasde rádio, ORTF: "tat, tat, não sei quê,golpe em Portuqal". Eu começo âosprilos. Era mesmo verdadê. Havia umacoisa quaìquer. Foi assim qle eu sou-be do 25 de Abril. oepois foi um diade loucura, relefonêmas e avisos. aosgritos, uns para os outros em Paris. Ànoite, iá estávamos rodos lá no ctube,onde havia o Têãtro Operário, tudo adiscutÌr e a veÍ retevisão. Os telefone-mas paía Ponuqal não se podiam Ía-zer, eÍava tudo Ìnrerompido e a ma!ta: "E agoía, como é que é? Nãosâbemos de nada". Depois pronto, nooutro did erê de maôhà á noite (imasi.ndm, não é) ) conve6ds, copos, comemorações. Pãssados uns tempos já estava cá tudo, quase tudo. De maneiraque o meu 25 de Abril é istô.

11

rc;t[Kl'r,

s ARTES PTASTICAS

Nos últimos anos do fascismo reÍ-nava, entíe os ricos, qrande euforia nãêspeculação económica, exisrindouma sÌtuacão que continha iá em sÍogermen da êctuâl crise económica docapÌtalismo port!guês e mundiat.

Enriqueciam, cada vez mâÉ. os tê-tifLrndiários grandes monopolistas elacaios destes, os tecnocratas dasêdínanìsÍacões dãs grandes empresas.Desejãndo darsê o ar de "cuttoJ'e aomesmo tempo realizar investimentosrentáveis, os piores exploÌadores doÕosso povo pa$aram a ter por suã6nta numerosos ãrtistas plásticos,conÍituindo a base socialde apoio deum próspero "mer€do anístim",

Aos "pequenos" mecenas j!nta,vamse os qíandes: a Fundacão Gulbenkian e o aparelho de propa$ndaíascista centralizando no SN de "tnformâção". Apenas eram acaÍ'nhadospelo SN"l" aqueles artistás, cujasobras erâm inoÍensivas ou louváveÌs,do ponto de vista do regÌme deposto a25 de Abril de 74. A maÌorÌa dosartistas que aceitaíam as aj!das de talSecretariado eram, de facto, lacaÍosdo regime fascÌsta e envenen;dores dã

Para âlém dest€s casos exÚemos,muitos forêm os artistás corrompidospelo comerciãlismo, âbusando de efeìtos estéticos, há muito descoberros.muitas vezes importados, mas de acei-tação garantidã no mercado. Aré aobra dos mãis honestos erê um obiec-io, cujo valor se media em contos dereh. depenclendo das flutuacôes cau-sadas Pela especulacão das m!Ìrêslcalerias de Ane" e "l4archants".

Poucos tentavam ligar a sua aúe àluta popular contra o fascismo e ocapitalismo e os que o Íaziam erampe6eguiclos e isolados. José Dias Coe-Lho- escultor cômunistâ ãssâssi^âdopela PIDË, é símbolo de rodos osanistas plástìcos que ousaram inte-grarse no movimento do povo contrao fascismo, como artistas e militantes.

O capitalìsmo iÍigava a arte de ell-te com o falso sangue de milhares emilhares de contos, afastando-a dasi!ncões píedominantemente expressivas e comuni.ativas reclamadas por

todas as colíenres artkticas.Entrêtãnto, o Dovo lá Ìa íâ2ênrlo â

sua arte, sobret!do nos campos, ondea culturã burguesâ não chegava. EmTráros'lúontês e no A enrejo sobreviviam formas de expresão plásricaligadas à decoração da habitacâo, aotíabalho e às festivìdades.

Por outro lâdo, nas zonas sub!rbênas, alastrava uma arte predominantemente pequeno-burg!esa, inculcada pelã propaganda domÍnanre, ba.seadâ na exuberãncia e aniíiciálismodas cores e formas (uma imitaçãobarata dos objecros dos ricos), nareproclucão de paisagens iditicascapazes de fazer esquecer ã dureza doquotidiano, e imêsens estereotipadãse publicitáriãs, ìnocentemênte pornográiicas, do tipo dos calendários da

A CRISE NA ARTE BURGUESA

s

Com a ofensiva populâr posteriorao 25 de Abril entrou em crÈe o€pitâlismo monopoliía e, com el€, aarte âpoiada pela alta bursuesia, aopârso que se ÍoÉalecia uma altèrnati-va revolücionária no campo dâs artesplásticas.

Fugìram para o estrangeiro milha-íes de câpìtalistas e altos tecnocralas,paralizando o mercãdo de obrar dêarte, assim privado dos melhorescÌientes- Declaram falência muitas"Galerlas de Arte" ê deixam de pro-duzir os adistas plásticos que apênas

faziam obras de ãúe para as vende-

Tentarâm estes artistas colocãr o"produto" nos mercados internacìo_

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t.

nais, sem grande êxÌto devido à crÍsedo câpltalismo a níve rnundial, e porque o Estado não incentivava a saíctadê obras de arte para o estrangeiro,onde elas poderiam sêr vendidar ã pre-texto da tão íaladê "êbertura à Euro-pa". Por outro lado, nu.ca os respon,sáveis goveríìamenrais canatizaramtundos para ês artes p ásticês, que per-m trssem superar a crise da ane buF

A Fundacâo Gutbenkian côntinua.va a dar subsídìos a arristês individ!alÌsados, como antes fazia, com umaregulâridade ampressionanrà

Vlas ros subsídios da Gulbenkiannão poderiam de forma nenh!mêsubstituir a maior Íonie cle íeceitadestes êrtistas plásticos enieudados aomodo de prodlcão capitalista no cam-po da arte: âs vendês- Por isso, osanÌstãs plásticos, que não têm convic-cões socialktas, aspÌram à "normalizacão" do mercado. que está já em viasde se concretizar em AbrÌl de 77.

Criou.sê, após o 25 d€ AbrÌ|, umcerto tipo de comunicacão entre oariistâ p ástico e as massas popu ares,demagógica e ocasional, materiôlÌzadana execucão do painel "co ecrivo" do25 de Abril e oltras iniciativascongéneres, que pa$aram rapidamen.te "à história". sêm que se tenha re-flectido numa real democratizaçãodesta forma de cuhura.

Pa$ados três anos, aparece nos a"Alternativê Zero", inciattva tntegra-da num certo espírito de "a.te aberta", ou "pôr a arte em causa", masque ilustra âpenas um isolamento, cã-da vez maior, dos artÌstas que nelapaítìcìparam, ern íelacão às classestrabalhadoras, ìsolamento que ãcabapor conduzÌr ê uma 'lconceptuâlizêcão", sìnónimo de elirizêcão, cadãvez maior. Esta "alternativa" resume-se à sua faha dê ãlternativa, no cam-po clas artes plásticas, no momento

Símbolos como o cravo vermelhoencontraram até na arre mais forma-lista, após o 25 de AbrÌ|, misturadoscom mi hares de outros símbolos, queêscondiam alrás das suas cores e formas vistosas, o vazio Ìdeológico-Poucos artistês, dos que podemos en-contrar nas exposicões das grandes ci-dadês, ÌeÍiêcÌirêm realmente o 25 deAbril. pois a rraioria preiendÌa apenasser identificada com a .ova sÌruacão.

Os diversos tipos de ârtê mais ouÍÍenôs ôrrôdôxâmênÌê âlinhâ.Jos nasvárìas correôtes estrangeiras (abstraccionjstas, Pop Art. eÌc.)continuam noposto de coÍnando no campo dês artesplásticas, baseadas no Ìndividualismo,na exp oíacão, máis ou menos, móFbida do subjecrÌvÌsmo do aftÌstâ, quese .onsidera 'racìma" dã lta de cla$!es, "acima"e foía da compreensão do

ALTERNATIVA REVOLUCIONÁRIA

Se analìsarmos a evolução dos artistas plásticos que, hoje em diô, afirmam estar 'rao lêdo do povo explora-dor nês suãs lut€s", verificamos queêlguns destes arlistas vÌerêm já da tutaclandestina, d€ ântes do 25 de Ablil,outros íoram despertaclos para a tutarevolucìonária, pelas rnovimentacõesde massas, que se slcederêm ao Ío de[4aio de 1974.

l\4uitos de es forj:rêm o seu estilonas nêcessidacles concretas do movimento. A cens!ra desaparecera e surgiam dezenas de jornais antifascÍstasque precisavam de ilusrradoÍes, en-quanto milhares de carìa?es de côn-teúdo ideoiógico conckô, concoÍiamnas paredes das cidades.

Nãô existe quôlq!er corenre deopìnião ou orgênização política quenão encontre os seus representantestambém no cêmpo-das artes otásticas.Como forma de agitação epro pasafda, Íora m executadasgrandes pinturas murais, quecolocaram a arte ao alcan.e d€qualquer transeunte, que quisessesuspênder duranle alguns segundos amarcha do seu quotjdiâno.

Também os comicios e ês sedes departidos exigiêm grande profusão d€material €stétÌco, com conteúdo social e po ítlco .ompreensível peasgrandes Ínassas, que as organizacõespretendiam abranser. As qrandes ioÊ

- Ínl" {r, l l rrlr;,,", !

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nadas de uta como o lÒ de l/l:io d€74, a manlfestacão de apoio do Docu.rne.to do copcon, a greve da constru.cão clvÌl em Novembro de 1975, d€ram a todos os paÍticipa.tes úmê nocão de grandeza ao mesmô tempo eslética e histórica, inspiÍando forÌe-mente os êrtistas que a ela se senÌiam

Ao ongo de toda a crise revDlucìonária vi!idã após o 25 de abril, osartistas proqressistâs Íor am ganhandoexperiência, tanto nô campo da teoriae dâ prática Íevo lcionária, como nose! ôfício, Íortalecendo{e assim umaperspectlva ÌnÌeÌventlva parê as artesDlásticas na !idâ social,.a luÌa declasses, .o combât€ pe o sccìalÌsmo.

Parece.nos pois que, nas actuaiscondicões concretas da sociedacle e daevo ucão dês anes plásticas em parti-cular, a ligacão do artista e das suasôbras com as massas populares, emluta, deverá ser o crilérlo pan avaliarse uma obra de artê é ou não revolucionárÌa, se a sua feiÌ!ra representa ounão um pâso em írc.te, poÍ pequcnoqle seÈ, no caminho do socialkmo.

Asslm, as a(es p ásticas revolucio.árias reílectem à vida do povo, !ssuas lutas e conÍadicões, deveìdo serpelo próprio po!o assìnìiladas, sem oque cotresponde ão a uma correntee éctÌica intetrompida.

Não basta, por o!tro lado, repíe'se.tar a vido c o rrâba ho do povo,pois também o .azipopulisÌìc do Es

Ìado Nôvo se compra2ia na representacão "plloresca' de pescadores, sa

Ioios e varlfas. É nece$ério dar aoconteúdo da obra de aìe um sentidorevo ucio.ário. indicando através clelea pÕÍlbi idàde e a fece$idade detransÍormar o mundo, lendô eÌÌ co.ta a forma d€ o Íaz-êr.

O ârtista revolucionário tem deconsesuir a unidade dã forma e con-teúdo na suâ obra. Para mudâr a so'cieda.le, não basta que â obra tenhaum cotrteúdo polÍtico progressista,,pois se não po$un quâlidade altísticâperde a íorça de comunieção.

Pelo seu lado, a obrã de quâlidadealtística mas com um conteúdo retrógrado ou politicamente mal formulã-do, vai beneficiar objectivamente a

João Rosa, Filìpe Rocha Sllva e

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O25DE ABRILNAO CHEGOU

AO CIRCO

O 25 de Abril não chegou ao circo. Aliás, nesÌe momento de tanta desÌtusão,nâo sabemos se nâo têra sido mêlhoi Fez-s€ uma cooperativa de Circo, que fotuma tentativa falhada de base, poh Íuncionou semprê como o patrão empresárÍo.ÌenÌou'sê uma expeíiêncìã, muito válida, de animâção cutturat, com um espectá-culo dê circo, que dê Ìrás-os,Montes pasou para a gaveta de !m funcionário dol!ìínistério da Administração lnteína, para não servir de exempto ã mais ninguém.Um empresário de Circo mais ousado renrou e tenta ir às escotas e te;ar asescolas ao Circo, mas nem elas tinham o apoio do Estacto pêrã paqar um bithete,mesmo reduzido, nem o Circo, com toda a sua boa vonÌêde, pode nêm devetrabalhãr dê graça. A têntâtiva de levar ao cìrco artistas progresistás ê assiminiciar um intèrcimbio Íicou sêmpre no meio termo. Os grandes empíesários deCirco continuãíi tão descaÉdãmente a funcionar como o Vasco fi4orgado. Osindicato dos trabalhadores de êspectáculo só denuncÌou a fraude dã exptoraçãocapitaljsta do Circo do Gelo, depoh deste ter sa ído de Lisboa e ter extorquido aopovo 30 mil contos. Projectos em que o Circo deixaria de ser uma exptoraçãocomercial, para ser uma acrìvidade cultural, apresentados às entidades oficiak,Íoram sistemâticamente recusados por talta de verba. A Tetevisão, depois de umasérie, com dois profissionais de tudo mênos d€ Circo, a fazer uma mistura enrrepalhaços e idiotãs de ma.icómio apresenta programas que cusrêm caríssimo ê odinheiro é do povo; o cüco "8illy Sman" e as vedetas ìnternacionais continuama sêr or únicos a têr direìro a artigos na lmprensa. O diíeito ao pteno empregonão exhte no Circo; €mpregados de pÈta continuam a ser menores, sem hoíárÌ;sde trabalho e sem dkeìto sequèr ao salário mínimo; a segurênca no trabatho nãoexiste e ? reforma é rÌdículâ. O ripo de piada das parethas de pãthaço, êmborafalem êni padidos e manifestações, continua a ser rão grãruiro como antes. Nãohá escritores nem músicos, que se lembÍem de es€rever ou compor para o circo,.são mil e tal trabalhadores abandonados ao seu indìvìduatismo, à competição dasobrêvivência, à sua falta de consciência de classe e formacão potítica, sujeitos àexploração capitalista.

Do 25 de Abril ao Circo chegou um c.avo de plástÌco...CheiÍa bem, 6eira a

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ANTONIO ARMANDO COSTA:

COMO VIVI O 25 DE ABRILEncont aw-me em ManclÉste., Inglate.ã, a fazer un

doutoramento êm Pulsarcs, que bastantes dot6 de cabe.drc t.azia. E foí com uma gnnde dor de cabe.ca que acoÍdeino dia 25 de Abrí|, às t0 hons da nanhã

No dià 24 rinha t.âbalhado até tade. Andava à pÌocu.ado melhor processo pan o computador determinar os vato-res da função de Aíry, a patti. de uma tabeta previanentecâlculada- Deitei-ne cerca da una da manhã, farto docomputado., naldizendo o Aìry, ìgnoíando completamenteque a essa hoê o levantamento nilitar estava em ma.cha.

Auando levanteí a cabeçâ do tÊvesseirc e vi as horas quee.an, vestime a co..er, bebi o leìte que o leiteíro medeixava todas as nanhãs e abaleì de qtúk Cou.t, BrookRoad, en dirccção à Unìversidade, aonde já deve a estar atnbalhaL Una longa espera e, após uma rctativamentecurta vìagen de autocaí.o, cheguei ao departanento deAst onomìa, onde fazìa as ínvestig,ações.

A essa ho.a erc o já ca.acterìsticamente inslês "coffeetine" (a hon do caré). Ouando as pottas do etevadot seabrinm no sótimo andardo Schuster Laboêtory, encontrcìna nìnha frcnte o depattamento en peso, com a canw docafé na não. Ao ve.-ne, Mrs. Goínân. a bìbtíotecária,

Antónío, de que lado é que se encontn?- O que se passa? peryunteì eu.

- Há um levantamento milita. em Portugal, em Lìsboa,e gostariamos de sabet o que é. Ìípostou M.. Cartíng,

Ben, eu não seì. ms gosta a de saber - atalhei eu,começando a pensat numa edição nelho.ada do tevanta-

- OIhe, cono são onze hoÍas, vamos ouvir o noticìá.íoda BAC pan sabe.mos o que dì2. - sugctiu ML Carling.

As notícias, enbora insuficientes, mostravam claramen-te o pendoi ptogrcssista e lìb$tador do Movimento d4forças Amadas- Coti ao DepaÌtment of Conputetsciên-ce, aonde se encontnÈ tambén a douto.à.-se o neu amigoAntónio Costa Dìas Figueircdo, nbinho do denocrataAugusto da Costa Dias. Auando lá chegueí, comuniqueítheo que se estava a passar, do que ele já tínha una ídeía. OAntonio estdvà duplamente contente. poeup !inhd sabido,nesse did, que ia ter pat. A una da ta.de. hora dâ saidd dollanchesèr Eveníng News, conpános este io.nal execná-vel, aoncle poucas informações vínhan.

Foì um dia en que a excitação ne ímpedíu de tabalhat.A alegia foì muito gmnde nos días subsequentes, aBBc-Televìsão e |Tv-Televisão independente mostÊvanìmâsens detalhadas de n levantamento milÌtar que o povotonou nas suas nãos, pois deseìava:ter totalmente lìvre.Fodm dtas em que toda à gente quaìà nbet coisàs acercàde Pottugal. Os íngleses, senprc cncunspectos, fízeranmuitas peryuntas. A lmprcne nostrava a sua pêrplexídadepela evotucão dos acontecimentos, pela deteminarão conque o povo pottuguês exigÌu a p.ísão dos pides e a líbetta-

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Éat to6l e @rrykã d6 yítìnas dest6 miseáveìs to.cìantr,o A nzìt6& do lo de Maío deixou a tngtate.Ìêmuda & iry'a A tua do fascismo foi um te.nmo-to (s.rialt ú Wrtto dn Po.tugat, que abãtou a Eurc

tu AE .L 71. th & 76, quando .eg4eí!;ei definìti@nãre. tuá oÊB e Wdn n6te pak, com muitos,efletÉ ;Ëttu--t h Êú & 24, quando vim deféni,a. Fti à t*q:a ú urÉ Fitia tiwe, que muitap.etãt{dn }olÈ a qr É- ,!Íxú., stczde.anrr 6 petítu ê úirib: - e tâ ea ndls regreser, em ve,de tuttahs a cieda: altÈrúe @rn outr6, em quêau@Èa a cbtnnìna& de +@tu .t''6. pàía ndìscontêúÉto colear êo seniço do pvo. E, a n6motenp qE faÈt um esforco pata âclarecer a situação enPorntgC ,nto d6 @mÈd4 ìnglese5, aqoxìmuse a datadê apa@ ú Tese. E nela coloquei a seguinb dedí6

'Ío Ìty p.1n4êer, People, now at one of the nanycrolsroÉÉ oÍ at Gto.,ot HístoÌy"-

(Ao t ãt bo p.ttlguà, agon nuna das nuítas enctuzìlhak ê te GLykta Histotía)

A CANÇAO D\ GENTE_ Ná, como se sabe, úrios tipos de cançã0, 0u sejê, vãÍros tipos de obÍas, que se seÍvem dos rnqredientes palêvra e Ínel0dia.E iá tempo de despÍezar, destíuind0 ou denunciaÍ, atacando, êquelas qLre seÍvtÍam e seÍiem a ideólogia dominante,alienando as capacidades artisticas das mass€s trabalhadoÍas, embÍitecendó 0s seus tempos livres, onde o ìivenlmento ódistÍôc.cão devem seí inte igentes e píogÍessivos- Clàío que o mal deve seí cortad0 onde e;raiza e o combate aos arauÌos dacoìaboÍação de classes ou aos tíovadoÍes da burguesia, não deve ser Íeito Íasgando um poemê, partÌndo a coÍda de mi,selando a boca daquele.

A vitória está na deÍrota das cêlsas e não na das c0nsequôncias.DeslaveT,vtmosconveÍsa.-rìpoucoeaoenassobeascôncòp\tmpoJtatÌesàiteseceooisdoAbÍ,2bde74.C-a.rìo

de r4polantÊs aq.elas 'Le,

pa a além de orrìônenre Ìe em L Ìrapassdoo d conrÍadçao palavÍd/Ìelodrô, dÌnqndo untodo har mónrco. uma sínlese eouiirbrada. lundamenÌàlmenÌe r- ììpÍiíàm um p.pel oe iniervençao h.,rór.ca, socia , polir ca.

U pape rnleÍvenrenre de$e I po de ca1çã0 íoi diÍe ente èntes e oepois da céteoÍe daÌa.AssiÍì, pm teÍmos geíd s. Ínaj e\allos, paíece me, antes dd quedd d0 ,as( tsmo q.e 0 oèpe des.a íancâo prd un pêpel

esenci.trìente subveÍsivo, denunciod0Í, de resrstÊncid, us?ndo a rÍerd,o d, a el.p,e como Ìéc. cas possivò s. \esra pritrca.duas lÌnha fundamentais se detectavam: a do exílio político (Branco e Godinho) e a da resistênciá intra muros lAïonso óAdrian0). A píimelra 0nde â Ìernática. linhas melódicas incluidas, eía mais uÍbana e internacÌonalista; a segunda de caiiima : tcgio_.|, popLrlar e ÍolclóÍ Lo. Irquanto u ììo veís:vè os grandes ÌeÍ'las, . prob endtica qerô|, d ourrè_ niscuia-se ndlula de classes locdl,/ad?. ,nvest a co-tra a eptessào e as sra, lo,n." portug;esa". Lna onq-e do q'lo.idiano s-locanrp,oul a_s.focèda-nesse pÍópllo quor didno Ambès reprpsen adas poÍ va ores rno vidua s. or _-dos da.r"se nÉd,., valorps tógeracão espontânea, Lopes dum par's que n ão corre, vozes aÍinadas do grande cor0 antifascista, obras oe cima paia tãixã.quase desenraizadas. Enfim 0 mistério da excepÇâo, o coatráÍio do cinema do país de então: mas íealiz;doÍes quefilmes!!

coÍn 0 advenÌo do cravo, a intervencão da canÉo modrl cou o seu oblect vo. A pnor dade agoÍa eÍa a s0 idariedade, oapoio à lua dos tÍabathadoÍes, à sua causa Íevotucione'., ra'i a o.srn it,rrculàã áàioõ"iìuio"i* ft*f , ,.irãiirit"iâãmusical e poéticô duma ÍansfoÍmacão em maÍcha,

!, n?-o.me venham com a_dúvrda. aqui e ai, de que Ìado deve estar ê cançã0.0 aítista popuar,0 intelectuall.]"]!:iol9ii9luir:o.t""lpÍe.ApÍendecomopov0,cirm!íecomete,queéetequemmaisoídena.A;ÍiÍiasesrãopÍevistas,a canÇà0 c0rnge.se ô st pÍ0p ê, è uÍna aÍmâ caÍegada de futuÍ0, que anÌecede, sublinha o! comentê ê uta.. A canção deste tipo passou a ser ioda fabÍiaada em portugár e .om o ãu.nço do procesio porítìco 0s seus autoTes

deÍrarcd'"n se. 0 tom passou a leÍ ndis iììporlánc d do que a io 0 ronpo.sorraco,. beÍ ni:an*e opçõF:, ÍoÍndraÍr-secoÍ05, ÌecnaÍam se punh0s, ceÍrdÍam se fileirds. As obras efraíÍazam se; nasceíam, como as éruoÍes, de bàiio pãra cima.

,.lneitavelmenle nesÌe t!Íbilhà0, !rurtô grdtúÌidãde êpaÍeceu e esÌabe eceu c0nfusão. A reboque é fácìl os lacaios serntIraÍem P0 ass n due.. dd v nhdvôae ouÌ o 25 de stnal contrari0.

--^191r=^"]:Iry, já bÍ*nrou Ìud0;.0 pàrs musicat é, outra vez, difeÍenre. A Íédio e a ìelevisão ignoram, boicotam aproqutso musrcar tevot-cro4áÍtà, o iFìpeí;a isno ,eirstèlou se a \e- Dplo p a7e.; 0 pJís pF.oe ; suã idenÌidade mustcalp0pulaÍ e Íevolricr0ná'ta; os so-s dos companl-e oselìlutaperô)nesnascdusas,nouirarpìlr'a,,.aroenpprseps.ateín.

L^lvìas-a veíOô!,e !e entao, drrda "0ie petÌìanÊCe vãl da. AS votes pOdpn set CaLdar, OS vaÍrptrOS pOdeÍr C0,ÌleÍ t-oo,0s

00m00s p0dem rrcar sem petes, âs qdrlas 'en

Í0 es, rìès c0 ì10 e,inina' ufìa dea,corìobènrÍ.Íridpat .evoluci0ni.io?A IUta (t0 p0v0 líabalhddot Con'tnloPois cantÉ!

José Dtrarte

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OS POVOS NO 24 DE ABRIL

ARGENTINAO Plenário Nacional (Provisório) da FAPIR - Frente de Artistas

Populares e lntelectuais Revolucionários - na sua reunião extraordi-nária de 11 de Abril de 1977 (tendo em atencão o avanco das forçâsde direita no nosso país):

1)Tomou conhecimento dos ültimos dados da repressão que seabáte sobre.o povo Argenlino e que colocâ as autoridades destã paísna vanguarda do nazi-Íâscismo pois que, para elas, o espírito revolu-cionório é "uma doenca hereditária e transmissível" o qúe leva a umâauténticâ mâlança de inocentes; a luta dos estudantes, pelo direito àculturá, é "a subversâo precoce"; o saber condensado em livros deveser destruído em autos-de.Íé.

2l lúaniÍesta o seu apoio a todo o Povo Aroentino. todôs osdemocrâlas e patriotas, due lutam pela liberdade, -nomeadamente oiintelectuais antiÍascistas perseguidos e em particulari

-A Íamília Tarnolpolsky. râptada em bloco, e que. como numacto de mâgiâ. desapaÍeceu dos registos oÍiciais;

- O metereóìogo Bicardo D. Chidichimo, que teve o mesmo Íimj- O íísico ll4anuel Tarchysky, do centro Atómico de Beviloche,

preso no dia 23 de Setembro de 1976, que sucumbiu à tortura, deque foi vítima tÌês dias depois sendo abandonado o seu cadáver navia pública.

- Os sociólogos R.M.Toer e H.Alvarez TraÍul. sadicamente tortu-rados;

- O Pêdre Pablo GazaÍdi, que morreu assassinado na prisão, poÌintrodução no anus dum rato esÍomeado;--O ginecologistâ Salvador Ackerman, raptôdo a 6 de Júnho de

1976 e abatido por um "Esquadrâo da ll{oàe" que não p€rdoou opapel que este mártir tevc na prisão do criminoso de gueÌra nãziAdolÍ Eichmann;

- O jornalista Dardo Cabo director do jornâl "O descamisado"Íuzilido a 16 dc Janeiro, na companhia do seu conÍrdde RobertoPirles no pátio da prisão de La Plata;

e muitos outros desâparecidos, assassinados ou que jazem nasprisões do âssassino general Vidcla.

3) Coloca.se â disposição do CALPAL - Comité de Aporo à Lutados Povos da América Latina, parâ todas as acções que este comitédecida levar a caboi no combate contra este estado de coisas, enomeadamente na deÍesa dos artistas e intelêctuais argentinos emperigo de vida.

Tomemos como exemplo o nazi-Íascismo de Videla para ÍazeÍgorar as tentativas de voltôrmos à noite do 24 de Abril!

A ser enviado à lmprensa, Rádio e TV e ao CALPAL e aoPresìdente da Assembleia da República.

O Plenário Nacional (Provisório) dâ FAPIR

SAHARANo d a 20 de lvãio pasaa mãis uri

aniversário do desencadea. dâ t!ta aFmada do oovo do Sahara conüâ ôcôlônialisÍ'ìo Espanhol. O Polo doSêhara está em luta sob a direccão daFrente Popular para a Liberração dêSêguia El Hamra e Bio de Oro, vulqoFrente Polisário. O país do PovoSaha.au é muito cobicado pelas potências imperia istas pelês suâs rique.zâs natuíáis: Íoíâ1os. gás natural, petróleo, etc. O imperla ismo, sedentode petróleo nâo pode pe.mit r que osPovos auÌócìones conlrolem paía seubenefício êÍê amene rique2a. E e lan.

deÍoia do colonialismo espanhol osíegimes coíuptos de lúarocos e l\4auritánia, que, evidentemente, sêrão destruidos pela deíota das suas mano-tras asíèssoras. Essa detrota ser lhe!áimposta pela accão combinada da utado Povo do Sahará com a resistênciados povos irmãos de lvaÍocos e [4aúritánia.

O país de Saguia El Hêmra e Riode Oro, o Sahara, é um imenso pêhcom umâ populãcão pouco densa. Osvários colonialismos pretendem, poÍtal fãcto, que o povo do Sâhâra é lmaficção, ou seja, não existe. A históriê,e.treta.to. mostra a falênciâ deíâdouÍina. Gomes Eanes de Azurara,nã sua Crónica dos Descobrimentos,ao falar da dêscobedã do Cãbo Bojãdor, diz-nos que êsÌâ zona era habitê-da por um povo com as suas aldêiãsbêm organizadas e submetidas às leisdas sua organização sócio-polítÍca.EÍa era baseadã na Íêmília, que, aoiuntâr'se a oütÉs com afinidãdes san-suín€as, Íorma Íibos. Ao lado dochefe da tribo exÍstia a Diemaa, queera uma assembleia dêliberativa. Astribos goereiras tinham, além disso,um conselho de guera, o Ait Arbain.Em caso de conflito enÍe tribos exis-tia um Ait Arbain comum a todas as

ÍÌbos para a resolução de conflitos.Aqui, ã mulher participa no trãbalho,o que claramê.te distinque ã socieda-de Saharaui da Sociedãde [4auritánea.Assim, no Sahará, a mulher trata dos

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(Aprovado por aclamação),

Os 105 mi, refuqiados nâ Arqétia Ìéprogramas de alfâbetização, criam*cooperôÌivãs de artesanato, qr!posteâtro, I'uFOs de folclore. o tribãtis_mo é combâtido. Por meio das emis

resiôes tibertadas eoutrã na Arsélia, são rêdiodifundidProgramas que lisam o ensino àsÍás da revolucão ê da construcão dhomem novo. Escíeve se a hisrórÌa ântiga do ponto de visra dês massasinao do ponÌo de vista dos êxptoradres. As m0lheres sâo também considradas, elevê{e o seu nive cutturalela coiaborâ ná guetriha.

A$im com todês as cêrênctas. coas populaçô€s â serem bombãrdeârtâcom napalm comô faziê o cotonta.{âscismô ponug!ês nâs ex-cotónias, oPovo Saharâui consrrói o seu,,25Abril" até à v rória final.

A cabeça dos seus mártires, quePovo jamais esque.erá, encontÌâ se EUâli Í\,4ustaÍa Sãyed, secretério.oerada Frente Potisário. A tuta dd ÊovoPoÌrúguès conÍè o rascismo e o rmpeflôl rmo, bern como ã tuÌâ rtô p.víSahârauÌ e ê tuta dos povos das ex..colónias são parcelas da tutâ oerát dosPovos pela tibenâção e ema;cipaçãonacional. A lura do povo Sahar;ui e âluÌã dos povos Í\,tarroquino e íì,,taurita.no entregará o l4aqreb (none de Áfíca) aos Povos que o habitam. Os nossos Povos cada vez mais esctarecidosdas luras qu€ uns e outros travamestarão mêis apros a desíerir gôtpêssempre mais íorrês no tmperiat

VIVA A HEBÓICA LIJÌA DPOVO SAHARAUI!

VIVA O MAGREB DOS POVOS!ËIVì FRENÌE COú UMA CULIU

RA AO SERVIçO DO POVO!

(adaptado da intervenção do camaÍdà AnÌónio Armando Cosra_ @tà FPlB. no comÍcio de apoio; FreíPolisário, em Lísboa a 25 de Fêvereì_

As práticas án1i,cuti!ra s do cotonialismo espênhot sâo em tudo semeihantes às préticas do cotoniatismoportugúês. Os Povos sob admin stracão portuguesa não tinham peÃonat .

dade c!ltural, reconhecida Detos cotôniêlrstas, e so squetes êtemenros quccompretamenle!o, os "assimiladoí,, eram reconh;crdos como genÌe, Os outros, os ,tetva

9ení', como eram considerados. se cFlevãntavam contra a expÌo.acão deq!e eram vftimas, eÌâm destruidos.

As práticas de qenocídio e destruicão cultural não cessâram. antes spag.avaram com a substiruicão dê do.minação espènho a pela agre$dì UÌarroqúrna.mãuriÌâ.a. lntensrÍr."r:m..,inchâmenros, massãcres. ro!bo de

bens do povo. elpropÍ acão forcaddde bens v olaçào dê mu heÌes. O povodeÌxou d€ poder circutar para atémdas cÌnco dâ tarde e dois Íarnit ares ouâmisor não se podem cumDrimenrã,se se enconrrarem na r!a. NinquéÒpode o!vir emisôc que nào seia lVdrÍoqurna ou ÍVlauritanàieito por parruthas que verificam aÌra.vés das janetas, obrigatoriarnente abe,tas, o que as pëssoas êstão a ouvir.

Or métodos de torturã ramb€Ín íoÍam 'melhoradoí, por exempto. oormeio de descarsàs etécr,icas nos ôrgãos genhais, enconrrando,se a Dessoãsobro têra húmidã. ÀIohamed ut.t8uÊrqui uld Hamudi foi têncãdo âôfogo e duãs pessoas foram degotadasublicameõte quando traziam;s seus

,ebanhos à cidade para serem vendi.

A esta política de genocídio juôta.{e a tentativa de impedir ã afirmacâoda idenridade nãcionãt do povo doSahàrá. A Frente Potjsârio, tesirimaÌepresentánre do Povo Sãharâui, segue!mã poltÌrcã diferente nos cãmpos dereÌLqrados que se encontràm no ÌeÍitóriô ãrgelino, pors que a Araétiã é irectagraroa em que se apoia eita iustatuta. É tooa uma curruia popuiaiãìeêstá em crescimento, pãrtindo.tôÈincípio que a cutturã nâcionatsáhã.Íàui é árabe. êfricana e

nimais e nâ [,,ìaurhánia isso nãô é

As tombas quê os Portugueses deiararn no Sâhará mostra bem ã deÌêr

nôção com que os Saharauis defenêrèm a euà rerÌè dos invãsores estraniros. Desde semprê, os invasoíes do

aharé senrÌram a êtevada consciêncianâcional de um povo que para etes''não existia". Os Ponugueses só conseg!iram estabelecer Íeitoriês junto ècosta, mas após a Coriferência de Beírim em 1884. a Espanha ocupou o

ãrá pela fo(à dàsãÌmàs, por me oacordos com ês potências coloniãis

uropeiês. A Espanha retiíou da rnâodos Saharauis o controte da sua imeôsa riqueza piscarória, bem como ôconúolo dãs riquezas mineíêis.

A pol ítica cultural cto cotoniêtismoespaôhol baseou se, Õomo q0atqueÍolonÌalismo, na destruicão da cuttu,â

.acional Saharaui. Preteôdeuie cria.m grupo de quadros teais ao _otonÌâ.

I smo, que renegassem ê sua c!ltu.a.Como era imposívet dizer ão pSaharaui que "naõ exisria,,, diziaue o Sãhará seria uma sociêdadtrãsàda, pÌimrrivd e sem pêseado hrs.r co e que, se não fo5se à Espanhd,rria condenãdo à dêsfuuição. A desição do passãdo hiriórico de umo, é tãmbém uma das cond cões

ecessárias à dominacão cotoniat. Orabê foi proibido no Sahârá, nãov'a bibliotecas com tivros árabes e

odas âs manifêstações cutturais fo.

l\lãs este não foi o único trãbathocultural do colonialsmo. Dâ tese ôuÊo Povo "não erisrid" passou.se á Drá.trca oe actos oe eenocroio.liliiiaernvadrram todoelas estreitas, péssimas condições,tc, e nelas foram cotocados os mê.hores filhos do povo Sahãrêui. os

isioneiros lÌbenêdos em 17 de J!ho de 1970 sofriam de doencas mô.ìis. A agressão exercia se aÌndã atraéi de corpos do Exército formidávêÈ

que incl!iam a Lesìão EsoânhotalCorpo Nlercenário) e que sê êvatia êÒ

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Grândolo Vilo Moreno

ldvrènos pensado. pèrd erle Bolel íÍ, p pía. a qose hoÍrpn"qer ; c.nc;o.oue se Ìo nou 0 símboo do 25 oê Aor l, al.ares das paav'as rìr qr.rc Zec.AÍ0nso nos quìsesse'c0nÌaÍ € hisrória'de cRÃNDoLA VtLA M0BENA.0deflciente estado de saúde d0 pai dâ canc?_o de Abrit È,-ou-ncs a pÍescindiÍ dessepÍojecto.

Esia pégina, que lh€ seÍia ïedicada, ju qámos de,lsic6 oÍeenchê a, doÌtuÍno modo. cor a evocacn-o, que é merno ra ï,!-é, oa un oj€rÈ p 0e LìdÍn-.r.a q-p. .ss,lÌ nd0.se rnterÍaíÌenie como éie emperÌdj, õtãsi.ijn oc.a .ïìespd.o oo iÌ co e ass m 9e tornam p€:ítmónra poputa, que, de none ì sul d00ars, sempre que dtguem os €nloa, Ìrdzem aos olhos do povo e aos de todos 0sverdadeiÍor oe ììocÍalas ai !íg.ima. d€ atesib que nos é tãò oraLo reviver

Aour I câ po.s à nossa homenagem a "GRÃND0LA Vtil tvontrun,. t"mcomo os nossos Íaì€is sinceros e solidários votos de restabelecimento a ZecaAÍonso,. com os qüais estamos ceítos de inÌeípTetaÍ o desejo de todos oscompanheiÍos da FAPIB à qual, Íecordamos, têmbém o altoÍ de-,Grándo ê, deu,desde há muiio, a sua adesão.

Grândola víla norenaTeím da fÊteroìdadeO pow é guem nak ordenaDentm de ti ó cidade

Dentro de ti ó cidadeO pow é quen naís ordenaTeffa da fraternidadeGândola víla no.ena

Em cada esquina um anign)Em cada rosto igaaldadèGândota víla norenaTeia da FÊtehidade

Teia da f.ate.nÌdadeGén.lÒlà vila mônnaEm cada rosto íguâldadeO povo é quen nÌais ordena

À Mmb.a duna âzinhehâoue já não sabÌa a idadeJu.eí ter pot companhei.aGrândola a tua vontade

Gêndola a tua vontadeJ!rci ter po. conpanheitaA sombn duma azínheiraAue já não sabia a ídade

ENTREVISTA COM

:.r- - Oual é o âmbito do vos-i: :-ã -: enquanto proflssiÕnãk e

:-:: = rbjectivos que queíeÍn atin-

:irs, não despíezou o trabalho dêiníluência no câmpo cu tural âÍêvésda ÌV, iornais, artesi lerrãs, ensino,etc. ParticuLârmente no ensino, sabemos qt'e desde a êscola primária,Salazar tentou incutií nos futurostrabalhadores, ideias eÍãdas desubmissão. de inclividualismo. O .osôqrupo de teatro só poderia exìstir de-pois do 25 de Abril, porque, desdeprincípio, é um gíupo que tem tentã-do propor às própriãs crianÇas â suacapacÌdade de agír sobrê aquilo que asrodeia, de modo co ectivo ê que assonão é só um devêr mas um direito.

Orientâ nos sempre a ideiâ de estarmos ao ado dos pobres e uma vezque o Estado nos subsidiava. aceìrarmos todos os pedidos de organismospopulares, C. NÌoradores. Bairros daLata, aldeiâs, fugindo até à cÌdade.Desenvolvemos o no$o trabalho, nãode acordo com ãs ìdeias que tinhamosenq!anto adultos. mas de acordo coma ÍeaLidade da cíia.çâ, através de gru-pos de teêÌro de cÍianca, que nósapôiamos, através da crítica e da coF

Hé quê í€a car qt]e lazemos têatrode anihacão, poíque pensâmos que acriança não deve assistÌr ao espectá-culo sêm poder agiÍ e inrervir; daí ãs

Peças teíen anÌmacão. Com as peçasgrandes e com m!iras criancas, a ani-macão torna*e Aais dÌficil. As crian.ças intervêm e são um elemento activo dentro da peça; são elâs que encê-minham o rumo da hktóriê e êvancamna rcsolução dos problemas. A anima-ção é importante, a crìânca comeca a

raciocinêr. O teatro é um joqo e eapensa € não é passìva. É uma preocu-pacão do reêtro infantil.

Teniamos êlertar para o periqo depeças de Ìeairo. que âprêsentam sol!-ções cono os casamentos dos pobrescom os o'ìncÌpezinhos; a aparìção dêfadas qLe vêm resolver os problemâs.que ni.!!ém mais pode resolver, se

não os próprios intere$ados; os clese'nhos animaclos americanos da TV, deagressividade mórbida e contagiante,as Heidis. que até dão ã entender quenão há luta enúê explorados e exploradores, pobres e ricos, que todos po.dem liver bem, desde que vivam nasmontanhas, em contacto com âs Ílo-

DinamizêÍnos grupos de teãtro emildeias; pensâmos que é aí que, comum grupo de cianças, é que vamosaprender. Começamos por criar histó-rias, e só dêpois vem a teatralizaçâo.Joqamos à bolã, brìncamos, só depohaparece um colectivo e êvançamos para a história. É uma expêriência muitorica para nós, há aí um contacto di-rêcto. Sabemos dos seus probelmas eas suas soluçôes. O ênìmador discuteãs ideias da cíiançã, consegue ver omundo infantil, como este concebeaquilo quê vê e faz e qle é diferenre

Há duas alteÍnatìvas parã um grupocom estas carácterísticas: a 1a é aque-lâ quê a maior pane dos grupos claburguesia Íaz, que é ter uma atitudepassiva, nas suãs salas. Concebem oproduto e dão-no às crianças. A se-gunda atitude é ir pãra junto datcriãncas saber como elas agem, bu$cando a sua particÌpação. Porquê acrlança é reprimida pelo adulto, que.tuer fazôìa à sua imagem. Nós defen-

A burguesia têntou e continua a

tentar que a ane esreja desligada davìda ê do trãbâlho produtivo. Existearte no duro Íêbalho do homem nomar, no campo, na fábríca e na suanece$idade de se exprimir e confra-ternìzaÍ com os outros, experiências,derrotas e vítórìãs da sua vÌda.

Boletim Até que ponto vocêsÌêm sentido a necessidade de conhecimentos científicos, de pedagogi€ ìn-fantil, por exemplo, e até que ponro éque isso será fundamenral para o voç

Bãndo - l.Íormamo nos, lemos,discutìmos, estudamos a têorìâ, masdepois no trabalho com as crianças,deixarnos os livros em casa. Não hánada que substitua a prática. túais ctoqtre conhecimentos pedasógicos, in.terressa'nos saber qlem servimos eqt'e teatro devemos fazêr parê o povo.Ìemos, porém, entre nós, uma educa-dora ìnfãntil para o rrabalho comcrìãnças dos 5 aos 8 anos.

BoletÌm Como é que articulam otrabalho teaÍal com o iornal "OPião"7

Bando - Nos espectáculos suserimos às crianças para nos escrevereínsobre o quê viíam, e fazerem críticasao espectáculo e sobre os problêmasda aldeia, da sua íegião A partir dostextos recebidos copìamos aquelesque julsãmos melhores, sêgundo o critério da originalidadë e aqueles quereflìctam os problemas dos trabalha_dores. Depois fotocopiamos Para o

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"Pião" a cartê origiôal, apontando oserros onográficos e corigindo.os nofim do jornal. Respondemos a todasas crìanças. Damos a nossa opÌnÌãosobre o que elas escrevem.

Boletim A que regìões perten-cèm as crìançasi que têm sido maisreceptìvas ao vosso Íabalho?

Bãndo - Crianças das reqÌões ru'rais. É d.ssas reqÌões que vêm 8oo/odo matêríal publicado. Nas cidades a.criança é mais influenciada pelê ideo-logia burguesa (Heidi, erc.) ê a partÌci-pação dela nos espectáculos tem muito de vedethmo, brincadeira pura esimples e sloqans que ouvem, etc.

A criança do campo, quando parti-ciDa, sabe brincãr com as coisãs sérÌase projecta fâcilmenie os seus problemas, porque é a sua vida. Tôm maiorimagìnacão, maior capacidadà de

Na cìdade, existo muitas vezes atendência erada de pôr a criânça forados problêmas dos aduLtos, fazenclocom qúe ela Íìqle nos seus sonhoscoFde{o$- A iclade é secundária. Oessêncial é a origem de classe e oconhecinìênto da vÌda, que a criança

Bóletim - Ouaìs os vossos proble'mas neste momento?

Bando - O Bando coíe sérÌos riscos dê desãparecer. Nós somos pÍofis'sionais. Durante dois ânos, vivemoscom um salário de 6 800$00, e asdahá mah de dois meses q!e não recebe_mos nãdã. O tíabalho paía criancas, sequeremos que não se transformê n!'ma mercadoria como a Heidi, e sequeremos dêdicar-nos aos sectoÍesmais oobres da populacão, temos quelutar para que a SEC, que não temqqalquêr râzão para cortãl os sub_

sidios, que dá subsídios, nclu_

sivamente, a gruPos que nãocumprem as normas estipuladas pe aSEC, nos dè o subsidio a que têmosdireito. Assumìmos sempre a respon-sabilidacle da arribuicâo de subsídio eentregámos sempre sem isso nos serpedido, relatórÍos de contas e de actividade. Bealizámos 456 espectáculosdesde Outubro 74j dinarnÌzámos 15grupos de teatrc para crianças, organrzamos ou partrcrpamos em nove semnários de iniciação à anÌmação corÍcrianças, professores e membÍos decolectividades, etc. Temos direito a

um subsídio digno, isto no caso daSEC querer promover trabalho paraos maÌs pobres e não obras de prestigio para privÌlegiados da cidade. Nós€sEmos no d€semprego neste momen.to, e sabemos que como nós se encontram muitas centenas de pêsoas.

Boletim O que pensam fazer?Bando - Só podemos sobreviver se

todos aqueles qlrê viram o nossotrabalho ê o consideíam importante,ôos contactarem ê tentarem compraÍos nosos espectáculos, âúavés de

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Boletlm - Vocôs, como aderentesda FapÌr, o que pensam sobre o papel

Bando - Não temos dúlidas deque os ârtistas e lnteLectuaÍs revo!cionários, que qlerem l!tar co.tra opÌor ÌnÌmigo do povo, o fascismo e oimperialismoi q\re querem colocaÊsehumildemente ao servÌço das lutas donosso povo, aprendêndo com €le, nodià a dia- nâo têm outra ê ternativêse queíem êstar unidos, í'rêis fortes-.rue se iuntar à Fapir. ãlarqando âÌndamais e verificar que é uma estruturademocíáticê e apanidária, onde todos

os honestos servidores do povo rêm

Por outro lado, dentro cta Fapir,muitos câmaradas há, que aindê nãocompreenderam o que é ser prôfissiona de teaÍo. AÌnda não compreenderêm que é da venda dos nosos espec.tácu os qle poderemos continuar asubsistir. Oue é da venda dos nossosespectácu os que poderèmos dêr de

íÌlhos. Pesoas há.que se êscandalizam quando pedimosdinheÌro por uÍn espectácuto, mas nãotomam a mesma atirude quando thesdizemos que, sem apoios, terêmos que

(er.ç lq. SS""\

ú""tt^ \- r-s \g $S.r.\ i,s"il* e,. 6Y^rOr,"*"- s 1*.^'\rí

,í.rã.d c.r!yr9,,wl5>rg.1,r er À \1- ò\^"io., {41+.*d o Ii"- \rx-3n"lrOl.l*rrrì-!. \-sq,'g g., r.Às\ ,*õd

ïrü"N--^ L* -h"\x$lno\eur, . \9à' $À!\ "tìt U-."*.^.ut ].Ãg MnÂuÀ qayno- -utom . t9r"' {òoX \sru.."rn xtft.* Q.*,r'Àa.A"oÌr*".kÌï"*''. *& or +r.,x..r, .(9ü h"!"S!^+àgt!^' )u{,sf*olvoiv.r\ -. Àc. crrt o.' u, sLx.rl*n^y s- s,Sõy-r)co,rr\ lotl,"r s- Ìi.Nfinals\ ìütt \J!À .,f,rLiffi;*õ'"^ì"üffiËïï#r*l*\ ì,ulr' ìlra^À,q"n oS .*rrQ]rurr.alt s. opl.rrw.ouarrn eÀ

Jòú"\ \d. \.süsr Lox *"'\\""r\ , uìSõna tut t "-J.tu'-\- Lrm $rr- * {'ÀrÀ c Ârr, \rxaruoUrn oÀ N}Àoatà!"l,y\iüL \ .F e- cúì ìDÀôab aô4yú+qx]orÍ,A -r \$umUts- o\c.l, btJ"r*- l!À !"qr. (s"À Aonô/v\ .,!olL.

cty\o,b \a\ Ìuftuno\ oto- ol tpÀor q"ï^r "*i"-l,a!l*Á.g,u\ I

$\"tÀ \s" jh,\- í "ps-

cr+r.rcor.L e zs-\o- &$,i!-s.

^"nll€tldL ç,- Qd*.òtor- ú^\A *frd *{-o\.t v$-.tti;r^o-.

(Cafta enviada ao "Aando" por uma c ânca de Rio de Mruro)

t

l"DE \/AIOA todosque caminhaìs peLas ruase paíais as máquinas e fÉbÍlcâs.

A Ìodosque deseiosos dê chegâr à nossa festacom os 0mbros caÍÍegados de trabalho.SaÍao Primeiro de [,laioao primeiro dos maìoslAcolhamolo, camaÍadss,com a voz estÍeada de canções.PrimaveÍa minha,derÍete as neves!

Eu sou opeÍário,este ÍVlaio é meu!Eu sou campónês,este lvaio é meu!

A todosestendidos nai tÍincheirasespeÍando a moÍte inÍinita.A Ìodosqiie de um blindaddapontaìs contra vossos iÍmãos,hoje é Primeiro de Maio.

'Vamos ao encontÍo do prìmeiÍodos nossos maios,entÍelaçando âs mãos pÍoletáriãs.Ca ai o vosso latìdo, m-oÍteÍos!Silôncio, metralhadoÍas!Eu sou marinheiro,este lvlaio é meu!Eu sou soldado,este l\,4aio é meu!

A todasas casas, pÍaÇas, luasencolhidas pelo gelo inveÍnal.A todosfamintos de fomeestepes,

bosques,campos.

Saí neste PrimeiÍo de l\4aio!GlóÍia ao Homem Íecundo!TÍansbordai íìestâ Píimaverô!VeÍdes campos, cantãì!Ressoai, apitos e siÍenes!Eu sou de feÍo,esÌe ì,4aìo é meu!ELr sou de teíâ,este l\,1ôìo é íneu!

V. MAIAKOVSKY